Você está na página 1de 29

Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Impactos da erosão pluvial na cidade de Nampula: Caso de estudo do Bairro de


Murrapaniua

Silvano Miguel – Código: 708213387

Curso: Licenciatura em Ensino de Geografia


Disciplina: MIC II
Ano de Frequência: 2º Ano
Tutor: Calisto Muchangos

Nampula, Setembro de 2022


2

Folha de Feedback

Classificação

Categorias Indicadores Padrões Pontua


Nota
ção Subt
do
máxim otal
tutor
a
 Capa 0.5
 Índice 0.5
Aspectos
Estrutura organizacion  Introdução 0.5
ais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização (Indicação clara
1.0
do problema)

Introdução  Descrição dos objectivos 1.0

 Metodologia adequada ao objecto


2.0
do trabalho
 Articulação e domínio do
Conteúdo discurso académico (expressão
2.0
escrita cuidada, coerência /
Análise e coesão textual)
discussão  Revisão bibliográfica nacional e
internacional relevante na área de 2.0
estudo
 Exploração dos dados 2.0
Conclusão  Contributos teóricos práticos 2.0

 Paginação, tipo e tamanho de


Aspectos
Formatação letra, paragrafo, espaçamento 1.0
gerais
entre linhas

Normas  Rigor e coerência das


Referências APA 6ª citações/referências bibliográficas
Bibliográfic edição em 4.0
as citações e
bibliografia
3

Folha para recomendações de melhoria: a ser preenchida pelo tutor


4

Índice
Objecto de estudo...................................................................................................................7
Justificativa..............................................................................................................................8
Questões de Pesquisa...............................................................................................................9
Além da questão chave inicialmente exposta, o estudo também apresenta outras questões da
pesquisa, nomeadamente:.........................................................................................................9
METODOLOGIA DA PESQUISA........................................................................................10
Tipo de Pesquisa...................................................................................................................10
Métodos de pesquisa.............................................................................................................10
Método de abordagem............................................................................................................10
Método de procedimento.....................................................................................................11
Técnicas de colecta de dados..................................................................................................11
Universo e Participantes da pesquisa..................................................................................11
Universo.................................................................................................................................11
Participantes da pesquisa ou Amostra....................................................................................11
2.1.1. Ferramentas da análise e Softwares usados............................................................12
1.1. Solo............................................................................................................................12
1.1.1. Erosão.....................................................................................................................13
1.2. Tipos de erosão.........................................................................................................13
1.2.1. Erosão marinha.......................................................................................................13
1.2.2. Erosão eólica..........................................................................................................14
1.2.3. Erosão glacial.........................................................................................................14
1.2.4. Erosão por gravidade..............................................................................................15
1.2.5. Erosão geológica....................................................................................................15
1.2.6. Erosão pluvial.........................................................................................................15
1.2.6.1. Erosão por Splash.............................................................................................16
1.2.6.2. Erosão Laminar................................................................................................16
1.2.6.2.1. Controlo de erosão laminar.............................................................................17
1.2.6.3. Erosão em Sulcos..............................................................................................18
1.2.6.4. Erosão em Ravinas...........................................................................................18
1.2.6.5. Erosão em Voçorocas.......................................................................................18
1.2.7. Factores condicionantes da erosão pluvial..............................................................18
1.2.7.1. Factores Naturais..............................................................................................18
5

 Cobertura Vegetal...........................................................................................................19
 Relevo............................................................................................................................20
 Natureza do Solo............................................................................................................20
1.2.7.2. Factores Antrópicos............................................................................................21
1.3. Estudo de erosão do solo............................................................................................21
1.3.1. Impacto das gotas de chuva....................................................................................22
1.3.2. Agentes químicos..................................................................................................22
1.3.3. Actuação das forças capilares ou de sucção........................................................23
1.3.4. Actuação das forças cisalhantes oriundas do fluxo............................................23
1.4. Métodos de prevenção................................................................................................24
1.4.1. Prevenção de erosões em meio rural.......................................................................24
1.5.1. Prevenção de erosões em meio urbano.........................................................................25
Segundo Fendrichetal. (1997) a etapa primordial para o controle de erosão, também chamada
de Projecto de Prevenção à Erosão Urbana, consiste no estabelecimento de bases adequadas
para a ocupação de espaços urbanos, de tal forma que se eliminem as distorções existentes,
para que o crescimento urbano não determine novos processos erosivos...............................25
1.5.2. Métodos de controlo.....................................................................................................25
1.6. Impactos da Erosão Pluvial.....................................................................................26
6

Introdução

A presente pesquisa tem como o tema: “Impactos da erosão pluvial na cidade de


Nampula: Caso de estudo do Bairro de Murrapaniua”. Importa referenciar que a
erosão é o processo de desprendimento e arraste acelerado das partículas do solo que
pode ser causado pela água da chuva ou pelo vento. Essa degradação, quando induzida
pelo homem é muito mais rápida que a natural, removendo em pouco tempo grandes
quantidades de solo que naturalmente levariam centenas de anos para serem removidas
(BERTONI E LOMBARDI 1990).

Em Moçambique, a erosão é um dos problemas ambientais que é agravado pelos níveis


elevados de pobreza em que vive a maioria da população rural e peri-urbana do país. O
efeito combinado da falta de recursos e a necessidade de satisfação das exigências
básicas de sobrevivência conduz à sobre exploração ou utilização indevida dos recursos
disponíveis com implicações graves para o ambiente.

Afirma ainda que as acções humanas sobre o meio ambiente podem ser positivas ou
negativas, dependendo da intervenção desenvolvida. O autor ressalta que independente
dessas definições, a ciência e a tecnologia podem ser utilizadas correctamente,
contribuir enormemente para que o impacto humano sobre a natureza de acordo com o
tipo de alteração, podendo ser ecológica, social e/ou económica, poderão ser
minimizadas e/ou até sanadas, por isso o presente trabalho objectiva analisar os
impactos da erosão pluvial na cidade de Nampula: Caso de estudo do Bairro de
Murrapaniua, para perceber as consequências provenientes desse tipo de erosão em
estudo. O presente trabalho agrega os elementos pré e pós-textuais.
7

Objecto de estudo

O presente trabalho tem como objecto de estudo: “Erosão pluvial no Bairro de


Murrapaniua”.
Delimitação do tema

A presente pesquisa será realizada na cidade de Nampula, no bairro de Murrapaniua


num período compreendido entre 2022 a 2023.

Problematização

A erosão de solos afecta muitos pontos do país, resultando em prejuízos materiais e


económicos avultados incluindo a degradação de infra-estruturas sociais e económicas,
perda de fertilidade dos solos, perturbação de ecossistemas sensíveis, entre outros.
Várias acções têm sido levadas a cabo, de forma isolada, tendentes a controlar a erosão
dos solos em todo o país pelos diferentes intervenientes na gestão ambiental em prol do
desenvolvimento sustentável.

Conforme cita Varaschin (2002), na medida em que um cidadão em uma comunidade


depara-se com um problema e não possui suas necessidades satisfeitas, sobram-lhe duas
opções de acção: a primeira é reunir os amigos e os vizinhos e discutir o problema, uma
equipe começa a funcionar para tratar da sua resolução; a segunda é esperar que o
governo venha a suprir essa necessidade.

Mas, contrariamente ao pensamento acima apontado, a população do bairro de


Murrapaniua, na cidade de Nampula, encontra-se preocupada com a erosão que já se
repercute na degradação ambiental. Algumas vias de acesso estão a ficar,
paulatinamente intransitáveis. Quando o assunto está relacionado a erosão pluvial é
mesmo uma questão que vem causando inúmeras preocupações para os moradores desse
bairro, sobretudo, em épocas chuvosas. As acções voltadas à mitigação da erosão
pluvial no bairro em alusão são de certa forma inexistentes, uma vez que mesmo que
estejam sendo apoquentados pelo problema em causa, persistem diversos dilemas
associados a erosão pluvial, e a comunidade, bem como a estrutura administrativa local
pouco, senão nada tem feito com vista a inverter este cenário, o que denota por um lado,
a falta de conhecimento e, por outro lado, a negligência das responsabilidades ou papel
que cada citadino residente no bairro tem para fazer face aos episódios erosivos.
8

Neste sentido, entendendo que a cobertura vegetal do solo urbano de Murrapaniua é


deficiente, e analisando o nível de frequência das chuvas intensas e ao uso de áreas
inaptas para culturas anuais, que constituem o principal factor desencadeador dos
processos erosivos do solo do bairro de Murrapaniua, o autor julga necessário
aprofundar a investigação de modo a responder a seguinte pergunta:

 Quais são as medidas que devem ser levadas a cabo para mitigação da
erosão pluvial no bairro de Murrapaniua?

Justificativa
A inquietação acerca da erosão pluvial frente às diversas actividades antrópicas levadas
a cabo na actualidade, vem ao longo do tempo, gerando estudos entre os pesquisadores
com o objectivo de ressaltar-se as medidas de mitigação da erosão pluvial, assim como
actuação da comunidade local, bem como as estruturas administrativas locais na
garantia da sustentabilidade sócioambiental. Haja vista que, tanto local quanto
globalmente tem de se agir.

Neste sentido, o interesse em pesquisar tal temática surgiu a partir das observações
feitas pelo autor no bairro de Murrapaniua, sobretudo, por se tratar de morador do
mesmo bairro, deste modo, as dificuldades encaradas pelo autor do estudo, bem como
dos outros moradores do bairro em alusão concernentes à veiculação de um ponto ao
outro que perfazem o Bairro em estudo, sendo a consequência da erosão pluvial,
constitui motivação do autor em identificar os impactos da erosão pluvial no bairro de
Murrapaniua, de modo a apontar medidas de mitigação de erosão pluvial no bairro em
apreço.

Enfim, acredita-se que a realização deste estudo, será de suma importância para
esclarecer dúvidas e confirmar a expectativa em relação ao tema abordado. A pesquisa
foi necessária, tanto para a culminação do curso do autor enquanto estudante, mas
também como pesquisador. O estudo interessa a todos que actuam no ramo de
Geociências, pois ele traz uma reflexão sobre como o Governo e a comunidade local
podem agir diante dos problemas ambientais, sendo a erosão pluvial o de maior apreço.
9

Objectivos de Estudo

Objectivo geral:

 Analisar os impactos provocados pela erosão pluvial no bairro de Murrapaniua.

Objectivos específicos:
 Identificar impactos provocados pela erosão pluvial no bairro de
Murrapaniua;
 Apresentar medidas de mitigação de erosão pluvial no bairro de
Murrapaniua.
 Mencionar os factores que contribuem para a erosão pluvial no bairro de
Murrapaniua.

Questões de Pesquisa

Além da questão chave inicialmente exposta, o estudo também apresenta outras


questões da pesquisa, nomeadamente:

 Quais são os impactos provocados pela erosão pluvial no bairro de


Murrapaniua?
 Quais são os factores que contribuem para a erosão pluvial no bairro de
Murrapaniua?
 Quais são as medidas de mitigação de erosão pluvial no bairro de
Murrapaniua?

Hipóteses

H1: A colocação de barreiras simples como pneus, sacos de areia e a subsequente


construção de valas de drenagem nas áreas vulneráveis pode contribuir para a mitigação
da erosão pluvial no bairro de Murrapaniua.
H2: A Sensibilização da Comunidade local sob enfoque do uso sustentável do solo
urbano do bairro de Murrapaniua pode contribuir para a mitigação da erosão pluvial.
10

METODOLOGIA DA PESQUISA

Tipo de Pesquisa

 Quanto a natureza

Quanto a natureza a pesquisa é básica. Porque trás à tona conhecimentos novos que
podem contribuir na redução da erosão pluvial no bairro de Murrapaniua. Todavia, não
foi necessário fazer uma testagem para a sua materialização.

 Quanto aos objectivos

A pesquisa é explicativa, pois tem como objectivo primordial explicar e aprofundar os


conceitos referentes sobre a erosão no bairro de Murrapaniua.

 Quanto a abordagem

A pesquisa é qualitativa, pois traduz opiniões e informações relacionadas ao impacto


das variáveis em análise.

 Quanto aos procedimentos técnicos

Relativamente aos procedimentos técnicos, a pesquisa foi um estudo de campo, visto


que foi necessário fazer um estudo empírico para a obtenção de dados no bairro de
Murrapaniua para apurar os resultados mais acertados.

Métodos de pesquisa

O método, segundo Garcia (1998), representa um procedimento racional e ordenado


(forma de pensar), constituído por instrumentos básicos, que implica utilizar a reflexão e
a experimentação, para proceder ao longo do caminho (significado etimológico de
método) e alcançar os objectivos preestabelecidos no planeamento da pesquisa
(projecto). Segundo Lakatos e Marconi (1995, p. 106), os métodos podem ser
subdivididos em métodos de abordagem e métodos de procedimentos.

Método de abordagem

O método de abordagem desta pesquisa é indutivo, pois a partir das constatações


particulares feitas no bairro de Murrapaniua, foi possível inferir conclusões gerais sobre
o fenómeno em estudo.
11

Este método, de acordo com Marconi & Lakatos (2005), parte de premissas e leva a
conclusões que são muito amplas em virtude das premissas que se basearam. O método
indutivo conduz a apenas as conclusões prováveis. Esse método constitui na colecta e
análise de dados obtidos a partir do local estudado.

Método de procedimento

Neste estudo, usou-se o método cartográfico, este que inicialmente ajudou o autor a
fazer o zoneamento do Bairro de Murrapaniua, através do levantamento de pontos e
áreas que abrangem o espaço delimitado neste estudo, e por meio de outras fontes foi
possível mapear o local. Este método ajudou a localizar geograficamente a cidade de
Nampula e o bairro de Murrapniua em particular, e na caracterização dos aspectos
naturais e socioeconómicas.

O segundo método de procedimento usado foi o estatístico: este ajudou na quantificação


dos dados, com recurso à tabelas e gráficos. Para Fachin (2001, p. 46), este método se
fundamenta nos conjuntos de procedimentos apoiados na teoria da amostragem e, como
tal, é indispensável no estudo de certos aspectos da realidade social.

Técnicas de colecta de dados


Na presente pesquisa foram usadas as seguintes técnicas de pesquisa: entrevista,
questionários dirigidos á população alvo com o intuito de obter uma inferência
estatística da veracidade do tema em abordagem e observação directa para dar resposta
ao problema, objecto do estudo.

Universo e Participantes da pesquisa

Universo
De acordo com Gil (1999,p. 64), universo "é um conjunto definido, cujos seus elementos
possuem determinadas características comuns". Deste modo, o grupo alvo da pesquisa
é todo bairro de Murrapaniua, na cidade de Nampula.

Participantes da pesquisa ou Amostra

O estudo teve como participantes da pesquisa Quarenta (40) famílias do Bairro de


Murrapaniua. O critério usado para a selecção dos participantes da pesquisa foi o não
probabilístico, especificamente por tipicidade ou intencional. A escolha de Quarenta
12

(40) famílias deve-se se ao facto da mesma apresentar um histórico bastante oscilante


relativamente aos resultados obtidos ao longo do período em análise e conseguir gerar
nalguns anos resultados capazes de demonstrar resultados satisfatórios.

2.1.1. Ferramentas da análise e Softwares usados

Para a interpretação dos fenómenos e atribuição de significados não requer o uso do


método estatístico, isto é, os dados obtidos serão apresentados sob forma textual, em
imagens, etc., mas salientar que essa pesquisa será de algum modo coadjuvada pela
pesquisa qualitativa na análise estatísticas dos dados (como o caso da construção de
tabelas, gráficos), usando o Microsoft Word e Excell.

Fundamentação teórica

Neste capítulo é apresentado o levantamento bibliográfico que dá suporte e fundamenta


os aspectos teóricos deste estudo. Com o intuito de cumprir com os objectivos traçados
para este trabalho, tornou-se necessário numa primeira fase proceder à revisão
bibliográfica dos principais conceitos teóricos que envolvem aspectos atinentes aos
Impactos da Erosão Pluvial no bairro de Murrapaniua.

1.1. Solo
Segundo Lepsch & Kamiyama (2011; p.93), solo é o corpo natural da superfície
terrestre, constituído de materiais minerais e orgânicos resultantes das interacções dos
factores de formação, contendo matéria viva e em parte modificado pela acção humana,
capaz de sustentar plantas, de reter água, de armazenar e suportar edificações

Entende-se que o solo como é um recurso natural renovável que, de uma forma
simplificada, se pode definir como a camada superficial da crosta terrestre, formada por
partículas minerais de vários tamanhos e composição química diversa e matéria
orgânica em diferentes fases de decomposição. O solo1 resulta da acção simultânea e
integrada do clima e organismos que atuam sobre um material de origem (geralmente
rocha), que ocupa determinada paisagem ou relevo, durante certo período de tempo.

1
13

1.1.1. Erosão
Define-se erosão como a desagregação e remoção do solo ou fragmentos e partículas de
rochas, pela acção combinada da gravidade com a água, vento e gelo. Destaca-se a água
como agente erosivo, cujo início do processo se dá através do desprendimento das
partículas do solo pelo impacto das gotas de chuva na superfície e pelo escoamento da
superfície (OLIVEIRA etal, 1987).
A erosão é um processo natural que afecta as camadas superficiais da crosta terrestre,
sendo, por isso, responsável pela modificação da paisagem, daí ser chamada também de
agente de formação do relevo. Desta forma representa um dos fenómenos geológicos
naturais que são potencialmente mais afectados pela acção do homem, dentro de curta
escala de tempo (CARVALHO etal., 2006).

1.2. Tipos de erosão

1.2.1. Erosão marinha


É a erosão provocada pelas águas do mar designa-se por erosão marinha ou abrasão
marinha. As águas do mar atuam sobre os materiais do litoral ( linha de costa)
desgastando-os através da sua acção química e da sua acção mecânica. O aspecto da
linha de costa é variável de acordo com a natureza dos materiais rochosos que a
constituem. De um modo em geral podemos detectar dois tipos de costa: a costa de
abrasão: de natureza alta e escarpada; e a costa de praia (ou de acumulação) - baixa e
arenosa (Sousa, 2008).
A água do mar reage quimicamente com alguns materiais rochosos desgastando-
os. A acção mecânica das águas faz-se sentir quando o mar atira contra a costa rochas
de dimensões variáveis originando fracturas nas rochas do litoral. A acção que o mar
exerce sobre os continentes faz-se sentir aos seguintes níveis desgaste, transporte e
deposição. A acção de desgaste está condicionada pelos seguintes factores:

a) Reacções químicas entre a água e os materiais;


b) Acção mecânica da água;
c) Força e direcção das ondas;
d) Natureza das rochas - dureza, constituição química e coesão.

O desgaste origina materiais soltos, de dimensões muito variáveis que as correntes


marítimas transportam, por vezes, a grandes distâncias. Quando a velocidade e força das
correntes diminuem os materiais transportados são depositados. As correntes marítimas
14

transportam materiais resultantes do desgaste da costa ou trazidos pelos cursos de água


(rios que desaguam no litoral) que depositam quando a velocidade das águas diminui
devido à baixa profundidade formando cordões litorais (Sousa, 2008).

1.2.2. Erosão eólica


A Erosão eólica está relacionada com a força do vento, que exerce uma pressão no
solo e afecta as partículas de uma dimensão específica (silte grosseira e areia). Quando
estas não estão agregadas por matéria orgânica, raízes ou argila podem ser facilmente
erodidas (Imeson; Curfs, 2006).
A erosão eólica ocorre em geral em regiões planas, de pouca chuva, onde a
vegetação natural é escassa e sopram ventos fortes. Constitui problema sério quando a
vegetação natural é removida ou reduzida; os animais e o próprio homem contribuem
para essa remoção ou redução. As terras ficam sujeitas à erosão pelo vento quando
deveriam estar com a vegetação natural e são colocadas em cultivo com um manejo
inadequado (Sousa, 2008).

1.2.3. Erosão glacial


É o tipo de erosão causado pela acção do gelo, tanto da neve quanto das geleiras.
Geralmente ocorre porque as variações de temperatura congelam e descongelam a água,
que se dilata e se comprime, afectando as rochas e os solos. Outras formas de
movimentação do gelo, como as avalanches, também actuam nesse processo (Pena,
2017).
É a erosão causada pelo gelo e pode ocorrer de três maneiras:

1. Águas das chuvas penetram entre as fendas das rochas, quando chega a época de
frio muito intenso, essas águas congelam-se, e o gelo que ocupa mais espaço que a
água líquida faz pressão sobre as paredes da rocha, quebrando-a.
2. Os blocos de gelo que saem das geleiras deslizam pelas encostas das montanhas,
quebrando as rochas;
3. Nas regiões onde faz muito frio, durante o inverno o gelo se acumula no topo das
montanhas. Na primavera o gelo começa a derreter e a descer lentamente pelas
encostas. No trajecto, formam novos caminhos e vão se transformando em água
líquida, pelo aumento da temperatura, voltando a correr gelo antigo curso ou
formando novos canais de água.
15

1.2.4. Erosão por gravidade

VII Simpósio Nacional de Controlo de Erosão (2001) diz que a erosão por gravidade é
um fenómeno que se agrava com chuvas incessantes, e ocorre em terrenos com alto
índice de declividade, o que facilita o desmoronamento de massas com o processo
gravitacional. Com a descida, crateras na origem deste solo podem ser deixadas, assim
como neste processo outras rochas são afectadas, tanto no caminho quanto em sua
deposição. Ocorre em áreas montanhosas de acentuada declividade. Em alguns casos,
quando o relevo é muito inclinado, pode ocorrer a movimentação de massas de terra,
fenómeno que pode ser intensificado pela saturação dos solos pela água das chuvas
(PENA, 2017).

1.2.5. Erosão geológica


A modelagem do vale do CANYON é um exemple de Erosão Geológica, já que esta, é
ocasionada por vários outros processos erosivos, e tem causa totalmente natural. Este
processo pode levar bilhões de anos, e pode ser observado e estudado, pois está sempre
em formação. É também conhecida como erosão natural ou que não sofreu a
interferência humana. Actua modelando as paisagens, com uma combinação de vários
outros tipos de acções erosivas. Um exemplo é a modelagem de um vale ou de um
canyon pelas águas e pelos ventos (PENA, 2017).

1.2.6. Erosão pluvial


Um factor bastante alarmante é a forte acção antrópica sobre os processos
erosivos, intensificando-os, acarretando em consequências ainda mais graves. Dessa
maneira, percebe-se a importância de tentar ao máximo combater ou ao menos
minimizar os efeitos erosivos, principalmente aqueles originados pelo homem. As
gotículas de chuva, ao caírem em um barranco ou em qualquer outro terreno, provocam
a saltitação (splasherosion) das partículas, tendo assim o que se chama de “acção
mecânica das gotas da chuva”, e é justamente esta que provoca o arrancamento e o
deslocamento de partículas. Quando o escoamento pluvial acontece é porque a
quantidade de chuva caída em uma determinada área é maior que o poder de infiltração,
dessa maneira formando as enxurradas, que irá esculpir de várias maneiras os locais por
onde passar (SOUSA, 2008).
16

1.2.6.1. Erosão por Splash

A acção do splash ou erosão por salpicamento constitui o estágio inicial do processo


erosivo, pois desagrega as partículas que compõem o solo, para serem transportadas
pelo escoamento superficial. O processo de desagregação ocorre pelo impacto das gotas
de chuva contra um solo exposto e desprotegido de vegetação. O impacto da gota
resulta na compactação do solo pela formação de crostas periféricas (‘selagem do solo’)
que dificultam e impedem a infiltração adicional da água de chuva. Formam-se, então,
irregularidades na superfície do terreno, que se tornam áreas localizadas de acumulação
de água. Quando estas poças se rompem, tem início o processo de escoamento
superficial, inicialmente difuso, mediante a concentração de fluxos em canais,
induzindo a erosão em lençol. (FERNANDES, 2011).

O processo tende a ocorrer nos primeiros 5 a 10 minutos de chuva e depende das


características do solo e da intensidade da precipitação (NACINOVIC, 2013). Uma vez
iniciada a desagregação, o material disperso será erodido pelo salicamento ou será
carreado para os espaços intergranulares. Os agregados situados logo abaixo das crostas
ficam protegidos do impacto das gotas de chuva e a erosão por salpicamento tende a ser
limitada após a selagem do solo (COUTO, 2015).

1.2.6.2. Erosão Laminar

A Erosão laminar é quando a água corre uniformemente pela superfície como um todo,
transportando as partículas sem formar canais definidos. Apesar de ser uma forma mais
amena de erosão, é responsável por grandes prejuízos na actividade agrícola e por
transportar grande quantidade de sedimentos que vão assorear os rios, (Sousa, 2008).

O escoamento superficial ocorre em seguida inicialmente de forma difusa, em muitos


casos sob forma de lâmina ou lençol (sheetflow). Os filetes de água formados podem
escoar encosta abaixo sem formar canais definidos ou podem ser concentrados,
formando enxurradas com elevada capacidade de arrancar novas partículas dos solos e
de transportar grandes volumes de material solto, (DAEE, 1990).

No primeiro caso, tem se a chamada erosão laminar, ou seja, é como se uma lâmina de
água contínua lavasse por inteiro a superfície do terreno. A partir do momento em que
esses fluxos tendem a se concentrar, são formadas linhas de escoamento preferencial,
caracterizando a chamada erosão linear (erosão em sulcos), (COUTO, 2015).
17

Carvalho (2008), afirma que a erosão laminar se processa durante fortes precipitações,
quando o solo superficial já está saturado, sendo produzida por um desgaste suave e
uniforme da camada superficial em toda a sua extensão, sendo típica de encostas que
apresentam poucos obstáculos ao fluxo geral.

Segundo Guerra et al (2005), o escoamento laminar pode ser considerado como sendo o
primeiro estágio do processo erosivo, compreendendo um fluxo mais ou menos regular,
que é mobilizado ao longo de uma superfície exposta e com poucas irregularidades. A
concentração de sedimentos e a velocidade das partículas vão aumentando, à medida
que o fluxo vai percorrendo a encosta, ao mesmo tempo em que o processo erosivo vai
se estabelecendo. A erosão neste estágio ainda é incipiente, muito localizada,
envolvendo apenas o transporte individual dos grãos que compõem o solo, ou seja, uma
vez detectado o processo erosivo neste estágio, ainda há grandes possibilidades de
recuperar a área atingida.

1.2.6.2.1. Controlo de erosão laminar

Dentre as formas de controlo de erosão laminar, Guerra et al (2005), apontam duas


estratégias de controlo, nomeadamente, a cobertura vegetal e o terraceamento.

 Cobertura Vegetal

A cobertura vegetal permite diminuir a energia cinética das gotas da chuva, permitindo
também um aumento significativo do coeficiente de infiltração e uma diminuição
consequente do coeficiente de escoamento superficial. Tem ainda a vantagem de
aumentar a coesão do solo devido à presença de raízes vegetais que funcionam como
uma espécie de armadura que dificulta a desagregação do solo e o seu arrastamento pelo
escoamento superficial. Também a cobertura vegetal tem a função de amortecer a queda
das gotas ao nível da copa e do solo dificultando o movimento da água o seu
arrastamento e forçando a infiltração da água através das raízes.

 Terraceamento (do tipo Morgan)

O terraceamento consiste na suavização da inclinação natural do terreno, permitindo


transformar zonas com declives acentuados em áreas menos íngremes. Diminuição da
inclinação do terreno, favorece a infiltração de água ao mesmo tempo que se reduz a
intensidade e velocidade do escoamento superficial e do seu poder erosivo. A principal
desvantagem do terraceamento é o elevado investimento do capital necessário.
18

1.2.6.3. Erosão em Sulcos

Erosão em sulcos de escorrência: quando a água se concentra em determinados sulcos


do terreno, atinge grande volume de fluxo e pode transportar maior quantidade de
partículas formando ravinas na superfície. Estas ravinas podem rapidamente atingir a
alguns metros de profundidade.

1.2.6.4. Erosão em Ravinas

É quando a água das chuvas, com o tempo, vai abrindo cavidades maiores ao longo da
declividade do terreno. Ribas (2002) reforça a ideia de um modelo de gestão ambiental
urbana onde se permita a integração, de modo sistémico, da variável sustentabilidade às
actividades de planeamento tendo como base a participação intensa dos actores sociais
envolvidos.

1.2.6.5. Erosão em Voçorocas

A erosão em voçorocas são as mais graves porque envolvem mecanismos mais


complexos, ligados aos fluxos superficiais e também subsuperficiais da água infiltrada
no solo. As voçorocas são de difícil controlo e necessitam de grandes investimentos
para sua recuperação, no caso das voçorocas rurais, quando atingem grandes
proporções, a melhor solução é criar mecanismos no controle das águas superficiais e
subsuperficiais e integrar a paisagem. Apesar do papel da acção das águas subterrâneas
terem sido destacados por vários autores, ele não tem sido considerado nos projectos da
maioria das obras de contenção das voçorocas. A acção das águas subterrâneas é
directamente responsável pelo insucesso de numerosas obras de engenharia,
(ALMEIDA-FILHO, 2015).

1.2.7. Factores condicionantes da erosão pluvial

Os condicionantes que influenciam na aceleração dos processos erosivos são


determinados por quatro factores naturais básicos e pela ocupação humana que
determinam a intensidade dos processos, podendo destacar os mais importantes: clima,
tipo de solo, topografia, cobertura vegetal e acção antrópica (Almeida-Filho, 2015).

1.2.7.1. Factores Naturais


 Chuva
19

A gota de chuva e o escoamento superficial são considerados dois agentes erosivos


distintos. Nishiyama (1995) afirma que, parte da erosividade da chuva, é a capacidade
de erosão da chuva; é consequência directa do impacto da gota, enquanto a outra parte é
consequente do escoamento superficial. A gota da chuva como o mais importante
agente responsável pela iniciação da erosão difusa do solo. Esta, ao atingir a superfície
desprotegida do solo, desloca as partículas de sua posição original, pelo processo
conhecido como splash, que se refere à saltação de partículas juntamente com as gotas
de chuva.

Por sua vez, o escoamento superficial é considerado um importante agente de erosão,


pois, ao mesmo tempo em que realiza o destacamento, transporta e deposita partículas
do solo. a quantidade, a intensidade, a duração e o tempo decorrido desde a chuva
anterior, afectam directamente a taxa do escoamento superficial resultante.

Complementando o papel do escoamento superficial na erosão do solo, Morgan (2005)


afirma que a quantidade de perda do solo, resultante desse processo, depende da
velocidade e turbulência do fluxo, factores que são função da quantidade de chuva,
capacidade de infiltração e capacidade de retenção superficial.

No entanto, a precipitação apresenta-se deste modo, como um dos elementos climáticos


de maior importância na erosão dos solos, e causador do processo de erosão, já que a
queda das gotas de água se assume como o principal agente da desagregação das
partículas do solo. O volume e a velocidade da escorrência, dependem da intensidade,
duração e frequência da precipitação, sendo a intensidade o factor pluviométrico mais
importante na erosão, uma vez que, quanto maior for a intensidade de chuva, maior será
o seu poder erosivo.

 Cobertura Vegetal

A cobertura vegetal protege o solo da erosão por apresentar: a) protecção directa contra
o impacto das gotas de chuva; b) dispersão da água, interceptando-a e evaporando-a
antes que atinja o solo; c) decomposição das raízes das plantas que formando canículos
no solo, aumentam a infiltração da água; d) melhoramento da estrutura do solo pela
adição de matéria orgânica, aumentando assim sua capacidade de retenção de água; e)
diminuição da velocidade de escoamento da enxurrada pelo aumento do atrito na
superfície (GONÇALVES, 2002).
20

Não obstante, o papel da vegetação na conservação do solo é de grande importância e se


manifesta em diferentes aspectos. Em primeiro lugar a vegetação promove a dispersão
directa, a interceptação e a evaporação das gotas de chuva através das folhagens das
árvores e arbustos. O crescimento de uma vegetação densa funciona como um escudo
protector contra a violência do impacto da gota de chuva. Sob outro ponto de vista, a
penetração das raízes através do perfil do solo resulta no surgimento de numerosas
cavidades e tubos que promovem a infiltração.

 Relevo

O relevo é um factor natural que atua na determinação da velocidade dos processos


erosivos. De acordo com Ayres (1936), quanto maior a declividade do terreno, maior
será a velocidade do escoamento e haverá menos tempo para a absorção da água pelo
solo. A quantidade, ou volume, do escoamento também tem grande influência na
erosão, sendo este determinado, em função do tamanho e formato área de contribuição.

Desta feita, a declividade do terreno influencia tanto na velocidade como no volume de


água da enxurrada. Quanto maior o declive, maior a velocidade e o volume da
enxurrada, provocando maior erosão. Dessa forma, a velocidade de escoamento duplica
se a declividade for quadruplicada, quadruplicando também a capacidade erosiva da
água e aumentando de 32 vezes a quantidade de material que poderá ser arrastado e de
64 vezes o tamanho das partículas que poderão serem transportadas.

 Natureza do Solo

A erosão não é a mesma em todos os solos. As propriedades físicas, principalmente


estrutura, textura, permeabilidade e densidade, assim como as características químicas e
biológicas do solo exercem diferentes influências na erosão (GONÇALVES, 2002).

Os solos arenosos estão mais sujeitos à erosão, embora sejam mais permeáveis, são
normalmente muitos soltos, o que favorece o trabalho das águas. Solos bem
estruturados, com maior volume de macroporos, permeabilidade rápida, facilita
penetração da água (retenção), reduzindo o escoamento superficial e, com isso, o
processo erosivo.
21

1.2.7.2. Factores Antrópicos

O Homem tem actuado como agente acelerador dos processos erosivos, de modo que,
mesmo áreas naturalmente pouco susceptíveis têm apresentado sérios problemas de
erosão, como resultado de actividades como desmatamento, movimentação de terra,
actividades agrícolas e de mineração mal orientadas, entre outros (GONÇALVES,
2002).

Algumas actividades antrópicas podem ser citadas como as de maior influência para o
desencadeamento da erosão. São elas, a ocupação desordenada de encostas e fundos de
vale, a construção de barragens, os desmatamentos seguidos por queimadas e capinas,
agricultura e pecuárias descontroladas, abertura de valetas perpendiculares às curvas de
nível; aberturas de estradas sem obras de drenagem, execução descuidada de
loteamentos.

De salientar que a contribuição de todos estes factores concorrem para a ocorrência da


erosão quer na zona costeira quer no interior, causando assim a destruição física da
costa e de habitats.

1.3. Estudo de erosão do solo


O terreno possui um declive acentuado, agravante para o processo erosivo, apesar de
serem realizados cultivos em plantio directo, o exemplo da soja que teria sido colhida
recentemente, este solo sofre muita agressão, pois a sua rotação de cultura é feita com a
soja e batata. Com frequência, o cultivo da batata, é feito em solo de moderada à alta
declividade, que, sendo intensamente preparado, pode ser erodida, a cultura da batata
requer de um revolvimento do solo tornando vulnerável ao processo de erosão, o mesmo
não se reconstitui mesmo havendo a rotação de cultura com a soja em plantio directo,
segundo o técnico agrícola funcionário da Cooperativa Bom Jesus. O solo para o plantio
de batata é preparado por aração e gradagem. A aração visa enterrar os restos culturais,
controlar plantas daninhas e “cortar o solo”, revolvendo-o, tornando-o mais solto,
permeável, menos compactado (EMBRAPA, 2003).

Determinadas áreas de produção de batata na bacia do rovuma talvez possam ser


beneficiadas com o uso do preparo reduzido do solo ou do plantio directo da batata, para
minimizar a erosão e diminuir custos.
22

Pode haver menos gasto de combustível, modificação da temperatura do solo, controle


de determinadas espécies de plantas daninhas e de patógenos do solo, menos dispersão
de patógenos do solo, competição diferenciada pelos nutrientes e água, problemas com
patógenos do solo, entre outras vantagens e desvantagens. Foi realizada entrevista com
agricultores de grandes e pequenas propriedades, através de questionário, com objectivo
de conhecer melhor as propriedades rurais de alguns produtores do município, bem
como suas técnicas utilizadas na agricultura, o conhecimento sobre os processos
erosivos e a importância do cuidado com o solo.

1.3.1. Impacto das gotas de chuva

A capacidade das gotas de chuva de desprender partículas ou grupamentos de partículas


depende de dois factores, da energia cinética que elas atingem no movimento de queda e
das propriedades do solo. Quanto maior a energia cinética e menor a agregação entre as
partículas de solo, maior será o desprendimento. A partícula desprendida poderá seguir
dois caminhos, manter-se relativamente livre na superfície do solo e ser transportada
quando da ocorrência de fluxo superficial ou iniciar um movimento descendente através
dos poros do solo favorecendo, em certos casos, a sua colmatação e gerando as
chamadas crostas.

Esta formação de crosta está muitas vezes associada aos ciclos de molhagem e secagem
do solo, que fazem com que ele atinja elevadas densidades. Camapum de Carvalho
(1985) mostra que o fenómeno de retracção actuando em um solo desestruturado, como
seria, por exemplo, o caso de um solo preparado para o plantio, pode conduzi-lo a um
grau de compactação correspondente ao fornecido pela energia Proctor intermediário.

1.3.2. Agentes químicos

Com a actividade humana o solo sofre ao longo do tempo a acção de agentes químicos
atrelados a água de chuva, a água de irrigação, a água de esgoto, a efluentes de
mineração e industrial e a insumos agrícolas. Dependendo do tipo de solo a acção do
agente pode ser inibidora ou aceleradora do processo erosivo. Assim por exemplo, as
chuvas ácidas podem em certos solos, devido ao baixo pH, favorecer a floculação das
partículas de argila e contribuir para a maior resistência a erosão, em outros este mesmo
tipo de chuva poderá propiciar a destruição dos cimentos agregadores das partículas e
acelerar o processo erosivo ou de esqueletização.
23

1.3.3. Actuação das forças capilares ou de sucção

Antes da precipitação e do fluxo superficial, o solo encontra-se normalmente no estado


não saturado e portanto submetido a forças capilares e/ou de sucção. Neste caso o modo
como se dá a saturação poderá propiciar o desprendimento e a desagregação das
partículas de solo. Se um agregado ou uma dada massa de solo vê-se repentinamente
imersa em água, a capilaridade e/ou sucção faz com que a água penetre no seu interior
gerando uma pressão positiva na fase ar, que ao atingir a coesão do solo o rompe,
desagregando-o. A influência da humidade inicial do solo no processo de erosão é
analisada em maior detalhe por Bender (1985).

1.3.4. Actuação das forças cisalhantes oriundas do fluxo


O desprendimento das partículas de solo devido a autuação do fluxo se dá por
dois motivos: pela capacidade interactiva entre as moléculas de água e as partículas de
solo, e pela ocorrência de turbulência no fluxo. As moléculas de água ao se
movimentarem aplicam uma tensão cisalhante sobre as partículas de solo, que ao
ultrapassar a coesão e/ou as forças de atrito do solo, propiciam o desprendimento das
mesmas. Ainda, a turbulência que ocorre com o aumento da velocidade de fluxo
favorece tal desprendimento.

Normalmente a coesão é fruto das interacções electromagnéticas entre as partículas de


argila, nos solos cauliníticos, por exemplo, este parâmetro normalmente se situa entre 5
e 10 kPa. No entanto, nos solos tropicais e nos solos superficiais dois outros factores
contribuem para aumentar as forças de ligação entre as partículas, os cimentos e a
matéria orgânica, o que propicia a formação de agregações mais estáveis e o aumento da
coesão. Se nas argilas a tensão normal no contacto das partículas superficiais é
desprezível o mesmo não ocorre com os solos granulares que por sua vez são não
coesivos e apresentam maior ângulo de atrito que os solos argilosos.

As análises granulométricas com e sem o uso de defloculante e as microscopias de


varredura tem permitido constatar que as camadas mais superficiais de solos lateríticos
apresentam a maioria das partículas de argila agregadas nas fracções silte a areia fina,
ligadas entre si por óxidos ou hidróxidos de ferro e/ou alumínio ou por pontes de argila.
Estas camadas apresentam alta porosidade e consequentemente elevada permeabilidade.
Na actuação das forças cisalhantes na superfície do solo embora ainda se discuta se
deveria ser considerado o comportamento drenado ou não drenado, cabe destacar que a
24

viscosidade e qualidade do fluido são factores importantes no processo


(ARULANANDANETAL, 1975).

1.4. Métodos de prevenção


A melhor forma de combate ao problema da erosão, é a prevenção. As medidas
preventivas consistem da adopção de um planeamento prévio em qualquer actividade
ligada ao uso do solo. Conhecidos os principais processos erosivos desencadeados pela
acção da água torna-se mais fácil estabelecer medidas preventivas em meio rural, em
meio urbano e na execução de obras de engenharia tais como na implantação de
rodovias, aeroportos, hidrovias e lagoas de estabilização.

1.4.1. Prevenção de erosões em meio rural


A prevenção de erosões em meio rural, passa pelo planeamento do uso do solo.
Este planeamento deve compreender a análise conjunta da erosividade das chuvas,
incluindo-se aí o factor vento, da erodibilidade do solo e finalmente dos fautores
moduladores como tipo de cobertura vegetal existente e/ou de plantio, técnica de
manejo, e características geológicas, geomorfológicas, hidrológicas e hidrogeológicas.
Muitos desses factores são comuns a uma determinada região e como tal devem fazer
parte da política de orientação e preservação ambiental gerida pelo estado. De posse
dessa análise conjunta torna-se possível e necessário definir as áreas de plantio e de
preservação, as culturas apropriadas e as técnicas de manejo. A primeira e mais
frequente recomendação preventiva que se faz em meio rural é a do plantio obedecendo-
se as curvas de nível.
Efectivamente este é talvez o factor modulador de maior importância, mas
existem outros a serem considerados. Por exemplo, sabe-se que a desagregação do solo
torna-o mais erodível, logo é importante que se avalie o balanceamento químico, não
apenas em função das necessidades de cada cultura mas também analisando como ele
afectará a erodibilidade daquele material. O preparo do solo não pode se dar tão-
somente em função da maior produtividade de uma determinada cultura, é necessário
que essa produtividade e o custo dessa produtividade sejam avaliados dentro de um
contexto de longo prazo, no qual entre como componente importante a preservação do
solo. O problema de erosão pode e deve sempre ser analisado a luz da erosividade, da
erodibilidade do solo e factores moduladores. Assim por exemplo, para uma condição
de erosividade fixa, pode-se ter problemas mais ou menos sérios em função da
25

erodibilidade do solo, por sua vez esta erodibilidade é condicionada por exemplo pela
topografia local, pelo tratamento que se dá ao solo e pela técnica de plantio.

1.5.1. Prevenção de erosões em meio urbano

Segundo Fendrichetal. (1997) a etapa primordial para o controle de erosão, também


chamada de Projecto de Prevenção à Erosão Urbana, consiste no estabelecimento de
bases adequadas para a ocupação de espaços urbanos, de tal forma que se eliminem as
distorções existentes, para que o crescimento urbano não determine novos processos
erosivos.

1.5.2. Métodos de controlo


A necessidade de controlo dos processos erosivos advém da não adopção de
medidas preventivas ou da adopção de medidas preventivas inadequadas. É importante
destacar que o controlo de erosões é geralmente muito mais oneroso que a simples
prevenção, além do fato de que ao tornar-se necessário muitos danos quase que
irreparáveis já foram gerados, tais como o assoreamento de reservatórios e cursos de
água. O controlo de erosões e mais especificamente vem se constituindo em uma área
de grande importância dentro da Geotecnia, seria no entanto, pretensioso apresentar
soluções de controlo dentro de um enfoque puramente geotécnico.
A associação de conhecimentos e experiências multidisciplinares parece o
melhor caminho para o estabelecimento de técnicas preventivas e de controlo
apropriadas. A título de exemplo, se solicitado a um paisagista que especifique a
vegetação destinada a recobrir uma encosta que passou por problemas erosivos, é
provável que dentro de sua formação ele busque espécies que propiciarão um agradável
impacto visual. O agrónomo ou engenheiro florestal por sua vez, ao avaliar o clima e as
propriedades dos solos poderá restringir certas espécies ou fornecer ao solo, os
nutrientes necessários.
A princípio, tudo parece então resolvido, no entanto, por exemplo, o plantio de
espécies que retêm uma grande humidade no solo podem contribuir para futuras
instabilidades dessa encosta, devendo então recorrer aos conhecimentos geotécnicos.
Um outro aspecto que passa por uma análise ligada à geotecnia é a questão da demanda
de água de cada espécie e as condições de fluxo em taludes. No meio geotécnico, as
principais obras de controlo e recuperação de áreas atingidas compreendem:
26

 O disciplinamento do fluxo de água, tanto superficial como profundo através da


implantação de sistemas de drenagem;
 Obras de retaludamento;
 Revegetação;
 Obras de contenção de taludes;
 Obras de reaterro;
 Obras de barramento.
1.6. Impactos da Erosão Pluvial

A principal causa da degradação do solo em ambientes tropicais e subtropicais


húmidos é a erosão hídrica e as actividades que contribuem para o aumento das perdas
de solo. A erosão hídrica é um processo natural que acontece em escala de tempo
geológica. As actividades humanas tendem a acelerar esse processo a ponto de tornar
visíveis os seus efeitos. Naturalmente, sob condições climáticas adversas, como seca ou
excesso de chuvas, os resultados são dramáticos e chamam a atenção. Mesmo ocorrendo
em magnitude menores, a degradação das terras é ignorada até que eventos catastróficos
ocorram, a exemplo das inundações que seguiram o longo tempo de estiagem que
resultou na crise energética no ano 2001, causando elevados prejuízos à sociedade
brasileira. Uma área de terras degradadas faz com que as populações sejam forçadas a
tentar produzir em terras marginais, não aptas para lavouras ou pastagens, ou avancem
em direcção a terras mais frágeis multiplicando desesperadoramente a degradação,
(CASTRO FILHO et al., 2001; FREITAS etal., 2001).

Os danos ambientais causados pelo processo da erosão do solo, segundo Marques


(1998), podem ser enfocados sob duas formas: os internos (no âmbito da propriedade
rural) e os externos à área de produção agrícola ou local de origem. Os custos referentes
aos impactos externos são em geral maiores que os internos (normalmente envolvendo
apenas a quantificação das perdas de nutrientes pela enxurrada).

Entretanto, a valoração económica dos danos causados pela erosão é bastante


complicada, especialmente em Moçambique, devido às dificuldades em definir e
quantificar
27

Cronograma

Meses
Actividades Setembro Outubro Novembro Dezembro
Escolha do tema X
Revisão Bibliográfica X X X
Leitura e fechamento de obras X
Identificação do material X
Análise crítica do material
Elaboração do projecto de X X
pesquisa – 1ª parte
Elaboração do projecto de X X
pesquisa – 2ª parte
Apresentação do projecto X
Elaboração final do projecto
28

Conclusão

Nas condições do estudo, espera-se no decorrer do estudo haja respostas da questão e


objectivos de pesquisa, mediante as medidas que devem ser levadas a cabo para
mitigação da erosão pluvial no bairro de Murrapaniua, na cidade de Nampula. De
salientar que a erosão pluvial no bairro em estudo está relacionada ao aumento
populacional que mostra estar directamente ligado ao crescimento na demanda por
espaços para expansão da cidade de Nampula, associada ainda à ausência de
planeamento, que faz com que o desenvolvimento do bairro do Murrapaniua aconteça
de maneira desordenada, na maioria das vezes sobre terrenos que não têm a devida
capacidade de suporte, resultando em graves episódios erosivos em épocas chuvosas.
29

Referências Bibliográficas

BERTONI, J.; LOMBARDI, F. (1990). Conservação do solo. São Paulo.

LEPSCH, I. KAMIYAMA; F. (2011). Formação e Conservação dos Solos. São Paulo:


Oficinas de Textos.

OLIVEIRA, at al. (1987). Modelo para transporte de solutos no solo e no escoamento


superficial. 171 f. Tese (Doutoradoem Engenharia Agrícola) - Universidade Federal de
Viçosa.

SOUSA, I. (2008). Erosão. EMA, São Luís.

Você também pode gostar