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Puericultura

Exame Físico no RN
Introdução
1. O exame físico é necessário para todas as crianças que nasce, principalmente as suas primeiras 24 horas de vida
2. Identificar problemas e antecipar orientações
3. Realizado ao lado de um responsável (mãe, pai, avô; nem sempre é possível;
4. Anamnese sempre primeiro
5. Ambiente adequado: estrutura plana, iluminação adequada, temperatura confortável
6. Higienização do examinador
a. Lavar as mãos, remover qualquer adorno (relógios, pulseiras)
b.Higienizar esteto
7. Maleabilidade do processo
a. Não precisa seguir roteiro (pode começar por exame neurológico, com ausculta, na medida do possível “como fazer
ausculta em um bebê que está chorando?” “Como fazer exame neurológico em um bebê dormindo ou que está
sonolento?”, porém todos os pontos devem ser avaliados)
8. Medidas antropométricas
a. Peso, comprimento, perímetro cefálico
b.Classificar grupo de risco

Exame Físico

1. Aspectos gerais 2. Cabeça e pescoço


a. Postura/atitude a. Exame das fontanelas
■ Habitualmente flexão dos 4 membros com ■ Diâmetro
lateralização da cabeça (preponderância do tônus ■ Formas
flexor em relação aos extensores) ● Anterior - losângulo

■ Paciente flácido, largado, com o tônus diferente do ● Posterior - lambda

habitual: pode ter sofrido uma asfixia, lesão ■ Tensão


neurológica, metabólica ou de qualquer aspecto ■ FA: aberta até 18 meses (nasce sempre aberta,
b. Estado de alerta inicia o processo de fechamento por volta do 6º
■ De difícil análise mês de vida
■ RN dorme cerca de 20/22h por dia (Inferências ■ FP: aberta até 4 meses (é comum alguns bebês já
retrospectivamente para mãe “quando ele está nascem com ela fechada)
mamando ele abre os olhos? Consegue mamar ● Fontanelas permitem o crescimento do cérebro

adequadamente?) e outras estruturas


c. Sinais vitais b. Análise do PC
■ Temperatura: 35,5 - 37ºC (lembrar que variações ■ é obrigatório os primeiros dois anos de vida fazer
do ambiente podem determinar as variações da essa aferição e colocar no gráfico para avaliar a
temperatura corporal; ambientes muito frios o velocidade de crescimento
ambiente ou ambientes muito quente a gente pode c. Formato do crânio (achados)
detectar falsas hipotermias ou falsas hipertermias; ■ Bossa serossanguínea: edema de couro cabeludo
observar agasalhos, temperatura do ar (geralmente na parte mais superior) que não
condicionado…) respeita os limites das suturas cranianas, formando
■ FC: 90 - 180 bpm (bebês dependem muito da das hematomas que podem causar deformações.
variações de frequência para poder manter tanto Subcutâneo. Demora dias para reabsorver.
débito cardíaco conta bomba ventilatório) Tocotraumatismo.
■ PAS > 60 mmHg (ponto de corte) e geralmente
PAD > 40 mmHg
■ FR: 35 - 60 bmp
■ Saturação de oxigênio (oscilação da saturação de
oxigênio nos primeiros minutos de vida; a partir do
10º minutos de vida a saturação vai ser habitual
igual a nossa)
■ Cefalohematoma: edema que respeita às suturas. determinadas sílabas, mas não interfere na
Endurecido, normalmente com cacifo negativo. aquisição da linguegem)
Maior energia. Existe descolamento do periósteo. ● Presença de dentes neonatais, muito frequente
Demora semanas a meses para reabsorver. em meninas
Tocotraumatismo. ● Pérolas de epstein (passagem hormonal de
estrógeno via placentária)

■ Encefalocele: defeito de fechamento do tubo


neural. Tecido nervoso fora do crânio. Alterações ● Orelha de implantação baixa
no desenvolvimento e crescimento. ● Catarata congênita: comum em infecções
transmitidas verticalmente com a
citomegalovirose toxoplasmose

■ Cranioestenose: fechamento precoce das suturas.


Diagnóstico precoce por pediatra atento através de 3. Pele
palpação, encaminha para procedimento cirúrgico. a. Icterícia
■ Impregnação dos tecidos pelas bilirrubinas
■ Hemoglobina do tipo fetal que tem uma avidez
pelo oxigênio fazendo com que a meia-vida da
hemácia dessas crianças seja menor, duram 30 - 60
dias (enquanto a nossa dura cerca de 90 - 120 dias);
dessa forma, turnover sanguínea é muito maior:
quanto mais sangue destruído, mais o bilirrubina
tem circulante, porque a bilirrubina está
diretamente relacionado ao metabolismo da
hemoglobina.

d. Inspeção e palpação do pescoço


■ Assincletismo (a cabeça do feto não está alinhada
com o canal do parto)
■ Tumorações: hematomas, linfangiomas
■ Deformidades
■ Fraturas
Causados eventualmente por posturas viciadas no útero,
muito comum em gemelares ou mulheres que tem útero ■ Zonas de Tuner (zona de crânio com nível sérico de
didelfo, oligoâmnio severo bilirrubina circulante; intervenção: fototerapia,
e. Exame da face do RN transfusão ou orientação dos pais)
■ Fáscies: atípicas = normalidade
● Típicas: Down, Edwards, Patau,
hipotireoidismo
■ Olhos, orelhas, nariz, boca
● Fissura palatina

● Presença ou não no freio lingual curto não tem

relação nenhuma com atraso ou não na


aquisição da linguagem (pode atrapalhar
■ Miliária
■ Mancha mongólica (depósito anormal de melanina)

b. Cianose (nas extremidades, muito comum nas crianças


já que tem um controle térmico prejudicado; conduta
aquecer o bebê)
c. Lesões elementares:
■ Milium: hipertrofia de glândulas sebáceas, não
possui significado patológico
4. Exame Neurológico
■ Acne neonatal: transmissão de estrogênio
a. Tônus
transplacentário ou translactação
■ Discreta hipertonia
■ Hemangiomas
■ Flexo > extensor (flexão dos 4 membros)
■ Mancha do Vinho do Parto (tipo de hemangioma,
b. Reflexos primitivos
pode ser benigno ou não; se não desaparecer,
■ Moro
intervenção: beta bloqueador, uso de laser)
■ SDR (sucção, deglutição, respiração)
■ Preensão palmar e plantar
■ Cutâneo plantar
■ Reflexo da marcha, do paraquedista…

5. Tórax
a. Consiste, principalmente, na avaliação cardíaca e
pulmonar
b. Inspeção
■ Simetria - abaulamentos ou retrações
■ Ginecomastia (hormônios estrógenos)
■ Clavículas (principal osso associado a
■ Eritema tóxico do RN: lesões pápulo pustulosas tocotraumatismo)
(dx diferencial com impetigos/piodermites) > rico ■ Perímetro torácico (em média 2 cm a menos do que
em mastócitos e eosinófilos basicamente (já o perímetro cefálico)
impetigos possuem polimorfonucleares, bactérias, c. Aparelho respiratório
debris celulares); sem significado clínico. ■ Avaliação de padrão respiratório: BAN, triagens,
retrações, gemidos, estridores, etc.
■ Avaliação da FR (deve ser contada por 1 min
inteiro, pois possui oscilações respiratória com
períodos de taquipneia e bradipneia)
■ Ritmo respiratório irregular
■ Ausculta
d. Aparelho cardiovascular:
■ Vérnix caseoso (líquido amniótico e secreção ■ Palpação de pulsos

sebácea, importância da imunidade inata dessas ■ Avaliação do precórdio

crianças, por tem efeito bactericida. Conduta: ■ Avaliação do ritmo cardíaco (arritmias sinusais: na

orientar não lavar nas primeiras horas de vida) ausculta parece ritmo cardíaco irregular, porém no
ECG apresenta-se sinusal e irregular ao mesmo
tempo)
■ Avaliação da frequência cardíaca
■ Ausculta: sopros
6. Abdômen ■ Barlow: “Com as articulações coxofemorais e o
a. Inspeção: joelho fletido, empurrar posteriormente o fêmur
■ Colo umbilical: anatomia, flogose com o quadril fletido e a coxa em adução. Positivo
● Procurar artérias e veias se o quadril for deslocável”
● Primeiras horas - Geleia de Orton, depois ela

vai mumificando. Entre 7 e 15º tende a


desaparecer.

b. Percussão: timpânico, exceto sobre as vísceras maciças


c. Ausculta: RHA presentes e bem distribuídos em todos
os quadrantes
d. Palpação: avaliação visceromegalias

7. Genitália e ânus
a. Inspeção e palpação (meninos)
■ Pênis: 2 - 3 cm (menor = micropênis)
■ Escroto e testículos (distopias, hidrocele,
hérnias…)
■ Hipospádia
■ Epispádia
■ Distopias
■ Fimose (padrão de normalidade em bebês)
■ ADS (não consegue identificar se o fenótipo é
masculino ou feminino)
b. Inspeção e palpação (meninas)
■ Proeminência dos grandes lábios
■ Hímen
■ Pseudomenstruação (estrógenos)
■ ADS
c. Ânus:
■ Patência
■ Posição
■ Anomalias
■ Fissuras

8. Dorso
a. Deformidade de coluna, escoliose, presença ou
ausência de estigma sacrais, tufo de pelos, disrafismos,
mielomeningocele.

9. Osteoarticular
a. Membros
■ Polidactilias
■ Sindactilias
■ Movimentação dos membros
■ Pé torto
b. Manobras:
■ Ortolani: “ Colocar o polegar na parte interna da
coxa do RN e posicionar os outros dedos sobre o
grande trocanter. Com as articulações
coxofemorais e o joelho fletido, realiza-se o
movimento de abdução e elevação. Positivo
quando se percebe um clique audível com os
movimentos”.

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