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Índice
1. Introdução................................................................................................................................. 1
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1. Introdução
Foi Montesquieu que expôs a melhor forma da Separação dos Poderes, tal como se estabelece hoje.
Para ele, o poder do Estado deveria dividir-se em funções específicas, (especialização funcional),
atribuídas a órgãos independentes (independência orgânica), possibilitando a limitação do poder
em razão da sua incompletude.
Portanto dos estudos feitos por (Gilles Cistac, 2008; Herminio Manuel, 2004; e Moises Paiva,
2011) sobre a separação de poderes em Moçambique, constatam que este princípio e teoria de
Montesquieu está aqui enfraquecida, existindo uma série de factores que contribuem para este
enfraquecimento.
1.1.Objectivos
1.1.1. Geral
1.1.2. Específicos
1.2.Metodologia
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2. A Separação de Poderes em Moçambique
Função típica do Poder Legislativo em qualquer das esferas de governo, é cediço, é legislar. Em
outras palavras, sua função inerente é a elaboração de leis. De acordo com Menezes (1992, p. 250-
251), o poder legislativo é o que tem a função precípua de elaborar as leis, para a vida do Estado e
conduta de seus jurisdicionados.
No sistema de três poderes proposto por Montesquieu, o poder legislativo é representado pelos
legisladores, homens que devem elaborar as leis que regulam o Estado. O poder legislativo na
maioria das repúblicas e monarquias modernas é constituído por um congresso, parlamento,
assembleias ou câmaras.
Trata-se da função jurisdicional, que lhe é ínsita. Para Aderson de Menezes (1992, p. 252-253),
função peculiar do poder judiciário é julgar “as contendas derredor de direitos e interesses, fazendo
a interpretação da lei e a distribuição da justiça”. No tocante às funções atípicas do Poder Judiciário,
podemos citar, à guisa de exemplo, a organização dos serviços que lhe são inerentes e a nomeação
de seus próprios servidores.
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2.1.3. O Poder Executivo
As atribuições do Poder Executivo variaram ao longo da história. Este Poder, dentro do modelo
clássico adotado pelo liberalismo político, época em que o Estado intervinha o mínimo possível na
ordem econômica e social, tinha por função a defesa externa e a segurança interna. Superada essa
fase, passando-se para o Estado social, em que há maior intervenção do Estado na ordem
econômica, o Poder Executivo passou a acumular cada vez mais atribuições. O Poder Executivo é
o poder do Estado que, nos moldes da Constituição de um país, possui a atribuição de governar o
povo e administrar os interesses públicos, cumprindo fielmente as ordenações legais. O executivo
pode assumir diferentes faces, conforme o local em que esteja instalado.
O célebre “O espírito das leis”, publicado em 1748, traz a ideia de três poderes harmônicos e
independentes entre si, sendo eles o Poder Legislativo, o Poder Executivo e o Poder Judiciário.
Foi Montesquieu que expôs a melhor forma da Separação dos Poderes, tal como se estabelece hoje.
Nesse sentido: “Em matéria de separação de poderes o oráculo sempre consultado e sempre citado
é Montesquieu.” (Hamilton et al., 2003, p.299).
Para ele, o poder do Estado deveria dividir-se em funções específicas, (especialização funcional),
atribuídas a órgãos independentes (independência orgânica), possibilitando a limitação do poder
em razão da sua incompletude. Em outras palavras, o poder era limitado pelo próprio poder, de
forma que não seria mais absoluto. (Montesquieu, 1998).
Ocorre que, de 1729 a 1731, Montesquieu viveu na Inglaterra e teve contato com o sistema político
inglês do início do século XVIII, centrado no Parlamento e Aristocracia, com poder de monarquia
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limitado. Foi inspirado no sistema jurídico-político inglês, que Montesquieu escreve “O Espírito
das Leis”.
A função jurisdicional era vista como uma função secundária, de menor relevância, que jamais
poderia impor aos demais poderes qualquer limitação que não fosse decorrente da própria
separação.
Ao ampliar a divisão dos poderes que fora anteriormente estabelecida por Locke, Montesquieu
acreditava que para afastar os governos absolutistas e evitar a produção de normas tirânicas, seria
fundamental estabelecer a autonomia e os limites para cada um dos poderes, quais sejam o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
O princípio da separação dos poderes é uma limitação do poder estatal mediante a desconcentração,
divisão e racionalização das suas respectivas funções. Cuida-se de uma distribuição e/ou divisão
entre as funções típicas do poder estatal, visto que o poder do Estado como tal é uno e indivisível,
assim como é una e indivisível a soberania.
Há uma divisão horizontal de poderes (de desconcentração e recíproca limitação funcional entre
órgãos estatais) entre os poderes (funções) legislativo, executivo e judiciário, cuja horizontalidade
decorre da circunstância de inexistir qualquer hierarquia entre os respectivos órgãos e funções do
poder estatal, todos operando na esfera de suas competências constitucionalmente estabelecidas.
Assim, tendo em mente o que é o princípio da separação dos poderes, podemos afirmar que este
possui ligação com o princípio democrático, com a forma republicana de governo.
Ora, vemos de logo uma das importâncias em se manter a separação dos poderes dentro de um
Estado Democrático de Direito. Há uma garantia efetiva de alternância no exercício do poder, pois
como o poder não está somente em determinado “órgão” ou “pessoa”, este não poderá realizar
ações nas esferas de poder visando seu interesse pessoal, não poderá de forma autoritária
permanecer no poder, muito menos alterar forma e sistema de governo, forma de Estado etc.
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A independência e harmonia dos três poderes, Legislativo, Executivo e Judiciário, traz legitimidade
como modo de limitação e controle do poder, trazendo a legitimidade de seu exercício.
Outra importância que se constata com a separação dos poderes é a garantia de efetividade dos
direitos fundamentais dos indivíduos. A Constituição da Republica de Moçambique faz previsão
das competências de cada poder e inclusive faz previsão da instituição do Ministério Público para
evitar desrespeitos e arbítrios aos direitos.
Caso haja edição de lei pelo poder Legislativo que cujo conteúdo viole a Constituição da Republica,
os indivíduos poderão por meio do controle difuso recorrer ao poder Judiciário, bem como pode o
Judiciário apreciar tal questão ao ser provocado por meio do controle concentrado.
As garantias, direitos e ações e mecanismos que a Constituição prevê tem uma ligação, de forma
que tudo caminha para consagração de um Estado Democrático de Direito.
Com efeito, há uma repartição entre os poderes das funções estatais prevendo prerrogativas e
imunidades para que os indivíduos que estão à frente possam exercê-las, bem como, há mecanismos
de controles recíprocos, sempre como garantia da perpetuidade do Estado democrático de Direito.
Entretanto o primeiro fator aqui proposto sobre a excessiva concentração de poderes a favor da
figura do Presidente da República, há que salientar que, do ponto de vista dos sistemas de governo,
Moçambique é um sistema presidencialista, (Cistac, 2008, p.17). E para Harman (2013) é um
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sistema presidencialista com total ausência de um mecanismo de “prestação de contas” por parte
do chefe de governo e chefe de estado (Presidente da República) perante a Assembleia da
República, sendo apenas os membros do governo que são fiscalizados, ficando assim de fora a
chefia do governo, (Harman, 2013).
Portanto dos estudos feitos por (Gilles Cistac, 2008; Herminio Manuel, 2004; e Moises Paiva,
2011) sobre a separação de poderes em Moçambique, constatam que este princípio e teoria de
Montesquieu está aqui enfraquecida, existindo uma série de factores que contribuem para este
enfraquecimento. Porem, depois da transição do regime absolutista para o regime liberal, a
separação dos poderes foi convertida de teoria para princípio fundamental e referência material das
Constituições, tal como resultava do seguinte teor do artigo 16 da Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão de 1789.
A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem assegurada a separação dos
poderes não tem Constituição.
Por isso que, pode se dar o caso que no sistema político moçambicano é provável que existam
condicionamentos à separação de poderes entre o executivo e o legislativo, mas também entre o
executivo e o judicial. Porque uma vez que a maior parte das principais funções desses poderes
estão concentradas na figura do Presidente da República. Isto é, no sistema de governo
moçambicano, dai que não se pode falar, em bom rigor, da existência de um controle recíproco de
poder, nem de equilíbrio de poderes, que são os pressupostos funcionais do princípio da separação
de poderes, (Ucama, 2013).
A CRM de 2004 ela confere à figura do presidente da República, amplos poderes como são os
casos de ele ser, ao mesmo tempo, o Chefe do Governo (CRM, no. 3 do artigo 146), ter a iniciativa
de Lei (CRM, alínea d, do no. 1, do artigo 183) e existir um governo “irresponsável” perante o
Parlamento, mas responsável perante o Chefe de Estado. Tal retira a possibilidade de o Presidente
da República garantir a interdependência do consagrado no artigo 134 da CRM, que, ao funcionar,
completaria um dos requisitos funcionais do princípio da separação de poderes, a moderação e o
equilíbrio, (Paiva, 2011).
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3. Considerações Finais
Diante de todos os fatos aqui levantados sobre a separação de poderes. Conclui-se que a separação
dos poderes surge no momento liberal como uma das alternativas de divisão do poder, e que junto
com o constitucionalismo e com o reconhecimento dos direitos fundamentais, representa o maior
e mais firme contributo para o modelo de Estado de Direito hoje existente.
Pode se dar o caso que no sistema político moçambicano é provável que existam condicionamentos
à separação de poderes entre o executivo e o legislativo, mas também entre o executivo e o judicial.
Porque uma vez que a maior parte das principais funções desses poderes estão concentradas na
figura do Presidente da República. Isto é, no sistema de governo moçambicano, dai que não se
pode falar, em bom rigor, da existência de um controle recíproco de poder, nem de equilíbrio de
poderes, que são os pressupostos funcionais do princípio da separação de poderes.
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4. Referencias Bibliográficas
Comparato, F. K. (1999). A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. São Paulo: Ed. Saraiva.
Giordani, M. C. (2003). História dos séculos XVI e XVII na Europa. Petrópolis: Vozes.
Locke, J. (2003). Segundo Tratado sobre o Governo Civil. Trad. Alex Marins, São Paulo: Martin
Claret.
Sarlet. I. W. (2001). A Eficácia dos Direitos Fundamentais. Porto Alegre: Livraria do Advogado.