Você está na página 1de 2

Quais as consequências de uma decisão de inconstitucionalidade de

uma norma legal?


Depende das situações em causa e do tipo de apreciação da constitucionalidade
requerida:
 Se a inconstitucionalidade for conhecida e decidida no âmbito de um caso
pendente noutro tribunal (fiscalização concreta), a decisão de
inconstitucionalidade emitida pelo Tribunal Constitucional torna-se obrigatória
naquele processo. Este baixa ao tribunal de onde veio, a fim de este alterar a
decisão antes proferida, em conformidade com o julgamento sobre a questão
da inconstitucionalidade.
 Se a inconstitucionalidade for conhecida e declarada na sequência de um
pedido de fiscalização com alcance geral (fiscalização abstrata), há que
distinguir várias situações, dependendo do momento e dos termos em que a
declaração de inconstitucionalidade tenha sido pronunciada.
 Tratando-se de normas constantes de diploma cuja aprovação ainda não esteja
ultimada (fiscalização preventiva), se o Tribunal Constitucional se pronunciar
pela sua inconstitucionalidade, o diploma deve ser vetado pelo presidente da
República ou pelo representante da República (no caso das Regiões
Autónomas) e devolvido ao órgão que o tiver aprovado. Neste caso, não pode
haver promulgação ou assinatura sem que o órgão competente expurgue a
norma ou normas julgadas inconstitucionais ou, quando for caso disso, o
confirme por maioria de dois terços dos deputados presentes, desde que
superior à maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções.
Se o diploma vier a ser reformulado, o presidente da República ou o representante da
República, conforme os casos, podem tornar a requerer a apreciação preventiva da
constitucionalidade de qualquer das suas normas.
Caso o Tribunal Constitucional se pronuncie pela inconstitucionalidade de uma norma
constante de tratado, este só pode ser ratificado se a Assembleia da República o
aprovar por maioria de dois terços dos deputados presentes, desde que superior à
maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções.
No que se refere a normas constantes de diplomas já em vigor, a declaração de
inconstitucionalidade com força obrigatória geral produz efeitos desde a entrada em
vigor da norma declarada inconstitucional ou ilegal e determina a reposição das
normas que eventualmente hajam sido revogadas por aquela declaração.
Tratando-se de inconstitucionalidade por infração de norma constitucional posterior à
entrada em vigor do diploma, a declaração só produz efeitos desde a entrada em vigor
da norma constitucional em causa.
No entanto, o Tribunal Constitucional tem poderes para fixar os efeitos da
inconstitucionalidade ou da ilegalidade com alcance mais restrito, por razões de
segurança jurídica, razões de equidade ou interesse público de excecional relevo, mas
tem de fundamentar esta decisão.
Ficam também ressalvados os efeitos das decisões anteriormente proferidas pelos
tribunais em termos definitivos, salvo decisão em contrário do Tribunal Constitucional,
quando a norma considerada inconstitucional respeitar matéria penal, disciplinar ou
de ilícito de mera ordenação social e for de conteúdo menos favorável ao arguido.
Cumpre referir que o Tribunal Constitucional aprecia e declara ainda, com força
obrigatória geral, a inconstitucionalidade de qualquer norma, desde que tenha sido
por ele julgada inconstitucional em três casos suscitados em processos concretos
(fiscalização concreta).

Você também pode gostar