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Justificativas e Funções da Armazenagem

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Esp. Heber de Godoi Carvalho
Prof. Esp. Clovis Cabrera

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Luciene Santos
Justificativas e Funções da Armazenagem

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Introdução;
• Definições e Conceitos;

Fonte: iStock/Getty Images


• Justificativas para Armazenagem;
• Funções da Armazenagem;
• Tipos de Depósitos;
• Atividades da Armazenagem;
• Reprojeto da Armazenagem;
• Tipos de layout;
• Conclusão.

Objetivos
• Compartilhar conhecimentos a respeito da armazenagem, desde sua origem, evolução
até os dias atuais;
• Apresentar algumas estratégias utilizadas na armazenagem e que são capazes de contribuir
para a eficiência das operações logísticas. O auge desta unidade se dá a partir da percepção de
que a armazenagem é capaz de interferir na posição competitiva que as empresas ocupam no
mercado, logo deve ser analisada além de uma visão operacional e, sobretudo, estratégica.
Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o
último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Justificativas e Funções da Armazenagem

Contextualização
Para iniciarmos a unidade, por favor, leia o trecho abaixo:
Considerados obsoletos no ambiente do JIT, os armazéns ainda re-
presentam parte da resposta para os difíceis problemas de abasteci-
mento. Saber quando e como utilizá-los é o desafio. Vários artigos
são escritos sobre melhoria dos armazéns através de investimentos
em robôs, carrosséis, sistemas de recuperação, teorias de layout, sis-
temas de gerenciamento etc. Dizem que os armazéns são obsoletos e
que devemos montar sob encomenda e embarcar diretamente para o
cliente. Portanto, essa é uma análise que se deve fazer com a profun-
didade adequada para se tomar a decisão acertada. (MOURA, 2016)

Reflita, busque informações a respeito da armazenagem na empresa onde você trabalha.


Realmente isso está acontecendo?
De que forma o valor da armazenagem pode ser evidenciado nos dias de hoje?

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Introdução
O conceito de armazenagem tem início com a observação pelo homem da alternân-
cia entre períodos de fartura e escassez. A armazenagem foi estabelecida a partir do
momento em que as civilizações primitivas descobriram que podiam guardar os produtos
excedentes para uso futuro às suas necessidades atuais, ou ainda para permutá-los com
outros produtos dos quais não dispunham (escambo).

Conforme Rodrigues (2013), a referência mais antiga ao conceito de armazenagem


está contida no relato bíblico, livro de Gênesis, capítulo 41:
Deus revelou a Faraó o que vai fazer. As sete vacas belas são sete anos.
As sete vacas magras e feias são sete anos. Vão chegar sete anos de
grande abundância a todo o território do Egito. Mas sete anos de fome
surgirão a seguir, de modo que toda a abundância desaparecerá do Egito
e a fome devastará o país. Que o Faraó nomeie comissários para o país
e lance o imposto de um quarto sobre as colheitas durante os sete anos
de abundância. Que se acumule toda a alimentação desses anos férteis
que se aproximam e que se armazene trigo nas mãos de faraó, para
abastecimento das cidades, mantendo-o como reserva. Essas provisões
serão um recurso para o país durante os sete anos de fome que vão
chegar, para que o país não pereça pela fome. A terra durante os sete
anos de fertilidade produziu colheitas abundantes. Acumularam-se as
provisões e abasteceram-se as cidades. José acumulou trigo como a
areia do mar, em tão grande quantidade que o deixaram de medir.
Terminados os sete anos de abundância, sobrevieram os sete anos de
fome. Houve fome em todos os países, mas no Egito havia pão.

Vale ressaltar três aspectos importantes contidos no relato: primeiro, a necessida-


de de planejamento, implementação e controle diante de um novo cenário, diante de
uma nova necessidade, o que nos remete ao conceito de logística; segundo, o questio-
namento a respeito de quais recursos teriam sido necessários para o armazenamento
dos grãos por um período de sete anos, estrutura física, localização, movimentação,
controle, mão de obra; terceiro, a participação fundamental da armazenagem para
que os objetivos de uma cadeia de suprimentos sejam alcançados.

Excluindo o relato bíblico, teríamos a percepção de que estamos falando a respei-


to dos dias atuais, o que nos leva a destacar a capacidade de contemporaneidade da
armazenagem, ou seja, ao mesmo tempo tão antiga e atualmente tão necessária.

Definições e Conceitos
Mas, afinal, como podemos definir a armazenagem? Podemos defini-la como imo-
bilização de uma mercadoria entre dois movimentos consecutivos. Bastante óbvia
essa definição, vamos nos aprofundar um pouco mais nesse conceito, acrescentando
alguns ingredientes importantes: espaço, produtos, movimentação, clientes, satisfa-
ção, e chegaremos à definição a seguir.

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UNIDADE
Justificativas e Funções da Armazenagem

Segundo Moura (2016), pela ótica da prestação de serviços, armazenagem signi-


fica gerenciar eficazmente o espaço tridimensional de um local adequado e seguro,
colocado à disposição para a guarda de mercadorias que serão movimentadas rápida
e facilmente ao longo da cadeia de suprimentos, com técnicas compatíveis às respec-
tivas características dos produtos, preservando a sua integridade física e entregando-
-os a quem de direito no momento aprazado.

Percebemos, pela definição acima, o papel relevante que a armazenagem desem-


penha em função de garantirmos aos clientes um nível de serviço satisfatório, logo,
a partir de agora, olharemos para a armazenagem não apenas como uma atividade
meramente operacional, mas, sobretudo estratégica, pois, uma vez que tem relação
direta com o nível de satisfação dos clientes, automaticamente é capaz de interferir no
grau de competitividade das organizações e oferecer aos clientes valores que vão além
do produto físico, como pontualidade, cordialidade e informações precisas.

É uma realidade a tendência crescente de as empresas organizarem-se em forma-


to de redes, onde, apesar de serem independentes entre si, tornam-se cada vez mais
interdependentes, relacionamento entre empresas que conhecemos como cadeias de
suprimentos. Vale ressaltar a importância da armazenagem que, associada a outras
atividades, como movimentação, transporte e distribuição, é capaz de melhorar o
desempenho dessas cadeias, satisfazendo os clientes finais, criando diferenciais e
conquistando novos nichos.

Conforme Amaral (2014), a armazenagem aparece como uma das funções que se
agrega ao sistema logístico, pois na área de suprimento é necessário adotar um siste-
ma de armazenagem racional de matérias-primas e insumos. No processo de produ-
ção, são gerados estoques de produtos em processo, e, na distribuição, a necessidade
de armazenagem de produto acabado é, talvez, a mais complexa em termos logísticos,
por exigir grande velocidade na operação e flexibilidade para atender às exigências e
flutuações do mercado.

Justificativas para Armazenagem


Se analisarmos o contexto atual em que as empresas estão inseridas, chegaremos a
uma relação paradoxal entre a armazenagem e o Just in time (JIT).

Conforme Moura (2016), em suma o JIT prega o abastecimento no exato momento


da necessidade, dessa forma, economizando recursos, humanos, materiais e financei-
ros. Quando falamos desse tema, o ator principal são os estoques, que devem ser redu-
zidos ao máximo possível.

Se o JIT conduz à redução de estoques e é um conceito cada vez mais difundido,


como justificamos a necessidade de armazenagem? Será que os armazéns se tornarão
obsoletos em breve?

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Vejamos algumas justificativas para a utilização da armazenagem:
• A necessidade da armazenagem consiste no fato de as organizações não poderem
prever a demanda precisamente, ou seja, de maneira 100% segura, logo precisam
armazenar com o propósito de reduzir os impactos da incerteza da demanda;
• A empresa reduz custos produtivos, pois seus estoques armazenados absorvem
flutuações dos níveis de produção devido a incertezas do processo de manufatura;
• Os custos de transporte são reduzidos, pois a armazenagem permite o uso de
quantidades maiores e mais econômicas nos lotes de carregamento;
• Matérias-primas sazonais, como o caso das empresas que vendem frutas em calda,
são obrigadas a armazenarem produção para que atendam devidamente seus clien-
tes no período da entressafra. Outro exemplo interessante é o dos fabricantes de
ar-condicionado. Um nível constante de produção é mantido devido à demanda ser
incerta durante o ano, com picos de venda no verão;
• A armazenagem faz parte do processo de produção. Isso ocorre no caso de quei-
jos, vinhos e outras bebidas alcoólicas, pois esses produtos requerem um tempo
para sua maturação ou envelhecimento;
• Do ponto de vista do marketing, a armazenagem ajuda a disponibilizar o produto
no mercado, com prazos de entrega mais favoráveis. A melhoria dos níveis de ser-
viço pode ter efeito positivo nas vendas.

Assim, percebemos que a armazenagem continuará exercendo um papel prepon-


derante para as empresas, mesmo em meio ao ambiente crescente do JIT em que o
mercado está inserido.

Funções da Armazenagem
Agora que já estamos convencidos da necessidade de armazenagem, vejamos as
funções desempenhadas por ela:
• Abrigo de produtos: guarda de estoques gerados pelo desbalanceamento entre
oferta e demanda. Garante proteção e outros serviços associados, como manu-
tenção de registros, rotação de estoques e reparos;
• Consolidação: no caso de mercadorias originárias de muitas fontes diferentes,
a empresa pode economizar no transporte se as entregas forem feitas em um
armazém, onde as cargas são agregadas, ou consolidadas, e transportadas em
um único carregamento até seu destino final;
• Transferência: fracionam-se quantidades transferidas de grandes volumes em quan-
tidades menores, demandadas pelos clientes. Estabelece-se um depósito regional que
receberá pequenos volumes, de acordo com a necessidade dos clientes;

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• Transbordo: semelhante, mas difere do anterior no fato de que o depósito não


serve para a guarda dos produtos. Ele serve, simplesmente, como o ponto em
que os grandes lotes de entrega terminam sua viagem e em que se originam as
entregas dos volumes fracionados;
• Agrupamento: empresas com linha extensa de produtos podem fabricá-los de ma-
neira integral em cada uma de suas plantas industriais. Os clientes, geralmente, com-
pram a linha completa e, desse modo, podem-se obter economias de produção pela
especialização de cada fábrica na manufatura de uma parte da linha de produtos e,
sendo possível entregar a produção em um depósito, onde os itens são agrupados
conforme os pedidos realizados. O custo de armazenagem é compensado pelos me-
nores custos de manufatura, devido aos maiores lotes de produção para menos itens
em cada planta.

Tipos de Depósitos
Espaço Físico Próprio
A maioria das empresas possui espaços de armazenagem próprios. A empresa es-
pera obter desse investimento vantagens, como:
• Diminuição dos custos em relação ao aluguel de terceiros;
• Maior grau de controle sobre as operações de armazenagem, gerando operações
mais eficientes e alto nível de serviço;
• O espaço pode ser convertido para outros usos, como para manufatura;
• O espaço pode servir como base para um escritório de vendas, garagem da frota
própria, departamento de transportes ou de compras.

Aluguel de Espaço Físico de Terceiros


Os armazéns públicos (não significa que pertencem a uma entidade governamental
e sim que estão disponíveis para vários públicos) são de grande utilidade para aqueles
que precisam expandir ou contratar espaço físico por curto período de tempo, ou re-
alocar sua área de estocagem frequentemente.

A cobrança, em geral, é feita por períodos de um mês, segundo a quantidade de


espaço utilizada, medida em m³ ou posições porta-palete, e estes competem com os
depósitos próprios, aceitando usuários cujos níveis de armazenamento mesclam-se de
maneira a gerar alto nível de utilização do espaço disponível durante o ano inteiro.

Os depósitos públicos são versáteis devido ao fato de terem que atender a uma
grande diversidade de usuários:
• Armazéns de “commodities”: limitam seus serviços a certos grupos de merca-
dorias-padrão. Especializam-se no manuseio e armazenagem de produtos, como
madeira, algodão, tabaco, entre outros;
• Armazéns para granéis: oferecem manuseio de armazenagem de produtos gra-
nelizados, como, químicos líquidos, petróleo e derivados etc;

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• Armazéns frigorificados: depósitos refrigerados que servem para guardar pere-
cíveis, como frutas, vegetais, produtos farmacêuticos;
• Armazéns para utilidades domésticas e mobiliárias: armazenagem e manu-
seio de bens de uso doméstico e mobiliário;
• Armazéns de mercadorias em geral: manuseiam uma grande diversidade de
itens, não exigindo a especialização dos tipos anteriores.

Estoque em Trânsito
Refere-se ao tempo no qual as mercadorias permanecem nos veículos de trans-
porte durante sua entrega. Como diferentes alternativas de transporte representam
diferentes tempos de trânsito, o especialista pode selecionar um modal que pode
reduzir, ou até mesmo eliminar a necessidade por armazenagem convencional.

Essa alternativa é atraente para empresas que tratam com estoques sazonais e
transportes por longas distâncias, como ocorre no caso de algumas frutas, que são des-
pachadas verdes, e chegam ao seu local de entrega no ponto certo, ou seja, maduras
para a comercialização.

Atividades da Armazenagem
Para que a armazenagem cumpra o seu propósito, algumas atividades precisam ser
desempenhadas internamente e de maneira integrada. Os materiais precisam movimen-
tar-se dentro dos locais de armazenagem, ou seja, desde o momento em que são rece-
bidos até o momento de sua expedição, porém, essa movimentação precisa seguir uma
ordem lógica de deslocamentos para que a integridade física dos produtos seja resguarda-
da, além de prover informações para o controle dos materiais.

Figura 1 – Atividades no armazém


Fonte: ie.ufrj.br

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Para Banzato (2016), isso é necessário a cada atividade, embora seja diferente e esteja
extremamente integrada, pois qualquer falha no fluxo de materiais ou de informações
associadas poderá gerar gargalos, tempos maiores e, consequentemente, custos maiores.
Mão de obra especializada e treinada, equipamentos adequados, espaço otimizado e sis-
temas de controle confiáveis são fundamentais para o sucesso desse processo, que está
dividido conforme as atividades abaixo mencionadas:

Recebimento
O recebimento físico consiste em localizar, descarregar, desembalar e inspecionar
a carga recebida, já o recebimento contábil consiste em confrontar documentalmente
as informações da carga com os registros do sistema.

Alguns fatores são de extrema importância para o desempenho eficiente dessa atividade:
• Posição do recebimento: distância percorrida, o que envolve tempo e custo;
• Dimensionamento da área de recebimento: atender à intensidade do fluxo de
materiais, disponibilizar espaço adequado para os recursos operacionais (pesso-
as e equipamentos);
• Utilização adequada do espaço vertical para movimentação da carga com equipa-
mentos adequados e conforme as características dos produtos;
• Super ou subdimensionamento da área de recebimento;
• Utilização de equipamentos adequados: eficiência e segurança da operação (ma-
nual, empilhadeiras, niveladores de docas, transportadores contínuos);
• Recebimento X atividades subsequentes: Projeto Sistêmico. O recebimento
deve estar atrelado aos outros processos (estocagem, expedição etc.).

Estocagem
Refere-se à movimentação dos materiais da área de recebimento até a posição de
estocagem (putaway). O sistema de estocagem deve propiciar: acuracidade, localiza-
ção exata, processos de inventário, manutenção da organização, otimização da pro-
dutividade operacional e ocupação eficiente do espaço, além de facilitar o processo de
separação de pedidos (picking), para isso utilizam-se estruturas adequadas de armaze-
nagem e sistemas de gerenciamento de armazéns.

Separação de Pedidos (picking)


Consiste na retirada de qualquer item do estoque para atender aos pedidos de clientes
externos ou internos, inverso da estocagem. Processo vital, responsável por até 60% dos
custos operacionais da armazenagem. Uma separação de pedidos eficiente e eficaz exige
altos níveis de tempo para planejamento, implementação e controle. Embora seja uma
atividade complexa, o foco deve estar sempre no cliente. Dessa forma, tempo de atendi-
mento, falhas, perdas e danos são fatores críticos de sucesso.

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Existem dois métodos de separação: o separador vai até o material ou o material
vem até o separador, através da utilização de equipamentos automatizados. A estru-
tura do pedido pode definir o método de separação, é necessária a análise dos itens,
peso e volume, paletes completos, caixas fechadas.

Conforme tabela 1, temos algumas formas para realização do picking.

Tabela 1 – Opções para realização do picking


Formas Descrição Aplicações
Cada operador coleta um pedido ·· Unidades de separação de grande volume;
Picking Discreto
por vez, item a item. ·· Alta relação entre: SKU’s por pedidos/SKU’s em estoque.

Cada operador coleta um grupo ·· Unidades de separação de médio/pequeno volume;


Picking por Lote
de pedidos de maneira conjunta. ·· Pedidos com poucos itens.

·· Grande área de armazenagem;


O armazém é segmentado por ·· Grande variedade de produtos;
Picking por Zona zonas e cada operador é associado ·· Produtos que exigem diferentes métodos de manuseio
a uma zona.
ou acondicionamento.
Fonte: Moura (2016)

SKU é a sigla para Stock Keeping Unit (Unidade de Manutenção de Estoque)

Expedição
Essa atividade consiste na acumulação, consolidação, embalagem, etiquetagem e des-
pacho das mercadorias. Sendo a última atividade a ser realizada no armazém, deve-se
assegurar seu sucesso para que o valor das atividades anteriores não seja perdido.

Algumas situações inesperadas podem prejudicar a eficiência da expedição:


1. Atrasos:
»» no transporte: congestionamento das docas;
»» na emissão das listas de separação: horas extras.
2. Sobrecarga de estoque: transforma-se a área de expedição em área de estocagem.
3. Falta ou quebra dos recursos operacionais: aumento do tempo de perma-
nência dos veículos para carga e descarga.
4. Procedimentos complexos de conferência.
5. Picos de demanda não planejados adequadamente.

Reprojeto da Armazenagem
O aspecto mais importante do projeto ou reprojeto do armazém é a coleta de da-
dos. O problema mais importante, de um modo geral, é a falta de bons dados sobre
os quais basearem o projeto. Os profissionais da armazenagem, frequentemente, não
sabem quantos SKUs aumentarão, nem sua dimensão ou metragem cúbica, ou peso
daquilo que irão estocar.

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Se não possuímos tais informações, será extremamente difícil projetar com um bom
grau de acuracidade, isto não torna impossível desenvolver um bom projeto de arma-
zém, todavia, exige que se coletem todos os dados e informações disponíveis e façam
algumas suposições e que se utilizem estas suposições para substituir informações que
não se encontram disponíveis, conforme tabela 2.

Quais dados são necessários para executar o projeto da armazenagem? É preciso


saber quantos SKUs possui, não somente hoje, mas quais são as projeções futuras
do número de SKUs? Os profissionais da armazenagem pertencem a um setor que
está mudando de modo dinâmico, está em um negócio o qual irá continuamente
expandir o número de SKUs. O número de SKUs irá definir quantos locais de face de
separação e quantos locais de estoque de “fundo” você precisará. Isso irá definir as
características de sua separação de pedidos.

Você irá acrescentar novas linhas? Irá fazer aquisições? Haverá proliferação de ta-
manhos de pacotes ou cores, sabores ou estilos? Geralmente, o que você faz é começar
com o número atual de SKUs, examinar algumas das mudanças que já estão previstas
e fazer uma previsão da taxa de crescimento baseada nas mudanças.

Quais são suas dimensões cúbicas? Você não pode projetar um armazém para um
tamanho de SKU quando você tem SKUs de diferentes tamanhos. Existe sazonali-
dade em suas linhas de produção? Você possui picos no final do mês? Você obtém
60%de seu volume na última semana do mês e os outros 40% espalhados uniforme-
mente na terceira semana do mês e nada na primeira e segunda semana do mês?
Você precisa projetar uma instalação para solucionar o pico e não a média.

Características de recebimento – quanto, com qual frequência e o volume? Tudo


chega até sexta-feira? Tudo chega até segunda-feira? Tudo chega a um único mês do ano?

Características de expedição – quanto, com qual frequência e o volume? Tudo sai


na sexta-feira? Tudo sai na segunda-feira?

Características de estocagem – quantos, qual tamanho, peso etc.?

Tabela 2 – Reprojeto do Armazém


Número de SKUs
Projetar as especificações dos SKUs.
Ganho anual, mensal, sazonal.
Projeções de crescimento.
Características de recebimento.
Características do pedido.
Características de expedição.
Características de estocagem.
Fonte: Banzato, 2016

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Tipos de layout
Devemos analisar o layout a partir de duas perspectivas, a primeira é
o layout dos locais de armazenagem, a segunda é layout completo de
uma empresa, uma vez, que o local de armazenagem pode fazer parte
desse conjunto. (MOURA, 2016)

Dessa forma, a seguir, veremos alguns tipos de layout, suas melhores utilizações
e limitações.

Vale ressaltar ainda a necessidade de um layout que propicie um fluxo contínuo de


materiais, sem retrocessos, o que torna a movimentação ineficiente e custosa.

Também podemos utilizar a classificação ABC para definir os locais mais adequados
para cada tipo de material, conforme seu giro de estoque.

Vejamos alguns exemplos através das figuras abaixo:

Área de Recebimento

Área de
Armazenagem
Blocada

Área de Picking (Separação de Pedidos)

Área de Embalagem ou Unitização

Área de Espera para carregamento

Figura 2 – Modelo de layout para armazenagem


Fonte: Adaptado de Moura, 2016

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Figura 3 – Layout baseado na classificação ABC


Fonte: Moura, 2016

Layout Posicional
No layout posicional, o material permanece parado enquanto os operadores, equi-
pamentos e todos os outros materiais se movimentam à sua volta. É utilizado quando
os produtos são volumosos e são fabricados em quantidades reduzidas.

Suas vantagens são:


• Reduzida movimentação do material;
• Oferece oportunidades de trabalho;
• Maior flexibilidade;
• Adapta-se às mudanças do produto e do volume de produção.

Utiliza-se o layout posicional quando:


• As operações de conformação do material utilizarem apenas ferramentas manuais
ou máquinas simples;
• Estiverem sendo feitas poucas unidades de certo tipo;
• O custo de movimentação for alto.

Suas limitações são:


• Maior movimentação dos operadores e dos equipamentos;
• Resulta no aumento da utilização dos equipamentos;
• Requer grande habilidade dos operadores;
• Requer supervisionamento intenso;
• Resulta num aumento do espaço de trabalho;
• Requer maior controle e uma produção sincronizada.

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Layout Funcional
No layout funcional, todas as operações cujo tipo de processo de produção é seme-
lhante são agrupadas, independentemente do produto processado. É utilizado quando
os produtos são pouco volumosos.

Suas principais vantagens são:


• Melhor utilização das máquinas;
• Maior flexibilidade em afetar equipamentos e operadores;
• Redução do tratamento dos materiais;
• Variar as tarefas em cada posto de trabalho;
• Supervisão especializada.

Utiliza-se o layout funcional quando:


• As máquinas forem de difícil movimentação;
• Grande variedade de produtos;
• Grandes variações nos tempos requeridos para diferentes operações;
• Demanda pequena ou intermitente.

As limitações do layout posicional são:


• Aumentar o tratamento do material;
• O controle da produção é mais difícil;
• Aumentar work-in-process;
• Produções em linha mais longas;
• Requer maior competência nas tarefas exigidas.

Layout Linear
No layout linear os equipamentos são dispostos de acordo com uma determina-
da sequência de operações, ficando fixos, enquanto os materiais se movem pelos
vários equipamentos.

Suas vantagens são:


• O manuseamento do material é reduzido;
• Os operadores não necessitam de muitos conhecimentos profissionais;
• Controle simples da produção.

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O layout linear deve ser utilizado a partir de:


• Grandes quantidades de peças;
• O produto for mais ou menos padronizado;
• A demanda for estável;
• Puder ser mantida a continuidade do fluxo de material – operações balanceadas.

As limitações do layout linear são:


• Se uma máquina parar, toda a linha de produção para;
• O posto de trabalho mais lento marca o ritmo da linha de produção;
• Requer um supervisor;
• É necessário investir em equipamento de alta qualidade.

Layout em Grupo
O layout em grupo caracteriza-se por agrupar todas as operações na mesma célula de
máquinas. Neste procedimento, os produtos são feitos em pequenas quantidades. Suas
vantagens são:
• Agrupar produtos proporciona uma maior utilização das máquinas;
• Fluxos de linha suaves e mínimas distâncias percorridas,
• Melhor ambiente de trabalho.

As limitações do layout em grupo são:


• Requer um supervisor;
• Os operadores necessitam de maior habilidade nas operações;
• Há dependência crítica no fluxo de controle da produção através de células individuais;
• Diminui a possibilidade de utilizar equipamento para fins especiais.

Conclusão
Alguns quesitos que são fundamentais para o sucesso da armazenagem e conse-
quente ganho de competitividade por parte das empresas:
• Profissionalismo – armazém não é fim de carreira. É parte do processo de fideli-
zação do cliente;
• Medição – controle – desempenho das atividades da armazenagem;
• Planejamento das operações – treinamento, rotinas – metodologias de trabalho;
• Ritmo – Adequar-se às necessidades dos clientes. O lead time é o cliente que determina;

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• Interação – o armazém faz parte da empresa;
• Precisão dos estoques – acuracidade alta;
• Utilização de espaço – layout - otimização;
• Separação – otimização;
• Recursos humanos – gerar ambiente agradável;
• Identificação – automação;
• Sistemas de controle – automação;
• Manutenção – limpeza predial, arrumação;
• Flexibilidade – fluxo – atender a todas as solicitações;
• Incertezas – prever, ter plano de contingências;
• Higiene e segurança – EPIs, câmeras, localização, planos de fuga.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Administradores
AMORIM, D. F. Borges de. O Conceito e os Tipos de Layout.
https://goo.gl/KJ72vE

Leitura
Otimização das operações de Movimentação e Armazenagem de materiais através de rear-
ranjo físico: uma proposta de melhoria para um almoxarifado da esfera pública
FREITAS, F. F. T. et al. Otimização das operações de Movimentação e Armazenagem de
materiais através de rearranjo físico: uma proposta de melhoria para um almoxarifado da
esfera pública. Ceará, 2006.
https://goo.gl/ZFcJz7
Metodologia para implementação de um sistema de gestão de estoques: estudo de caso do
almoxarifado da Base Área de Canoas
KERBER FILHO, E. Metodologia para implementação de um sistema de gestão de estoques:
estudo de caso do almoxarifado da Base Área de Canoas. Universidade Federal do Rio Gran-
de do Sul. Escola de Engenharia. Mestrado Profissionalizante em Engenharia, 2004.
https://goo.gl/wR69Hx
O Processo de Armazenagem Logística: O Trade-off entre Verticalizar ou Terceirizar
MONTEIRO JUNIOR, A. S.; SILVA FILHO, Z. F. O Processo de Armazenagem Logísti-
ca: O Trade-off entre Verticalizar ou Terceirizar.
https://goo.gl/5NKXa7

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Referências
AMARAL, J. L. A Importância da Armazenagem na Logística. AnaBia2, 2014. Dispo-
nível em: <https://www.trabalhosgratuitos.com/Outras/Diversos/A-Import%C3%A2ncia-
-Da-Armazenagem-Na-Log%C3%ADstica-368005.html>.

BANZATO, E. et al. Atualidades na Armazenagem. São Paulo: IMAM, 2016.

MOURA, R. A. Sistemas e Técnicas de Movimentação e Armazenagem de


Materiais. São Paulo: IMAM, 2016.

MUTHER, R. Planejamento Simplificado do Layout: sistema slp. São Paulo: Edgard


blücher, 2000.

RODRIGUES, P. R. A. Gestão Estratégica da Armazenagem. São Paulo: Adua-


neiras, 2013.

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Você também pode gostar