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INTRODUÇÃO

Antes de iniciarmos qualquer pensamento a cerca da Aliança, das Alianças ou até mesmo da
Restauração da Aliança, precisamos entender como todas as coisas foram estabelecidas e como
D-US na sua infinita bondade decidiu trabalhar em conjunto com o Homem, nessa grande
empreitada chamada Humanidade.
D-US não projetou o Homem para ser um empregado e trabalhar “PARA” D-US, HASHEM sonhou
com o Homem, mais como um amigo, um apoiador e um ajudador, que seria totalmente
dependente de D-US.
Aqui o intento de D-US, sempre foi que o Homem trabalhasse “COM” D-US e não “PARA” D-US,
observe:

“Havendo, pois, o Senhor HASHEM formado da terra todo o animal do campo, e toda a ave
dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a
toda a alma vivente, isso foi o seu nome.” – GENESIS 2 ; 19.

Veja que D-US criou os animais e deu a incumbência a Adão de nomeá-los... Ou seja, não foi
“PARA” D-US, mas “COM” D-US.

“Então disse HASHEM a Noé: O fim de toda a carne é vindo perante a minha face; porque a
terra está cheia de violência; e eis que os desfarei com a terra. Faze para ti uma arca da
madeira de gofer; farás compartimentos na arca e a betumarás por dentro e por fora com
betume.
E desta maneira a farás: De trezentos côvados o comprimento da arca, e de cinqüenta
côvados a sua largura, e de trinta côvados a sua altura. Farás na arca uma janela, e de um
côvado a acabarás em cima; e a porta da arca porás ao seu lado; far-lhe-ás andares, baixo,
segundo e terceiro. Porque eis que eu trago um dilúvio de águas sobre a terra, para desfazer
toda a carne em que há espírito de vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra expirará.”
– GENESIS 6; 13 – 17.

Veja que D-US planeja a planta da ARCA, mas é Noé que a constrói. Não “PARA” D-US, mas
“COM” D-US.

Sendo assim, notamos que todo intento da criação, sempre foi estabelecer uma relação de
proximidade entre o Homem e D-US, e sempre no sentido de que o Homem dependeria

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exclusivamente de D-US para tudo e todas as coisas, sempre trabalhando juntos. Sempre o
Homem seguindo os passos de D-US.

“Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém, dizendo: Assim diz o Senhor: Lembro-me de ti, da
piedade da tua mocidade, e do amor do teu noivado, quando me seguias no deserto, numa
terra que não se semeava.” – JEREMIAS 2; 2.

ESTABELECIMENTO DA ALIANÇA
HASHEM em sua infinita bondade e graça, decide fidelizar essa parceria com o Homem e
estabelece “UMA ALIANÇA ETERNA” com o Homem, e essa ALIANÇA vai se perpetuando ao
longo das gerações, e infelizmente vai sendo muito mal interpretada pelas vertentes teológicas
modernas, abaixo algumas dessas interpretações que vão se perpetuando ao longo dos anos.

ALIANÇA EDÊNICA – Aliança de HASHEM com o Homem no ÉDEN.


ALIANÇA ADÂMICA – Aliança de HASHEM e ADAM após a saída do ÉDEN.
ALIANÇA NOÊMICA/NOAICA – Aliança de HASHEM e NOACH pós dilúvio.
ALIANÇA ABRAÂMICA – Aliança de HASHEM com AVRAAM, estabelecimento da BRIT MILÁ
(Circuncisão).
ALIANÇA MOSAICA – Aliança de HASHEM com MOSHÊ no SINAI, entrega da LEI.
ALIANÇA DAVÍDICA – Aliança de HASHEM com a Casa de DAVI
NOVA ALIANÇA EM CRISTO – Restauração do Tabernáculo caído de DAVI.

A ALIANÇA ETERNA

Vamos estudar as sete alianças para conhecer o Plano Único de D-US de firmar Uma “ÚNICA”
Aliança Eterna conosco. Desta forma podemos compreender melhor o seu alvo final e nos
encaixar nele. Através de estudar as supostas e divididas sete alianças, obteremos uma visão de
águia, uma vista panorâmica de todo o plano de HASHEM. Assim veremos a Bíblia não como
uma coletânea de ensinos, histórias e palavras disjuntas, mas como um PLANO PERFEITO e
HERMONIOSO que caminha para uma única consumação final. Vamos examinar algumas
passagens que mostram a aliança eterna como alvo final de todas as alianças que HASHEM fez
com o homem.

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Gn 9.16. HASHEM está falando com Noé que o arco-íris o faria lembrar de sua aliança eterna
com o homem. Nesta passagem HASHEM está fazendo uma aliança específica com Noé para
não destruir mais a terra com água. Mas representa o desejo de HASHEM de ter um pacto
permanente com o homem.

Gn 17.7,13,19. Quando HASHEM fez sua promessa a Abraão, ele disse que seria uma aliança
perpétua, com a descendência de Abraão para sempre. HASHEM é fiel às suas promessas
específicas, mas vemos atrás deles o desejo de HASHEM de firmar um compromisso ou aliança
permanente com seu povo.

Lv 24.8. Os pães da proposição representam uma aliança perpétua também. HASHEM promete
nos prover de alimento todos os dias, alimento espiritual que nunca faltará ao seu povo.

Nm 18.19. A aliança perpétua do sustento dos sacerdotes que ministravam diante de HASHEM.
HASHEM faz provisão dotes que ministravam diante de HASHEM. HASHEM faz provisão para
os seus servos que deixam outras coisas para viver para ele. HASHEM não faz alianças de
qualquer maneira. Até pequenos detalhes ele promete e firma de maneira permanente. Ele
quer um relacionamento firme, uma aliança duradoura, não algo esporádico ou sem
compromisso.

2 Sm 23.5. HASHEM fez uma aliança com Davi também, de edificar a sua casa através da sua
descendência que estaria para sempre no seu trono. Era uma aliança específica que HASHEM
guardou, mas falava da mesma aliança eterna que HASHEM sempre ansiava firmar com seu
povo.

1 Cr 16.14-17. Davi está cantando da promessa dada a Abraão, Isaque e Jacó, que se estende
a todo o seu povo, e que fala da aliança perpétua ou eterna.

Is 24.5. Os homens quebram a aliança eterna porque desprezam a graça e o amor de HASHEM.

Is 55.3. HASHEM deu uma promessa incondicional a Davi. A descendência de Davi podia falhar
mas HASHEM não falharia. De fato, Jesus, filho de Davi, sentou-se no trono para sempre.
Recebemos através de Jesus as fiéis beneficências de Davi, quando cremos na sua promessa.

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Jr 32.38-40. HASHEM prometeu operar no coração do homem para tornarlhe impossível se
separar de HASHEM, ou HASHEM do homem. Esta é a aliança eterna. HASHEM nunca cessará
de fazer o bem para o homem. Será uma aliança indissolúvel.
Ez 37.26-28. Vemos aqui a morada permanente de HASHEM com seu povo. A aliança eterna
ou a nova aliança está bem clara no Velho Testamento. Não poderia haver uma descrição
melhor da aliança eterna do que esta que encontramos aqui.

Hb 13.20,21. Temos aqui a aliança eterna no sangue de Jesus, prefigurada por todas as outras
alianças anteriores. Vemos então que as sete alianças que estudaremos através da Bíblia
inteira falam do propósito singular de HASHEM de firmar uma alianças eterna com seu povo.
A separação entre HASHEM e o homem acabará para sempre e estaremos ligados
eternamente com ele em perfeita comunhão.

A PRIMEIRA ALIANÇA - A ALIANÇA EDÊNICA

1. Amizade (comunhão com HASHEM).


Este é o primeiro ponto desta aliança que HASHEM fez com o homem no jardim de Éden. É a
base de tudo, pois foi o propósito de HASHEM em criar o homem (Gn 1.27). O homem foi criado
na imagem de HASHEM a fim de ter base para ter amizade com HASHEM. Não é possível ter
comunhão com criaturas de natureza diferente. O homem não pode ter amizade ou comunhão,
no verdadeiro sentido da palavra, com animais como cachorros ou cavalos. Para ter amizade e
comunicação, tem que ter a mesma natureza. HASHEM quer se relacionar com pessoas que
tenham a mesma forma de pensamento e funcionamento. Em Gênesis 3.8 vemos como era o
costume de HASHEM vir à tardinha para conversar com o homem. Era numa hora marcada, com
um propósito definido de ter comunhão, de saber como foi o dia. Conversavam sobre o que
estavam pensando ou o que tinham feito.

2. Multiplicar-se e encher a terra.


HASHEM queria que o homem em comunhão com ele enchesse a terra para dominar a criação
como representante de HASHEM (Gn 1.28). Ele seria como HASHEM na terra, seria o seu
representante, não um ser autossuficiente. O homem hoje quer ser HASHEM na terra e dominá-
la independentemente de HASHEM, não como instrumento dele. Os dois propósitos de HASHEM
para o homem são que este o expresse pela sua imagem e o represente pela sua autoridade.
Sem estar na imagem de HASHEM, o homem não o pode expressar e nem exercer sua

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autoridade. HASHEM quer ser revelado na terra, não por ele mesmo aparecer, mas pela
instrumentalidade do homem. E HASHEM quer governar a terra através do homem também. Na
aliança Edênica vemos o propósito original de HASHEM para o homem. Embora não fosse
realizado naquela época por causa da queda do homem, este propósito é o alvo imutável de
HASHEM e será realizado ainda. Haverá uma expressão da imagem de HASHEM na terra através
do homem, e isto trará o governo de HASHEM. O homem na imagem de HASHEM governará
toda a criação.

3. Nu e Inocente.
O homem ficava nu, sem preocupação ou vergonha, até o dia em que pecou (Gn 2.25). Foi então
que sentiu sua nudez e se escondeu. É a primeira vez que apareceu medo na Bíblia. Medo é algo
horrível, e no fim leva para o lago de fogo (Ap 21.8). O fato de ficarem envergonhados provou
que tinham tomado do fruto proibido. Antes tinham o resplendor da glória de HASHEM e não
se preocupavam consigo mesmos. Tinham a cobertura de HASHEM e não se sentiam
descobertos nem desprotegidos. Quando a perderam a primeira reação foi esconder-se de
HASHEM. O resultado de conhecer o bem e o mal foi que se tornaram autoconscientes, e
perderam a inocência de criança que tinham antes. Tiveram que usar peles de animais, à custa
de sangue, abaixando-se assim para outro nível. Agora o homem se preocupa consigo mesmo,
e nasceu assim a vaidade com roupas artificiais. No fim, porém, o homem será revestido da
glória de HASHEM outra vez.

4. Alimentação - Ervas e Frutas.


Esta era a alimentação dada por HASHEM tanto a homem como a animal (Gn 1.29). Não havia
morte de outros animais ou homens para prover a alimentação. Não havia guerra entre a
criação.

5. Serviço - cultivar e guardar o jardim.


Havia serviço, mas não era serviço difícil, pois o suor e trabalho árduo só vieram depois da queda.
Não é bom ficar à toa. Há pessoas que fazem uma ideia do paraíso como um lugar sem nada
para fazer - descanso eterno. Mas no jardim do Éden havia muita coisa para fazer. Não era um
serviço de dor e fadiga, mas a vida de comunhão com HASHEM envolve muita atividade sadia e
criativa. Não sabemos em detalhes o que era este serviço, pois parece que não havia ervas
daninhas, espinhos nem abrolhos. Sabemos que não era uma coisa pesada ou desagradável, mas
uma atividade construtiva e sadia.

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6. Proibição - comer da árvore do conhecimento do bem e do mal.
Havia uma ordem, uma lei - não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal
(Gn 2.16,17). HASHEM colocou duas árvores especiais no jardim. Uma era a árvore da vida, que
segundo HASHEM ficava no meio do jardim (Gn 2.9). A outra era a árvore do conhecimento do
bem e do mal, que para a mulher ficava no meio do jardim (Gn 3.3). Vemos, então, que esta
aliança tinha uma condição bem definida, algo que o homem teria que cumprir. A aliança tinha
direitos, privilégios e a promessa de vida eterna através da árvore da vida, mas tinha uma
condição que determinaria tudo o mais.

7. Uma Escolha: Obediência ou morte.


O homem podia escolher entre guardar ou não a condição desta aliança. Mas a pena de não
guardar era a morte (Gn 2.17). Temos aqui a primeira revelação da lei da HASHEM. "Não faça
isto, pois se fizer certamente morrerá." A lei traz morte. Porém, tornou-se necessário introduzir
a lei por causa da primeira crise, a queda de Satanás.

A SEGUNDA ALIANÇA - ALIANÇA ADÂMICA

1. Inimizade com a serpente e a promessa do Salvador (Gn 3.15).


Esta é a primeira promessa messiânica na Bíblia. A primeira aliança foi feita com o homem antes
do pecado no jardim Éden. Agora a segunda aliança veio por causa da crise provocada pelo
pecado e desobediência do homem. A primeira aliança foi quebrada e a segunda agora é uma
aliança bastante negativa. A primeira foi quase toda positiva, cheia de luz, comunhão com
HASHEM e um jardim em perfeição. Só tinha a lei que trouxe a morte. Agora a segunda aliança
é cheia de coisas negativas, que são as consequências do pecado. Porém, apesar de tudo isso,
esta aliança tem algo muito importante que é a primeira promessa do Salvador. A primeira
aliança tinha a lei com sua consequências de morte, mas a segunda aliança tem a promessa da
graça que viria para solucionar a lei e a morte. O descendente da mulher que introduziu o
pecado, esmagaria a cabeça da serpente. Este descendente é Jesus que venceu sobre Satanás.
Satanás sempre estará perseguindo o homem e ferindo o seu calcanhar, porém sem resultados
mortais. A vitória definitiva é do homem Jesus que esmagou a cabeça da serpente.

2. Multiplicação com dores e domínio da mulher (Gn 3.16).

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Agora não é multiplicação para o fim de dominar a terra para HASHEM. A tarefa agora é dominar
a mulher! Num sentido o propósito original de HASHEM continua através da multiplicação do
homem para expressá-lo na terra, e forma-se assim um paralelo com a primeira aliança. Mas
como consequência do pecado, as condições são radicalmente mudadas. Ao invés de
multiplicarem-se como um processo natural da vida, o homem e a mulher vão se multiplicar
com dores. Ao invés de serem companheiros na tarefa de dominar o mundo para HASHEM, o
homem terá que lutar para dominar a mulher. E evidentemente isto o impedirá em grande parte
de se dedicar a sujeitar o mundo, pois ele terá que se ocupar primeiramente com o governo do
seu próprio lar.

3. Vestido e com vergonha (Gn 3.21).


Já não estava mais no estado de inocência. Terá agora que usar roupa, e ao mesmo tempo
conviver com outra consequência do pecado que é o senso de vergonha.

4. Alimentação: pão (Gn 3.19).


Na primeira aliança, o alimento do homem era ervas e frutas. Agora seria pão. Podemos ver uma
progressiva queda do homem que se reflete na sua alimentação. Pão era menos natural e exigia
maior esforço humano. Note que não podemos desfazer os efeitos de pecado sobre a
humanidade, no sentido de voltar ao estado de nu e inocente, ou de ter uma alimentação de
frutas e ervas, assim como não podemos evitar a dor de dar a luz. São todas consequências da
aliança que HASHEM fez com o homem e serão desfeitas somente no dia em que a nossa
redenção for completa (a volta de Jesus).

5. Serviço: com suor e fadiga (Gn 3.17-19).


Não só foi mudado o tipo de alimentação, mas também a forma de conseguir o alimento. Antes
era só apanhar a fruta; agora teria que trabalhar com suor e fadiga.

6. Proibição: comer da árvore da vida (Gn 3.22).


Agora que já tinham comido do fruto proibido, perderam o direito de comer da árvore da vida
que antes estava à sua disposição. Se comessem desta árvore agora viveriam eternamente como
pecadores. Seriam como Satanás, eternamente condenado, sem possibilidade de
arrependimento. Por isto HASHEM proibiu de comer dessa árvore. Ele nem completa a frese no
v.22, de tão terríveis que seriam as consequência, mas expulsa o homem e a mulher e coloca
guardas para evitar qualquer possibilidade de acontecer tal coisa.

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7. Exílio e Morte (Gn 3.23,24).
Este é o triste fim de uma aliança negativa. São as consequências finais e drásticas do pecado.
Todas as condições e todos os itens desta aliança são negativos e terminam com o afastamento
do homem da presença de HASHEM. Seria uma aliança sem esperança, não fosse a promessa,
no primeiro item, de um Salvador que no fim resgataria o homem dessa condição
desesperadora, e venceria sobre o inimigo mortal, Satanás.

A TERCEIRA ALIANÇA - A ALIANÇA NOÊMICA OU NOAICA

Depois da aliança Adâmica, a humanidade se aprofundou progressivamente nas consequências


do pecado. Quando chegou num ponto máximo de desenvolvimento (Gn 6. 1-4), HASHEM não
suportou mais, e até se arrependeu de ter feito o homem (Gn 6:5,6). Resolveu mandar um
dilúvio e destruir da face da terra o homem que criara, salvando apenas Noé e a sua família, pois
Noé achou graça aos olhos do Senhor. Depois do dilúvio, HASHEM firmou uma aliança com Noé.

1. Não haverá mais dilúvio (Gn 9.8-11).


HASHEM destruiu a humanidade de então, mas prometeu nunca mais o fazer através de água.
HASHEM viu que a imaginação do homem é má continuamente, e que o problema está no
coração dele. Ele sabia que embora Noé houvesse achado graça aos olhos do Senhor, seus
descendentes continuariam se corrompendo. A única solução seria destruir os homens
totalmente, mas este não era o seu plano. Apesar de ter purificado a terra temporariamente, e
preparado o caminho para prosseguir no seu plano, a água não podia lavar a terra ou o homem
da sua maldade. Então HASHEM prometeu nunca mais destruir a terra com água. Com isto ele
estava mostrando que a terra se encheria novamente de pecado e que haveria perigo de ser
destruída, mas que ele não o faria com água. Sabemos, através de outras passagens (Is 66.16; 2
Ts 1.7,8; 2 Pe 3.3- 13), que no fim HASHEM vai destruir o mundo com fogo. O dilúvio foi um
alerta, uma sombra e uma preparação para essa destruição final. Se HASHEM inundou o mundo
uma vez com água literal, ele há de batizar o mundo com fogo literal também. Se andarmos com
HASHEM agora e acharmos graças aos olhos de HASHEM, se abraçarmos o fogo do Espírito e
deixarmos que ele queime tudo que é destrutível, então seremos protegidos no meio deste
batismo, assim como Noé foi. Mas o primeiro item da aliança com Noé foi a promessa de nunca
destruir o mundo com água. HASHEM estava dando estabilidade para a humanidade.

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2. O sinal da aliança: o arco-íris (Gn 9.12,13).
Esta é a primeira aliança em que HASHEM deu um sinal definido para confirmar e selar o seu
acordo. O arco-íris é produzido pela combinação de fogo do sol (luz) e água da chuva. O arco-íris
aparece no trono de HASHEM (Ez 1.26-28; Ap 4.2-5), e suas cores falam da variedade de
HASHEM, diversidade na unidade da luz perfeita. O arco-íris é um sinal da aliança de HASHEM
com Noé, e sempre nos causa alegria ao vê-lo e lembrar da fidelidade da promessa de HASHEM.

3. Estações permanentes (Gn 8.22).


Enquanto a terra durar, sempre haverá as estações. Isto é uma consequência de não destruir
mais a terra com dilúvio. As mudanças de tempo serão de acordo com épocas certas. HASHEM
não vai permitir que estas épocas falhem. Haverá estabilidade de acordo com a fidelidade de
HASHEM, até o fim. A segurança de HASHEM para nós é que HASHEM não vai permitir que nada
se altere até chegar o fim de todas as coisas. O ritmo da vida não vai mudar. Haverá catástrofes
regionais, mas não mundiais. Por causa dessa estabilidade muitos não creem em HASHEM, nem
no fim do mundo, mas na permanência das leis imutáveis da natureza. Mas um dia haverá outra
catástrofe. É só por causa da aliança com Noé que tudo ainda está em ordem.

4. Multiplicar-se e encher a terra (Gn 9.1).


Pela terceira vez encontramos a ordem de multiplicar-se e encher a terra. Cada vez está num
contexto um pouco diferente. Desta vez está no contexto de guerra, como veremos um outro
item. Não fala nada sobre dominar a terra. Só ficou a família de Noé, e eles vão encher a terra,
mas fora do contexto de comunhão com HASHEM.

5. Alimento: carne de animais (Gn 9.2,3).


A alimentação do homem vai mudando de acordo com sua queda progressiva. Agora sua
alimentação pode incluir carne de animais, não só alimentos de origem vegetal. Foi HASHEM
que concedeu isso ao homem, mas é um sintoma da condição dele e do clima que vai reinar na
criação. Vai haver agora inimizade, guerra e medo entre homem e animal, entre animal e animal,
e entre homem e homem. Vai haver guerra, medo e doença. A terra se encherá de violência,
guerra e crime porque se encherá de pessoas sem comunhão com HASHEM.

6. Proibição: Não comer sangue (Gn 9.4-6).

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HASHEM deu a carne para o homem comer, mas não o sangue porque a vida está no sangue.
HASHEM não queria que o homem recebesse a vida dos animais. Isto mostra que o sangue era
um figura já da Nova Aliança, e que HASHEM queria reservar o ato de comer sangue para o
sangue do seu Filho, que transmitiria a verdadeira vida. Se a vida está no sangue, não devemos
receber a vida de animais, mesmo que estes sejam usados como figuras expiatórias. Só podemos
tomar o sangue de Jesus, o Filho de HASHEM. É uma proibição, mas ao mesmo tempo uma
promessa, pois não se devia comer sangue, por causa do sangue que nos seria dado na Nova
Aliança.

7. Medo e Guerra (Gn 9.2).


Esta é a condição social que predominaria, e que continua até hoje. A história do homem é uma
história de guerras, com intervalos de paz. Toda a criação está em guerra e desarmonia. Então
esta também é uma aliança bastante negativa, pois são as condições e regras que HASHEM deu
para uma humanidade em declínio progressivo. O dilúvio foi apenas uma figura da destruição
que vai purificar o mundo, mas não mudou o coração do homem. Mas esta aliança também tem
aspectos positivos, a fidelidade de HASHEM revelada pelo arco-íris, e a promessa do sangue que
nos dará vida e verdadeiro alimento.

A ALIANÇA ABRAÂMICA

Os primeiros três itens da aliança Abraâmica se relacionam com a promessa que HASHEM fez a
Abraão em Gênesis 12.1-3, e os trataremos juntos.

1. A Terra. HASHEM falou com Abraão: "Sai da tua terra e vai para uma terra que te mostrarei,
uma terra que ainda não conheces".

2. O Povo. Ele também falou: "Sai do teu povo, e eu farei de ti uma grande nação". Ele teria
que deixar sua terra, mas ganharia outra, e sair do seu povo, porém para HASHEM começar
através dele uma nova nação.

3. Pai de muitas nações. "Em ti serão benditas todas as famílias da terra".

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Estes três pontos são fundamentais para a aliança Abraâmica e para todo o plano subsequente
de HASHEM na terra. As boas novas estão escondidas nesta aliança, mas queremos entender
por que a promessa do descendente que abençoaria todas as famílias da terra está liga aos
primeiros dois itens da terra e do povo. Mentalmente, nós do Ocidente, somos mais
descendentes dos gregos do que dos juHASHEM. Gostamos mais de ideia, filosofias, teorias e
teologias do que da ligação prática com a terra. Os juHASHEM estão preocupados com a terra.
Herdaram uma tradição de ser um povo especial de HASHEM com direito a uma terra especial.
E sem esta terra eles nunca se sentem completos ou realizados. Para nós, com toda a tradição e
metodologia grega, o evangelho fala de algo espiritual. Pensamos, discutimos, desenvolvemos
teorias, discordamos uns dos outros e esperamos ir embora para um lugar espiritual, onde
corpos e matérias não têm sentido. Porém, o plano de HASHEM com Abraão começou com uma
terra específica. Por quê? Porque HASHEM queria desenvolver o seu plano através de um povo,
mas este povo precisava de uma terra para poder desenvolver uma prática. HASHEM não pode
revolucionar o mundo através de teorias. Ele precisa de um povo definido num lugar definido
para estabelecer o seu Reino. O Reino de HASHEM começa agora e é algo prático. Se não puder
ser praticado agora, nunca vai triunfar sobre a terra. A terra é o pensamento central do Velho
Testamento. HASHEM criou a terra, mas ficou sem forma e vazia. HASHEM criou o homem para
expressar a imagem e natureza dele neste lugar escuro e para representar a sua autoridade.
Mas o homem não cumpriu a ordem de HASHEM de encher a terra a dominá-la, porém a
entregou a Satanás. Por isso, este é o príncipe do mundo agora.

Nas primeiras três alianças vemos os efeitos do domínio de Satanás e da queda do homem. Mas
com Abraão HASHEM começou a inverter o processo, e a estabelecer uma base para
reconquistar a terra para si e para o seu domínio.
HASHEM só vai tornar a possuir a terra através do homem, e é este princípio que precisamos
começar a entender com Abraão. HASHEM começou com um homem e com uma terra
específica. Através deste começo, ele poderia ter uma garantia de alcançar toda a terra e toda
a humanidade.

Vamos ver algumas passagens que mostram o valor da terra para HASHEM.

Gn 14.22 - HASHEM é chamado "o HASHEM Altíssimo, possuidor dos céus e da terra".
Isto é porque Abraão estava na terra que HASHEM lhe prometeu. É como os colonizadores que
chegavam numa terra e plantavam ali a bandeira do seu país. A presença deles ali garantia a
possessão daquela terra para seu país. Abraão estava na terra, possuindo aquela terra específica

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e simbolicamente a terra toda para HASHEM. HASHEM não tem nada na terra se ele não tiver
nela um homem que obedeça à sua voz e que ande com ele. HASHEM possui a terra através de
comunhão, pois assim o seu domínio começa e vai se alastrando aos outros até atingir a terra
toda.

Ne 1.4,5 - Nesta oração de Neemias, HASHEM é somente o HASHEM dos céus, porque
nesta época Israel não estava na terra. O povo de HASHEM estava no cativeiro e
consequentemente HASHEM também não possuía base na terra. HASHEM está nos céus, mas
ele quer trazer o reino dos céus para a terra. Para isto ele precisa de um povo numa posição,
numa prática definida. Ele não vai estabelecer o reino dos céus sozinho, nem vai levar-nos
embora. Ele quer usar-nos aqui. Ele precisa de nós para cumprir o seu plano.

Mt 5.3,5 - os mansos vão herdar a terra. O que significa isso? Significa que o reino de
HASHEM vem dos céus para a terra, começa num lugar, parte de um pequeno princípio, até
alcançar toda a terra. Se nós formos instrumentos dele, herdaremos a terra, porque tudo será
reconquistado para ele. O povo de HASHEM hoje também é um povo sem terra. Isto não significa
que o povo de HASHEM vai voltar a ter uma pátria como Israel natural. Mas não é possível viver
como povo de HASHEM sem ter uma terra. No plano natural a terra era um lugar onde HASHEM
podia tratar com seu povo sem a interferência de outros governos, faraós ou reis. Ele podia ter
comunhão com eles, governar, andar com eles, e juntos podiam conquistar toda a terra para
HASHEM. Geralmente quando lemos essas coisas no Velho Testamento, fazemos uma aplicação
mental para juHASHEM de outra época, e o assunto passa a não ter importância alguma para
nós como igreja. Mas se foi uma terra tão importante para os tratamentos de HASHEM com o
povo natural, e isto é um modelo e uma chave para o plano de HASHEM conosco hoje, então
precisamos dar mais atenção para este princípio a fim de entendermos o que HASHEM quer nos
mostrar. Veremos mais detalhes sobre a terra nas alianças com Moisés e Davi, mas a semente
começa aqui com Abraão. Não teria adiantado nada para o plano de HASHEM se Abraão tivesse
esperado o cumprimento da promessa lá na terra dele, em Ur dos CalHASHEM. Era preciso ele
sair e achar a herança de HASHEM para seu povo e permanecer lá como peregrino.

Em Hebreus 11.8-16 vemos que Abraão estava tomando uma posição visível na terra,

porém em esperança da cidade celestial que vem do invisível. É uma ligação fina entre o visível
e o invisível. HASHEM quer que tomemos uma posição visível como seu povo na terra, porém
que esperemos o reino que vem dos céus, dos lugares invisíveis no Espírito. Temos sempre dois

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extremos no meio do povo de HASHEM. Alguns estão esperando um reino invisível e acham que
não há nada a ser feito agora, além de ajuntar mais pessoas com esta esperança. Outros, como
os próprios juHASHEM, estão buscando a restauração visível da teocracia de HASHEM - em
Israel, ou às vezes de outra forma. Acham que HASHEM vai governar as nações já nesta era. Na
verdade é interessante notar que HASHEM está restaurando os juHASHEM na sua terra de Israel.
Isto é muito significativo, não porque HASHEM quer estabelecer novamente a teocracia ali, mas
como um paralelo que retrata o que HASHEM está fazendo também na igreja. HASHEM quer
unir o seu povo, reinar sobre eles, e usá-los na terra como seu instrumento.

A Nova Jerusalém desce dos céus ( Ap 21.1-3), mas depende do que está acontecendo
conosco hoje, como povo dele. Se não encontrarmos a nossa herança agora, e não a possuirmos,
esta cidade não aparecerá. O povo de HASHEM está espalhado sobre a terra, e não encontrou a
posição no Espírito onde HASHEM possa estabelecer o seu reino e usar-nos na terra como ele
quer. Mas a volta dos juHASHEM a Israel é um sinal de que HASHEM quer fazer o mesmo com a
igreja. Precisamos crer que há uma terra a ser encontrada, que temos uma herança, que há uma
posição de união e vida no Espírito aonde HASHEM vai nos usar para abençoar todas as famílias
da terra.

A promessa de HASHEM a Abraão vai ser uma realidade total,


mas antes precisamos ser o seu povo na terra.

4. O Descendente, o filho da Promessa. "Em Isaque será chamada a tua


descendência."

Para Abraão ser uma bênção a todas as famílias da terra, ele precisava se tornar um povo.
HASHEM falou que ele seria uma multidão (Gn 12.2; 15,5), e prometeu a terra para a sua
descendência ou semente (Gn 12.7).

Em Gálatas 3.16, Paulo esclarece que a descendência ou semente fala em primeiro lugar de uma
pessoa, no singular. Em outras palavras a promessa dependia de um filho específico. Foi por isto
que Abraão e Sara tiveram que esperar 25 anos para esta promessa se concretizar. Não seria
qualquer filho que herdaria esta promessa, mas um filho especial, um filho que seria um milagre,
o fruto da comunhão entre HASHEM e o homem que escolhera. Como muitas vezes ocorre

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conosco, Abraão teve problemas para esperar o cumprimento desta promessa e tentou auxiliar
a HASHEM. Nasceu Ismael como fruto da sua tentativa bem intencionada de cumprir o que
HASHEM prometera. Mas HASHEM fez questão de esclarecer para Abraão (Gn 21.12) que em
Isaque seria chamada a descendência dele, não em Ismael. Paulo mostrou em Romanos 9.6,7
que os descendentes carnais não são herdeiros da promessa. Então mais uma vez temos que
estabelecer muito bem os nossos alicerces. HASHEM não vai cumprir a sua promessa a Abraão
através de uma linhagem natural (os juHASHEM, descendentes naturais de Abraão), nem através
dos filhos da carne (pessoas com nome de cristão, mas que não nasceu segundo o Espírito - Gl
4.21-31).

O descendente milagroso de Abraão, que realmente cumpre todas as promessas de HASHEM


feitas a ele, é o próprio Jesus Cristo (Gl 3.16).

E é através deste filho da promessa gerado pelo Espírito, que vem a grande nação e a bênção a
todos os povos. Não é suficiente ser filho de Abraão, ou ter nome de cristão - é necessário nascer
segundo o Espírito, ser descendente de Abraão através de Jesus. Em toda a história de Abraão,
em todas as promessas de longe alcance, a figura central é o filho-milagre que lhe nasceria.
Desta forma, a aliança de HASHEM com Abraão apontava para a vinda de Jesus através de quem
todas as promessas se cumpririam.

5. Justificação pela fé (Gn 15.5,6).

Mil anos antes da Nova Aliança, aproximadamente, Abraão viveu o princípio mais central da
graça de HASHEM - a justificação pela fé. Estamos tão acostumados à terminologia do
evangelho, que na maioria das vezes nem entendemos o que significa "fé" e "justificação". Só
conhecemos a fórmula: "Crer em Jesus para ter vida eterna".

6. O Sinal da Aliança - Circuncisão (Gn 17.9).

Brit Milá – Uma Aliança Perpétua

De acordo com a Halachá (Lei de conduta) judaica, uma criança nascida de mãe judia é
considerada também judia, mesmo que o pai não seja judeu. A descendência de um judeu,
casado com uma não-judia, não é considerada judaica, segundo o rabinato oficial. Mas

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biblicamente, a linhagem deve ser considerada por intermédio do pai, como descrito nas várias
genealogias da Torá e dos Escritos Sagrados. Também na Brit Chadashá (Novo Testamento), os
evangelhos de Mateus e Lucas atestam a importância para o judeu de se comprovar a linhagem
Davídica de Yeshua, pois o Messias deveria ser da Casa de Davi.

Um dos símbolos que marcam a entrada de uma criança judia do sexo masculino na aliança
abraâmica estabelecida entre os descendentes de Abraão, em Isaque, e o Criador, é a Brit Milá –
Aliança da Circuncisão. Vejamos as palavras de D’us a Abraão:

“…guardarás a minha aliança, tu e a tua descendência no decurso das suas gerações. Esta é a
minha aliança, que guardareis entre mim e vós e a tua descendência: todo macho entre vós
será circuncidado. Circuncidareis a carne do vosso prepúcio; será isso por SINAL de aliança
entre mim e vós. Ao oitavo dia será circuncidado…”. (Gn 17:9-12).

Segundo as palavras de D’us, a circuncisão seria um sinal físico da aliança entre D’us e os
descendentes de Abraão em Isaque. Ela também vincula os descendentes de Abraão à terra de
Israel e sua posse perpétua (Gn 17:8). Tal procedimento foi ordenado por D’us para ser cumprido
“no decurso das suas gerações”, ou seja, para sempre. Por isto, há mais de 3000 anos, o povo
judeu tem guardado a tradição bíblica do Brit Milá. Ela introduz o judeu à tríade que compõe
sua identidade: HASHEM (fé), Abraão (povo) e Eretz Israel (terra de Israel).

Todo menino judeu, aos oito dias de idade, celebra a Brit Milá. É uma ocasião de festa e alegria,
pois o recém-nascido está prestes a entrar na aliança abraâmica e se tornar um judeu. É
interessante também notar a sabedoria de D’us ao determinar o oitavo dia. Milhares de anos
após D’us ordenar aos filhos de Israel que fossem circuncidados, a medicina moderna descobriu
que aos oito dias de idade o recém-nascido possui a mais alta taxa de protrombina de sua vida.
A protrombina é uma proteína responsável pela coagulação sanguínea e é também responsável
pela eficácia do sistema imunológico. É claro que Abraão não teria como saber de tal fato, 3500
anos atrás.
Durante a cerimônia de Brit Milá, os pais convidam os amigos mais próximos da família bem
como todos os membros da sinagoga. Após a circuncisão, o nome hebraico da criança é
anunciado juntamente com a bênção que diz: “… que ele cresça nos caminhos da Torá, no
casamento e em boas obras. ” Todos então celebram a alegria de ter um novo judeu na
comunidade.

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Uma das dúvidas mais frequentes que ouvimos nos meios cristãos é: Deve um judeu discípulo
de Yeshua continuar realizando a cerimônia de Brit Milá? A Nova Aliança anulou o estatuto
perpétuo da circuncisão para o judeu? Vejamos algumas passagens:

“Completados os oito dias para ser circuncidado, deram ao menino o nome de Yeshua (Jesus),
como lhe chamara o anjo antes de ser nascido. (…) segundo a Lei de Moisés, levaram-no a
Jerusalém para ser apresentado ao Senhor (…) para oferecer sacrifício, segundo o que está
escrito na Lei: Um par de rolas ou dois pombinhos.” (Lc 2:21-24).

“Ouvindo-o, deram eles glória a D’us e lhe disseram: Bem vês, irmão Paulo, quantas dezenas
de milhares há entre os juHASHEM que creram em Yeshua, e todos são ZELOSOS da Lei”. (At
21:20)
“Porém confesso-te que, segundo o Caminho, a quem chamam seita, assim sirvo ao D’us de
nossos pais, acreditando em TODAS as coisas que estejam de acordo com a Lei e nos escritos
dos Profetas.” (At 24:14).

“Paulo porém, defendendo-se, disse: Nenhuma falta cometi contra a Lei dos JuHASHEM, nem
contra o Templo, nem contra César.” (At 25:8).

Não há dúvidas que os textos acima demonstram claramente que o Judeu, mesmo crendo em
Yeshua como seu Messias, não deixa de ser judeu. Ele continua guardando a Torá e cumprindo
o que foi estipulado pelo próprio D’us em sua Lei. A circuncisão faz parte dos preceitos de D’us
PARA O POVO JUDEU pois conecta-os não só a D-us e ao Povo, mas a Terra de Israel. Portanto,
não deve ser anulada. A crença de um judeu no Messias Yeshua não deve anular seu status como
crente em D-us, descendente de Abraão em Isaque e herdeiro de Eretz Israel (os pilares que a
circuncisão confirma ao judeu).

Mas o apóstolo Paulo enfrenta dois grandes problemas em relação a circuncisão em meio às
comunidades fora de Israel. O primeiro problema foi a imposição da prática da circuncisão para
os discípulos não-juHASHEM. Alguns (juHASHEM e também juHASHEM crentes) começaram a
exigir a circuncisão de crentes gentios como requisito para a entrada no Reino, se podemos
colocar dessa forma. Os apóstolos em Jerusalém condenam ferozmente tal doutrina, proibindo
a circuncisão com esse fim para o gentio crente e estabelecendo os mandamentos Noéticos
como o mínimo de guarda gentílica até que seja “restaurado o Tabernáculo caído de Davi e todas
as nações busquem e conheçam a D’us”. (Am 9:11, At 15:16). A decisão desses líderes juHASHEM

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em Jerusalém foi conforme o propósito profético e escatológico que o conhecimento de D-us e
Sua Torá por parte dos povos da Terra será através da obra do Seu Ungido Yeshua. Notemos que
não é a circuncisão que introduz o não-judeu na aliança de fé, mas sim, a obra de Yeshua com
as Boas Novas do Reino.

“…porque, por ele (Yeshua), ambos (circuncisos e incircuncisos) temos acesso ao Pai em um
Espírito. Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da
família de HASHEM, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele
mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para
santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para
habitação de HASHEM no Espírito. ” (Ef 2:18-22)

“…podeis compreender o meu discernimento do Mistério Mashiach, o qual, em outras


gerações, não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como, agora, foi revelado aos seus
santos apóstolos e profetas, no Espírito, a saber, que os gentios (incircuncisos) são co-
herdeiros, membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa do Mashiach por Yeshua,
através do evangelho;” (Ef 3:4-6)

“Porque o SENHOR se compadecerá de Jacó, e ainda elegerá a Israel, e os porá na sua própria
terra; e unir-se-ão a eles os estrangeiros, e estes se ACHEGARÃO à casa de Jacó.”. (Is 14:1)
“Depois que eles terminaram, falou Yaakov, dizendo: Irmãos, atentai nas minhas palavras:
expôs Shimon como D’us, primeiramente, visitou os gentios, a fim de constituir dentre eles um
povo para o seu nome. Conferem com isto as palavras dos profetas, como está escrito:
‘Cumpridas estas coisas, voltarei e reedificarei o tabernáculo caído de Davi; e, levantando-o
de suas ruínas, restaurá-lo-ei. Para que os demais homens busquem o Senhor, e também todos
os gentios sobre os quais tem sido invocado o meu nome, diz o Senhor, que faz estas coisas
conhecidas desde séculos.’ Pelo que, julgo eu, não devemos perturbar aqueles que, dentre os
gentios, se convertem a D’us, mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos
ídolos, bem como das relações sexuais ilícitas, da carne de animais sufocados e do sangue.
Porque Moisés (a Torá) tem, em cada cidade, desde tempos antigos, os que o pregam nas
sinagogas, onde é lido todos os sábados”. (At 15:13-21).
Por compreenderem os ditos dos profetas de Israel, os Apóstolos legislaram em NÃO IMPOR a
circuncisão como requisito à entrada no Reino de D-us. Eles não só “não impõem”, mas proíbem
a mesma com esses fins. Neste aspecto, eles estão em consonância com os princípios rabínicos

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em relação a difusão da fé em um só D-us, o D-us de Israel. Difunde-se não a circuncisão para
conversão à D-us, mas sim a fé e o abandono das práticas e crenças abominadas por este D-us:

“Ande cada um segundo o Senhor lhe tem distribuído, cada um conforme HASHEM o tem
chamado. É assim que ordeno em todas as igrejas. Foi alguém chamado, estando circunciso?
Não desfaça a circuncisão. Foi alguém chamado, estando incircunciso? Não se faça circuncidar.
A circuncisão, em si, não é nada; a incircuncisão também nada é, mas o que vale é guardar as
ordenanças de HASHEM. Cada um permaneça na vocação em que foi chamado.” (1Co 7:17-20)

Os rabinos possuem vários escritos sobre o que gentios devem fazer para serem herdeiros do
Olam Habá (Mundo Vindouro). Entre tais requisitos, estão as sete leis noéticas. Evidentemente,
a circuncisão não é listada em NENHUM escrito rabínico como necessário ao gentio que deseja
ser “justo” diante do Eterno. Isso pois há princípios muito mais importantes e que realmente
fazem a diferença na crença e na prática do indivíduo. Além do mais, a circuncisão estabelece o
vínculo do judeu com a Terra de ISRAEL (herança perpétua), e portanto não poderia ser aplicada
a todo aquele que decide crer e obedecer a D-us. Para fins didáticos, as Leis Noéticas são:

1. Adorar somente a D-us (abandonar qualquer forma de idolatria)


2. Não blasfemar a D-us
3. Não assassinar
4. Não se envolver em promiscuidade sexual (adultério, fornicação, incesto, bestialidade,
homossexualidade, etc.)
5. Não furtar
6. Não ingerir Sangue
7. Estabelecer tribunais de Justiça
(qualquer semelhança com At 15 não é mera coincidência!)
Sabemos que as principais fontes doutrinárias rabínicas da antiguidade e da atualidade NÃO
EXIGEM A CIRCUNCISÃO como pré-requisito para um gentio ser considerado JUSTO e HERDEIRO
do Reino de D-us. Dentre tais fontes, podemos citar: Tosefta, Mishna, Talmude, e até
mesmo Maimonides,em sua Mishnei Torá:

“Qualquer um que aceite sobre si e cuidadosamente observe os sete mandamentos faz parte
dos Justos entre as Nações do Mundo e possui uma porção no Mundo Vindouro.” (Mishnei torá
– Shoftim, Leis dos Reis e Suas guerras, 8:14).

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Apesar de todas essas provas e assim como nos dias dos apóstolos, temos nos dias de hoje
também gentios que, fascinados pelo judaísmo, teimam em apregoar que a circuncisão é
necessária para todos os que queiram entrar no reino e na aliança de D-us. Eles citam alguns
textos da Torá, tais como as palavras de D-us a Avram em Gn 17:12-13 ou as instruções sobre o
Pêssach (Páscoa) em Ex 12:44-49. Cito os dois logo abaixo:

“O que tem oito dias será circuncidado entre vós, todo macho nas vossas gerações, tanto o
escravo nascido em casa como o comprado a qualquer estrangeiro, que não for da tua estirpe.
Com efeito, será circuncidado o nascido em tua casa e o comprado por teu dinheiro; a minha
aliança estará na vossa carne e será aliança perpétua.” (Gn 17:12-13)

“Porém todo escravo comprado por dinheiro, depois de o teres circuncidado, comerá dela. O
estrangeiro e o assalariado não comerão dela. O cordeiro há de ser comido numa só casa; da
sua carne não levareis fora da casa, nem lhe quebrareis osso nenhum. Toda a congregação de
Israel o fará. Porém, se algum estrangeiro se hospedar contigo e quiser celebrar a Páscoa do
SENHOR, seja-lhe circuncidado todo macho; e, então, se chegará, e a observará, e será como o
natural da terra; mas nenhum incircunciso comerá dela. A mesma lei haja para o natural e para
o forasteiro que peregrinar entre vós.” (Ex 12:44-49)

Bem, primeiramente os textos são citados fora do contexto, pois não foram dados na mesma
situação do tema em questão (circuncisão obrigatória ou não para gentios que queiram entrar
no Reino de HASHEM). “Texto fora de contexto é pretexto”, já diziam os sábios. Um diz respeito
ao estabelecimento da circuncisão para os escravos de Abraão. O outro diz respeito a celebração
da Festa de Pêssach em Israel por parte de estranhos à fé de Israel. Ou seja, se você fosse um
estrangeiro, crente ou não em D-us, e fosse comprado pelo patriarca Abraão em seus dias como
escravo, você não teria outra escolha. Ou se você habitasse ou estivesse passando entre o povo
judeu nos dias do Êxodo, ou durante o estabelecimento das tribos de Israel em Canaã, ou ainda
nos dias da reforma de Esdras e Neeminas em Israel, e quisesse celebrar o Pêssach com eles,
teria mesmo que ser circuncidado, pois a mesma Torá CONCERNENTE ao Pêssach era e ainda é
efetiva para ESTRANHOS à D-us e a Abraão. Felizmente, se você não é judeu mas nasceu nos
últimos 2000 anos, ou se não é judeu mas foi feito filho de Abraão e aproximado à D-us mediante
a Fé em Yeshua, estes dois casos não se aplicam a você. Você não é mais estrangeiro nem
estranho à fé, mas foi feito “concidadão com os santos” e parte da “família de D-us” (Ef 2:19).
Bem vindo ao Reino sem ter que se circuncidar!

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O rabino Shaul (Paulo) também admoesta JuHASHEM crentes em Roma que a circuncisão,
apesar de ser um mandamento, não representa a garantia para o judeu de entrada na aliança
abraâmica. O que confirma a aliança é a OBEDIÊNCIA à Lei e “andar nas mesmas pegadas de
Abraão” (Rm 4:12), e não apenas o ato em si: “Porque a circuncisão tem valor se praticardes a
lei; se és, porém, transgressor da Lei, a tua circuncisão já se tornou incircuncisão” (Rm 2:25).
Note-se que Paulo não está se posicionando CONTRA a circuncisão, mas sim tentando convencer
juHASHEM crentes que ela deve ser acompanhada de boas obras e de um testemunho
condizente com a fé. A obra não pode ser feita em lugar da fé, mas como consequência dela. O
judeu discípulo de Yeshua não guarda a Lei para ser salvo, mas sim, porque é salvo. A intenção
do coração e a motivação são completamente diferentes. Por isso, o próprio Paulo declara a
JuHASHEM que se vangloriavam na simples descendência judaica mas se esqueciam de ter um
coração judaico:

“Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na
carne. Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no
espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de D’us”. (Rm 2:28-
29)

(apenas um breve comentário sobre essa passagem: é decepcionante ver gentios crentes
citando esse texto para provar que agora ‘são juHASHEM’ porque ‘o são de coração’. Mais uma
vez, essas palavras não foram direcionadas a gentios, mas sim, a juHASHEM – basta ler o capítulo
2 desde o início).

Portanto, a Brit Milá deve ser para o judeu, seja ele messiânico ou não, uma honra e também
uma responsabilidade. Ela deve ser cumprida, tal como todos os outros mandamentos do
Eterno, com a intenção correta do coração (kavaná), sendo um símbolo externo de algo que
deve existir também internamente.
A Brit Milá expressa o amor de D’us para com Israel através da aliança estabelecida entre D’us
e o Seu povo. Ela é o sinal do vínculo do judeu com a fé dos patriarcas, com a linhagem dos
patriarcas e com a herança da Terra dos Patriarcas. A circuncisão é um mandamento dado à Casa
de Israel e deve ser mantida como cumprimento dos estatutos perpétuos dados pelo Eterno ao
povo hebreu, não devendo ser imposta nem exigida para os que dentre as nações se convertem
a D-us através do Seu Ungido.

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7. Pão e Vinho. (Gn 14.18).

Aqui temos outro aspecto da aliança Abraâmica que prefigura a Nova Aliança. Melquisedeque,
vem para servir o primeiro crente com pão e vinho, figuras da ceia do Senhor, a carne e o sangue
de Jesus. Melquisedeque era um Sacerdote da Ordem Universal, pois era um sacerdote que não
descendeu da linha levítica, e que era rei ao mesmo tempo. Isto tudo é mais importante ainda
por vir antes da aliança com Moisés e do sacerdócio levítico. Veremos na aliança Mosaica qual
foi o propósito da lei, mas é essencial ver que, em figura, a Nova Aliança veio antes.

ALIANÇA MOSAICA

A aliança de Deus com Moisés, ou por intermédio de Moisés, é a quinta das sete alianças que
estamos estudando. Vimos que as três primeiras alianças acompanharam a queda progressiva
do homem, e trataram com toda a humanidade. Na quarta aliança, com Abraão, Deus escolheu
um homem individual e chamou-o para uma terra específica ao invés de ordená-lo a se
multiplicar e encher a terra. Foi nessa aliança que Deus anunciou pela primeira vez as boas novas
do evangelho. Abraão creu na promessa de Deus e foi estabelecida a aliança. Vimos também
que a quarta, quinta, e sexta alianças formam uma unidade da mesma forma que as três
primeiras. Usamos a ilustração de um sanduíche para representar o fato de que as alianças com
Abraão e Davi revelaram a graça de Deus, enquanto a aliança com Moisés, que veio entre as
outras duas, foi a aliança da lei.

Antes então de examinar a aliança Mosaica, devemos dar uma olhada no significado deste
“sanduíche”. Por que esta aliança com as condições duras da lei, que talvez simbolize a própria
“Velha Aliança” ou “Velho Testamento”, foi interposta entre as duas alianças da graça? Por que
esta aparente contradição? Devemos seguir mais às alianças da graça ou da lei? Por que Deus
permitiu estas notas discordantes tão próximas umas das outras? Uma passagem chave para

entender esta situação é Gálatas 3.16-24. Paulo, que foi o grande promulgador da graça de

Deus, mostra que na realidade a Nova Aliança em Jesus NÃO foi um concerto

novo e contrário à Velha Aliança com Moisés. A graça veio primeiro, com Abraão,
e a lei que apareceu 400 anos depois, NÃO anula esta promessa incondicional de Deus. Deus

tem um plano que continua sempre firme. Depois da promessa a Abraão, Deus deu

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a lei para Moisés, mas tudo faz parte do mesmo plano de Deus. A lei é
diferente da promessa, mas não é contrária a ela. A promessa promete vida pela fé,
enquanto a lei exige obras e obediência para que se alcance a vida. Parece uma contradição,
mas na verdade a lei está concordando e cooperando com o plano de Deus. Ela veio como um
instrumento necessário para provar a necessidade da graça, para mostrar que é impossível
alcançar a vida pelos meios que ela oferece. Se o homem houvesse alcançado a vida pela lei,
seria uma negação da promessa, mas não foi assim. A Escritura, ou a lei, encerrou todos debaixo
do pecado para que a graça pudesse ser recebida pelos que creem. A lei veio para mostrar esta
necessidade do homem, e para guardar a humanidade até que Jesus, o descendente de Abraão,
pudesse vir tirar a lei da pedra e implantar a Restauração da Aliança com a Lei escrita no coração.

O caráter da LEI é protetivo para o Obediente, e condenatório para o


desobediente, porque a LEI revela o pecado – ROM 7; 7-9. Ele foi o cumprimento
da promessa a Abraão, a bênção para todas as famílias da terra.
Outro sinal que mostra que a lei não anulou a promessa a Abraão é que na sequência do plano
de Deus, a sexta aliança, com Davi, voltou ao mesmo tema de graça. Como o recheio do
sanduíche, a lei foi necessária, mas não foi o fim nem o alvo do plano de Deus. Foi uma época
intermediária, um período e uma dispensação especial para cumprir um propósito imediato.
Deus deu a promessa a Abraão, e este experimentou a graça de Deus na vida dele. Porém
ninguém pode receber a graça de Deus sem sentir necessidade, sem sentir o próprio pecado e
insuficiência. Deus queria preparar não só um indivíduo, mas um povo inteiro para receber a
graça de Deus. Assim a palavra de Deus a Abraão foi: “Eu vou fazer tudo”, e a Moisés foi: “Vocês
têm de fazer tudo”. Apesar de ser um contraste tão forte, e duas dispensações tão diferentes,
no fim Deus queria que o povo todo chegasse ao ponto onde na Nova Aliança ele pudesse dizer

novamente: “Já fiz tudo em Jesus”. A LEI tem a finalidade de nos preparar para a
GRAÇA.

O PROPÓSITO DA LEI

Podemos resumir em seis pontos o propósito de Deus em dar a lei.

1. O propósito da lei não é salvar, porém proteger e condenar, ao mostrar o pecado, coloca
o homem em uma posição de decisão: Obedecer ou Desobedecer, e assim tirar todas as saídas

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naturais para o homem salvar a si mesmo. Deus é justo e ele exige justiça do homem. O homem
não consegue ser justo. A lei tem um papel importante, porém negativo, de mostrar a injustiça
do homem. As boas novas do evangelho não são boas novas para quem não se acha injusto ou
incapaz de atingir a alvo de Deus.

2. O resultado da lei é que toda a glória seja atribuída a Deus, e que o homem nunca

receba glória para si. Isto é resultado da condenação do homem. O homem natural gostaria de
realizar tudo sozinho, mas a lei o condena e corta todos os seus esforços até que ele sinta
necessidade da graça de Deus. O homem não precisa apenas de ajuda, mas precisa deixar Deus
fazer tudo. Segundo Hudson Taylor, missionário para a China, há três etapas para se chegar à

maturidade. A primeira é quando o homem pede a Deus para ajudá-lo nos seus planos de
realizar uma obra para Deus. A segunda é quando reconhece que não deve pedir a Deus para

ajudar nos seus planos, mas cooperar com os planos de Deus. E a terceira é quando

reconhece que não pode fazer nada, e se entrega a Deus para que Deus faça a obra dele na sua
vida.

3. A lei é necessária para reger os relacionamentos horizontais de um povo. Um homem


sozinho com Deus não envolve uma situação tão complexa, mas para governar um povo, é
preciso ter lei. Um homem sozinho pode ouvir de Deus e viver de acordo com esta palavra, mas
para levar todo um povo a conhecer a Deus, a situação fica bem mais complexa. A lei do Espírito
no interior do homem ainda não fora revelada, e assim precisava de uma estrutura firme para
guardar o povo até que surgisse a Nova Aliança (ver Jr 31; 31-33 e Gl 3.23).

4. A lei é uma sombra ou figura de tudo aquilo que seria realizado como realidade pela
graça. A lei é um professor que nos mostra através de símbolos o que Deus quer cumprir pela
graça. Mostra em figuras o verdadeiro propósito de Deus, é uma tesouraria cheia das riquezas

de Deus. Revela mas não cumpre. Neste sentido, a Nova Aliança não mudou a lei, mas levou-

a para o interior, ao invés de deixá-la como um símbolo ou uma exigência exterior. A lei
exige e a graça cumpre, mas é a mesma palavra ou objetivo de Deus. A lei mostra as multiformes
facetas, fatores e detalhes da personalidade de Deus e das coisas que ele quer cumprir através
da graça. É como um pintor que usa sombras escuras para realçar a luz. O negativo da lei ressalta
o positivo da graça de Deus.

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5. A lei guardou a humanidade até o tempo da graça, o tempo certo do descendente
nascer. A lei fechou todas as outras portas até o tempo determinado para a revelação da graça.
Até chegar o cumprimento da promessa, precisava da lei. Deus tem muita paciência para
cumprir os seus planos e às vezes demora muitos anos até passar à próxima etapa.

6. O povo não queria ouvir diretamente de Deus, queria um mediador. A


lei tornou-se este mediador. Na graça não há mediador (Gl 3.19-20). A lei serviu como mediador,
por um tempo, para que o povo pudesse ver que assim não funciona. Assim ao chegar o tempo
da graça, eles estariam prontos para conhecer a Deus sem mediador. Então a lei guardou o povo
até o tempo certo, e levou-o à condição certa também. Esta condição era querer ouvir a voz de
Deus e saber que contato indireto por mediador não soluciona os problemas dos homens. Na
Nova Aliança Jesus como Deus e homem ao mesmo tempo é Deus falando conosco diretamente.

SÍNTESE DOS SETE PONTOS DA ALIANÇA MOSAICA

Antes de entrar em maiores detalhes sobre cada um dos pontos da aliança Mosaica, queremos
falar rapidamente sobre todos ele para obtermos uma visão global.

1. A lei – as tábuas de pedra com os dez mandamentos. Este ponto é sinônimo da aliança

Mosaica.

2. O tabernáculo – o modelo da casa de Deus que Moisés recebeu no monte.

3. O sacerdócio – o ministério que Deus ordenou para servir na casa de Deus, o sacerdócio
levítico. Veremos melhor depois como estes três primeiros pontos são interligados. Um não tem
sentido sem o outro. A lei não pode ser ouvida nem praticada sem a casa de Deus. A casa de
Deus foi edificada para conter a lei. O sacerdócio serve na casa, e sua função é ouvir a palavra
de Deus, a lei, e proclamá-la ao povo na casa. Sem uma casa, e sem uma mensagem (a lei de
Deus), o sacerdócio não tem função. Então, na realidade, formam um só conjunto.

4. A terra – o alvo do ministério de Moisés foi levar o povo para a terra. Foi para isso que ele
o tirou do Egito. Apesar de não entrar ele mesmo na terra, ele a viu. Ele tinha visão, e mostrou-

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a ao povo. A lei não pode entrar na terra prometida, mas leva o povo até lá, e dá uma visão dela.
Foi a lei que preparou o povo para a Nova Aliança e levou-o ao ponto de poder entrar, Josué,
figura de Jesus, foi quem realmente o introduziu na terra. Isto não significa que a lei não tem
mais valor na terra. Como veremos, guardar a lei é condição para entrar na terra e para
permanecer nela.

5. O sábado – este foi o sinal da aliança com Moisés – o repouso sabático. É um contraste
interessante – o sinal de mandamentos e ordenanças era o descanso, era não fazer nada.
Podemos ver aqui também que a Nova Aliança está escondida na Velha.

6. Sinais e Prodígios – na libertação do Egito e na provisão miraculosa no deserto.

7. Obediência ou Morte – Se o povo obedecesse, resultaria em vida, se desobedecesse


resultaria em morte. É semelhante à aliança Edênica, onde havia a pena de morte se comessem
do conhecimento do bem e do mal.

Agora passaremos a ver cada um destes pontos com maiores detalhes.

A LEI

Eu Deuteronômio 5.22 vemos que os dez mandamentos que formam a base da aliança Mosaica,
foram dadas de duas maneiras: à viva voz, e nas tábuas de pedra. Deus se comunicou de duas
maneiras, as duas mais fáceis de serem recebidas pelo homem: oralmente e por escrito.

Deus fala. Você já pensou um pouco nisso?

Este fato a respeito de Deus é totalmente irreconciliável com o conceito que muitas pessoas têm
de Deus como um ser impessoal. Um força misteriosa. Deus fez o homem à sua imagem e se
comunica com ele. Ele pode se comunicar de diversas maneiras. Muitas pessoas acham que a
Bíblia Sagrada e a Palavra de Deus são expressões equivalentes. Mas na verdade a Bíblia é uma
das edições da Palavra de Deus. Para ver isso de uma maneira simples e didática, e situar os dez
mandamentos no contexto certo, podemos enumerar sete edições ou formas de comunicação
que Deus usou para expressar sua palavra.

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1. Criação – Deus usa as coisas criadas, todo o universo, para expressar a si mesmo, para nos
falar (Rm 1.20).

2. Consciência – Deus escondeu também a sua palavra no nosso interior (Rm 2;15).
3. Pedra – Deus escreveu a sua lei nas tábuas de pedra (Dt 5.22).
4. Papel – Esta é a edição que conhecemos como a Bíblia. É também uma edição escrita como
a anterior, só que destinada a ser divulgada e espalhada no mundo inteiro, o livro mais lido pelos
homens.

5. Pessoa – Uma edição “ilustrada”, a palavra de Deus em carne, na pessoa de Jesus Cristo
(Jo 1.1,14,18).

6. Coração – Agora a lei é escrita não só na consciência para nos condenar, mas no centro
da existência do homem, na fonte de todas as suas ações, pela Nova Aliança (Jr 31.33).

7. Corpo – Na etapa final da revelação de Deus ao mundo, ele se expressa através das cartas
vivas que são a igreja. A lei escrita no coração se manifesta através das vidas de muitas pessoas,
da mesma maneira que ocorreu com Jesus. Deus falou e a criação veio a existir. Deus falou e a
consciência registrou. Deus falou e escreveu na pedra. Deus falou e homens escreveram no
papel. Deus falou e Jesus revelou em pessoa.

Agora ele fala no coração e quer falar com todo o seu corpo. O importante em todo este
esquema é o fato que Deus fala. Ter os dez mandamentos na pedra e não ter a voz de Deus não
adianta. Hoje temos a Bíblia que carregamos assim como os judeus carregavam a arca. É a nossa
possessão mais preciosa. A arca era o centro do tabernáculo porque continha as tábuas de
pedra. Hoje temos a Bíblia. Mas o propósito do lugar especial reservado para a arca era para ser
um lugar onde Deus falasse com o homem (Ex 25.22).
Deus tem o mesmo propósito hoje. Então existe a palavra viva, a voz de Deus falando no
presente, e a palavra escrita que registra e preserva o que ele já falou. A palavra viva é mais
importante, porque sem ela a palavra escrita não pode existir. Mais ainda, se não ouvir a voz de
Deus, a pessoa não pode entender nem obedecer a palavra escrita. O povo não quis ouvir a voz
de Deus, só queria preservar as tábuas escritas (Dt 5.25-27). E esta foi a chave de seu fracasso
em continuar num relacionamento vivo com Deus.
Hoje temos a mesma situação. Temos a Bíblia que registra o que Deus falou no passado com
diversas servos dele. Mas sem ouvir continuamente Dele, esta palavra não tem sentido nem vida
para nós hoje. Preferimos ouvir através de mediadores, como o povo queria ouvir através de
Moisés. Podemos ter a Bíblia, mas se não ouvirmos a voz de Deus que a produziu, perdemos o

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alvo dela. O objetivo da Bíblia é nos conduzir a Deus que deseja falar pessoalmente conosco. A

lei foi escrita em tábuas de pedra, um material duro que representa a


PERMANÊNCIA e IMUTABILIDADE da lei de Deus. Fala também da dureza do

coração humano que nunca obedeceria por si mesmo esta lei. A lei contém as ordens claras e
definidas que Deus revelou para o homem. Não pode haver nenhuma dúvida de interpretação,
nenhuma relatividade na sua aplicação para o homem. Deus deixou bem clara a diferença entre
o certo e o errado. Não era uma questão de estar certo para alguém mas errado para outrem.
Não dependem da relatividade ou subjetividade do homem, mas das ordens objetivas e claras
de Deus. Isto é a lei de Deus.

A CASA DE DEUS

Quando Moisés subiu ao monte para receber as tábuas de pedra, a primeira coisa que Deus
falou com ele foi a respeito do modelo da casa que deveria ser construída. Antes de dar a lei, ele
deu a Moisés o modelo do santuário onde seria guardada a lei (Ex 25.1-9,21,22).
Este fato nos mostra algo muito significativo – que não devemos procurar a lei (ou a palavra de
Deus) fora da casa de Deus, e que a casa de Deus não tem sentido sem o seu propósito central
que é ouvir a voz de Deus.
O que significa isto na prática?
Já mostramos a distinção e a ligação entre a palavra escrita e a palavra viva. Ter a palavra escrita
é essencial, mas não produz vida sem a palavra atual e vivificadora de um Deus presente. A casa
de Deus representa, evidentemente, a igreja. Hoje temos dois extremos. Existem muitas igrejas
que não procuram ouvir de Deus hoje. Creem que ter a Bíblia como palavra escrita é suficiente.
Isto é perder o objetivo central da casa de Deus. A arca ocupava o lugar central e mais
importante no tabernáculo, mas o propósito de estar ali era para que Deus pudesse vir e falar
continuamente. A sua palavra atual seria dada por cima da palavra escrita, e desta forma havia
uma maneira segura de saber se era Deus mesmo que estava falando. Uma revelação mística da
voz de Deus para hoje nunca pode entrar em conflito com o registro objetivo e claro da palavra
de Deus que temos na Bíblia. Mas rejeitar ou ignorar a manifestação de Deus hoje no lugar
santíssimo é perder contato com Deus, mesmo que continue com a Bíblia nas mãos. Então uma
casa onde não se ouve a voz de Deus hoje é uma casa vazia, formal e sem propósito. Por outro
lado, há pessoas que alegam estar ouvindo de Deus hoje e que querem transmitir o que ouviram
para o povo de Deus. Deus realmente fala através de homens hoje como falava pelos profetas

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da antiguidade. Porém ouvir a palavra de Deus fora da sua casa é muito perigoso. Como já
observamos, a palavra de Deus deveria ser ouvida por cima da arca onde estavam as tábuas da
lei. Isto quer dizer que a palavra viva precisa ser testada pela palavra escrita. E se a casa de Deus
representa a igreja, então a voz de Deus precisa surgir e ser ouvida não por pessoas isoladas,
mas no meio da igreja onde pode haver confirmação e segurança contra extremos e exageros.
Deus quer mesmo falar com o homem, mas seu alvo em falar é construir a sua casa. Se a palavra
que alguém está ouvindo não nos conduz nesta direção, se não contribui para a formação da
casa de Deus, se não está sendo produzida, ouvida e praticada dentro do contexto da igreja
local, então é muito perigoso e pode muito bem não ser uma palavra de Deus. Sem fazer um
estudo detalhado do tabernáculo, queremos ver alguns aspectos que podem nos ajudar a
entender melhor a casa de Deus.
O modelo do tabernáculo ou santuário que Deus deu a Moisés tinha três partes: átrio, lugar
santo e santo dos santos. Da mesma forma o homem é triúno, formado de espírito, alma e corpo,

Deus porém é UM. O alvo de Deus era conduzir o homem até a terceira parte, ou o santos
dos santos, que era onde ele queria ter comunhão com o homem. Mas para chegar lá, o homem
precisava passar por uma preparação para não morrer. Era para isto que existiam as outras
partes do tabernáculo.

No átrio, que era um pátio exterior, todo cercado, havia dois móveis: o altar de bronze e a bacia
de bronze. No altar de bronze eram feitos sacrifícios de animais continuamente, e o fogo em
cima dele nunca se apagava. Na bacia de bronze havia água para lavar os pés e as mãos dos
sacerdotes e algumas partes dos sacrifícios. Temos aqui simbolizadas as três testemunhas de 1
Jo 5.8, a água, o sangue, e o Espírito. A água é uma figura da palavra, enquanto o fogo
simbolizava o Espírito. No altar de bronze vemos o sangue dos sacrifícios e o fogo que os
consumia. O sangue é o primeiro passo para se chegar a Deus. Jesus morreu antes da fundação
do mundo como o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. Sem o seu sangue nada mais
tem valor. O Espírito Santo está presente no fogo e a palavra na água que nos purifica. É difícil,
às vezes, separar ou identificar cada testemunha nas experiências individuais, mas sempre as
três estão presentes.

O TABERNÁCULO DE MOISÉS

O átrio, então, representa o primeiro estágio de preparação, que seria a conversão efetuada
pela operação das três testemunhas. Depois disso podemos entrar no lugar santo. Lá

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encontramos três móveis: a mesa dos pães da proposição, o candelabro e o altar de incenso. Na
mesa, colocava-se doze pães que eram renovados todo sábado. O número doze representa as
doze tribos, e os pães representam a provisão no Deserto, apontando para o corpo de Cristo, e
também para a palavra de Deus. Para entendermos a palavra de Deus, precisamos ter comunhão
com todo o corpo de Cristo, com as doze tribos, não com uma ou duas partes apenas. O
candelabro com o azeite representa a iluminação do Espírito Santo. Aqui temos outra vez o
equilíbrio da palavra com a iluminação do Espírito Santo. Se ficarmos só com a palavra, tudo
será seco e morto. Se ficarmos só com o Espírito, teremos fanatismo. Precisamos dos dois. O
altar de incenso representa a oração que sobe a Deus, e que dentro do santo dos santos forma
uma nuvem onde Deus aparece. Em alguns casos colocava-se sangue dos sacrifícios nas pontas
do altar de incenso. Outra vez temos as três testemunhas – o Espírito, a palavra e a sangue. O
lugar santo representa a preparação para entrar no santo dos santos. Depois da experiência de
salvação que ocorre no átrio, temos que comer a palavra, ter experiências com o Espírito Santo
e ter uma vida de oração baseada no sangue de Jesus que nos purifica continuamente. O lugar
santo representa o que deve estar acontecendo nas reuniões da igreja, e na nossa vida individual
também. O santo dos santos só tinha uma coisa, a arca onde ficavam os dez mandamentos. Por
cima da arca ficava o propiciatório onde se aspergia o sangue, e os dois querubins de ouro que
guardavam ou vigiavam a presença de Deus. Os querubins não deixam o homem carnal entrar
na presença de Deus e participar da árvore da vida (ver Gn 3.24). Então aqui também estão as
três testemunhas, pois a palavra estava na arca, o sangue era aspergido no propiciatório, e o
incenso com fogo era introduzido para criar a nuvem da presença de Deus pelo Espírito Santo
(Lv 16.13). O fato de encontrarmos as três testemunhas em cada um dos três passos mostra que
há um equilíbrio perfeito que funciona na casa de Deus. A palavra não deve ficar sem o Espírito
e nem vice versa. E os dois precisam ser recebidos com base no sangue de Jesus que fala não só
do seu sacrifício por nós, mas da sua vida sacrificial que flui através de nós e que coloca a união
da palavra e do Espírito em prática nas nossas vidas e comunidade.

O MINISTÉRIO

Em Êxodo 19.5,6, Deus mostrou a Moisés que seu propósito em escolher um povo especial na
terra era fazer dele um reino de sacerdotes para salvar pessoas de todas as famílias da terra, e
restaurar toda a criação (ver também Rm 8.21). Mas antes de fazer sacerdotes da nação inteira,
foi preciso tomar uma tribo e começar a desenvolver com eles seu propósito sacerdotal. Deus
tem muita paciência, e para alcançar seus propósitos, muitas vezes ele começa com algo bem

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pequeno e insignificante. Seus alvos são grandes, mas ele pode alcançá-los com pequenos
começos. Em I Pedro 2.5 temos uma ligação interessante entre a casa e o ministério. Somos a
casa de Deus e individualmente somos pedras vivas desta casa. Ao mesmo tempo somos
sacerdotes na casa (ver também v 9,10). Então este terceiro elemento vai junto com os primeiros
dois para formar um conjunto inseparável. A lei não pode ser ouvida, entendida ou praticada
fora da casa de Deus. A casa de Deus não tem sentido sem a palavra de Deus, escrita e ouvida
hoje. Mas para ouvir a voz de Deus dentro da sua casa, precisa do ministério ou sacerdócio. Não
era qualquer pessoa que podia entrar no santo dos santos para ouvir de Deus. Na Nova Aliança,
nós somos as pedras que formam a casa e estas pedras vivas são vivas porque são sacerdotes
que conhecem a Deus. Assim como em Ex 19.5, vemos em I Pe 2.9, que o propósito de Deus é
que todos que formam sua casa sejam sacerdotes para proclamar aos que não o conhecem as
suas virtudes e misericórdias. Mas para alcançar este objetivo, ele tem que usar um passo
intermediária que é separar alguns como sacerdotes, para que estes, por sua vez, levem todo o
povo à mesma posição. Em Efésios 4.11-13, lemos que os cinco ministérios, dados por Jesus à
igreja, vão aperfeiçoar os santos pela palavra de Deus até que estes alcancem a plenitude de
Deus, e revelem Jesus ao mundo. Temos aqui três elementos novamente. O sacerdócio está
ajudando a construir a casa para que a voz de Deus seja ouvida e saia para curar os povos e
restaurar a criação. A interação destes três elementos é progressiva. A casa ainda não está
formada, portanto ouvimos imperfeitamente a voz de Deus. O sacerdócio não está funcionando
como deveria para levar os santos a se tornarem sacerdotes também e assim edificar a casa viva.
Mas à medida que prosseguimos com o que temos, caminharemos para este alvo. A própria
figura do tabernáculo como casa móvel mostra que não representa a posição final. O propósito
dele era para que o povo ouvisse de Deus e continuasse caminhando até chegar a Jerusalém
onde finalmente se levantaria uma casa permanente. Temos que procurar ouvir de Deus em
comunhão e relacionamento uns com os outros e caminhar juntos para este alvo.

A TERRA

Na aliança Abraâmica foi visto que a terra é um elemento indispensável do plano de Deus. Para
o cumprimento da promessa feita a Abraão, Deus precisa não só de um povo, mas de uma terra.
No contexto da aliança Mosaica, precisamos entender o significado de três lugares geográficos:
o Egito, o deserto e a terra prometida.
Faraó é claramente uma figura de Satanás, o príncipe deste mundo, e o seu reino é um reino
inimigo do Povo de Deus. Ele mantém os homens sob a escravidão. Deus levantou Moisés para

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libertar seu povo deste sistema, e resgatá-los da escravidão. Sabemos que o êxodo do Egito com
o cordeiro pascal é uma bela figura da nossa salvação por Jesus Cristo. Para Deus estabelecer o
seu reino, e governar seu povo, é evidente que ele precisa tirá-los do reino, domínio ou sistema
onde estão escravizados e onde não podem fazer a vontade dele. Sabemos que hoje isto não é
uma questão geográfica, mas é a libertação do domínio do pecado e de satanás sobre as nossas
vidas. O interessante é que Deus não mandou levar o povo diretamente para a terra prometida,
que representa o reino de Deus em funcionamento aqui neste mundo. Antes os guiou para o
deserto.

Por que precisavam ficar no deserto, e o que significa este deserto para nós hoje?

Em primeiro lugar, o propósito do deserto era para que Deus pudesse fazer sua aliança com seu
povo, ou seja, revelar-lhes a lei no Monte Sinai (Ex 19.5,6).
Em segundo lugar, Deus queria provar, ou testar o povo para ver se realmente seriam fiéis à
aliança com Deus ouvindo e obedecendo à sua voz (Dt 8). Há uma ligação interessante entre a
lei, o deserto, e a terra prometida. Deus estava tirando o povo da escravidão do Egito, não para
ficar livre, mas para servir a ele (Lv 25.55).

A terra prometida era o lugar onde ele reinaria sobre este povo, e onde o seu reino se expandiria
a toda a terra (Dt 4.5-8). Portanto, para entrar na terra, e para permanecer lá depois de entrar,
o povo precisava conhecer as condições desta aliança com Deus, ouvir a sua voz e experimentar
o seu governo (ver Dt 4.1; 6.1-3; 8.1; 11.8,9; 28.58-68). Então o deserto era o lugar de fazer
aliança e de testar esta aliança, para que somente entrassem na terra aqueles que estavam
dispostos a ouvir e a obedecer a voz de Deus. Agora é importante observar que o povo tomou
conhecimento da lei e das ordenanças de Deus no deserto, mas lá era impossível praticar tudo
que Deus estava falando. A prática seria na terra prometida. A prova pela qual passaram no
deserto não era se estavam guardando todos os estatutos e todas as leis da nova teocracia, mas
se estavam dispostos a dar ouvidos à voz de Deus. E o deserto era o lugar ideal para testar isso.
A própria sobrevivência do povo dependia de seguir as ordens de Deus e de estar sob a sua
proteção. Se eles não ouvissem a voz de Deus lá no deserto, certamente não ouviriam na terra
prometida onde não teriam que depender tão diretamente da provisão sobrenatural de Deus.
Aprendemos com isto duas lições importantes. Primeiro que ouvir a voz de Deus e depender
dele, é muito mais fundamental do que guardar regras, leis ou mandamentos. Deus tinha muito
interesse em formar um povo diferente que pudesse expressá-lo na terra, através de guardar a
sua lei. Mas ele sabia que isto não aconteceria sem um relacionamento vivo com ele. Segundo,

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que o alvo de Deus, representado pela terra prometida, não é que vivamos momento por
momento na dependência de uma intervenção sobrenatural. Esta fase da provisão miraculosa
de Deus no deserto representa a fase da imaturidade espiritual, quando o pai provê tudo o que
o filho pede. Porém, temos uma herança que mana leite e mel, onde a vida de Deus é abundante,
mas onde não precisamos dos grandes milagres para alcançá-la. A lição a ser aprendida no
deserto é a atitude de dependência de Deus, o quebrantamento, a humildade (Dt 8), que devem
ser a base da nossa vida na terra prometida. Se não mantivermos o mesmo relacionamento vivo
com Deus que surge quando estamos num deserto de apuros e angústia, então tudo que
passamos lá foi em vão. Aprendemos, então, a ouvir a voz de Deus no deserto, pois lá não
sobrevivemos sem ela, e porque não há outra distração, não há outra atividade, não há nenhum
perigo de nos acomodarmos ali. Mas o alvo de ouvir esta voz, o alvo de edificar o tabernáculo
móvel para Deus, é caminhar para a terra prometida onde o reino de Deus será uma realidade.
Enquanto estivermos no deserto, estamos aprendendo, estamos conhecendo mais as condições
da aliança, mas ainda não somos o reino de Deus em realidade. Até mesmo a terra prometida
ainda não é o alvo final. Deus quer usá-la como base para alcançar toda a terra, toda a criação,
e trazer tudo debaixo dos pés de Jesus. Moisés não entrou na terra prometida. Ele conduziu o
povo até a fronteira, e viu a terra, mas não pôde entrar. Isto representa a dispensação da lei,
que prepara o povo para a graça, que mostra a graça, mas que não pode introduzir o povo na
graça de Deus. Josué, como figura de Cristo, foi quem levou o povo a entrar.

O SÁBADO

Deus deu a Moisés dez mandamentos que formam o alicerce da aliança Mosaica. O quarto
mandamento era diferente dos demais, porque era o sinal da aliança entre Deus e o seu povo.
Era como a circuncisão para Abraão. Guardar o sábado era uma prova de que o povo estava
sendo fiel à aliança com Deus (Ex 31.12-18). “Sábado” significa descanso. A origem do sábado
vem da criação quando Deus descansou depois de ter criado todas as coisas (Gn 2.1-3). O
significado deste descanso é que Deus fizera tudo, e viu que tudo era muito bom. Não havia
mais nada para fazer. Então ele descansou. Ele não ficou cansado – ele descansou porque fizera
algo perfeito. Em Hebreus 4.1-11, podemos ver o significado espiritual do sábado, que também
é ligado à terra prometida. Mas “resta um repouso para o povo de Deus” (v.9). O que é este
repouso? É descansar de nossas próprias obras ou esforços para agradar a Deus (v.10). Aí está o
paradoxo. Dentro da aliança que enfatizava a lei, ou as justas exigências de Deus sobre o homem,
está um mandamento de não fazer nada! Este é o sinal da aliança, já prefigurando que o homem

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não conseguiria obedecer a lei. Então, quando descansamos das nossas obras, o próprio Deus
nos santifica (ver Ex 31.13). No livro de Hebreus achamos sete vezes a afirmação que Jesus fez
tudo por nós um vez por todas. Jesus disse aos judeus que o acusavam de curar no sábado que
seu Pai trabalhava até agora e ele também (Jo 5.17). Deus descansou das suas obras na criação
porque terminou tudo, mas ele ainda opera em nós – se nós descansamos! Se continuarmos nos
esforçando, Deus não poderá fazer nada e ele vai descansar. Se nós descansarmos, Deus operará
em nós sua grande salvação (Fp 2.13). Mas precisamos entender quão importante esta condição
é para Deus. Era um crime condenado por morte, violar o sábado. Se não aceitamos este
descanso, estamos invalidando a obra perfeita de Jesus. O sábado representa a revelação total
de Cristo e da sua obra por nós.

SINAIS E MARAVILHAS

O ministério de Moisés foi marcado por sinais e milagres. Estes sinais provam, como Jesus disse,
que Deus ainda está trabalhando. Ele não está descansando no sentido de não fazer nada. Ao
tirar o povo de Israel do Egito, Deus operou grandes sinais. Para passar no Mar Vermelho e para
sustentar e guiar o povo no deserto, Deus continuou a operar sinais e milagres. E para introduzir
o povo na terra sob a direção de Josué e subjugar os inimigos lá, Deus ainda operou grandes
sinais. Ao estudarmos a história do povo de Deus na Bíblia, podemos observar que não foi em
todas as épocas que Deus operava grandes sinais. Em qualquer época Deus operava sinais ou
milagres isolados, mas houve determinadas épocas quando se destacou a abundância da
operação sobrenatural de Deus no meio do seu povo. Na Bíblia encontramos três destas épocas
de sinais e milagres. A primeira foi esta que estamos examinado, com Moisés e depois com
Josué. A data é aproximadamente 1500 A.C. A segunda época de milagres abundantes foi com
Elias e Eliseu em aproximadamente 850 A.C. A terceira foi com Jesus e os apóstolos no primeiro
século da nossa era. Há uma quarta época que não está na Bíblia. É a nossa época atual, do
século XX, principalmente nas últimas décadas. Deus tem operado muitos milagres nos nossos
dias através de ministérios poderosos, e através do derramamento do Espírito Santo e dos dons
no mundo inteiro. O que significam estas épocas sobrenaturais no plano de Deus? O que têm de
comum entre elas? Se entendermos isso, poderemos compreender melhor a época em que nós
estamos no plano de Deus, e o propósito de Deus em operar sobrenaturalmente. Em primeiro
lugar, podemos dizer que cada uma dessas três épocas era um marco decisivo no
desenvolvimento do plano de Deus. O ministério de Moisés representa a libertação do povo da
escravidão do Egito, e o estabelecimento da aliança da lei com eles como condição para entrar

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na terra prometida. Daí em diante, Deus seria conhecido como o Deus que tirou Israel do Egito
com mão poderosa e braço estendido. Deus queria se revelar ao povo de tal forma que cressem
nele. Os sinais chamam a atenção de todos para Deus e para o seu plano. Os ministérios de Elias
e Eliseu foram acompanhados por grandes sinais. Elias operou sete milagres, e Eliseu que
recebeu a porção dobrada operou quatorze. Eles vieram numa época de grande apostasia e
idolatria, quando Deus estava para tirar o povo da terra prometida. Foram precursores de toda
a sucessão de profetas que foi enviada por Deus para avisar o seu povo, e levá-lo ao
arrependimento. Os profetas tinham a missão de chamar o povo de volta para a lei de Deus,
para a aliança que fora abandonada, e mostrar as consequências se o povo não se arrependesse.
Os sinais foram para chamar a atenção do povo para Deus para que não fosse preciso levá-lo ao
cativeiro. Era um sinal de alerta, de crise, para que o povo se acordasse. A maioria dos profetas
não tinha sinais no seu ministério, mas a introdução do ministério profético foi com sinais. Não
é preciso falar muito sobre Jesus e os apóstolos. Era uma época decisiva, pois Deus estava
estabelecendo a Nova Aliança com o povo, preparando para introduzi-lo na terra prometida do
Espírito. Ele queria chamar a atenção de todos para este novo passo no seu plano. É interessante
notar que no monte da transfiguração as três épocas estavam representadas. Na época de
Moisés foi apresentada a lei. Na época de Elias foi introduzido o ministério profético. Como
Jesus, iniciou-se o ministério que reúne todas as partes, o ministério apostólico. Podemos
observar que nas três épocas houve um ministério complementar que veio depois do primeiro.
Depois de Moisés veio Josué; depois de Elias, Eliseu; e depois de Jesus, os apóstolos. Outra
comparação é que as primeiras duas épocas se completam, formando uma figura das últimas
duas. Moisés e Josué representam a promulgação da lei que preparou o povo para entrar na
terra prometida. Elias e Eliseu representam o ministério de restauração, a volta para a lei,
avisando o povo antes de sair da terra. Jesus e os apóstolos representam o início da igreja, a
promulgação da Nova Aliança, preparando o povo para entrar na vida do Espírito, no descanso
das obras carnais, que é nossa herança, a terra prometida. Agora Deus está dando outra época
de sinais e maravilhas para chamar atenção para outro marco importante no seu plano. Como
no tempo de Elias e Eliseu, é uma época de restauração, de voltar para tudo que perdemos nos
séculos de escuridão e apostasia. É também uma época de preparação profética para a segunda
vinda de Cristo. Que maior acontecimento poderia haver do que a volta de Jesus? Que maior
necessidade de chamar a atenção do povo através de sinais e milagres? O Século XX tem
testemunhado muitas ondas de sinais e avivamento. É interessante que duas das maiores ondas
neste século vieram com muita proximidade às duas guerras mundiais. Logo antes da Primeira
Guerra Mundial veio o derramamento do Espírito que deu origem ao movimento pentecostal. E
logo depois da Segunda Guerra Mundial Deus moveu em 1948 com o levantamento de muitos

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grandes ministérios de evangelismo e de cura divina, e com a restauração de louvor, e de
abundância de dons e revelações. Então, através das guerras e do derramamento do Espírito,
Deus está avisando e preparando o seu povo para os últimos dias. Outro paralelo interessante
entre as épocas de sinais pode ser feito entre Moisés e Jesus. Moisés deu a lei, acompanhada
por sinais . Jesus deu o evangelho também acompanhado por sinais. Ambos tinham uma palavra
forte e nova, e tinham sinais juntos. Elias e Eliseu não tinham uma palavra nova, nem escreveram
nada. Eles tinham sinais, mas não tinham um grande palavra. Outros profetas tinham palavras
sem sinais. Esdras, Neemias e João Batista são exemplos também de ministérios que tinham
uma palavra sem sinais. Hoje também temos visto muitos sinais sem uma palavra forte ou
restaurada. Mas podemos esperar que a restauração da palavra ainda venha assim como os
profetas vieram depois de Elias e Eliseu. Em Apocalipse 11.3-6 fala sobre o ministério das duas
testemunhas que virá nos últimos dias. Pelos sinais que vão operar, podemos identificá-las como
representando os ministérios de Moisés e Elias. Não serão duas pessoas, mas um ministério

poderoso em todo o mundo que restaurará a LEI, e o ministério profético para


preparar a igreja para a segunda vinda de Cristo. Isto mostra que haverá sinais e
palavra na igreja dos últimos dias, para revelar Jesus na terra. O tempo de
seu ministério é de três anos e meio, mostrando que representa um paralelo com o ministério
de Jesus na terra. Em conclusão vemos que os sinais e milagres assinalam marcos importantes
no plano de Deus. Chamam atenção para um novo passo, para algo muito decisivo no propósito
profético de Deus. Não são para criar uma dependência no sensacional, ou para exaltar o
homem. Não são para chamar a atenção para os milagres em si, mas para confirmar a palavra e
o passo que Deus está dando no seu plano. Outra coisa importante a ser notada é que os sinais
são uma espada de dois gumes – trazem a bênção de Deus, a cura e a restauração por um lado,
mas trazem o juízo e a ira de Deus por outro lado. Os sinais de Moisés eram das duas classes –
juízo sobre o Egito e sobre os rebeldes e desobedientes, e provisão e cura para o povo de Deus.
Os sinais de Elias eram mais de juízo enquanto os de Eliseu eram mais de misericórdia e graça.
No ministério de Jesus os sinais foram sempre para abençoar, mas os apóstolos tiveram
demonstrações da ira de Deus (como no caso de Ananias e Safira). Hoje também temos visto
sinais do amor e da graça de Deus, mas lemos em Apocalipse 11 que as duas testemunhas
exercerão juízo sobre as nações. Já vimos muitos sinais e maravilhas no século XX, mas podemos
esperar mais pois há muito ainda para se cumprir antes da vinda de Cristo. Então procuremos
prestar atenção e ouvir o que Deus quer mostrar sobre seu plano e os últimos dias através da
sua demonstração de sinais que vemos hoje. E estejamos prontos para atender à sua palavra de

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alerta, como nos dias de Elias, para que o juízo vindouro não venha sobre nós. Haverá um grande
conflito entre o reino de Deus e o reino das trevas. Precisamos saber se estamos em aliança com
Deus para que estejamos no lugar certo quando esta guerra espiritual sobrevier ao mundo.

OBEDIÊNCIA OU MORTE

Em Deuteronômio 30.15-20, Moisés termina sua exposição da aliança com Deus com a decisão
que cabe ao povo: obediência à lei que resultará em vida ou desobediência que trará morte.

Podemos observar a semelhança deste ponto da aliança Mosaica com o último ponto da
primeira aliança. Em ambos os casos Deus deu uma ordem que resultaria em vida se obedecesse
e em morte se desobedecesse.

Na primeira aliança, foi um mandamento dado a um indivíduo, enquanto nesta aliança foi uma
lei dada a uma nação. Em ambos os casos a decisão tomada pelo homem é sempre a decisão
errada. Assim como no jardim do Éden, a nação de Israel também escolheu a morte. Este é o
resultado da lei sobre a nossa natureza carnal. Não conseguimos obedecer. Vemos nesta
passagem de Deuteronômio a ligação entre a lei e a terra. Se guardassem a lei, teriam vida e
permaneceriam na terra. Se não guardassem, Deus enviaria a morte e sairiam da terra. A terra
representa obediência, é o reino de Deus. Sem obediência não há governo, não existe o reino
de Deus.
Como sempre, embora esta aliança mostre a falha da lei como instrumento de conduzir-nos a
esta terra de obediência, ela aponta para a graça e contém num código secreto os princípios que
seriam revelados na Nova Aliança. Deuteronômio 30;20 mostra que a obediência está ligada ao
amor.
Se você ama, você confia e obedece, não por força, mas espontaneamente. Esta é a chave que
faz cumprir a lei. Por isto também Deus mostra no mesmo capítulo, versículos 11-14, que a lei
não está longe, nem difícil demais para alcançar.
Está no coração e na boca. Paulo explica em Romanos 10.5-8 que esta chave é a fé em Jesus
Cristo. A fé que nos salva é a confiança e o amor para com Jesus que também nos leva a obedecê-

lo e servi-lo de coração como Senhor. Isto é o reino de Deus, é o


cumprimento da lei.

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ALIANÇA DAVÍDICA

Estamos prontos agora para iniciar a sexta aliança, a aliança com Davi. É a última das alianças no
Velho Testamento. É a terceira aliança no “sanduíche” de graça, lei e graça novamente que
vimos na sequencia de Abraão, Moisés e Davi.

Quando pensamos em Abraão, lembramos da promessa incondicional.


Quando pensamos em Moisés, lembramos da lei.
Quando pensamos em Davi, lembramos de um homem segundo o coração de Deus.

Vamos descobrir por que Davi recebeu este nome.

LUTA E LOUVOR

Davi era um homem de guerra (1 Sm 16.18; 1 Rs 5.3; 1 Cr 22.8), mas também era o mavioso
salmista de Israel (2 Sm 23.1). São suas qualidades muito destacadas na vida de Davi, e
paradoxalmente vão juntas. Em 1 Sm 13.14, Deus falou através de Samuel que estava
procurando um homem que lhe agradasse, já que Saul não o colocava em primeiro lugar na sua
vida. Em At 13.22 lemos que Deus achou este homem em Davi, pois ele faria toda a vontade de
Deus. Uma das chaves na vida de Davi era o seu conflito com os inimigos. Ele era um homem de
guerra. Sabemos que esta qualidade tinha um aspecto negativo, pois Deus não permitiu que
Davi edificasse uma casa permanente para seu nome por ser um homem de sangue (1 Cr 22.8).
Mas em Sl 139.21,22, vemos que para Davi os inimigos de Deus eram seus inimigos, e ele os
odiava com um ódio perfeito ou consumado.
Se alguém não amasse a Deus, Davi tampouco pedia amá-lo. Talvez para nós isto pareça um
pouco estranho. Às vezes pensamos que Deus é amor, que o evangelho é só graça e aceitação,
e que não existe algo como ódio perfeito. Mas precisamos ver este lado da natureza de Deus
num homem que era segundo o seu coração. Pelo menos metade dos salmos foi da autoria de
Davi. A palavra “inimigo” apareceu mais ou menos cem vezes nos salmos, além de outros
sinônimos. A linguagem que é usada em relação a estes inimigos pode até nos causar dúvidas,
se não entendermos o que significam estes inimigos. Mas pela ênfase que recebem, podemos
concluir que representam um assunto importante para Deus. Precisamos entender que Deus
usa personagens e objetos visíveis no Velho Testamento para mostrar-nos verdades espirituais.

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Ele queria tanto que entendêssemos o seu plano que fez com que tudo fosse dramatizado
visivelmente em grande detalhe no Velho Testamento. A criação, a nação especial de Israel e
finalmente Jesus, o Verbo em carne, foram os meios que ele usou par revelar-nos as verdades
invisíveis. Então, os inimigos de Davi eram pessoas reais que simbolizavam os nossos inimigos
espirituais. Podemos descrever estes inimigos de diversas formas. Uma maneira é generalizá-los
como demônios, seres espirituais, astutos e reais, que estão lutando contra os objetivos de
Deus. Farão todo o possível para destruir o povo de Deus e impedir o seu plano na terra. Outra
maneira de aplicar esta simbologia é dizer que os nossos inimigos são Satanás, o mundo e a
carne. Nosso ser é composto de espírito, alma e corpo. O espírito foi criado para ter comunhão
com Deus, mas quando não tem, o corpo não pode ser dominado, e começa a ser atraído pelo
mundo e pelas coisas materiais.
Na verdade é satanás quem domina este mundo e quem opera através dele para nos subjugar
aos seus desejos. Ele não se revela abertamente, mas tenta conquistar-nos através do mundo
que ele governa. Finalmente podemos classificar os inimigos de Davi em quatro categorias.

 Os filisteus, contra os quais Davi lutava, especialmente nos dias de Saul. Representam
os “eus”, as obras da carne. Foram suas primeiras experiências com guerra.
 A casa de Saul. Depois que Davi foi ungido como o próximo rei de Israel, Saul começou
a persegui-lo. Saul é uma figura de justiça própria, amor próprio e o sistema religioso
que tem aparência de servir a Deus, mas cujo coração está longe dele. É um sistema rival
ao sistema do reino de Deus. Mas Davi não resistia, não estendia a sua mão contra este
inimigo. Nesta luta, Deus teria que operar a vitória sem a força natural de Davi para
ajudá-lo. Aqui tem lições muito importantes de guerra espiritual. Precisamos identificar
os nossos inimigos para saber qual estratégia devemos usar contra eles.
 Os gigantes e outras nações contra os quais Davi lutou depois de rei de Israel.
Representa os exércitos de Satanás que procuram impedir o estabelecimento do reino
de Deus.
 Os da sua própria casa – seu filho Absalão. Isto representa traição, facção e divisão
dentro do próprio povo de Deus. Neemias também encontrou este inimigo. Aqui
também Davi não usou métodos naturais para vencer, em parte porque a guerra foi
resultado da sua própria carnalidade.
Então Davi aprendeu durante toda a sua vida como lutar contra estes inimigos, e as estratégias
adequadas para cada tipo de inimigo. Devemos aprender com Davi a amar os nossos inimigos,
mas a odiar os inimigos de Deus, a começar com aqueles que atuam em nossa própria carne!

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Deus não quer pessoas moles ou mornas; ele quer pessoas intensas, pessoas de paixão, como
Davi. Veja alguns exemplos da sua ira contra os inimigos: Sl 3.7; 5.8-10; 6.7,10; 7.6; 21.8; 23.5;
25.2,19. Se quisermos ser pessoas segundo o coração de Deus, é certo que teremos muitos
inimigos, e precisamos saber como lutar contra eles. Precisamos aprender a discernir quem são
estes inimigos, como usar armas espirituais, como não ser passivos, aceitando tudo que nos
acontece, pois assim os propósitos de Deus não serão realizados. Jesus também não era uma
pessoa passiva nem mole. Ele amava as pessoas, mas tinha ódio das forças que as escravizavam
e que impediam a graça de Deus de ser revelada. Aqui vemos como Davi também era um homem
de louvor. Ele enfrentava suas lutas com louvor. No mesmo cenário onde encontrou seus
primeiros inimigos, o urso e o leão, ele aprendeu sua maior arma, a música de louvor a Deus.
Muitas vezes ele louvava a Deus pela vitória já concedida (Sl 9.1-3; 27.1-6). Outras vezes já
começava a louvar antes de ver a vitória consumada (Sl 22.20-25). Ás vezes ele começava com
clamor e angústia e no meio do salmo, antes de alcançar qualquer resultado visível, já entrava
em louvor (ver Sl 56; 35.1-4,9,10,17,18,26-28). Nem sempre é possível louvar a Deus antes de
ver a vitória. Deus aceita o nosso clamor também. Mas muitas vezes a vitória será alcançada
mais rápido se louvarmos a Deus. O louvor libera o poder de Deus. Se não conhecemos o clamor,
dificilmente conheceremos o louvor. A angústia é difícil, mas no plano de Deus deve gerar o
louvor. Quando alcançamos a vitória precisamos ter cuidado para continuar em louvor, dando
glória a Deus. O perigo da nossa carne é sempre querer tomar a glória para nós mesmos. A vida
de Davi era cheia de luta até o fim, mas a luta tornou-se para ele uma causa de louvor. Antes da
vitória, no meio da luta, ou depois de alcançar a vitória, Davi estava sempre louvando a Deus.
Foi por isto que foi chamado o mavioso salmista de Israel. Ele lutou com a espada, mas com a
harpa também. Este foi outra característica que o marcou como homem segundo o coração de
Deus.

PROFECIA

Este ponto é consequência do primeiro. Primeiro vem a luta que produz a necessidade de
clamor, e de entrar na presença de Deus através do louvor. Davi passou por muita luta e por isto
aprendeu bastante sobre as armas espirituais. O louvor é uma arma contra Satanás, uma arma
que não utiliza a força humana, mas libera o poder de Deus. O louvor, por sua vez, faz entrar em
contato com Deus no espírito, faz encher do Espírito de Deus, e faz profetizar. Davi foi um
profeta por causa do espírito de louvor que ele tinha. Profecia é falar as palavras de Deus, é falar
no lugar dele para a sua geração. Deus quer muitos profetas hoje, quer que todo o seu povo

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profetize (Nm 11.29). Mas isto não se aprende através de métodos ou cursos, mas por entrar no
nível do Espírito, e ter contato vivo com Jesus. O testemunho de Jesus é o espírito da profecia
(Ap 19.10b). Não há “atalhos”; precisamos conhecer a Deus através de lutas e experiências
difíceis e isto fará entrar em contato com Deus. Davi foi conhecido como profeta (At 2.29-31).
Ele recebeu uma visão no Espírito através da música e do louvor. Muitas vezes nos salmos, ele
começa clamando ou louvando, e termina profetizando. A música e o louvor vão juntos e
produzem a profecia. Davi falou de Jesus, seu descendente, e viu a sua vinda, a sua morte, a
ressurreição, o seu reino e a libertação de toda a criação. Como exemplos podemos citar Sl 2.7,8;
22.16-18; 110.1-4; Lc 20.41-44; 24.44; At 4.24-26.

O TABERNÁCULO DE DAVI

Quando Davi se tornou rei de Israel, a primeira coisa que fez foi conquistar Jerusalém (1 Co 11.4-
9). Deus havia prometido escolher um lugar para colocar seu nome ali, e para ser o centro de
culto a Deus e união do povo (Dt 12.1-14). Embora Deus não tivesse até então cumprido esta
promessa, por causa de Davi este lugar veio a ser Jerusalém (1 Rs 8.15-21). Achando um homem
segundo o seu coração, ele achou também um lugar para colocar o seu nome e estabelecer o
seu reino. Neste tempo o tabernáculo de Moisés estava em Gibeon, enquanto que a arca de
Deus se achava em Quiriate-Jearim, desde que voltara da terra dos filisteus (ver 1 Cr 21.29; 13.5).
Davi queria trazer a arca de volta para junto dele, e para isto armou uma tenda perto da sua
casa no monte Sião, em Jerusalém (1 Cr 15.1). Seu plano era fazer uma casa para Deus, mas Deus
não permitiu (1 Cr 17.1-15; 2 Cr 6.6-9). Então esta tenda que Davi armou para a arca permaneceu
até que Salomão construiu a casa permanente, e ficou conhecida como o tabernáculo de Davi.
Durante todo o reinado de Davi, a arca ficou nesta tenda, separada do restante do tabernáculo
de Moisés em Gibeon. Davi instituiu um ministério de música e louvor junto à arca de Deus com
turnos de levitas, músicos e cantores (1 Cr 16.1-7,37-38) enquanto os sacerdotes continuavam
oferecendo holocaustos em Gibeon (1 Cr 16.39,40). Já vimos que o tabernáculo de Moisés era
uma estrutura móvel que representava a casa de Deus num sentido temporário, sempre pronto
para se deslocar, andar, e alcançar o alvo final de Deus. A casa de Deus no sentido permanente,
a morada completa e final de Deus, é representada pelo templo de Salomão.

O que representaria no plano de Deus este estágio do tabernáculo de Davi?

Dividiremos a resposta em três partes:

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1) Davi era um homem de visão, um homem que viu os alvos de Deus e seu plano de uma forma
muito ampla. Na nação de Israel, ele é comparável a Moisés. Moisés deu a lei, Davi deu o reino
e o louvor na casa de Deus. Nos séculos posteriores, quando o povo apóstata voltava a Deus,
voltava a Moisés e a Davi (2 Cr 35.4,6; Ed 3.2,10). Moisés queria entrar na terra prometida, mas
Deus não deixou; Davi queria fazer a casa permanente para Deus, e ele também não o deixou.
Ambos tinham corações grandes e queriam fazer além das suas possibilidades. A visão de Deus
cria pressão, pois quando se vê o propósito de Deus, nasce um desejo muito grande de vê-lo
atingido. Amplia os horizontes, mas cria zelo e ansiedade. Moisés perdeu a paciência com o povo
e não pôde entrar na terra. Davi estava sempre em guerra e por isso não pôde edificar a casa.
Apesar disso, eles não ficaram acomodados. Moisés levou o povo até o rio Jordão, e preparou-
o de toda forma possível para entrar. Davi fez tudo que pôde, com todas as suas forças, para
preparar a construção da casa. Ambos deixaram tudo pronto para a próxima geração, de tal
forma que foi fácil para Josué e Salomão respectivamente. Neste sentido a tabernáculo de Davi
representa o povo profético, que vê aquilo que Deus vai fazer e que está fazendo todo o possível
em preparação. O tabernáculo de Davi não é a casa permanente, mas é a preparação para ela.

2) O tabernáculo de Davi representa a institucionalização do Governo de Deus na Terra. O


Tabernáculo de Davi representa a sede do Reino, a representação máxima do Céu na Terra, de
onde Paulo tira a base pra se nomear Embaixador de Cristo. Davi queria que todo o povo
entrasse em comunhão plena com Deus, que se levantassem muitos profetas para ouvir de
Deus. Vários dos seus cantores foram profetas e alguns como Asafe, Jedutum e outros,
escreveram salmos.

3) O tabernáculo de Davi representa uma mudança de dispensação, da lei para a graça. É a


terceira parte do nosso sanduíche. Não que a lei foi anulada, mas a ênfase passou para a Graça
e a Lei juntas, em um estado pleno de Adoração e Obediência. O tabernáculo de Moisés
continuou em Gibeon, mas sem a arca que era o objeto central; o motivo principal da existência
do tabernáculo. Na edificação da casa permanente, tudo seria reunido em perfeito equilíbrio
novamente, mas durante os dias de Davi, havia muito mais ênfase naquilo que Deus estava
fazendo de maneira nova, que era o louvor e a revelação da graça. Dentro do tabernáculo de
Davi, onde os cantores e músicos ministravam, só havia a arca, e dentro da arca havia as tábuas

da lei. Então a Adoração NUNCA dispensou a lei, mas na mudança de dispensação ou de


regime, havia mais ênfase em entrar na presença de Deus através de obediência e louvor. No
sentido de ter todos os elementos presentes em perfeito equilíbrio, o templo de Salomão

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representa o cumprimento perfeito e total da casa de Deus. Mas o tabernáculo de Davi
representava a ênfase especial dada àquilo que Deus estava dando naquela geração, e
prefigurava também a Restauração da Aliança em Jesus, quando todos poderiam entrar na
presença de Deus sem ter que cumprir rituais exteriores, fazendo uso do acesso ao Reino, por
meio dos representantes legais do Reino na Terra. Deus permitiu a separação da arca e do
ministério de louvor do restante do tabernáculo, para que todos pudessem entender bem o que
ele estava falando. Depois, com Salomão, ele reuniu tudo novamente no equilíbrio certo (2 Cr
5.1-14). O sanduíche de Abraão, Moisés e Davi é para ser recebido junto, não separadamente.

No seu plano, a lei e a graça são complementares, e juntas


formam a revelação da sua natureza. Neste sentido, o reinado de Salomão e
a casa permanente de Deus representam a perfeição, o reino de Deus na terra. Reino

esse que Amós profetiza que seria restaurado em AM 9; 11 – “Eis, portanto, que naquele Dia
levantarei a Tenda caída de Davi. Consertarei o que estiver danificado, e restaurarei as suas
ruínas. Eu mesmo a reerguerei, para que seja tão exuberante quanto foi nos dias antigos”; e
nesse mesmo contexto os apóstolos vão indagar ao MASHIACH em ATOS 1;6 “Então, os que se
haviam reunido lhe consultaram: “Senhor, será este o tempo em que restaurarás o Reino a
Israel?””

A CASA

Queremos falar agora sobre o propósito que Davi tinha de edificar uma casa para Deus.
Colocamos este assunto num item separado, pois embora tenha muita ligação com o item
anterior, representa, na verdade, a essência da aliança que Deus fez com Davi. A aliança Davídica
foi a respeito da casa que Davi queria edificar para Deus. Vimos que Davi era um homem de
visão, de ardo, de paixão por Deus. Ele queria a presença de Deus junto com ele, e por isso
trouxe a arca para perto da sua casa. Mesmo depois da primeira tentativa se frustrar (1 Cr 13),
Davi não desistiu. Depois de levantar o tabernáculo para a arca, ele quis fazer a casa
eternamente. Você pode ler sobre este desejo dominante da vida de Davi nos salmos,
especialmente no Salmo 132. Em 1 Crônicas 17 encontramos a história de como Davi propôs
fazer a casa, e da resposta que Deus lhe enviou. Em resumo, Deus lhe falou duas coisas: “Tu não
edificarás casa para minha habitação” (v.4), e: “Também te fiz saber que o Senhor te edificaria
uma casa” (v.10). Na primeira parte da resposta, Deus está mostrando que é impossível o
homem edificar uma casa para Deus. Deus gostou muito da atitude no coração de Davi (2 Cr

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6.8), mas ao mesmo tempo mostrou-lhe que não seria possível ele mesmo fazer esta casa. Na
segunda parte da resposta, Deus inverte o quadro e promete fazer uma casa para Davi. Esta casa
seria a sua descendência (1 Cr 17.11,12), que sentaria no trono de Davi para sempre. Então
vemos uma estranha inversão. Davi queria com todas as suas forças edificar uma casa para Deus.
Ele não queria visitas apenas, ele queria que Deus habitasse com seu povo. Davi não estava com
isto procurando alguma vantagem ou bênção pessoal, pois Deus já lhe havia dado vitória sobre
todos os seus inimigos (2 Sm 7.1). Ele queria algo para o prazer, para o bem-estar de Deus, sem
nenhum interesse próprio. Ele não tinha motivos secundários. Deus foi de tal forma comovido
com esta atitude que prometeu fazer uma casa para Davi. E depois revelou que esta casa, ou
descendência, é que edificaria a casa para Deus. Podemos resumir da seguinte forma: Davi
queria fazer uma casa para Deus. Deus falou que seria impossível, mas que ele faria uma casa
para Davi. E é a casa que Deus fez para Davi que faria a casa para Deus! Mas não acabamos de
afirmar que o homem não pode edificar uma casa para Deus? Sim, mas não é impossível Deus
usar o homem para edificar a sua casa. Há uma diferença muito grande entre as duas coisas.
Deus não está interessado numa casa em si; em primeiro lugar Deus está interessado na
comunhão. Quando ele encontrou tal atitude no coração de Davi, ele achou a base ou
fundamento para preparar o instrumento que edificaria a sua casa. Hoje se fala muito sobre a
casa de Deus. Mas sem este alicerce, sem a aliança de comunhão que resulta da atitude que
havia no coração de Davi, o homem nunca conseguirá fazer uma casa para Deus. A casa é um
lugar de comunhão de representa o alvo de Deus de habitar para sempre com seu povo. Mas
antes do lugar de comunhão, precisa haver comunhão. A comunhão vai produzir o instrumento
que pode criar um lugar onde possa fluir um ambiente de comunhão, um lugar que realmente
satisfaça os desejos do coração de Deus. Salomão foi o filho de Davi que cumpriu de forma visível
e imediata esta aliança de Deus. Mas Jesus é o verdadeiro descendente de Davi que cumpre a
promessa de sentar-se para sempre no trono de Davi. E ele é quem edificará a casa permanente
para Deus. Davi era um homem de guerra. Salomão era um homem de paz. O reinado de
Salomão prefigura o reinado milenar de paz na terra, depois da volta de Jesus. Neste contexto
está claro que nós, como Davi, somos incapazes de edificar esta casa, e este reinado para Deus.
Porém a chave é ter a atitude de Davi. Ele não descansava, ele procurava uma coisa acima de
tudo (Sl 27.4). Ele queria agradar a Deus, queria que Deus habitasse com ele, queria a presença
de Deus a qualquer custo. É esta atitude que é simbolizada pelo tabernáculo de Davi, e que
produz a resposta de Deus de fazer uma casa para Davi. Em outras palavras, quando Deus
encontra pessoas que não estão preocupadas em vantagens ou bênçãos para si, que não querem
levantar a casa a seu próprio modo, mas querem agradar a Deus acima de tudo, que colocam os
desejos de Deus acima de conforto, prazer ou interesses próprios, então seu coração se comove,

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ele pode ter comunhão com elas, e desta comunhão são formados os instrumentos que Deus
pode usar. Deus é quem faz tudo. A casa será feita por ele mesmo – porém ele usa instrumentos
humanos. E estes instrumentos são pessoas com o coração de Davi, pessoas que acham melhor
errar no seu zelo de achar a presença de Deus do que ficar acomodados vivendo para si mesmos.
Davi era um homem de crises, de paixão, mas de ação. Deus teve que corrigi-lo, às vezes
discipliná-lo. Mas ele se agradou de seu coração de zelo e de ardor, e firmou uma aliança eterna
com ele. Hoje também Deus quer encontrar um povo profético, um povo com este coração, com
este ardor pela casa de Deus. Mesmo que Deus mostre que não é possível levantar a casa
perfeita que sabemos ser o seu alvo na terra, podemos ser instrumentos. Mesmo que
cometemos erros, mesmo que tentemos às vezes da forma errada, se nosso coração anseia pela
habitação de Deus, se nosso alvo é Deus, o seu conforto, a satisfação do seu coração, então ele
poderá nos usar como instrumentos. O homem não pode fazer a casa de Deus, mas o homem
que deseja fazer a casa de Deus mais do que todas as coisas, pode ser usado por Deus para fazer
a casa de Deus!

O REINO

2 Samuel 8 (ver também 1 Cr 18) descreve as vitórias de Davi sobre todos os seus inimigos em
redor. O versículo 15 diz que o rei Davi reinava sobre todo o Israel, e julgava a todos com justiça.
Este foi o reino de Davi que por sua vez preparou o caminho para o período de maior glória em
toda a história de Israel, que foi o reinado de Salomão (1 Rs 4.20,21). Foi somente nestes dois
reinados que os filhos de Israel ocuparam todo o território prometido por Deus a Abraão (Gn
15.18). O reino de Deus é um dos grandes temas da Bíblia. João Batista o anunciou (Mt 3.2) e
era a mensagem do próprio Jesus (Mt 4.17,23). Os judeus o esperavam (At 1.6). Mas todo este
conceito de reino originou-se realmente com o rei Davi. Nos salmos e nos profetas há numerosas
passagens que o descreve, que o predizem, e que o anunciam. Quase sempre, relacionam o
reino com o rei Davi. Assim como o filho de Davi foi considerado filho de Deus (1 Cr 28.6), por
ser figura do mais distante descendente de Davi, Jesus, da mesma forma a casa de Davi tornou-
se a casa de Deus, pois a sua casa era a sua descendência, e Jesus é a habitação plena de Deus
(Cl 2.9). A cidade de Davi também veio a ser a cidade de Deus (Sl 48.1,2) e o reino de Davi é uma
figura do reino de Deus. Uma das diversas passagens proféticas que mostram o reino de Davi
como figura do reino de Deus é Ezequiel 37.21-28. Esta profecia dada muitos anos depois de
Davi, fala da restauração de Israel sob o reinado de Davi. Por isto os judeus esperavam uma
restauração literal dos dias de glória, justiça e paz que tiveram com Davi e Salomão, não

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entendendo que Deus estava falando do rei Jesus e de um novo Israel. Porém, assim como a
menor parte dos judeus tinham conceitos político sobre o MASHIACH que viria, à saber, o
Sinédrio, nós como cristãos nem entendemos o que é o reino de Deus e muitas vezes não o
esperamos. Se nossa analogia a respeito de Davi e Salomão estiver correta, podemos dizer que
Davi representa os dias de preparação que introduzem o reino em plenitude no reinado de
Salomão. O reinado de Salomão representaria o milênio de paz que virá depois que Jesus voltar
em poder e glória. Temos o direito e a responsabilidade de introduzir o reino de Deus nos
corações e nas vidas dos homens desde agora. Doutra forma, por que Jesus veio pregando que
o reino de Deus está próximo? E que o reino de Deus já estava entre eles (Lc 17.20,21)? Como
Davi, que não podia experimentar ele mesmo a plenitude de tudo que Deus lhe mostrou, nós
fomos chamados para ser uma geração profética, um povo que anuncie e que viva os princípios
do reino de Deus. Um dia a igreja pisará sobre todos os inimigos para sempre, mas desde agora
podemos vencer sobre o pecado, a doença, e as obras da carne. Estamos sendo preparados para
governar desde agora. Na parábola das dez minas, aqueles que foram fiéis com o pouco
receberam autoridade sobre cidades, (Lc 19.11-27). Aqueles que forem sacerdotes, reinarão
com Cristo (Ap 20.6). O reino de Deus é um assunto muito vasto, mas nos limitaremos a mostrar
que faz parte da aliança Davídica como a semente do verdadeiro reino que Deus está
preparando agora. Devemos lembrar do ponto anterior, onde vimos que a cidade é o ponto
estratégico para alcançar o reino. Daí a necessidade de ver a restauração da vida prática de Jesus
na igreja hoje, a cidade posta sobre o monte que todos precisam ver e entender, e de onde sairá
luz e vida para todos os povos (Mt 5.14; Is 2.1-4).

A NOVA ALIANÇA (JR 31; 31-34)

Temos visto que o tema aliança atravessa a Bíblia inteira, porque representa o propósito final
de Deus de ter comunhão com o homem. As sete alianças não são sete tentativas fracassadas
de alcançar esta comunhão, mas são passos que Deus deu no seu relacionamento de namoro
com a humanidade, até chegar ao casamento, e posteriormente a Restauração que é a
consumação final, a aliança eterna. Todas as alianças prefiguram e mostram este alvo final de
Deus; porém a Nova Aliança, como o último passo, é a que introduz o homem neste

relacionamento eterno com Deus. Não é uma aliança que será superada ou ultrapassada. Éo
último passo no plano único de Deus. Como uma forma de revisar

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rapidamente as alianças que já estudamos, vamos comparar a comunhão que Deus conseguiu
em cada uma delas...

 Aliança Edênica – Comunhão Provisória. Deus deu uma escolha para o homem que
determinaria se este continuaria ou não em comunhão com Deus. Deus teve comunhão
por um tempo com Adão, mas não continuou por causa da escolha que este tomou.

 Aliança Adâmica – Comunhão Cortada. Uma aliança escura que fala da comunhão
que foi cortada entre Deus e o homem. Mesmo assim, houve uma promessa de
restauração.

 Aliança Noaica – Comunhão Perversa. Houve uma comunhão falsa, perversa, entre
os filhos de Deus e as filhas dos homens. Isto produziu o dilúvio. Deus salva a
humanidade através de Noé que alcançou graça aos olhos de Deus. Estas três alianças
mostram a comunhão diminuindo a cada passo entre Deus e a humanidade.

 Aliança Abraâmica – Comunhão Individual e Incondicional. Agora começa uma

nova etapa. Deus fez uma aliança com uma pessoa, chegando a fazer uma promessa
incondicional para ela. A partir daí, qualquer que fosse a atitude dos descendentes, Deus
se comprometia a cumprir esta promessa. Só que ele a cumpre a seu mondo, e não
como os homens pensam. Deus é fiel às suas promessas, e justo ao mesmo tempo.

 Aliança Mosaica – Comunhão Coletiva e Condicional. Esta aliança foi o contrário


da aliança com Abraão. Deus agora fez aliança com um povo, o que era o seu alvo. Ele
não queria apenas comunhão com uma pessoa isolada. Mas ao mesmo tempo, era uma
aliança condicional – dependia do povo fazer uma escolha e cumprir a lei de Deus.

 Aliança Davídica – Comunhão Coletiva e Incondicional, Porém Provisória. Uma

aliança que já trazia muitos elementos da Nova Aliança, mas que ainda era provisória
porque Davi não construiu o lugar permanente para Deus. Foi uma aliança com o povo
de Israel, e tinha uma promessa incondicional também. Mas ainda era uma figura, e não
a realização permanente.

 Nova Aliança – Comunhão Coletiva, Incondicional e Permanente. Este é o alvo de


Deus. Veremos neste estudo como podemos ter esta comunhão.

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RESUMO DOS SETE ITENS DA NOVA ALIANÇA

As Três Testemunhas.

Lemos em 1 João 5.6-8 que Jesus veio pela água e pelo sangue, e que há três testemunhas: o
Espírito, a água e o sangue. Já falamos um pouco sobre estes três fatores na aliança Mosaica.
Veremos agora como funcionam na Nova Aliança.

Batismo nas Águas – a testemunha da água na prática.


Batismo no Espírito Santo – a testemunha do Espírito na prática.
A Ceia do Senhor – a testemunha do sangue na prática.

O Novo Homem – o resultado da operação das três testemunhas. Casamento – a

consumação da união entre Deus e o homem. Vida Eterna a comunhão eterna que Deus vai ter
com a sua noiva. Este casamento vai dar certo!

AS TRÊS TESTEMUNHAS

As três testemunhas estavam presentes por meio de figuras na aliança Mosaica. Vimos que no
tabernáculo de Moisés eram encontradas no átrio, no lugar santo e no santo dos santos. Em
Êxodo 25.21,22, lemos sobre o propósito de Deus de ter comunhão com o homem neste
tabernáculo. Ele queria falar continuamente com o homem ali. Em Levítico 16.2,12-14, vemos
as figuras das três testemunhas – a lei representando a palavra ou a água, o sangue no
propiciatório, e a fumaça do incenso formando a nuvem do Espírito, de onde Deus falaria. Então
podemos concluir que Deus quer falar ou ter comunhão conosco, mas para isto é necessário ter
as três testemunhas em ação e em harmonia. Neste ponto seria importante falar um pouco

sobre o sentido do nome “Nova Aliança”. Este nome implica que num sentido
há apenas duas alianças, a velha e a Nova. Todas as seis alianças
anteriores seriam a Velha Aliança porque continham símbolos e figuras, enquanto a Nova
Aliança é a realidade de todas aquelas figuras. Na Nova Aliança temos um novo caminho (Hb
10.20), um novo coração e um novo espírito (Ez 36.26), um novo cântico (5.9), vinho novo (Mt
26.29), um novo nome (Ap 2.17), uma nova criação (2 Co5.17), um novo homem (Ef 2.15; Cl

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3.10), novos céus e nova terra (Is 65.17), uma nova Jerusalém (Gl 4.26; Ap 21.2). Jeremias
31.31-33 mostra o que é novo na Nova Aliança. Não é que Deus vai mudar a sua
palavra ou sua lei. Não é que ele agora tem outro Espírito. As testemunhas são as mesmas. É

que agora vão alcançar o coração do homem, o seu interior, as fontes da sua vida. A sua

lei vai estar no coração. Deus vai nos dar um novo coração e um novo espírito (Ez 36.26),
que são duas maneiras de falar a mesma coisa. A Nova Aliança traz uma nova dimensão, trata
da realidade e não da figura, porque começa no coração. Há muitas referências no Novo
Testamento acerca do propósito de Deus de efetuar uma transformação no coração ou no
homem interior. Como exemplos veja Efésios 3.16,17; Romanos 7.22 e 2 Coríntios 4.16.

AS TRÊS TESTEMUNHAS NA VIDA DE JESUS

Jesus é o autor da Nova Aliança. Precisamos ver na vida Dele a operação das três testemunhas
para ver como podem operar nas nossas vidas. Para entender melhor, colocaremos em três
itens. Maria concebeu Jesus, o Verbo de Deus, pelo Espírito Santo (Mt 1.20; Jo 1.1,14). O Verbo
eterno de Deus se fez carne pelo Espírito. Aqui temos a palavra e o Espírito. Ele iniciou seu
ministério com o batismo nas águas (para cumprir toda a justiça da Palavra de Deus – Mt 3.15)
e com o batismo no Espírito (Mt 3.16). Jesus veio pela água e pelo sangue. Ele não só veio pela
água, que representa a obediência à Palavra de Deus, mas também pelo sangue (1 Jo 5.6). Ele
deu a sua vida e morreu na cruz. Do seu coração partido saíram água e sangue (Jo 19.34). Ele
deu a vida para que nós pudéssemos ter vida. Jesus foi ressuscitado pelo Espírito de Deus (At
2.23; Rm 1.4). Depois de ser visto por muitas testemunhas, ele subiu ao Pai e foi glorificado (At
1.9). Só então ele pôde derramar o Espírito sobre aqueles que o aguardavam em Jerusalém. Este
é o mistério do Espírito do Deus-homem. Talvez nossas mentes não possam entender, mas
mesmo assim colocaremos aqui o que entendemos das Escrituras. Principalmente no evangelho
de João, está claro que o Espírito Santo não poderia ser dado aos homens enquanto Jesus não
completasse a sua missão (Jo 7.37-39; 16.7). De alguma forma, até o dia de Pentecostes o
Espírito Santo havia operado e pairado sobre os homens, mas não pudera habitar neles e se
tornar um com eles. Por causa do mistério da encarnação e da união de Deus com o homem em
Jesus Cristo, agora o Espírito pode habitar em nós e se unir conosco (1 Co 6.17). E é por causa
deste Espírito em nós que temos a esperança da ressurreição (Rm 8.11). Esta união do Espírito
de Deus com o homem é o novo elemento da Nova Aliança, e explica o fato do menor no reino
de Deus ser maior do que João Batista (Lc 7.28).

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AS TRÊS TESTEMUNHAS EM OPERAÇÃO

É impossível compreender o mistério da salvação, e achar uma fórmula que todos possam
seguir. Mas podemos identificar a presença das três testemunhas em todas as etapas da nossa
salvação, assim como estiveram presentes em cada parte do tabernáculo de Moisés. Quando
ouvimos as palavras desta vida (At 5.20), o evangelho da nossa salvação, e cremos nelas,
recebemos a vida de Jesus pelo Espírito que dá testemunho desta palavra (Ef 1.13; Gl 3.2). A
palavra é vida porque fala da obra de Jesus, o evangelho (1 Co 15.3,4). Jesus é a mensagem de
Deus, o amor em realidade. Ele deu a sua vida para nos dar vida – o Espírito. Por isto quando
ouvimos estes fatos, o Espírito dá testemunho nos nossos corações. A palavra fala da morte de
Jesus, da sua vida derramada, do seu amor. Assim vemos as três testemunhas operando. A LEI
(água) desta vida derramada (o sangue) são espírito e vida (Jo 6.63). O batismo nas águas é para
demonstrar nossa fé nesta palavra e assim recebermos o perdão dos pecados (At 2.38; 22.16).
Aqui temos a união da água e do sangue. É a fé visível na palavra que fala do sangue. E isto
produz o batismo no Espírito (At 2.38; Ef 1.13). O próximo passo é participar da ceia do Senhor,
comendo sua carne e bebendo seu sangue junto com outros que creem igualmente. A igreja
primitiva tinha tudo isto em ação, conforme podemos verificar em Atos 2.42. A doutrina dos
apóstolos era a palavra (A LEI, ensinamentos da TORA); as orações representavam a ação do
Espírito; e no meio, a comunhão e o partir do pão representam o sangue. Hoje não temos a
presença das três testemunhas de forma completa e equilibrada. Muitas vezes temos ênfase
exagerada, geralmente na palavra cheia de sofismas (grupos tradicionais) ou no Espírito (grupos
pentecostais). E geralmente falta a testemunha do sangue. Assim como foi no quadro que Deus
pintou no tabernáculo de Moisés, Deus não quer só um ou dois elementos. Ele quer a harmonia
e o equilíbrio de todos, a fim de que ele possa falar. Não adianta ter pregações muito profundas
e maravilhosas por um lado, ou muitos dons do Espírito e reuniões de quebrantamento por
outro. Nada vai acontecer porque falta alguma coisa para Deus poder falar. E experiências em si
não resolvem. Precisamos ouvir a voz de Deus. É só através de ouvi-la que receberemos vida. É
aí que vemos a importância do corpo de Cristo, a igreja. É possível ter experiências com a palavra
ou com o Espírito sozinho. Mas o sangue que opera através de comunhão e de doar nossas vidas
uns pelos outros, não pode ser restaurado na igreja numa base individual. O sangue flui no
corpo. Fora do corpo não pode funcionar. Então é um ciclo de vida. Jesus deu a sua vida e
derramou o seu sangue para podermos receber vida em nós. Quando cremos na palavra que
anuncia o que ele fez, recebemos a testemunha do Espírito que forma esta mesma palavra em
nós ao ponto de darmos a nossa vida também (ver João 3.16 e 1 João 3.16). Demonstramos a

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nossa fé nesta palavra comendo a carne e bebendo o sangue de Jesus. Fazendo assim revelamos
a vida de Cristo visivelmente ao mundo para que outros vejam e creiam.

O CORAÇÃO DA NOVA ALIANÇA


Basicamente a Nova Aliança, se resume em restaurar o que foi quebrado. Agora que temos a
concepção de que Não existiram 7 Alianças, mas sim 1 única Aliança de DEUS com seu povo
chamado ISRAEL. Afim de que Israel seja o Reino de Deus na Terra. Podemos entender o que de
fato tudo isso representa.
Israel rompeu essa aliança com o Eterno, ao se prostituir com outros deuses, e ao abandonar a
LEI de HASHEM. Assim como o ETERNO salienta em Oséias, que o povo é comparado a uma
prostituta, esse é o sentimento de um DEUS apaixonada e casado com o compromisso de seu
povo.
YESHUA vem para cumprir a LEI e a palavra de HASHEM em JR 31; 31 – 33, de fazer uma Nova
Aliança com a casa de Israel, aliança essa agora que não seria mais na pedra, mas escrita no
coração.
A sutileza da nova proposta é fantástica. A Aliança ainda é a mesma. A mesma Graça de Deus
derramada em NOACH em Gn 6; 8, e novamente em AVRAAM em Gn 12 e Gn 22 com YTZACH,
derramada em DAVI é agora derramada sobre o MASHIACH YESHUA. Mas agora em sinal de
restauração total.
Yeshua vem implementar o Reino de DEUS dentro do ser humano, para assim nos preparar para
a restauração vindoura do Reino na Terra.
Primeiro prepara o Homem, para depois restaurar o Reino. Aqui o Homem Nasce de Novo, Mt
3. Se não nascer dos elementos que são testemunhas, água e espírito, não pode entrar no Reino,
e se não comer da carne e beber do Sangue do MASHIACH não tem parte com Ele, e
consequentemente não tem parte no Reino Dele.
YESHUA não veio abolir nada, veio tornar tudo PLENO.
O Coração da Nova Aliança, está em alcançar a Graça, através de YESHUA, e chegar em YESHUA
através da obediência da LEI.
Porque o fim da LEI é CRISTO. Paulo vai expressar isso muito bem em Romanos 10; 4, quando
usa a expressão “TELOS” no grego que significa “Finalidade”.
Aqui Paulo está dizendo: “Pois a Finalidade da Lei é Cristo”, ou seja, o objetivo da LEI é te trazer
a YESHUA, pois Yeshua veio para desfazer as obras do diabo I JO 3;8. Sendo assim, YESHUA que
é a Graça revelada de Deus veio para aplicar a Restauração da Aliança.

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De forma simples, basta entendermos que a LEI nos leva a Cristo e a Fé em Cristo nos leva ao
Pai. E no Pai somos restaurados pela Aliança Eterna de DEUS com seu povo Israel, pois em
Yeshua somos aproximados através do novo nascimento pela Fé, e através da Obediência da Lei
escrita em nossos corações.

BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

Mateus 3.11 – João Batista recebeu e pregou uma palavra forte de arrependimento. Esta
mensagem e o passo prático de batismo nas águas foram a preparação para a vinda de Jesus
que batiza com o Espírito Santo. Atos 1.4,5 – Jesus não batizou ninguém com o Espírito Santo
enquanto estava na terra. Ele começou a batizar no Espírito depois que voltou para o Pai. João
14.26 – O Pai enviaria o Espírito Santo no nome do Filho para ensinar todas as coisas. Não
podemos entender nada sem o Espírito que revela toda a verdade. João 15.26; 16.7 – O
derramamento do Espírito Santo é profundo. Não é importante discutir se é o Pai que o envia,
ou se é Jesus. O importante é recebê-lo! Atos 2.32,33,37,38 – Qual o caminho que Pedro abriu
para aqueles que queriam seguir Jesus? Ser batizados na água no nome de Jesus para remissão
de pecados, e receberiam o dom do Espírito Santo. Queremos ver este evangelho anunciando
outra vez com poder, e assim veremos os mesmos resultados. Gálatas 3.14 – O Espírito é o
cumprimento da promessa feita a Abraão. É a bênção que viria através da sua descendência a
todas as famílias da terra. João 3.5 – É preciso nascer da água (palavra) e do Espírito para entrar
no reino de Deus.

A CEIA DO SENHOR

1 Coríntios 11.23-26 – Entre a primeira e a segunda vinda de Jesus, a atividade principal dos seus
discípulos é reunir-se em torno da mesa do Senhor para anunciar a morte dele até que ele venha.
Lembramo-nos da sua morte e nos preparamos para a sua vinda. Os cristãos primitivos estavam
tão cheios da esperança da segunda vinda que comiam pão de casa em casa todos os dias e
repartiam os seus bens. Esse item é deveras interessante, pois a cada dia que se passa está sendo
mais banalizado e perdendo sua essência. A CEIA DO SENHOR não é santa, como muitos
interpretam por aí. Ela é poderosa, mas não tem poder santificatório. A Ceia é um memorial e
símbolo da Nova Aliança Restaurada em Cristo, assim como a BRIT MILÁ e o SHABAT foram
símbolos da Aliança de Deus com Israel. A Ceia do Senhor não deve ser celebrada quando o

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homem decidir, é pra ser celebrada todos os SHABATOT, na mesa ao partir do pão em família.
Pois Yeshua deve ser lembrado e celebrado em família, testificando que a nossa família em
Yeshua alcançou a restauração completa.

O NOVO HOMEM

A Nova Aliança começa com a formação de um novo coração e termina com o aperfeiçoamento
de um novo homem. As seis primeiras alianças foram passos para chegar à Nova Aliança, mas
ainda estavam na velha estrutura, na velha natureza do homem. Tinham verdades e figuras da
nova vida, mas ainda não tinham a realidade. Para Deus toda a humanidade se resume em dois
homens: Adão e Cristo. Um trouxe o pecado e a morte, o outro trouxe a justiça e a vida (ver 1
Co 15.20,21,45,47; Rm 5.17). São totalmente opostos entre si – duas naturezas, duas origens,
dois destinos. Jesus veio como o último Adão para levar a natureza adâmica à morte, e como o
segundo homem para iniciar uma nova ordem. O melhor que a vida de Adão produz é uma alma
vivente, um receptor, um ser que vive. Jesus, porém, é espírito vivificante, ele dá vida ao invés
de receber. Ele veio do céu, tomou a nossa natureza sobre si, morreu, ressuscitou e voltou ao
Pai para derramar o seu Espírito e criar o novo homem em nós. Dentro deste vaso de barro,
dentro desta capa velha, ele está gerando algo novo, uma natureza completamente nova. É um
mistério oculto, uma criação que está sendo formada, escondido dos olhos humanos, em
preparação para o maior acontecimento na história, a segunda vinda de Cristo. O invisível está
sendo formado em nós, para um dia se tornar visível. O novo homem será formado quando
Cristo for tudo em todos (Ef 4.20- 24; Cl 3.9-11). Não é ter um pouco de Cristo, mas Cristo ser
tudo em nós. Mas também não é Cristo em alguns, mas Cristo em todos. O nível do cristianismo
atual é ter um pouco de Cristo em algumas pessoas, isso é deprimente. O novo homem é
formado pela transformação completa do nosso interior (2 Co 5.17 – uma nova criatura), e pela
união de todos os membros do corpo de Cristo. Precisamos de todos que Deus chamou para
formar Cristo. A cabeça do corpo não vai se unir com apenas uma parte do corpo. Ele quer
penetrar em cada coração e unir todos em um só corpo, para ser tudo em todos. Estar em Cristo
é Cristo também estar em nós. Jesus rasgou o véu da sua carne para que nós da velha criação
pudéssemos estar nele, e entrar no santíssimo lugar, que é seu próprio corpo. Pelo batismo nas
águas demonstramos nossa fé nesta identificação com a morte e ressurreição de Jesus. O
Espírito Santo então vem operar esta nova criação dentro de nós. A ceia não simboliza o tomar
do corpo e sangue de Jesus como se estivéssemos fora de Cristo; antes é a demonstração da
nossa posição de estar nele, recendo o seu sangue e a sua vida naturalmente como membros

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dele. A falta de revelação e fé nesta verdade espiritual permite a manifestação da vida natural
de Adão; por isto precisamos permanecer na fé, e dia a dia participar da vida de Jesus. O
evangelho, então, não é falar de Jesus lá no céu, mas é identificar-nos com ele aqui na terra,
com o seu corpo. É estar na igreja, na casa de Deus, no corpo de Cristo. O novo homem não é
uma criatura individual, mas uma parte do corpo de muitos membros. O novo homem começa
no coração de cada um, mas no fim é um só homem, formado da união verdadeira de todos
aqueles que têm esta nova vida. Podemos dizer assim que o novo homem é algo muito íntimo,
profundo e interior, mas muito universal e abrangente ao mesmo tempo. Este novo homem ou
nova criação é a resposta a todas as ideologias, filosofias e necessidades humanas. É a origem
de um novo sistema, uma nova ordem, que resolve todos os problemas e impasses que a
humanidade enfrenta. Cristo se torna tudo em todos, nada vem da nossa natureza adâmica. Ele
implanta em nós o seu querer, a sua vida. Este é o nosso destino. Não vamos correr atrás de
outras soluções. Não vamos tentar forçar ou produzir o novo coração ou a nova natureza por
nossa própria força e capacidade. É uma obra que vem dele e está sendo feita no nosso interior
pela operação das três testemunhas.

O CASAMENTO

A Bíblia começa e termina com casamento. No princípio toda a criação de Deus foi boa, menos
o fato do homem estar só (Gn 1.18). Deus não criou outra pessoa, mas tirou-a do próprio corpo
de Adão, para que lhe fosse compatível e harmoniosa. Mas foi uma pessoa imperfeita porque
Adão era imperfeito. A igreja é a noiva de Jesus (2 Co11.2; Ef 5.22-33). Podemos dizer que a
igreja foi tirada do lado de Jesus, pois quando ele morreu saíram água e sangue do seu lado (Jo
19.34), que representam a palavra e o sangue que nos dão vida. Nossa vida provém de comer
sua carne e beber seu sangue (Jo 6.54- 57). O casamento que vai haver na consumação do século
será um casamento maravilhoso, porque fomos tirados de alguém que não tem defeito (ver Ap
19.9; 21.2,9). Agora somos o corpo de Cristo (1 Co 12.27), mas isto é pela fé, pois a nossa união
com ele ainda não foi consumada. Para ser um só corpo com o nosso Noivo em realidade, é só
depois do casamento (ver Gn 2.24). Agora estamos ligados com Cristo no Espírito que nos está
preparando como noiva para aquele dia. O casamento será o dia da glorificação dos nossos
corpos, a manifestação visível do novo homem e a união permanente com o nosso Cabeça.
Quanto mais amor e união há entre um casal, mais eles anseiam pelo dia do seu casamento.
Quem já está unido não sente o desejo ardente de se unir. Por isto a igreja deve ansiar pela volta
de Cristo e pela união completa, pois ainda não está casada com ele. E quanto mais conhecemos

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a Cristo, quanto mais comunhão e união temos com ele no Espírito agora, mais anseio e urgência
sentimos para que a nossa união seja completa e permanente.
É muito importante ressaltar que toda estrutura bíblica pra ser entendida na sua plenitude,
precisa ser estudada no conceito da cultura judaica. Caso contrário seria impossível interpretar
de forma assertiva os mistérios de ADONAI. Neste caso salientamos que no Casamento Judaico,
só entende – se que o casamento aconteceu, quando o Noivo coloca a Aliança no dedo da Noiva,
nesse momento de entrega de Aliança acontece então o Casamento.
Portanto quando Deus entregou a Aliança em Êxodo 20 a Moisés, aqui Deus estava se casando
com Israel, e na Cruz quando Cristo está firmando o compromisso da Nova Aliança e seu lado é
transpassado, nasce a sua Noiva idônea, a Igreja. E aqui se casará então com o Noivo na
Consumação da Aliança, quando Cristo o amado e desejado vier em Glória.

SEGREDOS NÃO REVELADOS AOS APROXIMADOS


Diante de tudo isso que aprendemos todos esses dias, aqui seguem algumas das diretrizes que
nós aproximados de Israel por Yeshua e por Ele inseridos no Reino pela fé, precisamos obedecer.

1. Aceitar Yeshua como Senhor e Salvador;


2. Ser Batizado em nome de Yeshua nas águas, para o novo nascimento;
3. Frequentar os Cultos realizados pela Casa de Oração que professa a Fé Judaico
Messiânica em ADONAI através de Yeshua Há MASHIACH;
4. Guardar os mandamentos outorgados aos Gentios no Primeiro Concílio de Jerusalém
em Atos 15; 20 – 21, à saber, Abstinência de Idolatria (cf LV 19), Leis alimentares de
comida permitida (cf LV 11), Abstinência de todo tipo de Imoralidade sexual (cf LV 18) e
não derramar sangue (cf cultura do Lashon Hará);
5. Aprender os ensinamentos da Torá transmitidos por Rabinos Messiânicos;
6. Entender e Guardar as Festas do Calendário Judaico;
7. Desenvolver a cultura de guarda do Shabat;
8. Respeitar a doutrina dos apóstolos ensinada pela IA Baruch Hashem e seu estatuto;
9. Respeitar a cerimônia da Ceia do Senhor conforme doutrina dos apóstolos e estatuto IA
BARUCH HASHEM;
10. Guardar os Princípios bíblicos do livro de Bereshit, trazendo bênção sobre sua casa e
sobre a igreja (Princípio do Dízimo, Princípio da Colheita, Princípio da Vida, Princípio da
Criação);

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