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Teorias filosóficas

Modernidade Líquida – Zygmunt Bauman (sociólogo e filósofo)


Antes a sociedade era sólida e agora encontra-se líquida. O liquido é um composto que
não tem forma (a água por exemplo adquire o formato do recipiente em que está inserida).
Anteriormente, na sociedade sólida, tudo era estável, sólido assim como os objetos, por
exemplo as instituições, governo, empregos e relações sociais. Na modernidade líquida tudo
isso se torna instável, volúvel, assim como o líquido, transformando-se em uma sociedade
fluida.
Como aplicar:
 Consumismo e individualismo: como tudo muda muito rapidamente, isso provoca o
individualismo, a preocupação de encaixar-se na dinâmica atual, sem se preocupar
com o outro, além do consumismo, porque no mesmo ritmo em que se produz, se
consome (pode-se relacionar com a necessidade do “status” em meio à sociedade.)
 Tecnologia: avança cada vez mais rápido, está em contínua mudança;
 Educação: a escola surgiu na sociedade sólida e a sociedade líquida não se adapta a
ela, a escola como instituição permaneceu sólida enquanto a sociedade está no modelo
líquido, por isso, entre outros motivos, existem problemas no sistema educacional.
 Meio ambiente: consumismo que gera muito lixo, afetando diretamente a natureza.
 Relacionamentos sociais, trabalhistas, econômicos: relações superficiais, fáceis de
iniciar e fáceis de romper, sem aprofundamento. Ex: relações de trabalho, uberização,
os trabalhadores não são registrados.

Ética da Alteridade – Emmanuel Levinas (filósofo)


Alteridade: capacidade de levar em consideração o outro, perceber o outro (diferente
de empatia que significa se colocar no lugar do outro).
Consiste em perceber que existe o outro que é diferente de você. A ética desse
pensamento passa necessariamente pelo reconhecimento da singularidade do outro.
Reconhecer diferenças que não se enfrentam, não se conflitam, mas enriquecem a sociedade,
porque são capazes de conviver em harmonia.
Como aplicar:
 Preconceito (xenofobia): combate ao preconceito e xenofobia, não porque somos todos
iguais, mas porque podemos conviver harmonicamente, ainda que nas diferenças.
 Liberdade (liberdade de expressão): a liberdade individual não pode ferir o corpo
social, existe liberdade para se posicionar, com respeito.
 Polarização de ideias, incomunicação: fechar-se ao contato com o outro, elitismo (o
contrário do que essa teoria defende).
 Direitos: direitos que respeitem o bem comum, que englobem a existência de muitas
pessoas diferentes, que busquem equidade, que respeitem a todos.
 Desigualdade: respeito mútuo que toda pessoa deve ter, dignidade enquanto ser
humano.
Contrato Social – Thomas Hobbes (filósofo)
O ser humano em seu estado de natureza vive em constante estado de guerra, por isso
precisa de alguém que se levante para ordenar, essa figura é o Estado: configura-se então o
chamado “Contrato Social”. Segundo esse conceito, em sociedade os indivíduos abdicam de
sua liberdade natural (natural de natureza, liberdade animal) em troca de segurança. A
liberdade que se tem hoje não é a natural, porque existe o chamado “aparelho repressor” do
estado, que são os limites impostos pelo Estado, as leis, as punições, que buscam garantir
segurança. Tudo o que coloque em risco a integridade física do outro ou da sociedade como
um todo não é permitido (corona vírus e quarentena por exemplo, pelo bem da sociedade
como um todo, as pessoas foram impedidas de andar livremente pelas ruas).
Como aplicar:
 Liberdade: limites da liberdade, até onde o estado pode agir, pode proibir as pessoas?
Todos os temas que abordarem alguma problemática que envolva liberdade pessoal.
 Problemas sociais: deficiência do estado em atender as demandas sociais; todos os
problemas podem ser encaixados aqui, no contexto de que o contrato social é um pacto
que se estabelece entre a sociedade e o Estado, aceitando as limitações impostas em
troca da garantia de uma convivência mais harmônica. Assim, quando se tem um
problema, se conclui que o Estado, o sistema político responsável, não administra bem
e não cumpre sua parte nesse pacto, então se torna uma espécie de inimigo, além de
um limitador de liberdades, que nada oferece em troca para a população.
 Violência: a sociedade “entrega” sua liberdade ao Estado, que através das leis e
punições a controla. Os casos de violência, como violência urbana ou violência contra
a mulher por exemplo, evidenciam uma falha no Estado em garantir essa segurança, o
que leva então a uma oposição entre Estado e povo, ao invés de uma colaboração.

Sociedade do cansaço – Byung Chul Han (filósofo)


A sociedade hoje é a sociedade do cansaço. O filósofo defende que a sociedade hoje é
marcada pela necessidade do desempenho, o “ser melhor” em tudo, na vida pessoal,
profissional etc. A sociedade vive em uma atmosfera de “excesso de positividade”.
O filósofo afirma em sua obra “Sociedade do Cansaço” que passamos de uma
sociedade regressiva, em que os indivíduos eram constantemente vigiados e punidos, para a
sociedade do desempenho, em que cada um acredita na ilusão de ter poder e que para realizar
sonhos e alcançar metas bastam a determinação e esforço pessoais. Assim, a pessoa torna-se
seu próprio feitor (chefe, patrão) e cobra de si mesma a máxima eficiência em cada uma de
suas ações.
Como aplicar:
 Economia: “O sujeito do desempenho é mais rápido e mais produtivo que o sujeito da
obediência. ” (Frase do Byung Chul Han); para o sistema produtivo esse sistema é
vantajoso, porque aumenta a produtividade das empresas. A própria pessoa cobra de si
o desempenho, o chefe já não é um agente externo, é interno, é a consciência da
pessoa que não a deixa descansar. Se fosse alguém de fora cobrando, as chances de
funcionar seriam menores, porque quando vem da própria pessoa ela não se revolta,
mas acaba aceitando.
 Home office e EAD: estudo e trabalho em casa, a cobrança passa a habitar no local de
descanso (a própria casa). Nessa perspectiva é mais difícil trabalhar ou estudar
conciliando o ambiente doméstico com as tarefas, por isso o indivíduo pode cobrar-se
muito além do necessário, não conseguir conciliar as tarefas e frustrar-se.
 Doenças psíquicas: a frustração gerada pela falta de desempenho pode gerar a
depressão, pânico, indivíduos cansados, tristes, decepcionados, que não conseguem
realizar tudo o que cobram de si mesmos. Além disso, o anseio por fazer sempre mais
pode gerar ansiedade (no sentido da doença e não de boas expectativas).
 Individualismo: o cansaço nesse caso é individual, porque cada um tem suas metas e
seus objetivos e faz o que pode para alcança-los, muitas vezes sem pensar no coletivo,
ou ainda na possibilidade de dividir o trabalho, não é um projeto conjunto, mas
individual. É um cansaço que isola, não tem vistas ao bem comum.
 Violência: esse novo sistema de desempenho, de alta produção (profissional e também
pessoal) é visto pelo filósofo como uma nova forma de violência, primeiramente
porque o indivíduo pode ser conduzido, ainda que lentamente e sutilmente (sem
perceber) a violentar-se para produzir mais, por exemplo tomando remédios que
façam aumentar sua energia e disposição para estudar ou trabalhar, além disso o
isolamento causado também é uma forma de violência, violência psíquica-social, um
distanciamento que destrói qualquer ideia de proximidade, de sociedade, trazendo o
sentimento de solidão.

Contextualizações e referências históricas


Antiguidade – Grécia e Roma
 Política: gregos inventaram a democracia; os romanos inventaram a república;
 Cidadania: conceito criado na Grécia, cidades independentes (cidades-estados),
administração de cidades;
 Valorização do corpo: estética, olimpíadas que louvavam corpos atléticos, padrões
estéticos que se mantém na atualidade;
 Deficiência: em Atenas, na Grécia, os recém-nascidos com alguma deficiência eram
abandonados para morrerem;
 Violência: violência urbana, guerras e conflitos mundiais, Roma era muito violenta,
(entre as nações e dentro da cidade), o império se expandiu através das guerras;
 Preconceito: povos que não falavam latim e não tinham a mesma cultura eram
chamados bárbaros, no sentido de que não eram civilizados, não eram inteligentes;
 Êxodo urbano: conforme os bárbaros invadiam, as pessoas deixavam as cidades;
 Relações sociais: diferenças entre aquele considerado cidadão romano e o não
cidadão, desigualdades sociais, escravidão;

Revolução Industrial
 Trabalho infantil: O trabalho infantil foi uma das características mais marcantes da
Revolução Industrial. As crianças eram utilizadas nas fábricas e nas minas de carvão,
sendo que muitas morriam devido ao excesso de trabalho, da insalubridade do
ambiente e da desnutrição;
 Violência contra a mulher: o ambiente de trabalho era muito violento as operárias
daquela época eram submetidas a um sistema desumano de trabalho, com longas
jornadas diárias e violências físicas;
 Meio ambiente: degradação do meio ambiente por meio do desmatamento, poluição,
lixo;
 Desenvolvimento e sustentabilidade: como conciliar esses dois aspectos (o que não
ocorreu na Revolução Industrial, pode-se usá-la como contra-exemplo);
 Economia: consumismo exacerbado, consequência de muita produção em grande
quantidade e de maneira muito rápida, capitalismo;
 Movimentos operários: greves e manifestações para reivindicação de direitos, a
importância dos trabalhadores, direitos e leis trabalhistas;

Segunda Guerra Mundial


 Mulher: mulheres trabalhando, as mulheres tiveram um papel importante, tanto nas
cidades que precisavam continuar funcionando em meio à guerra, quanto na guerra de
fato, como enfermeiras ou operárias nas fabricas de munição;
 Publicidade: nazismo e propaganda, a persuasão utilizada nas propagandas nazistas
que afetou a população de maneira com que apoiassem praticamente todas as decisões
tomadas pelo governo na época, manipulações, mídias e propagandas e sua influência;
 Saúde: grande desenvolvimento da medicina, pessoas feridas na guerra gerando
desenvolvimento das cirurgias, remédios, transfusão de sangue;
 Inovações tecnológicas: investimento em ciência, para desenvolver armas e estratégias
para a guerra, consequentemente gerando avanços na tecnologia, como a invenção do
computador;
 Violência: armas químicas, bombas atômicas, violência entre as nações que
guerreavam, e violência urbana, pessoas civis que eram violentadas, muitas vezes
vítimas de ataques inimigos, ou sofriam da falta de recursos, devido aos investimentos
pesados para a guerra.

Colonização do Brasil
 Eurocentrismo e imperialismo: imposição europeia, dominação de territórios,
dominação e exploração dos povos indígenas;
 Saúde: os europeus trouxeram doenças para as quais os índios não tinham estrutura
biológica e nem médica para enfrentar e se curar, causando um genocídio;
 Violência: para a conquista do novo mundo os europeus utilizavam ferramentas de
grande porte, armas elaboradas para época, com poder superior ao das armas dos
indígenas; escravidão;
 Trocas culturais: houve uma troca cultural muito grande, uma mistura de culturas,
através do escambo por exemplo;
 Língua portuguesa: foi desenvolvida durante a colonização, ela chega ao Brasil com os
portugueses, misturou-se o português de Portugal com línguas indígenas como o tupi,
e línguas africanas trazidas pelos escravos; variação linguística ou ainda ao
preconceito linguístico;
 Meio ambiente: exploração dos recursos naturais brasileiros, relação do indígena com
a natureza, atualmente as reservas indígenas são preservações ambientais importantes
para a cultura, mas também para a natureza;

Vinda da Corte Real Portuguesa para o Brasil em 1808


 Desenvolvimento da cidade: para a chegada da corte, a cidade do Rio de Janeiro foi
preparada, desenvolvida culturalmente e arquitetonicamente, através da construção de
escolas, bibliotecas, jardim botânico e teatros;
 Desenvolvimento da arte e ciência: trouxeram vários artistas para registrar o Brasil e
cientistas, estudiosos, para o estudo da fauna e flora;
 Imprensa: mídia e comunicação, os jornais e livros começaram a partir da chegada da
corte portuguesa, com a criação da Imprensa Régia;
 Economia: fundação do Banco do Brasil, abertura dos portos para comercialização
com outros países, fim do monopólio português;
 Cultura: abertura de teatros e escolas de arte;
 Marginalização da população: a corte organizou uma cidade linda, porém não
acessível, e a população pobre foi expulsa, não tendo onde ficar foram viver nos
morros, originando os cortiços e favelas.

Referências literárias:
Livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas” – Machado de Assis
1- Dedicatória: “ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver,
dedico como saudosa lembrança essas memorias póstumas”. A dedicatória do
livro não é feita a uma pessoa, e sim a um verme. Uma das interpretações que se
pode fazer é que nenhuma pessoa mereceria essa dedicatória, a espécie humana
não parece ser merecedora de elogios, pode-se aplicar a temas relacionados ao
meio ambiente, usando a degradação que o homem tem causado ao meio
ambiente: o ser humano não é merecedor de muitas honrarias, essa crítica
machadiana se aplica àqueles que na contemporaneidade destroem a natureza,
poluem o meio ambiente, provocam a extinção de espécies etc.

2- Capitulo 11: “O menino é pai do homem.” Nesse capítulo ele conta sobre sua
infância. Foi um menino travesso, egoísta, mas que tinha esse caráter tolerado
pelo pai, o que fez com que isso se mantivesse ao longo da vida. Uma das
interpretações é que as atitudes da infância são levadas para a vida adulta. Pode-
se aplicar em temas relacionados à formação da criança, infância e educação
(mesmo fundamental para formação do caráter do adulto, é por vezes
desconsiderada).

3- Emplasto Brás Cubas: um remédio inventado por ele que seria capaz de curar
todas as doenças. O próprio narrador afirma que o objetivo não era apenas fazer
o bem, e sim ter seu nome no remédio, para alcançar reconhecimento e fama.
Pode aplicar a temas relacionados a notícias: Fake News: divulgar notícias pela
fama, não para informação, ou discursos que dizem valorizar o bem da
sociedade como um todo, mas na verdade são um meio para a fama dos seus
defensores.

4- Preconceito: Eugênia é uma personagem muito bonita, porém, é coxa, o que faz
com que Brás Cubas não se case com ela, o que poderia acontecer caso ela não
fosse assim. Pode-se aplicar a temas relacionados ao preconceito estético, à
imposição de padrões estéticos pela sociedade, a dificuldade da inclusão social
de portadores de deficiências físicas.

5- Capitulo “Borboleta preta”. Após matar violentamente uma borboleta preta ele
sente remorso e começa a refletir que se caso ela fosse azul talvez ele não a
tivesse matado, ou teria feito isso de forma delicada para poder guardá-la. Pode-
se aplicar também ao preconceito, bem como a necessidade uma justificativa
que as pessoas procuram para as coisas que fazem “sem pensar”, para teorias
que não se sustentam tanto pela lógica, mas afinidade individual, pessoal, como
teorias conspiracionistas; ou ainda justificar ações ruins (semelhante a ideia de
que os fins justificam os meios).

6- O narrador afirma que teve “ a boa fortuna de nunca comprar o pão com o suor
do meu rosto” pois era herdeiro de uma grande riqueza. Traz à tona a realidade
de pessoas que já nascem ricas e herdeiras, pode-se aplicar a temas relacionados
a desigualdade social, relações trabalhistas, uberização: enquanto muitas
pessoas enfrentam trabalhos insalubres, com longas jornadas e sem acesso a
direitos trabalhistas, outros vivem de rendas herdadas e jamais precisam
trabalhar para se sustentar, jamais precisam suar para ganhar o pão.

7- Prudêncio: quando criança era escravo do narrador, e posteriormente é liberto.


Em determinado momento da narrativa, Prudêncio violenta uma outra pessoa,
com sofrimentos semelhantes aos que lhe haviam sido impostos. O ex-escravo
se torna aquele que escraviza. Pode-se aplicar como crítica à naturalização da
injustiça, à dificuldade cada vez maior de buscar o bem comum, ao
individualismo, como também à importância da educação, conjuntamente com
uma frase do educador Paulo freire: “Quando a educação não é libertadora, o
sonho do oprimido é tornar-se opressor” quando as pessoas não recebem
valores, não são capazes de vive-los, quando tem negados para si a justiça,
como seus direitos, elas negam para os outros.

Obs: os temas são trabalhados de forma irônica pelo autor, vale destacar isso se
forem utilizar na redação.
Livro Quincas Borba – Machado de Assis
No livro Quincas Borba, há a máxima da teoria filosófica do Humanitismo: “ao
vencedor, as batatas”. Nela, os alimentos não são suficientes para todos, e então as pessoas se
degladiam pela sobrevivência. Na sociedade atual, muitos ainda defendem o humanitismo,
pois mesmo a alimentação sendo um direito básico, defendem que apenas os vencedores, ou
seja, possuidores de riquezas, terão acesso a esse direito, pode-se aplicar a temas relacionados
com direitos, fome, pobreza e distribuição de riquezas.

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