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Silvana Kesrouani
Cinthia Vieira
Cassiana Gil Prates
serviço está inserido1.
Por mais comprometidas com a qualidade e segurança que sejam as
unidades de terapia renal substitutiva (TRS), elas podem acarretar eventos
adversos aos pacientes. Os pacientes portadores de doença renal crônica
(DRC) possuem características que os tornam mais vulneráveis à ocorrência
de incidentes em comparação com a população geral internada em ambien-
te hospitalar, sendo os principais fatores de risco associados ao estado crí-
tico de saúde decorrente de falência renal, instabilidade hemodinâmica, uso
de medicamentos (polifarmácia) e múltiplas comorbidades2.
Holley3, referindo-se a incidentes em diálise, relatou a taxa de um inciden-
te em 733 tratamentos, sendo que os incidentes mais comuns foram quedas,
erros de medicação e coagulação do sistema. Silver e cols.4 evidenciaram as
principais questões de segurança como sendo as seguintes: quedas, erros
de medicação (incluindo desvio de prescrição de diálise, reações alérgicas e
omissões de medicamentos), eventos relacionados ao acesso (coagulação,
infiltrados, fluxo sanguíneo pobre, canulação difícil, erros de dialisadores
relacionadosà sepse por equipamentos, excesso da perda de sangue ou
hemorragia prolongada).
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EPIDEMIOLOGIA DOS INCIDENTES RELACIONADOS À DIÁLISE 19
Confira no Capítulo 6 . Gerenciamento dos Incidentes de
Segurança do Paciente as quatro etapas fundamentais para
a construção de um sistema efetivo de gerenciamento.
Hemólise • Ácido peracético nas • Dor lombar • Usar teste reagente para detecção • Anemia essar tratamento
•C
linhas de sangue • Mal-estar de ácido peracético no sistema • I cterícia dialítico
• Alto conteúdo de cloro • Pressão no peito antes de conectar o paciente à esprezar o sistema
•D
na água tratada • Alteração na máquina com o sangue
• Solução de diálise coloraçãodo sangue • Realizar controle da composição einiciar a sessão de
•R
superaquecida química da água tratada diálise
• Orifício de agulha • Realizar controle da temperatura do olher exames para
•C
pequeno (17G) sob alto banho de diálise confirmação de potás-
fluxo de sangue • Realizar manutenção preventiva dos sio, HB e HT
equipamentos
Embolia gasosa • Ar no sistema de linhas • Observa-se espuma • Realizar manutenção preventiva dos • Passagem de ar •F echar clampe da
de sangue na linha venosa alarmes do detector de bolhas do VD em direção linha venosa e desligar
• Paciente com queixa • Manter detector de bolhas sempre ao VE podendo le- bomba de sangue
de falta de ar, tosse e ligado, com linha venosa ajustada var a embolização •A cionar atendimento
opressão torácica • Realizar monitorização visual redo- para o coração e de urgência
brada do circuito extracorpóreo cérebro •P osicionar o pa-
ciente em decúbito
lateral esquerdo em
Trendelenburg
SEGURANÇA DO PACIENTE EM SERVIÇOS DE DIÁLISE – ROTINAS E PRÁTICAS
• Instalar cateter O2
Risco Principais Causas Sinais e Sintomas Barreiras e Medidas Preventivas Complicações Ação Corretiva
Hipotensão • Peso seco mal • Baixa pressão arterial • Estar atento aos sinais e sintomas • Choque •R epor volume
arterial determinado • Náuseas e vômitos de hipotensão arterial • Atordoamento do • Interromper UF
• Retirada de volume • Sonolência • Monitoração regular dos sinais vitais coração •P osicionar paciente
em excesso em pouco • Taquicardia • Evitar uso de hipotensor pré-diálise • Maior chance de em Trendelenburg
tempo • Definir e monitorar peso seco angina e infarto •R edefinir peso seco
• Uso de hipotensores • Evitar ingestão de alimento durante
• Incapacidade de a sessão de HD
vasoconstricção • Manter solução de diálise com
• Baixo débito cardíaco temperatura de 35,5°C ou 0,5-1,0°C
(arritmias, isquemia abaixo da temperatura axilar do
miocárdica) paciente
• Vômitos após
alimentaçãodurante a
hemodiálise
Arritmias • Fatores inerentes • Taquicardia • Controlar o fluxo da bomba de • Baixo débito •R evisar uso de
ao estado clínico do • ACFA sangue cardíaco antiarrítmico
paciente • Bradicardia • Atentar para o tratamento da doen- • Necessidade de •C orrigir anemia
• Hipotensão arterial • Fraqueza ça cardíaca de base cionar atendimento
interromper a ses- • A
• Miocardiopatia dilatada • Falta de ar • Dispor de um check list prévio à diáli- são de hemodiálise de urgência
• Idade avançada • Outros se (avaliação das condições clínicas)
• Distúrbio • Atentar para as primeiras sessões
hidroeletrolítico da semana
PCR • Hipotensão grave • Perda repentina de • Dispor de check list para admissão • Internação cionar atendimento
•A
• Arritmia consciência, débito (em cada sessão) hospitalar de urgência
• Embolia gasosa cardíaco e respiratório • Dispor de alarmes de pressão • Óbito
• AVC arterial e venosa em máquinas de
• Distúrbio diálise conectados
hidroeletrolítico • Atentar para as primeiras sessões
da semana
• Atentar para o potássio do dialisato
EPIDEMIOLOGIA DOS INCIDENTES RELACIONADOS À DIÁLISE
Observação: os fatores de risco mais importantes para a aquisição de HCV em pacientes em diálise incluem transfusões de sangue e maior
tempo em diálise. Fatores de risco adicionais são: uso de medicações endovenosas e história de transplante renal. O risco relacionado à
diálise está ao redor de 2%, variável conforme os países. A transmissão relacionada a trabalhadores na área de saúde pode ser erradicada
com a adesão completa de procedimentos preventivos destinados a prevenir a transmissão por germes de corrente sanguínea6.
EPIDEMIOLOGIA DOS INCIDENTES RELACIONADOS À DIÁLISE
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Tabela 4.2 Incidentes relacionados ao acesso vascular (cateteres e fístulas).
Sinais e
Risco Principais Causas Barreiras e Medidas Preventivas Complicações Ação Corretiva
Sintomas
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Retirada • Fixação inadequada • Perda • Atentar para os movimentos do • Dependendo da • Prestar assistência e
acidental • Falta de cuidado do significativa paciente quantidade de definircuidados (colher
de cateter paciente de sangue • Orientar o paciente quanto aos sangue, anemia HB e HT de urgên-
• Falta de atenção do • Perda de cuidadoscom CDL na residência e na e necessidade cia, necessidadede
profissionalno manejo acesso unidade de diálise de reposição de internação etc.)
do cateter • Fixar corretamente o sangue •A valiar e repassar CDL-LP
CDL-CP nos casos de pacientes
que não tenham acesso
vascular definitivo (FAV
em maturação)
Obstrução • Cateter dobrado • Baixo • Heparinizar acesso conforme protocolo • Diálise com valiar e trocar cateter se
•A
do acesso • Heparinização inadequada fluxo na • Dispor de rotinas sistematizadas para baixa eficiência necessário
sessão de manuseio de acessos • Risco de evisar heparinização
•R
hemodiálise infecção por
manipulação
• Perda de sessão
de hemodiálise
Hematomas • Deslocamento das agulhas •D or no local • Desenvolver um programa de • Infecção de •R ealizar compressão no
(FAV) durante a sessão de da punção capacitação periódica hematoma local
hemodiálise • Pressão • Atentar para que as primeiras punções • Necessidade • Colocar compressa de gelo
• Transfixação do vaso por venosa da FAV sejam realizadas somente pelo de passagem •S uspender hemodiálise
punção incorreta e/ou alta na enfermeiro de cateter para •R evisar dose de heparina
acesso difícil de punção máquina de • Escolher calibre da agulha de acordo dialisar • Revisar medicamen-
• Paciente agitado durante a hemodiálise com o tamanho do acesso • Perda de acesso tos de uso crônico:
sessão de hemodiálise • Inchaço no • Ajustar limites de pressão venosa para AAS, clopidogrel,
local alarme (ajuste estreito) anticoagulação oral
Estenose • Uso prolongado do cateter • Baixo fluxo • Passar CVC preferencialmente em veia • Diálise com • Avaliar e trocar cateter se
de vasos • Localização do cateter na bomba jugular direita baixa eficiência necessário
SEGURANÇA DO PACIENTE EM SERVIÇOS DE DIÁLISE – ROTINAS E PRÁTICAS
exercícios)
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Tabela 4.3 Incidentes relacionados à assistência.
Sinais e
Risco Principais Causas Barreiras e Medidas Preventivas Complicações Ação Corretiva
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Sintomas
Queda do • Fatores ambientais (piso, • Desde • Instituir um Protocolo de Prevenção de • Desde leve • Prestar
paciente degraus, escada sem quedas sem Quedas até internação assistência
corrimão e antiderrapante) intercorrências • Atender à RDC-50 por fraturas, imediata de
• Fatores relacionados ao até fraturas • Manter piso seco traumatismo acordo com o
estado clínico (medicamentos • Identificar pacientes com risco cranioencefálico grau de dano
em uso, diminuição da • Verificar PA em posição ortostática e óbito decorrente da
acuidade visual, alteração • Desenvolver um programa de queda
da marcha, mobilidade física capacitação periódica para profissionais
prejudicada, estado mental • Desenvolver um programa de educação
alterado, doença mineral para pacientes e familiares
óssea)
• Hipotensão arterial
EA • Desconhecimento da ão se aplica
•N • Disponibilizar um manual de interação • Intercorrências • Corrigir a
relacionado à interação medicamentosa se o erro for medicamentosa e de ajuste de doses na clínicas prescrição
prescrição de • Falta de atenção corrigido antes unidade médica
medicamento • Erro na prescrição do da dispensação • Manter rotina sistemática de reconci-
medicamento (troca), na dose liação medicamentosa, na admissão,
ou do paciente periodicamente, e nas transições entre
serviços de saúde e após hospitalizações
• Realizar avaliação farmacêutica
• Dispor de um sistema de prescrição
eletrônica
EA • Troca de medicamento ou esde sem
•D • Instituir Protocolo de Uso Seguro de • Desde leve • Prestar assis-
relacionado à paciente manifestação até Medicamentos até choque tência imediata
administração • Administração de danos graves, • Capacitar profissionais nos 5 certos, anafilático ao paciente
de medicamento em via, horário incluindo óbito relacionados ao uso de medicamentos conforme o
medicamento ou dose errada grau de dano
Reação • Administração de esde lesão de
•D • Identificar o paciente alérgico na folha de • Desde lesão de • Prestar
alérgica medicamento ao qual o pele até quadro controle de sessão de diálise pele até quadro assistência
paciente se diz alérgico de anafilaxia • Manter obstáculos ao uso de de anafilaxia imediata ao
SEGURANÇA DO PACIENTE EM SERVIÇOS DE DIÁLISE – ROTINAS E PRÁTICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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