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Distribuição

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Canais de Distribuição

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Esp. Heber de Godoi Carvalho
Prof. Esp. Clovis Cabrera

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Luciene Santos
Canais de Distribuição

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Introdução;
• Definições e Conceitos;
• Componentes do Sistema de Distribuição;

Fonte: iStock/Getty Images


• Canais de Distribuição;
• Estratégia da Distribuição;
• Considerações Finais.

Objetivos
• Destacar a importância dos canais de distribuição, sendo eles os caminhos que os
produtos percorrem até chegarem aos seus consumidores finais.
• Partindo dos locais de produção, torna-se necessário uma organização estratégica para
que a empresa consiga alcançar redução de custo e nível de serviço.
• Analisar algumas estratégias envolvidas no processo de distribuição como os centros de
distribuição, as instalações de transit point, cross docking e merge in transit.
• É de fundamental importância que as organizações visualizem a distribuição não apenas
como uma entrega de produtos, mas como uma forma de criação de diferencial competitivo.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o
último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE
Canais de Distribuição

Contextualização
Leia o trecho abaixo e reflita sobre as questões propostas para começarmos a enxer-
gar o caráter estratégico dos canais de distribuição para as empresas:

“No começo da década de 1990, a Dell embarcou em um breve flerte com a


distribuição em canais convencionais de varejo, em uma tentativa de sair de seu nicho.
Essa atitude foi um erro. As vendas despencaram tão logo a Dell ofereceu um novo PC
através de seu novo canal. A empresa foi obrigada a compensar os varejistas pela perda.
Como resultado, a Dell apresentou sua primeira perda (US$ 36 milhões) em 1993. A
incursão mal avaliada foi uma boa lição sobre os perigos de se tentar operar por meio
de canais de distribuição conflitantes e uma justificativa para sua estratégia original de
vendas diretas a baixo custo. A Dell retirou-se do mercado varejista em 1994, e reduziu
ainda mais as despesas, recuperando-se imediatamente com um lucro de US$ 149
milhões. Daí em diante, concentrou-se em encontrar meios de alavancar as forças de sua
estratégia original de vendas diretas.”
1. Por que a Dell Computadores não se adequou às vendas através de canais
convencionais de varejo?
2. Por que para outras empresas esse canal funciona?
3. Podemos afirmar que a estratégia competitiva da Dell Computadores está
calcada nas vendas diretas aos consumidores?

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Introdução
Na atual conjuntura econômica e com o advento da globalização, a logística tem
apresentado crescente importância como elemento estratégico para as organizações,
desempenhando a função de gerar diferenciais competitivos, agregando valor para os
clientes, uma vez que o objetivo macro das empresas está voltado para a satisfação dos
mesmos e as organizações têm seguido uma tendência cada vez maior de se igualarem
nos quesitos de qualidade e custo.

Inserida no processo logístico, a distribuição física de produtos desenvolve a tarefa


fundamental de ponte entre os fabricantes e os clientes dentro da cadeia de suprimentos,
sejam estes, distribuidores, atacadistas, varejistas ou os próprios consumidores finais.

A distribuição física na atualidade passou a ser um assunto estratégico para as


empresas, diferentemente do que ocorria há tempos atrás, quando a distribuição não
passava do simples conceito de entrega. A busca cada vez maior das empresas pela
redução dos seus níveis de estoque tem gerado uma necessidade de toda a empresa
tornar-se mais eficiente e é nesse contexto que a distribuição ganha papel de extrema
importância, pois é o elo entre a empresa e o cliente.

Quando se vê um produto na prateleira de um supermercado ou em qualquer outra


loja, não se percebe tudo o que está por trás dele. Tudo começa no desenvolvimento
do produto, pesquisas, testes, fabricação, propaganda publicitária e finalmente o
lançamento. Paralelamente a todo esse trabalho, está o estudo da melhor forma de fazer
esse produto chegar aos locais desejados nos momentos corretos, de outra forma, todo
o trabalho anterior torna-se vão.

O retorno de produtos seja em bom ou mau estado e de embalagens também é


parte do sistema de distribuição, embora não seja dada tanta atenção a esse processo,
atualmente, tem ganhado importância, principalmente devido às questões ambientais, o
que se chama de logística reversa.

As ferramentas da distribuição física, como cross docking, transit point, merge in


transit, entre outras, devem atender o objetivo de tornar as operações mais eficientes e
competitivas, agregando valor de tempo e espaço para os clientes.

Segundo Dias (1987), a distribuição tornou-se questão crucial, e muitas empresas


não hesitam em afirmar que os custos da distribuição participam atualmente na sua
rentabilidade, ou no seu prejuízo. Deixou-se de olhar somente para o comprar bem,
sempre procurando os melhores prazos de entrega e preços de matérias-primas e de se
estocar de maneira a se evitar perdas e ao mínimo custo.

Atualmente, dever haver uma preocupação com a entrega ao cliente final, seja ele um
consumidor ou um atacadista. A distribuição assumiu o papel de diferencial competitivo
entre as organizações.

Como o número de consumidores é cada vez maior, tanto no que diz respeito a volume
quanto à velocidade de suprimentos, surge a necessidade de desenvolverem técnicas de
distribuição. Pode-se resumir a problemática da distribuição em quatro perguntas:

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UNIDADE
Canais de Distribuição

Quanto distribuir? Onde distribuir? Quando distribuir? A quem distribuir?

Conforme Dias (1987), distribuição nada mais é do que ter o produto certo, em lugar
certo, na qualidade correta, ou como deseja o cliente, no tempo certo com o menor custo.

Então, para que isso ocorra, deve haver planejamento da distribuição, levando em con-
sideração a demanda futura quantificada tanto em natureza quanto em extensão. Quando
se consegue obter essas informações, pode-se desenvolver um sistema para satisfazer de
maneira adequada a essas demandas previstas.

Definições e Conceitos
Distribuição física é a utilização de canais existentes de distribuição e facilidades ope-
racionais, com a finalidade de maximizar a sua contribuição para a lucratividade da em-
presa, por intermédio de um equilíbrio entre as necessidades de atendimento ao cliente
e o custo incorrido.

Segundo Novaes (2001), distribuição é o processo de deslocar os produtos acabados


desde o local de produção até o consumidor final, também é chamada de outbound logistics.

Figura 1: Cadeia de Suprimentos

A distribuição física representa o transporte de materiais que ocorre a partir do


produtor até o consumidor final e o canal de distribuição é o caminho particular cujos
produtos passam.

Já conforme Bertaglia (2015), a distribuição é um processo que está normalmente


associado ao movimento de material de um ponto de produção ou armazenagem até o
cliente. As atividades abrangem as funções de gestão e controle de estoque, manuseio de
materiais ou produtos acabados, transporte, armazenagem, administração de pedidos,
análise de locais e redes de distribuição, entre outras.

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Os tipos de distribuição que uma empresa pode utilizar são: sistema de vendas
próprio, sistema de vendas de terceiros, através de agentes e representantes
comissionados e através de distribuidores especializados.

Cada um desses métodos de distribuição, levando em consideração o tipo de produto,


a natureza do mercado e a capacidade de produção, necessita de um sistema considerado
mais apropriado e mais econômico para a obtenção dos resultados desejados.

Resumindo, a distribuição física compreende a série de inter-relações administrativas


que visam à transferência de produtos do fabricante ao consumidor.

Dessa forma, identificam-se alguns objetivos da distribuição:


·· Garantir um nível de serviço preestabelecido pelos parceiros da cadeia de suprimento.
·· Garantir um fluxo de informações rápido e preciso entre os elementos participantes.
·· Buscar de forma integrada e permanente a redução de custos, atuando não
isoladamente, mas em uníssono, analisando a cadeia de valor no seu todo.

Também ocorrem oportunidades para a redução de custos na distribuição, como


consequência de:
·· simplificação do sistema;
·· redução de inventários;
·· melhoria na embalagem de acondicionamento;
·· métodos e procedimentos mais eficientes;
·· utilização de inovações tecnológicas;
·· revisão dos canais de distribuição.

As empresas podem adotar os sistemas de distribuição escalonada ou direta. Na


estrutura escalonada ou indireta, a empresa possui um ou mais armazéns centrais e um
conjunto de centros de distribuição avançados, próximos aos clientes. Já nas estruturas
diretas, a empresa possui um ou mais armazéns centrais, nos quais os produtos são
expedidos diretamente para os clientes. Os sistemas de distribuição diretos podem
também utilizar instalações intermediárias, não para manter estoque, mas para permitir
um rápido fluxo de produtos aliado a baixos custos de transporte.

Uma grande dificuldade encontrada para a evolução e melhoria dos processos


de distribuição no Brasil é a matriz de transporte concentrada no modal rodoviário,
aumentado os custos de transporte devido à má conservação das estradas e consequente
necessidade de manutenção dos veículos.

A distribuição ainda compreende algumas funções como o recebimento de mercadorias,


a pré-embalagem, a armazenagem, a separação de pedidos, a embalagem/etiquetagem
e a expedição.

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Canais de Distribuição

De forma geral, o principal objetivo da distribuição é buscar a satisfação dos clien-


tes e minimizar os custos, porém, há uma grande dificuldade para se encontrar esse
ponto ótimo.

Conforme Frazzele e Goelzer (1999), se houver uma dedicação exclusiva à minimi-


zação de custos, a prestação de serviços ao cliente decairá. Se você, por outro lado,
focalizar exclusivamente no serviço ao cliente, os custos de distribuição irão crescer.
Consequentemente, identificar e implementar aprimoramentos de processo que simul-
taneamente reduzam os custos e melhorem o nível de serviço ao cliente é a chave para
alcançar os padrões de distribuição de classe mundial.

Componentes do Sistema de Distribuição


Conforme Novaes (2014), a distribuição é realizada com a participação de alguns
componentes físicos ou informacionais:
· Instalações fixas: é o espaço destinado a abrigar os produtos até que sejam
transferidos para as lojas ou clientes.
· Estoque de produtos: devido ao capital imobilizado que o estoque representa,
busca-se cada vez mais reduzi-los, sem que isso implique em queda do nível
de serviço ao cliente ou até mesmo a ruptura de estoques.
· Veículos: utilizados para o transporte dos produtos, busca-se uma redução
dos custos de transporte, através da otimização de espaço e tempo.
· Informações: de vital importância para a distribuição, pois atualmente a
informação não deve ir acompanhando os produtos, mas chegar antes dos
mesmos. As informações prévias sobre níveis de estoque, previsões de datas
de entrega, quantidade e outros são muito importantes para a tomada de
medidas de contingência quando se fizerem necessárias.
· Software e hardware: são importantes no planejamento e acompanhamento
da distribuição, como a preparação dos romaneios de entrega, roteirização e
monitoramento dos veículos, controle e separação de pedidos e devoluções.
· Estrutura de custos: exemplos de custos envolvidos na distribuição são os
custos de armazenagem e transporte. Dessa forma, deve-se buscar conhecê-
-los e analisá-los de forma adequada, que não estejam prejudicando os resul-
tados da empresa.
· Pessoal: diferente do que vivenciado no passado, hoje a mão de obra envol-
vida na distribuição precisa ser treinada e capacitada, até mesmo pela pró-
pria evolução tecnológica que acontece numa grande velocidade.

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Canais de Distribuição
Os canais de distribuição são o conjunto de organizações interdependentes envolvi-
das no processo de tornar o produto ou serviço disponível para uso ou consumo.

Os canais de distribuição selecionados por uma empresa são de difícil alteração,


mantendo-se fixos por muito tempo, pois envolvem outras empresas, agentes, acordos
comerciais etc.

Conforme Dornier (2000), sendo o canal de distribuição definido, a empresa deve


identificar os caminhos que os produtos devem seguir, de forma a atender melhor as
estruturas de logística e vendas.

PRODUTOR
REPRESENTANTE

ATACADISTA ATACADISTA

VAREJISTA VAREJISTA VAREJISTA

CONSUMIDOR
Figura 2 – Canais de distribuição
Fonte: Adaptado de Novaes (2014)

A definição do canal de distribuição, com os serviços associados a ele, necessita de


uma análise criteriosa de suas implicações sobre as operações logísticas.

O processo de distribuição pode ser direto, sem a participação de terceiros, ou


indireto, com a utilização do atacadista e/ou do varejista.

Vários fatores podem orientar a escolha do melhor sistema de distribuição, como:


classificação dos bens, disponibilidade de recursos, potencial de mercado, concentração
geográfica dos clientes, necessidade de estocagem, complexidade do bem, grau de mu-
dança tecnológica ou mudança de estilo e perecibilidade.

São nos canais de distribuição que ocorre o encontro da empresa com seu consumidor
final. A seleção dos varejistas constitui, portanto, um grande desafio para a empresa e
tem impacto direto na tarefa de satisfazer as necessidades dos clientes.

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Canais de Distribuição

A distribuição indireta pode ser intensiva, colocando os produtos em todos os pon-


tos de venda; seletiva, selecionando os pontos de venda mais adequados aos produtos,
oferecendo alguns tipos de facilidades e serviços; exclusiva, preservando ao máximo a
imagem do produto. Nesse caso, a empresa interage com revendedores cujas caracterís-
ticas sejam compatíveis com a imagem que se quer transmitir ao mercado.

É comum haver conflitos nos sistemas de distribuição, devido à inadequada integra-


ção e cooperação entre os envolvidos. Os principais geradores de conflito são: desen-
tendimentos na política de preços, em investimentos em propaganda e em promoção de
vendas e desrespeito aos compromissos assumidos.

As empresas devem levar em consideração os aspectos financeiros, administrativos


e mercadológicos dos intermediários (varejistas e atacadistas) que irão constituir seu
processo de distribuição.

As empresas podem adotar vários tipos de estruturas alternativas de distribuição,


como: distribuição direta de produtor para varejista, de produtor para atacadista, de
produtor para atacadista e varejista, de produtor para representantes, de produtor para
atacadista, varejista e representante e de bens industriais.

Apesar de o sistema de distribuição ser planejado para operar em longo prazo, a


empresa deve levar em consideração algumas mudanças que podem influenciar esse
sistema, como: mudanças no mercado, na economia, na legislação, no composto de
produtos da empresa e do mercado e o surgimento de novas tecnologias.

Estratégia da Distribuição
Pode-se perceber facilmente a parte estratégica da distribuição ao analisarem-se as
compras feitas pela internet, muito utilizadas nos dias de hoje. O consumidor apenas
tem a preocupação de que sua mercadoria chegue ao menor prazo possível, sem avarias
e com o menor custo. Diante do exposto, cabe a pergunta: quais são as estratégias
utilizadas pelas empresas para garantir a satisfação de seus clientes através de um sistema
de distribuição eficiente e eficaz?

Não se tem uma resposta única para essa pergunta, muito menos uma fórmula mágica
que fará a distribuição de qualquer empresa ser um sucesso. Cada empresa possui suas
características particulares e cada situação exige uma ação diferenciada, por isso tentar-
se-á abaixo demonstrar algumas estratégias que são utilizadas e que tem apresentado
resultados positivos.

Uma das principais estratégias utilizadas atualmente pelas empresas são os centros de
distribuição, mais conhecidos com CDs. Vejamos alguns exemplos, o primeiro é de uma
empresa que possui três unidades produtivas, em vez de os produtos serem despachados
diretamente das unidades para seus clientes, são enviados das unidades produtivas para
o CD e daí para os clientes. Esse CD tem uma localização estratégica em relação às
fábricas e a estratégia está em consolidar cargas, reduzindo os custos de transporte.

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O segundo exemplo é de um grande varejista, cujos fornecedores entregam os
produtos em seus centros de distribuição e estes são responsáveis por abastecer as
lojas. A estratégia está em além de otimizar o transporte, reduzir os estoques das lojas,
diminuindo os custos, em alguns casos os produtos podem ser despachados diretamente
do CD para o cliente, sem a necessidade de passar pela loja.

O terceiro exemplo é de uma empresa de computadores, seus fornecedores entregam


os componentes no CD e conforme a necessidade eles são montados e enviados
aos clientes. A estratégia está na montagem dos equipamentos somente conforme a
necessidade, acabando com estoque de itens desnecessários.

Através da globalização dos mercados, cada vez mais os centros produtores estão se
distanciando dos consumidores, a compra de matérias-primas, insumos, serviços ou até
mesmo de produtos acabados em mercados internacionais está mais frequente a cada
dia e com isso o perigo de ruptura dos estoques, ou seja, falta de mercadorias também
aumenta. Nesse contexto, os centros de distribuição têm se tornado um diferencial
competitivo para as empresas, responsabilizando-se por manter o equilíbrio entre
demanda e produção.

Recebimento Espera Estocagem

Fluxo de cross-docking Funções de apoio

Expedição Seleção e Separação de


acumulação pedidos
Figura 3 – Principais operações em um centro de distribuição
Fonte: Adaptado deNovaes (2014)

Uma questão básica do gerenciamento logístico é como estruturar sistemas de


distribuição capazes de atender de forma econômica os mercados geograficamente
distantes das fontes de produção, oferecendo níveis de serviço cada vez mais altos em
termos de disponibilidade de estoque e tempo de atendimento.

Nesse contexto, a atenção se volta para as instalações de armazenagem e como


elas podem contribuir para atender de forma eficiente as metas estabelecidas de nível
de serviço. A funcionalidade dessas instalações dependerá da estrutura de distribuição
adotada pela empresa.

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Fornecedores
X A

Clientes
Y CD B

Z Carga Carga C
Consolidada Fracionada
Figura 4: Centro de distribuição
Fonte: Bertaglia (2015)

Conforme figura 5 abaixo, existem alguns tipos de operações que são utilizadas nos
CDs, que têm por objetivo aumentar a produtividade e reduzir custos.

Transit Point Cross Docking


Fornecedor A Fornecedor A Fornecedor B

Atividade de Atividade de
Separação Separação e Consolidação

Cliente A Cliente C Cliente A Cliente C

Cliente B Cliente B

Merge in Transit
Fornecedor A Fornecedor B

Atividade de
Montagem de Produtos

Cliente A Cliente C

Cliente B

Figura 5: Os conceitos de Transit Point, Cross docking, Merge in Transit


Fonte: Novaes (2014

Transit Point
O Transit Point é localizado de forma a atender uma determinada área de mercado
distante dos armazéns centrais e opera como uma instalação de passagem, recebendo
carregamentos consolidados e separando-os para entregas locais a clientes individuais.

Uma característica básica dos sistemas tipo Transit Point é que os produtos recebidos
já têm os destinos definidos, ou seja, já estão pré-alocados aos clientes e podem
ser imediatamente expedidos para entrega local. Não há espera pela colocação dos
pedidos. Esta é uma diferença fundamental em relação às instalações de armazenagem
tradicionais, onde os pedidos são atendidos a partir do seu estoque.

As instalações do tipo Transit Point são estruturalmente simples, necessitando de


baixo investimento na sua instalação. Seu gerenciamento é facilitado, pois não são
executadas atividades de estocagem e picking, que exigem grande nível de controle
gerencial. Seu custo de manutenção, portanto, é relativamente baixo.

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Os Transit Points guardam as mesmas relações de custo de transporte que os centros
de distribuição avançados, pois permite que as movimentações em grandes distâncias
sejam feitas com cargas consolidadas, resultando em baixos custos de transporte.

A operação do Transit Point, no entanto, é dependente da existência de volume


suficiente para viabilizar o transporte de cargas consolidadas com uma frequência
regular. Quando não há escala para realizar entregas diárias, por exemplo, podem ser
necessários procedimentos como a entrega programada, onde os pedidos de uma área
geográfica são atendidos em determinados dias da semana.

Cross Docking
As instalações do tipo cross-docking operam sob o mesmo formato que os Transit
Points, mas se caracterizam por envolver múltiplos fornecedores atendendo clientes
comuns. Cadeias de varejo são candidatos naturais à utilização deste sistema e, de fato,
existem inúmeros exemplos da utilização intensiva do cross-docking neste setor.
A B C

A B A B C
Figura 6 - Sistema de Cross-Docking
Fonte: Adaptado de Frazelle (1999)

A figura 6 ilustra a operação de cross-docking. Carretas completas chegam


de múltiplos fornecedores e então se inicia um processo de separação dos pedidos,
com a movimentação das cargas da área de recebimento para a área de expedição.
Em sistemas de cross-docking automatizados, são utilizados leitores de códigos de
barras que identificam a origem e o destino de cada pallet. Desta forma, os pallets
são automaticamente direcionados para as respectivas docas através de correias
transportadoras e carregados nos veículos que farão a entrega local. Eles partem com
uma carga completa, formada por produtos de vários fornecedores.

Existem três métodos para realização do cross-docking:


1. O primeiro método (cross-docking industrial): envolve mover, de imediato,
as mercadorias de uma linha de produção, para dentro de um caminhão, a fim
de fazer a entrega. Esse método pode variar: o produto sendo manufaturado,
depois guardado temporariamente (sem ir para o estoque) para mais tarde
ser transportado.

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2. O segundo método (cross-docking centro de distribuição): esse método


possui duas variantes. Cross-docking ativo ocorre quando o produto é imedia-
tamente enviado de um caminhão para um outro. Cross-docking mesmo dia
significa que o produto é organizado ou mantido em uma carreta, por exemplo,
e ser liberado no mesmo dia.
3. O terceiro método (cross-docking terminal): ocorre onde o produto é
transportado de vários centros de distribuição para uma mistura de terminais,
onde o produto é recebido, associado (combinado) e enviado para o cliente.

Enquanto procedimento operacional, o cross-docking tem sido utilizado informal-


mente já há bastante tempo por várias empresas em seus armazéns tradicionais. A ope-
ração de cross-docking ocorre, por exemplo, quando a gerência de expedição procura
atender uma solicitação de emergência ou procura preencher pedidos pendentes através
de produtos que estão sendo recebidos, antes que estes sejam direcionados para a área
de estocagem.

A gerência, então, desvia estes produtos para as docas de expedição de forma que
estes sejam embarcados o mais rápido possível. Esse procedimento, apesar de oferecer
vantagens por minimizar as movimentações internas aos armazéns, tira proveito apenas
de parte dos benefícios resultantes do conceito de cross-docking.

Embora seja operacionalmente simples, para que haja sucesso na operação de cross-
docking é preciso um alto nível de coordenação entre os participantes (fornecedores,
transportadores) viabilizada pela utilização intensiva de sistemas de informação, como
transmissão eletrônica de dados e identificação de produtos por código de barra. Além
disto, é de fundamental importância a existência de softwares de gerenciamento de
armazenagem (WMS) para coordenar o intenso e rápido fluxo de produtos entre as docas.

A capacidade de planejamento antecipado e o seu cumprimento rigoroso permitem


que a passagem do estoque pela instalação seja a mais breve possível. Quando há
pouca coordenação, com falta de sincronismo entre os recebimentos das cargas, será
necessário maior espaço para manter o estoque e os veículos poderão ter que aguardar
maior tempo para ter sua carga completada.

As instalações de cross-docking que operam com alto nível de eficiência possuem


apenas uma plataforma com as docas de recebimento de um lado e as docas de expedição
no outro. Os produtos apenas atravessam a plataforma para serem embarcados. Não
há, portanto, necessidade de grandes áreas para o estoque em trânsito e a utilização das
docas e dos veículos é muito maior.

Isto não quer dizer que esta seja a única forma de operação de cross-docking.
É também possível trabalhar com o cross-docking “futuro”, onde os produtos ao serem
recebidos não são imediatamente movimentados para os veículos de entrega local,
mas permanecem em uma área de espera para posterior carregamento. Quanto mais
“futuro” for o cross-docking, maior será a necessidade de espaço para espera.

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Existem diversas vantagens do sistema cross-docking, destacando-se:
·· Redução:

·· de custos: todos os custos associados com o excesso de estoque e com


distribuição são reduzidos, já que o transporte é feito em FTL e de forma
mais frequente;
·· da área física necessária no CD: com a redução ou eliminação do estoque,
a área necessária no centro de distribuição é reduzida;
·· da falta de estoque nas lojas dos varejistas: devido ao ressuprimento
contínuo, em quantidades menores e mais frequentes;
·· do número de estoques em toda a cadeia de suprimentos: o produto passa
a fluir pela cadeia de suprimentos, não sendo estocado;
·· da complexidade das entregas nas lojas: é realizada uma única entrega
formada com toda a variedade de produtos dos seus diversos fornecedores,
em um único caminhão.
·· Aumento:

·· do turn-over no CD: a rotatividade dentro do centro de distribuição


aumenta, já que o sistema opera com entregas em menores quantidades
e com maior frequência;
·· da disponibilidade do produto: devido ao ressuprimento contínuo ao varejo.
·· Suaviza o fluxo de bens: torna-se constante devido às encomendas frequentes.
·· Redução do nível de estoque: mercadoria não para em estoque.
·· Torna acessíveis os dados sobre o produto: devido ao uso de tecnologias
de informação que proporcionam a intercomunicação entre os elos da cadeia,
como, por exemplo, o EDI, que unifica a base de dados.

Merge in Transit
Merge in transit é uma das estratégias utilizadas no processo de distribuição.
Consiste em coordenar a entrega de diferentes componentes de determinado produto
em um único local mais próximo aos consumidores, esse local pode ser um centro de
distribuição. É muito utilizado no caso de produtos de alto valor agregado e curto ciclo
de vida, como computadores.

Dessa forma, o produto final apenas é finalizado, montado conforme a necessidade dos
clientes, isso tende a evitar armazenagens e transportes desnecessários ou redundantes,
mas requer uma atenção especial com a integração e coordenação das atividades.

O Merge in transit é uma mescla dos conceitos de Cross docking com o de


Postponement (postergação da configuração final do produto para o mais próximo
possível do consumidor final).

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A operação Merge in transit procura coordenar o fluxo dos componentes de produtos


de alto valor agregado, gerenciando os respectivos lead times de produção e transporte,
para que estes sejam consolidados em instalações próximas aos mercados consumidores
no momento de sua necessidade, sem implicar em estoques intermediários, reduzindo o
risco de obsolescência.

Seu objetivo é montar produtos ao longo da cadeia de distribuição. Isso se torna


necessário com o advento da globalização, onde cada vez mais produtos possuem suas
peças fundamentais produzidas em diversos países. Exemplo clássico são os computa-
dores, que podem ser montados já no momento de entregar ao cliente. Vale ressaltar
que, assim como o Cross docking e o Transit point, a operação Merge in transit não
consiste em ter estoques intermediários.

Considerações Finais
A distribuição física não pode ser tratada apenas como o ato de entregar produtos,
mas como uma atividade estratégica e provedora de oportunidades de redução de custos
e melhorias no nível de serviço prestado aos clientes.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
Gestão de Redes de Suprimento: Integrando Cadeias de Suprimento no Mundo Globalizado
CORREA, H. L. Gestão de Redes de Suprimento: Integrando Cadeias de Suprimento no
Mundo Globalizado. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

Gestão da Cadeia de Suprimentos (Supply Chain Management): Conceitos, Estratégias, Práticas


e Casos
PIRES, S. R. L. Gestão da Cadeia de Suprimentos (Supply Chain Management):
Conceitos, Estratégias, Práticas e Casos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2016.

 Leitura
Conflitos em Canais de Distribuição: O Caso dos Canais Múltiplos no Mercado de Insumos
Agrícolas no Brasil
CASTRO, L. T.; NEVES, M. F.; SCARE, R. F. Conflitos em Canais de Distribuição:
O Caso dos Canais Múltiplos no Mercado de Insumos Agrícolas no Brasil.
https://goo.gl/sKF8Gx
Relacionamento Colaborativo no Canal de Distribuição: Uma Matriz para Análise
PIGATTO, G.; ALCÂNTARA, R. L. C. Relacionamento Colaborativo no Canal de
Distribuição: Uma Matriz para Análise. São Paulo, 2007.
https://goo.gl/QZSL5T

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Referências
BERTAGLIA, P. R. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento. 3.
ed. São Paulo: Saraiva, 2015.

DIAS, M. A. P. Transporte e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1987.

DORNIER, P. et al. Logística e operações globais. São Paulo: Editora Atlas, 2000.

FRAZELLE, E. H.; GOELZER, P. G. Distribuição Classe Mundial. São Paulo:


Instituto IMAM, 1999.

NOVAES, A. G. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição. 4. ed.


Rio de Janeiro: Campus Elsevier, 2014.

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