Você está na página 1de 19

Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Trabalho do Campo–1º

Analise das diferentes formas de comportamentos dos animais em diferentes estágios da


vida bem como na sua interacção com o seu habitat

Estudante: Janota Santana Luís

Código: 708191159

Curso: Licenciatura em Ensino de Biologia

Disciplina: Biologia Comportamental

Ano de Frequência:4ºano

Docente: Olga João Caetano

Tete-Maio-2022

i
1
Classificação
Categorias Indicadores Padrões Nota
Pontuação
do Subtotal
máxima
tutor
 Índice 0.5
 Introdução 0.5
Aspectos
Estrutura  Discussão 0.5
organizacionais
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização (Indicação
2.0
clara do problema)
Introdução  Descrição dos objectivos 1.0

 Metodologia adequada ao
2.0
objecto do trabalho
 Articulação e domínio do
Conteúdo discurso académico (expressão
3.0
escrita cuidada, coerência /
Análise e coesão textual)
discussão  Revisão bibliográfica nacional e
internacional relevante na área 2.0
de estudo
 Exploração dos dados 2.5
Conclusão  Contributos teóricos práticos 2.0
 Paginação, tipo e tamanho de
Aspectos
Formatação letra, paragrafo, espaçamento 1.0
gerais
entre linhas
Normas APA 6ª
 Rigor e coerência das
Referências edição em
citações/referências 2.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia

Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

____________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
2
____________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

Índice

Introdução....................................................................................................................................4
Objectivos:...................................................................................................................................4
Metodologia.................................................................................................................................4

3
Técnicas de comportamento dos animais.....................................................................................5
Analise das diferentes formas de comportamentos dos animais em diferentes estágios da vida bem
como na sua interacção com o seu habitat...................................................................................5
Etologia........................................................................................................................................6
Registodo Comportamento..........................................................................................................7
Ética no estudo do comportamento animal..................................................................................9
Evolução ou Filogenia...............................................................................................................10
As análises em ecologia comportamental..................................................................................12
Vantagens e Desvantagens de se Estudar o Comportamento no Ambiente Natural..................13
Os esquemas de acção e a aprendizagem activa........................................................................14
Conclusão...................................................................................................................................17
Bibliografia................................................................................................................................18

4
Introdução
A ciência animal tem-se desenvolvido num ritmo espantoso, principalmente em áreas restritas,
como nutrição, melhoramento, reprodução, etc. Verifica-se que é raro uma área conseguir
acompanhar o desenvolvimento de outra, uma vez que as pesquisas ultrapassam rapidamente as
informações antes que estas cheguem ao usuário final. Para ilustrar tal situação, imagine o que
está ocorrendo com animais que vêm há anos se adaptando normalmente por processos de
selecção natural e sofrem grandes agressões provocadas por mudanças radicais nos sistemas de
produção impostos pelo homem. Seguindo esse raciocínio, pesquisas na área do comportamento
animal devem ser desenvolvidas, pois é possível oferecer a melhor nutrição a um animal e ele
não responder à altura, uma vez que a alimentação pode estar sendo fornecida em horários
impróprios, em instalações inadequadas, com temperatura.

Reflexos e do Behaviorismo para explicar o comportamento animal, tendo como uma de suas
preocupações básicas a evolução do comportamento através do processo de selecção natural.
Segundo Darwin (1850), citado por Bowlby , cada espécie é dotada de um repertório de padrões
de comportamento que lhe é peculiar, da mesma forma que é dotada de suas peculiaridades
anatómicas.

Objectivos:
 Demonstrar a importância dos conhecimentos comportamentais básicos;
 Analisar o comportamento animal;
 Abordar tópicos de interesse em ecologia comportamental através de aulas teóricas;
 Estudar técnicas para a observação e descrição do comportamento.

Metodologia
Nós sabemos que a qualidade e a quantidade de interacções sociais variam em função do
tamanho do grupo de primatas. Então escolhendo um grupo de primatas de tamanho pequeno
para observar, provavelmente, os comportamentos registados serão socialmente restritos,
diferente do que ocorreria em um grupo maior.

4
Da mesma forma, os comportamentos dos primatas variam de acordo com o sexo, a classe etária
e a posição social. Escolhendo-se para observar, apenas, um indivíduo, como por exemplo, uma
fêmea, o comportamento não é representativo das actividades que os indivíduos estão realizando
no grupo, nem das fêmeas, uma vez que se tem o registo do comportamento de um único
indivíduo desta classe.

Técnicas de comportamento dos animais


Quando há a compreensão da motivação do comportamento inadequado, é possível modificar
este comportamental através de técnicas, como a dessensibilização, contra-condicionamento e
condicionamento. O adestramento é maravilhoso neste ponto. Mas não apenas os comandos
clássicos de senta e deita.Um animal que tem medo de aspirador, por exemplo. Ele pode ter
aprendido que aquele objecto não é algo legal. Todavia, através da dessensibilização, o
profissional pode aproximar o animal do aspirador, de uma forma lúdica e confortável.
Chegando ao ponto de reverter a associação e o pequeno perder o medo do objecto.

Analise das diferentes formas de comportamentos dos animais em diferentes estágios da


vida bem como na sua interacção com o seu habitat
Biologia de comportamento é uma ciência que procura explicar as bases biológicas do
comportamento animal. Posteriormente, William Harvey (1578-1567) mostraria que, a partir da
vivissecção em animais, toda a concepção do organismo humano foi modificada, especialmente
em seu livro “Uma Dissertação Anatómica Sobre o Movimento do Coração e do Sangue em
Animais”, como resultado da experimentação em mais de 80 espécies animais. Outros nomes
que conduziram experimentos em animais nessa época podem ser citados: Francis Bacon (1561-
1626), René Descartes (1596-1650), Anthony vanLeeuwenhoek (1632- 1723), Stephen Hales
(1677-1761) e René Réaumur (1683-1757).

Comportamento é como nós definimos nossas próprias vidas. Ou comportamento representa a


parte de um organismo através da qual ele interage com o ambiente.

5
Etologia é a parte da ciência que estuda o comportamento dos animais  (incluindo os seres
humanos). Através da análise dos movimentos executados quotidianamente por determinado
grupo é possível identificar os ritos de submissão, insubordinação, acasalamento, dominância,
liderança e etc.

Francis Bacon argumentava acerca da utilidade da vivissecção em animais para conhecimento do


organismo humano, pois dessa forma poderia abster-se de realizá- -la em criminosos, o que era
considerado moralmente recusável. Desde então, os questionamentos científicos evoluiriam, e
com isso a experimentação em animais tornou-se crescente, a partir do século XVIII, levando em
consideração basicamente a noção, advinda do pensamento cartesiano, de que os animais não
sentem dor.

Porém, foi no século XIX que a vivissecção e a experimentação animal surgiram como
importantes métodos científicos. François Magendie (1783-1855) foi considerado um pioneiro
nas experimentações que caracterizaram esse século.

Etologia
Em zoologia, a Etologia (do grego: ἦθος ethos, "hábito" ou "costumeiro" e -λογία -logia,
"estudo") é a especialidade da biologia que estuda o comportamento animal. Está ligada aos
nomes de Konrad Lorenz e NikoTinbergen, sob influência da Teoria da Evolução, tendo como
uma de suas preocupações básicas a evolução do comportamento através do processo de selecção
natural. Segundo Darwin (1850, apudBowlby, 1982 ), cada espécie é dotada de seu próprio
repertório peculiar de padrões de comportamento, da mesma forma que é dotada de suas próprias
peculiaridades anatómicas.

Os etólogos estudam esses padrões de comportamento específicos das espécies, fazendo-o


preferencialmente no ambiente natural, uma vez que acreditam que detalhes importantes do
comportamento só podem ser observados durante o contacto estreito e continuado com espécies
particulares que se encontram livres no seu ambiente. Para Odum, 1988, o estudo da conduta ou
etologia, tornou-se uma importante ciência interdisciplinar que procura mais ou menos interligar
a fisiologia, a ecologia e a psicologia.

6
Registodo Comportamento
O ser humano possui órgãos sensoriais com grande resolução espacial e temporal associada a
uma fabulosa capacidade cognitiva para registar e interpretar os eventos que ocorrem à sua
volta.A superação dessas limitações foi resolvida, em parte, pela invenção de aparelhos
analógicos e digitais que expandem os nossos sentidos e ampliam a nossa capacidade sensorial e
motora, além de armazenarem dados permanentemente.

O uso desses equipamentos, no entanto, deve ser tomado simplesmente como uma
complementação metodológica, pois nada disso pode substituir o processo criativo da mente
humana para fazer perguntas, propor hipóteses e delinear a pesquisa científica. Lembre-se que
tanto Charles Darwin como os fundadores da Etologia não dispunham da parafernália
tecnológica existente hoje quando fundamentaram, respectivamente, as teorias da selecção
natural e das causas imediatas e últimas do comportamento animal.

Descrevemos abaixo os recursos mais usados para o registo do comportamento animal:

1) Filmagens ou vídeo-tapes: oferecem registos de imagens e de áudio bastante precisos sobre o


comportamento e têm a vantagem de poder ser observado e analisado repetidas vezes. São
essenciais para registar eventos extremamente rápidos que escapam à resolução visual humana,
fornecendo uma decodificação mais lenta (quadro a-quadro ou em slowmotion). Em outros
casos, a passagem acelerada (fastmoving) possibilita identificar elementos imperceptíveis na
velocidade normal. É o meio mais eficaz para o registo e armazenamento do comportamento na
forma exacta como ocorreu. Por outro lado, devemos ter em mente que a qualidade do registo
não depende de câmaras cinematográficas ou de vídeo de última geração, mas primariamente da
mente treinada de um observador que decide “o que” e “quando” observar. Após a filmagem, é
necessário fazer a transcrição dos dados em unidades comportamentais para posterior
quantificação e análise.

2) Descrições verbais: podem ser escritas ou gravadas em áudio. As descrições verbais do


comportamento são muito úteis, especialmente durante testes pilotos. A gravação em áudio
proporciona um relato directo durante a ocorrência do comportamento. Tendo padronizado
previamente uns etograma, os itens comportamentais podem ser ditados em um gravador de

7
áudio à medida que ocorrem, ou podem ainda ser amostrados em determinados intervalos de
tempo (veja mais adiante). Uma dica prática para se ditar o etograma em um gravador de áudio é
usar um código verbal (monossilábico ou dissilábico) para cada item comportamental: ao invés
de “perseguir”, ditar “persê” ou, ao invés de “construir ninho”, “constrí” e assim por diante.

Isso economiza palavras durante o ditado, evitando as defasagens de tempo entre a ocorrência de
um item e seu registo. Como no caso anterior, essa forma de registo também necessitará da
transcrição dos dados para posterior quantificação e análise. Só não esqueça de anotar o código
para que possam ser entendidos por outra pessoa que venha a trabalhar com a gravação, ou você
mesmo, caso o intervalo entre a gravação e a transcrição dos dados seja longa.

3) Planilha de Registro (Checksheet): é a ferramenta mais simples, prática e barata. Os itens


comportamentais são transcritos em uma planilha de papel e, à medida que ocorrem, são
registados.A porção superior (cabeçalho) deve conter informações das condições de estudo,
identificação do animal, grupo etc. O corpo da planilha deve conter os itens comportamentais
que serão registados e o momento ou período de registo.

4) Registadores automáticos de eventos: podem ser electromecânicos ou digitais. No caso de


um registador electromecânico, um motor eléctricotraciona o papel sobre o qual os eventos são
registados a uma velocidade constante (Schmideketal. 1983). Nesse caso, o observador assinala,
sobre o papel que está sendo tracionado, os momentos de ocorrência dos eventos
comportamentais, seja a partir de uma gravação ou observando directamente o comportamento.
O início de um outro evento marca o fim do evento anterior. Completada a transcrição podemos
calcular a frequência ou a duração de cada item comportamental ou a latência de um
determinado item em particular. Um exemplo clássico de automação de registo e análise
comportamental é a famosa gaiola de Skinner, desenvolvida pelo eminente behaviorista Burrhus
Skinner, que desenvolveu vários estudos sobre condicionamento operante.

Essa gaiola foi projectada de modo que o modelo animal (por ex., rato ou pombo) ao apertar uma
alavanca recebia uma pelota de ração, ou seja, um reforço (ou recompensa).

8
Ética no estudo do comportamento animal
Estudar o comportamento animal envolve manipulações que podem culminar em sofrimento,
dor, estresse ou ao menos algum tipo de desconforto para o animal estudado, principalmente
quando os procedimentos utilizam métodos invasivos. Assim, realizar pesquisas pautadas em
procedimentos éticos significa utilizar métodos que reduzam o estresse, evitem dor, desconforto
e assegurem o bem-estar mínimo aos animais estudados.

A Associação para o Estudo do Comportamento Animal (Association for theStudyof Animal


Behaviour), na Europa, e a Sociedade de Comportamento Animal (Animal BehaviorSociety), na
América do Norte, produziram em conjunto um guia para o ensino e pesquisa em
comportamento animal (Guidelines for
thetreatmentofanimalsinbehaviouralresearchandteaching), publicado na revista Animal
Behaviour V71, fasc.1, 2006). Os editores dessa e de outras revistas de renome internacional têm
recusado artigos cujos procedimentos não seguem essas directrizes.

Alguns comportamentos são inatos ou geneticamente programados, enquanto outros são


adquiridos ou desenvolvidos por meio da experiência. Em muitos casos,
os comportamentos têm tanto um componente inato quanto um componente adquirido.
O comportamento é moldado pela selecção natural.

O comportamento de um animal pode ser definido como uma sequência de contracções


musculares padronizadas no tempo (Eibl-Eibesfeldt 1989). Nesta definição podem ser albergados
comportamentos desde correr, voar e nadar, até o dormir, descansar ou hibernar. Entretanto,
podem ser necessários maiores refinamentos na definição. Se o objectivo é estudar
comportamentos “internos”, tais como comportamento de digestão, gestação ou mesmo o
comportamento de pensar, a sequências mensuradas incluem as reacções bioquímicas.

Se o comportamento é social pode ser necessária a resposta de outros indivíduos além do animal-
focal ou de todo grupo (p. ex.: o comportamento de coalizão em macacos-prego, que, além dos
movimentos de aproximar-se e emitir expressões faciais de agressão, depende da posição relativa
de três ou mais indivíduos no espaço).

Como defendido por Tinbergen (1963), a definição do etograma (do grego: ethos: lugar habitual,
conduta; -grama: equivalente de gramato: letra, escrito, peso) é o passo inicial de qualquer estudo

9
do comportamento. Apesar de 50 anos passados desde a publicação de Tinbergen, um etograma
básico para a maioria das espécies ainda não está publicado, fato possivelmente devido às
dificuldades práticas de colecta de dados em campo. Entretanto, mesmo para as espécies que têm
um etograma conhecido, é praxe incluir, na sessão de métodos das publicações, definições
precisas sobre o comportamento em análise. O capítulo de Freitas e Nishida deste os principais
cuidados para construção e análise de etogramas.

Lorenz (1935-apud Goodenoughetal. 2001) definiu período crítico como uma fase do
desenvolvimento em que a exposição a estímulos ambientais promove mudanças irreversíveis no
comportamento do indivíduo. Durante estas “janelas de aprendizado” um animal imaturo fixa
sua atenção no primeiro objecto com o qual tem contacto (visual, auditivo ou de outro tipo) e, a
partir de então, passa a ter preferência por estímulos semelhantes, ou seja, ocorre uma
estampagem daquele objecto no animal. Normalmente essa preferência é medida pelo
comportamento de seguir (caminhando ou apenas seguindo com o olhar).

Evolução ou Filogenia
Esta é uma das perguntas da etologia clássica e refere-se a traçar o padrão evolutivo da
diversidade comportamental (Ryan 2008). Tal como os estudos filogenéticos em morfologia e
bioquímica, tendo como base o fenómeno da descendência com modificação, e utilizando o
método comparativo, os estudos em evolução comparam homologias e homoplasias,
convergências e divergências comportamentais, tentando localizar as sinapomorfias
comportamentais de cada espécie . Existem duas formas de estudar a evolução comportamental.
A primeira é quando se conhece a filogenia do grupo em estudo a partir de outros métodos
(morfológicos ou bioquímicos).

Neste caso, com base numa filogenia estabelecida busca-se entender o padrão de mudança
comportamental, correlacionando-o ao ambiente ocupado por cada clado. Um exemplo bastante
ilustrativo (Mann &Dawkins 1998, Alcock 2001, Goodenoughetal. 2001; Scott 2005) refere-se a
forma elaborada do ninho construída por 16 diferentes espécies de aves da família
Ptilonorhynchidae. Com base em análises de DNA mitocondrial foi possível verificar que as

10
espécies que constroem ninhos mais elaborados derivaram (são mais recentes que) das três
espécies.

O cladograma também mostra que existem dois clados irmãos: um com 7 (sete) espécies que
constroem ninhos elaborados suspensos, e outro clado composto por 6 (seis) espécies que
constroem ninhos elaborados no chão. Dentro de cada clado, as espécies que constroem ninhos
mais simples são mais antigas que as espécies que constroem ninhos mais elaborados. Com base
neste cladograma, é possível estudar quais mudanças ambientais levaram à crescente elaboração
de ninhos.

O estudo da filogenia comportamental é necessário para garantir a independência de contrastes


durante os estudos de função comportamental (próximo por quê de Tinbergen). A segunda forma
é utilizar o padrão comportamental como um caractere independente, e inseri-lo na análise de
reconstrução filogenética junto com outros caracteres (morfológicos ou bioquímicos). Muitos
comportamentos de várias espécies são estereotipados e experimentos de hibridismo (pai de uma
espécie, mãe de outra espécie) resultam em comportamentos intermediários nos descendentes.
Assim, o pressuposto deste tipo de abordagem é que existem traços comportamentais que podem
ser considerados típicos das espécies.

O pioneiro neste tipo de abordagem é próprio Konrad Lorenz, que construiu uma filogenia dos
patos da família Anatidae com base em semelhanças nos comportamentos de cortejo de fêmeas
(Ridley 1995).

De acordo com tal conceito o animal deve estar livre de dor, lesão e enfermidades; livre de
desconforto (estresse ambiental); livre de fome, sede e desnutrição; livre de medo e angústia
(estresse mental); e livre para expressar seu comportamento natural.

11
As análises em ecologia comportamental
O primeiro é o de que todo comportamento é adaptativo, ou seja, a função de todo
comportamento é aumentar a sobrevivência e/ou reprodução do indivíduo. Mesmo
comportamentos à primeira vista incongruentes com esta visão (como, por exemplo, a autotomia
de patas pelo caranguejo, ou o salto estrela das aranhas-macho de viúva negra jogando-se na
mandíbula da fêmea para ser devorado) são interpretados como aumentando as chances de
sobrevivência (por distrair o predador no caso do caranguejo) ou de reprodução (pois enquanto
come o macho a fêmea da aranha não sai a procura de outro parceiro) dos indivíduos.

O segundo pressuposto é o de que os indivíduos baseiam seus comportamentos em escolhas,


frente às condições ambientais proximais. O terceiro é o de que estas escolhas são racionais, ou
seja, maximizam a relação benefício/custo para o indivíduo. Para a ecologia comportamental não
faz diferença se esta optimização da relação benefício/custo é alcançada por aprendizado no
ambiente imediato ou pela presença de genes que resultem em padrões estereotipados (existem
modelos para ambos os casos

M.S. Dawkins (1989) diferencia optimização de curto prazo e de longo prazo. A optimização de
curto prazo refere-se à melhor relação benefício/custo em termos de calorias. Por exemplo, maior
aquisição de calorias no menor tempo ou com menor exposição a risco de predação ou exposição
a doenças. A optimização de longo prazo refere-se a deixar o maior número de descendentes (ou
cópias do DNA). Em espécies com curta história de vida é possível contar efectivamente o
número de descendentes produzidos e compará-lo de acordo com os comportamentos
apresentados por diferentes indivíduos. Entretanto, para muitas espécies com longa história de
vida a contabilização do número de descendentes é dificultada.

Ou seja, dentro de um projecto de pesquisa, é possível acompanhar o sucesso reprodutivo de


várias gerações de borboletas mas, dificilmente, de chimpanzés. Neste caso, a optimização de
longo prazo é inferida a partir da optimização de curto prazo, isto é, se um animal apresenta um
padrão comportamental que resulta em maior aquisição de calorias em menos tempo ou com
menor risco, supõe-se que estas calorias serão utilizadas para fazer mais cópias de DNA.

12
Na ecologia comportamental existem modelos para analisar diversos comportamentos, tais
como: escolha óptima de presas, tempo óptimo de forrageio numa mancha de alimentos antes de
mudar para outra mancha, rota óptima entre dois pontos, tempo óptimo de cópula, número
óptimo de parceiros de acasalamento, número óptimo de filhotes, tempo óptimo de cuidado aos
filhotes e tamanho óptimo de grupo (Danchinetal. 2008). Estes modelos são elaborados
teoricamente e testados empiricamente com a observação dos animais em ambiente natural ou
em laboratório. Quando os dados empíricos não confirmam o esperado, muda-se o modelo, mas
o pressuposto da optimização é mantido.

MacArthur&Pianka (1966) desenvolveram um dos primeiros modelos do optimização do


comportamento, que buscava, entre outras coisas, explicar a existência de animais especialistas e
generalistas. Este modelo de forrageio óptimo foi testado por Krebsetal. (1977,
apudKrebs&Davies 1997), num experimento em que aves (chapim-real - Parus major) eram
expostas a uma espécie de esteira rolante sobre a qual havia pedaços de minhocas de diferentes
tamanhos.

Vantagens e Desvantagens de se Estudar o Comportamento no Ambiente Natural


No ambiente natural, todos os elementos que modulam o comportamento de um animal estão
presentes: as condições climáticas, as plantas, o tipo de solo, os predadores, as presas e outros
animais que convivem com ele. Apesar disso, os estudos de campo apresentam dificuldades em:

1. Visualizar a maioria dos animais o tempo todo;

2. Controlar algumas variáveis, como luminosidade, temperatura, densidade populacional,


disponibilidade de alimento, tamanho e idade do animal;

3. Encontrar ou estudar os animais que vivem em ambientes subterrâneos, que são noturnos ou
que habitam locais de difícil acesso;

4. Discriminar animais crípticos.

Mesmo com essas dificuldades, os estudos de campo permitem, além dos estudos descritivos,
testes de hipóteses importantes, como já mostrou o próprio Tinbergen com seus métodos

13
criativos descritos no início deste capítulo. Além disso, é possível também controlar certas
variáveis e realizar diversos trabalhos, mesmo com as dificuldades inerentes.

Por exemplo, quando os animais são difíceis de serem encontrados, eles podem ser capturados
em armadilhas e marcados com um colar transmissor que permite que sejam encontrados ou
seguidos por meio de ondas de rádio. Locais de difícil acesso, como árvores de elevada altura,
podem ser acessados por meio de equipamentos de alpinismo, como ocorre em alguns estudos
com aves (Guedes 1993). O cientista pode ainda contar com câmaras de infravermelho quando o
animal é de hábito nocturno.

Mesmo medidas fisiológicas podem não ser um entrave definitivo, pois nas últimas décadas têm
sido desenvolvidos, por exemplo, métodos de análises de fezes que permitem avaliar condições
reprodutivas (Sousa etal. 2005). Exemplos elegantes que envolvem testes de hipóteses no
ambiente natural podem ser encontrados nos trabalhos de Paulo S. Oliveira (UNICAMP) e
Regina H. F. Macedo (UNB).

Os esquemas de acção e a aprendizagem activa


O sistema executivo utiliza um repertório de esquemas de acção próprios a cada espécie
biológica, oriundos da herança genética e de aprendizado prévio. No funcionamento da rede
neuronal, esses esquemas podem ser concebidos como padrões específicos de conexão que
controlam tipos específicos de comportamento. Uma origem do conceito pode ser localizada na
Filosofia (a proposta de Kant de formas a priori actuando na cognição humana) e Biologia
(Tinbergen e Lorenz, que introduziram o conceito de padrões fixos). Alguns etólogos estenderam
o conceito, como Schiller (1949), que identificou padrões motores no chimpanzé, e Barlow
(1968), que sugeriu que um padrão de acção teria diversas modalidades de realização.

Nesta visão, a explicação do comportamento animal não pode ser feita em termos de
estimulação reforçada e memória passiva, pois é preciso levar em conta o papel coordenativo dos
esquemas de acção. O entendimento dos processos de aprendizagem e controle do
comportamento em termos de uma dinâmica de conexões da rede neuronal segue a proposta
avançada por Hebb (1949), actualmente desenvolvida em modelos computacionais chamados de
conexionistas.

14
Os esquemas de acção estão codificados em redes neuronais especializadas, e sua activação
corresponde à liberação de transmissores e ligação com receptores de membrana específicos. Sua
flexibilidade pode ser comparada com o papel das substâncias neuromoduladoras, que conferem
grande plasticidade ao sistema sináptico, por meio da interferência na eficácia das ligações entre
transmissores e receptores.

Um esquema de acção tem componentes diversos, alguns directamente relacionados com o


comando de comportamento, e outros que provêem uma série de ajustes que asseguram
continuidade e coerência de operação para o sistema inteiro. A orientação da acção (no sentido
de se definir o tipo de comportamento a ser executado em uma determinada situação), e a
facilitação das habilidades práticas envolvidas no comportamento definido, são dois dos
principais componentes. Eles são integrados com componentes motivacionais concomitantes
com a preparação e deflagração do comportamento específico (neste aspecto, o conceito de
esquema de acção cobre um espectro mais amplo que o de padrões motores proposto por Schiller
1949).

Comandos para outras áreas do cérebro, notadamente para a selecção da informação aferente e
recuperação de rastros de memória, são comandadas por esquemas de acção actuantes no córtex
pré-frontal dos primatas. No lado motivacional, ocorre a concomitante geração de sentimentos e
emoções (Damásio 1994), induzindo respostas psicofisiológicas, imunológicas e endócrinas. Tais
processos presumivelmente dão ao organismo uma antecipação, positiva ou negativa, para uma
acção que está sendo preparada.

Considerando que a flexibilidade dos esquemas de acção possa ter gradações ao longo da escala
filogenética, pode-se distinguir dois extremos:

a) esquemas que suportam uma acção estereotipada e automatizada, os quais seriam


equivalentes aos padrões fixos de acção propostos por Lorenz e Tinbergen (1938). Esses
esquemas são encontrados em animais como o peixe, e, geralmente, em espécies que não
têm um sistema hipocampal desenvolvido (esta exigência não é rigorosa, porque a
medida da inteligência animal é algo muito relativo e questionável; veja Barlow 1968 e
Bitterman 1975);

15
b) Esquemas abertos ou plásticos, que são especificados pela interacção com o ambiente,
correspondendo ao sistema executivo de primatas e outros mamíferos com um córtex pré-frontal
desenvolvido (inclusive algumas espécies de cetáceos - ver Herman 1980).

A coordenação de uma determinada acção, nos animais que possuem esquemas abertos, é de fato
uma mistura de diversos esquemas, que são combinados de acordo com o comportamento a ser
executado e com os parâmetros ambientais que modulam esse comportamento à medida que ele é
executado. Em outras palavras, partes de esquemas de acção diversos, cada qual desenvolvido
em diferentes ocasiões da história evolutiva da espécie, geneticamente transmitidos e
modificados pela aprendizagem em cada indivíduo, são dinamicamente recombinados a cada
comportamento desse indivíduo, para dar conta das situações novas com que continuamente se
depara. Esta visão está de acordo com o modelo de memória de trabalho de Baddeley (1986),
onde o córtex pré-frontal atua como "centro executivo", coordenando a recombinação de
diversos esquemas de reconhecimento espacial e linguístico distribuído em várias partes do
cérebro humano.

16
Conclusão
Conclui-se que, os novos conhecimentos adquiridos na área básica sobre os mecanismos
sensoriais e o desenvolvimento evolutivo das espécies proporcionaram ao homem um melhor
entendimento do bem-estar e comportamento animal, possibilitando reduções drásticas no tempo
de manejo, menores índices de acidentes e de contusões e adequação nas interacções entre o
animal e seu ambiente, com grande reflexo na produtividade e lucratividade. Actualmente, o
“temperamento” é considerado uma característica de valor económico, pois interfere
directamente no bem- -estar dos animais e, consequentemente, no desempenho reprodutivo e
produtivo. Apesar de a intenção de alguns desses grupos ser legítima, com relação a evitar o
sofrimento dos animais, suas reivindicações, em sua maioria, têm sido pautadas em cima de
argumentação emocional e de pouca sustentação científica.

17
Bibliografia
Altmann J. 1974. Behaviour 49: 227-267.

ALCOCK, J. Comportamento animal: uma abordagem evolutiva. 9. Ed. Porto Alegre, RS:
Artmed, 2011. XVII, 606 p.

DARWIN CR. 1859/1981.A Origem das Espécies. São Paulo: Hemus Darwin CR. 1873/2000. A
Expressão das Emoções no Homem e nos Animais. São Paulo: Companhia das Letras.

JONES, N. Blurton. Estudos etológicos do comportamento da criança. SP, Pioneira, 1981.

KINBERGEN, N. Comportamento Animal. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1981. 199p. 5.

MANNING, A. Introdução ao comportamento animal. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e


Científicos, 1979.

SINGER, P. Libertação animal. Editora Lugano. 1 Edição. 2004. 392p.

SANTOS, António J. Psicobiologia e Etologia do Desenvolvimento Humano. Congresso


Internacional, Interfaces em Psicologia, Universidade de Évora. 26 Jun. 2005.

Théodoridès J. 1983. História da Biologia. Lisboa: Biblioteca Básica de Ciências.

Yamamoto ME. 2009. Introdução: Aspectos históricos. Pp. 1-8. In: Otta E, Yamamoto ME
(orgs). Fundamentos em Psicologia: Psicologia Evolucionista. São Paulo: GuanabaraKoogan.

18

Você também pode gostar