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3º Ano - 1º B Processo Penal
3º Ano - 1º B Processo Penal
Material:
1) Anotações em aula;
2) Teoria Geral do Processo – Cintra, Ginover e Dinamarco;
3) Curso de Processo Penal – Fernando Capez;
4) Curso de Processo Penal – Mougenot.
5) Processo Penal – Julio Fabbrini Mirabete
1. ESTADO E PODER
A noção de Estado está intimamente ligada à noção de poder. Para alguns, o Estado é um
poder institucionalizado. Para outros, o Estado é titular de um poder, que deriva da
sociedade, motivo pelo qual esse poder deve ser exercido para o bem da coletividade.
(Sendo essa última corrente adotada pela nossa CF, no art. 1, §1º).
Independente da posição adotada, é certo que a presença do Estado enquanto entidade
interfere cotidianamente na vida da sociedade, visando garantir condições mínimas de
convivência entre os indivíduos, de modo a manter a ordem e a paz, oferecendo proteção aos
interesses considerados fundamentais para cada indivíduo ou categoria de indivíduos.
O poder estatal manifesta-se em inúmeros aspectos: na produção de normas que tornam
obrigatórias ou proibidas certas condutas; na execução forçada das condutas que essas
normas determinam; por meio da imposição de sanções aos infratores; na concessão de
autorização para que particulares prestem determinados serviços mais relevantes para a
sociedade, etc. O que há de comum em todas essas situações é a restrição à liberdade do
indivíduo, que sempre fica submetido à autoridade do Estado. [4]
Nesse ponto, entra o processo. A Jurisdição só pode atuar e resolver o conflito por meio
do processo, que funciona, assim, como garantia de sua legítima atuação (instrumento
imprescindível ao seu exercício). [3]
Todavia, ainda que exista um direito regulador da cooperação entre pessoas e capaz da atribuição de
bens a elas, esse não é suficiente para eliminar os conflitos que podem surgir.
Esses conflitos emergem do seio social quando uma pessoa, pretendendo para si determinado bem,
não pode obtê-lo, seja porque:
(a) aquele que poderia satisfazer a pretensão reclamada não a faz, ou;
(b) o próprio direito proíbe a satisfação voluntária da pretensão (p.ex. a pretensão punitiva estatal que
não pode ser satisfeita mediante um ato de submissão do indigitado criminoso).
CONFLITO DE INTERESSES: “Situação favorável à satisfação de uma necessidade que exclui situação
favorável de uma necessidade diversa” [5].
Ocorre sempre que houver incompatibilidade entre os interesses postos em uma relação.
É aquela visão entre norma e valor que ela representa. O valor significa o conteúdo do
bem, seu significado, a expressão comunicativa daquele bem. Quando se investiga o
porquê, o conteúdo da norma jurídica enxerga-se o valor do bem, que se apresenta
como útil ou necessário à pessoa humana, e por isso merece proteção.
O conteúdo valorativo da norma é um valor que merece proteção em relação ao seu
descumprimento, à sua violação, por uma parte da norma que se denomina sanção. Na
técnica legislativa, a norma jurídica é imperativa (diferente da norma moral), ou seja, o
individuo não tem a liberdade de escolher cumpri-la ou não, pois ela é impositiva (o
comportamento realizado é pressuposto da aplicação da sanção). As sanções podem
ser:
• Específicas: quando o direito está preparado, ou tem possibilidade de restituir
aquele bem ou interesse que fora violado ao prejudicado.
• Compensatórias: quando não é possível recuperar esse bem/ restituí-lo. Então o
direito oferece uma compensação à vitima.
O mecanismo de proteção de bens e interesses por meio das normas jurídicas que
contem sanção existe e funciona, porque ao homem interessa a apropriação desses
bens na convivência humana. Significa, portanto, que nós temos um mecanismo que
atua por força da própria dinâmica social, pois a apropriação desse bem pelo homem é
também, em si mesmo, um valor, ou ao menos é humanamente inevitável (ninguém
pode viver em sociedade sem esse dado mecanismo).
Carnelutti vê na base da sociedade esse mecanismo de regulação das condutas
humanas. Diz-se que, quando se tem um interesse a ser satisfeito, esse interesse é
individual, portanto não há conflito. Entretanto, a satisfação de determinado interesse
pode contrapor-se a condição satisfação favorável a satisfação de interesse diverso; é
quando surge a pretensão resistida. O supracitado autor vê esses conflitos que exigem
limitação, para que haja convivência social pacifica (que já representa um valor, sendo
que é humanamente inevitável).
O conceito de lide como conflito de interesses nem sempre é verdadeiro, porque restringe
demasiadamente a atuação do direito, tornando inexplicáveis alguns institutos como da jurisdição
voluntária e do próprio processo penal. Nem sempre, em especial no processo penal, a jurisdição será
É importante ressaltar, também, que o Direito não leva em consideração só os interesses individuais,
mas também os interesses coletivos e, ainda, os interesses que transcendem as necessidades
individuais ou grupais e são focalizados como imposições da sociedade, consubstanciados no termo
"interesse público", ou como modernamente são chamados: "interesses ou direitos difusos". Esses
conflitos podem ser:
Interesses Difusos: São aqueles indivisíveis, cujos titulares são pessoas indeterminadas.
Interesses Coletivos: São aqueles de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou
classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contraria por uma relação jurídica.
Interesses Individuais Homogêneos: São aqueles de natureza divisível, cujos titulares são pessoas
determinadas.
Então, o direito deve disciplinar todos esses interesses que contrapõem, se influenciam, se
completam, se interferem.
O direito é que vai disciplinar esses interesses, fazendo prevalecer o interesse que for mais
importante. O critério de escolha decorre do valor que o direito quer ver preservado, aliás, não é
possível compreender-se o direito com a abstração de seus valores constitutivos, devendo-se, porém,
evitar duas posições extremadas e igualmente inadequadas, conforme será exemplificado abaixo.
A atitude do direito é a primeira, da ciência do direito, encarando-o como ele é, e não como deve ser.
Os valores que o integram serão analisados como um elemento, junto com a norma e o fato, não se
abstraindo a realidade positiva. Mas o intérprete também não pode fugir da ideia do direito ideal, até
porque esta questão está diretamente relacionada com a posição sociológica e ética do homem em
sociedade.
Baseando-se no estudo da ciência jurídica, seu método de ensino é o técnico jurídico, e não o
experimental que ocorre nos métodos naturais. Seu objeto de estudo é a lei.
Essas observações preliminares são importantes, pois elas acabam por evitar ou recomendar que se
evitem duas tendências extremadas e que podem levar a distorções muito graves no direito:
Na realidade, ambas as posições são extremas. Não é possível afastar o Direito de todo o seu
conteúdo, apenas por ter sido legislado. Por outro lado, também, não é razoável a conclusão do direito
como positividade absoluta.
O risco dessas posições extremadas aumenta muito quando se trata de garantias fundamentais e
liberdades públicas, que interferem no primado da pessoa humana. Nesse caso, é importante a
concepção ética e moral do homem e da sociedade. Em dado espaço e momento histórico, são levadas
em consideração as condições temporais, espaciais, a concepção de que tem de homem e sociedade
fundamentalmente.
E como balanço dessa noção preliminar, o conteúdo valorativo do direito é importante, pois permite a
consideração do direito como natural. Ou seja, de uma categoria de direito que está acima do próprio
Estado, alias, que só existe para protegê-lo. Essa posição, do jusnaturalismo moderno, é combatida
tanto pelos positivistas, quanto por aqueles que concebem um conceito formal de direito. Pois para
eles não existe direito fora do estado ou da lei, não se aceita nenhuma categoria de valor relacionado
ao direito. Para os formalistas, o direito é o dado em determinado momento histórico, com
determinada formação social e não passa disso. Essas duas posições são, portanto, unilaterais,
extremadas e inaceitáveis, pois não aceitam nenhuma categoria de direito acima do estado.
O direito existe em função da realização de valores, no qual está no centro o da pessoa humana. O
valor da pessoa humana antecede, portanto, o direito positivo, condiciona-o e o dá razão de existir.
Essa visão suprapositiva e valorativa do direito permite a aceitação de uma categoria de direito que
está acima que qualquer conformação histórica ou social. Esse valor supremo sob o qual gravita todo
o ordenamento jurídico é o da pessoa humana. Daí se extrai o principio da dignidade humana como
núcleo ético de qualquer organização social. Por isso é clausula pétrea.
O direito tem por fim a realização da justiça. Porém, em determinado momento histórico pode a
realidade positiva deixar de atender ao valor de justiça que deve ser concretizado pela realidade
jurídica. A justiça também é um conceito histórico, que depende das circunstancias socioculturais e
nem sempre pode fugir, ou quase nunca foge, à perspectiva subjetiva do intérprete.
A ideia de justiça é uma ideia que nunca estará dissociada do Direito, pois este último existe para
garantir aquela que, aliás, o justifica.
Mas, afinal, o que é justiça?
Nesse primeiro momento da reflexão que estamos fazendo, ao menos no Direito Penal, justiça talvez
seja a característica possível, não necessária, numa dada ordem social. A ordem justa será aquela
capaz de regular os comportamentos humanos, a que todos alcancem sob ela a felicidade, a
realização enquanto pessoa humana. Justiça dá a sensação de realidade social. Mas se justiça é
felicidade, a pergunta inicial não está definitivamente respondida, pois surge outra pergunta não
respondida: o que é felicidade? Se justiça é felicidade, não será possível uma ordem social justa, se
cada um compreender o que é felicidade para si mesmo. O que é felicidade para um, pode entrar em
conflito o que é felicidade para outro, de modo que não conseguiríamos contentar a todos.
Suponhamos, diz Kelsen, que dois homens amem uma mesma mulher e que cada um compreenda que
a sua felicidade consista em tê-la para si, mas pela lei e por seus próprios sentimentos, poderá
pertencer somente a um deles. Por isso dizemos que é praticamente impossível entender o que é
justiça pelo conceito subjetivo do que é felicidade para si mesmo.
Após percorrer a norma, a sanção e a justiça, ficou evidente que os interesses divergem e
entram em choque constantemente, de acordo com diferenças de ideais, de opiniões e de
costumes.
Diante disso, faz-se necessária a solução desse conflito para continuidade da paz social e da
satisfação, ainda que parcial, dos indivíduos.
A eliminação de conflitos ocorrentes na vida em sociedade pode-se verificar por obra de um
ou de ambos os sujeitos dos interesses conflitantes, ou por ato de terceiro. Na primeira
hipótese, um dos sujeitos (ou cada um deles) consente no sacrifício total ou parcial do próprio
interesse (autocomposição) ou impõem o sacrifício do interesse alheio (autodefesa ou
autotutela). Na segunda hipótese, enquadram-se a defesa de terceiro, a mediação e o
processo.[3]
Entramos agora nos tipos de solução de litígio.
a. Autotutela/Autodefesa [3]
A autotutela remonta aos princípios da civilização e caracteriza-se, basicamente, pelo
uso da força bruta para satisfação de interesses. A própria repressão dos atos
criminosos se fazia ora em regime de vingança ou de justiça privada, ora pelo Estado,
sem a interposição de órgãos imparciais.
Os dois traços característicos da Autotutela são:
Ausência de juiz imparcial;
Imposição da decisão por uma das partes à outra.
Além da autotutela ou autodefesa, outra solução possível, nos sistemas primitivos, era a:
b. Autocomposição [3]
Ocorre quando uma das partes integrantes do conflito abre mão do seu interesse em
favor da outra, ou quando ambas renuncia, à parcela de suas pretensões para
solucionar pacificamente suas divergências.
Obs: Cabe ressaltar que as formas de composição não se sucederam automaticamente umas
às outas ou foram extintas por completo para o surgimento das demais, mas representam
princípios de justiça que se digladiaram e ainda hoje se digladiam, ora prevalecendo um, ora
prevalecendo outro.
LETÍCIA GABRIELLA ALMEIDA – FORMANDOS 2015
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PROCESSO:
O processo é o meio pelo qual o Estado procede à composição da lide, aplicando o direito ao
caso concreto e dirimindo os conflitos de interesse.
A jurisdição é, portanto, a função; o processo, instrumento de sua atuação. [3]
Direito e processo caminham juntos e um se justifica na dimensão do outro. Portanto, entre
Direito e processo há uma relação de recíproca dependência, o Direito não se efetiva sem o
processo, por outro lado, o processo não existe sem o direito. É no processo que o Direito se
torna vivo. [1]
- Sem o processo não há como solucionar o litígio (ressalvados os casos em que se admitem
formas alternativas de pacificação), razão por que é instrumento imprescindível para
resguardo da paz social. [3]
Com o advento da concepção dualista e sua absorção também pela doutrina do direito
processual penal, o acusado deixa de ser mero objeto inerte da investigação e do
procedimento, tornando-se parte do processo e, como tal, sujeito de direitos.
Finalmente, reconheceu-se o processo em sua inteireza, entendido em sua dúplice
natureza: ao mesmo tempo procedimento e relação jurídica. [4]
Concepção dualista
Entende que o direito já existe antes da atuação do intérprete, que quando atua, encontra
uma norma concretizada, consumada, e ele apenas declara a vontade da lei no caso concreto,
permitindo sua atuação concreta. E mesmo que o intérprete recorra a fatores ou aspectos
sociológicos, axiológicos, teleológicos para aplicar o direito, na verdade ele nada mais faz do
que estar revelando naquele momento o que a lei efetivamente queria naquele caso concreto.
Separa, então, as atividades judiciárias e legislativa, de modo que, no plano legislativo são
produzidos preceitos que se aplicam imediatamente diante da ocorrência de um fato
juridicamente relevante, sendo que a função jurisdicional se limita a reconhecer essa vontade
concreta do ordenamento jurídico e propiciar sua atuação prática.
O fato, porém, e aqui se está a teoria dualista, é que o direito existe independentemente da atividade
do intérprete, do juiz, do particular, porque já se encontra uma norma concreta e consumada. A
atividade judicial, portanto, apenas reconhece o direito já concretizado, ainda que a decisão se baseie
em fatos sociológicos ou teleológicos, não houve mais do que o reconhecimento do que o direito já
preceituava concretamente daquela maneira.
Portanto, entende-se que a sentença libera a coação estatal, uma vez reconhecida a norma do caso
concreto; porém o direito, para existir, não depende da efetivação dessa coação, pois a característica
do direito é a coercibilidade (previsão da sanção, da coação como ameaça) e não a coercitividade, que
vincularia a própria formação do direito como a sua violação e imposição de força. O direito já é
pronto e acabado quando normativiza uma conduta em relação a qual se comina sanção, vigente e
eficaz, no momento em que ocorre o fato fundante da relação jurídica.
Conclui-se, portanto, que o juiz está vinculado ao sistema de garantias e à lei, de forma que não se
trata apenas de uma transposição de uma ditadura do rei para o Judiciário, mas da institucionalização
Sintetizando:
Costuma-se dividir as fases do sistema de efetivação de direitos em 3:
Autotutela, Autocomposição e Jurisdição.
Na primeira, por não existir um Estado forte o suficiente para superar as vontades individuais, os
litígios eram solucionados a partir da força, imperando a lei do mais forte. Na segunda, as partes
abririam mão de um interesse, ou de parte dele, de forma que, a partir de concessões recíprocas, seria
possível chegar à solução dos conflitos. Na terceira, própria de um estado de direito, o Estado
manteria órgãos independentes, livres e desvinculados das vontades das partes, que imparcialmente,
teriam o poder de decidir e constranger o indivíduo a cumprir o decidido.
Essas fases não existiram cronologicamente, e sim em princípios lógicos que coexistiram, ora um
prevalecendo mais que o outro, e até hoje se digladiam, prevalecendo ora um, ora outro.
A autocomposição nunca existiu como uma fase histórica, pois o homem nunca foi tão altruísta a ponto
de erigir como regra a renúncia, a abdicação, a transigência, não acontecendo nem nas sociedades
religiosas.
O que vemos é a existência de dois sistemas ou duas fases a respeito da efetivação do direito: um em
que não são previamente garantidos os direitos individuais, as sentenças decorrendo de força,
eventual bondade ou transigência do chefe; e outro onde o sistema é cercado de garantias
previamente estabelecidas, de forma que a aplicação de direito se faça de forma formalmente igual
para todos, prevalecendo o império da lei e não a vontade individual. A lei prevalece, ainda que contra
a vontade do detentor do poder, a qual ele também se submete.
Fica assim visto que o direito de invocação da tutela jurisdicional não pode ser exercido
pelo próprio juiz. Por isso é necessário que exista outro órgão que o faça, que se denomina
persecutio criminis, que apresenta dois momentos distintos: o da investigação a cargo da
polícia judiciária, e o da aplicação penal. [1]
3.2.2. FINALIDADE
O Direito Processual é uma ciência do dever ser, normativa, em que o objeto é a lei,
o direito objetivo, portanto, seu método não é o experimental, mas o técnico-
jurídico. É também um direito instrumental, isto é, caracteriza-se por sua finalidade,
que é conseguir a realização da pretensão punitiva. Aqui posso dizer que a
finalidade do direito processual penal imediata, é a aplicação da pena ao autor do
crime, ou seja, é a aplicação do direito penal objetivo (observa-se, aqui, um
caráter instrumental). Já a finalidade mediata do direito processual penal é a paz
social. [1]
3.2.4 DIVISÃO
Sendo o processo uma forma de composição do conflito de interesses, conclui-se
que, conceitualmente, é ele uno, ou seja, refere-se às lides civil e penal. Entretanto,
o Direito Processual divide-se em dois grandes ramos: o Direito Processual Civil e o
Direito Processual Penal. Tal divisão é estabelecida de acordo com o conteúdo do
processo sobre a qual, via de regra, surge uma controvérsia a ser dirimida pelo juiz.
Ora, quando se trata de uma pretensão de natureza extra-penal, a regulamentação
normativa é de Processo Civil. Porém, se trata de uma causa penal, de uma
pretensão punitiva ou correlata, a regulamentação é feita pelo Direito Processual
Penal. Assim, embora a doutrina predominante se concentre numa concepção
unitária do processo, o conteúdo do processo penal, que é a pretensão punitiva,
individualiza o denominado Direito Processual Penal. [5]
DIREITO CONSTITUCIONAL
O processo constitui atualidade das garantias constitucionais. Subordina-se ao
direito constitucional diante do princípio da supremacia hierárquica da
constituição. Tanto há um elenco de princípios constitucionais relacionados ao
processo, de modo que podemos falar em direito processual constitucional. [1]
DIREITO PENAL
É estreita a relação do Direito Processual Penal com o Direito Penal, já que, sem
este, aquele não existiria. É pelo processo que se realiza, se dá existência concreta,
se decide sobre a procedência e a aplicação do jus puniendi do Estado, em conflito
com o jus libertatis do acusado. Matérias comuns, aliás, são disciplinadas por ambos
os códigos (ação penal, sursis, livramento condicional) [5]. Apesar da autonomia
entre as duas matérias, não há subordinação entre eles, ambos são importantes e
se completam, não podendo um existir sem o outro. [1]
DIREITO CIVIL
Há relação ainda com o direito civil, pois há conceitos como de posse de
propriedade, que são tomados do direito civil, impedimentos no casamento que
podem determinar a anulação e influir num crime de bigamia. [1]
DIREITO ADMINISTRATIVO
A lei penal é aplicada através do processo por agentes da Administração Pública
(Juiz, promotor, delegado). Além disso, a execução penal tem uma natureza jurídica
híbrida, interpenetrando-se as matérias penais, processuais e administrativas. Há,
inclusive, uma parte da atividade da execução que se refere especificamente a
providências administrativas e que fica a cargo das autoridades penitenciárias. [5]
DIREITO COMERCIAL
As ligações do Processo Penal com o Direito Comercial se encontram,
principalmente, na Lei de Falências, que, prevendo crimes falimentares, fixa normas
pertinentes à fase preparatória da ação penal, aos prazos, às consequências do
recebimento da denúncia, à prisão, à reabilitação etc. [5]
CIÊNCIAS AUXILIARES
Através da Medicina Legal aplicam-se os conhecimentos médicos para o
andamento do processo, como lesões, toxicologia, estupro. O CPP disciplina a
ocasião e a forma de realização dos exames de corpo de delito nessas hipóteses.
A Psiquiatria Forense tem importância decisiva na verificação de hipóteses de
inimputabilidade, apurada em exame realizado no incidente de insanidade mental
do acusado, bem como a verificação da cessação de periculosidade.
Também é de real importância a Psicologia Judiciária, que ao examinar a
personalidade dos criminosos possibilita a individualização da pena.
A Criminalística colabora em todo o procedimento de investigação criminal –
descoberta de crimes, identificação de autores, etc. [5]