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Hanseníase

Dra Nádire Cristina Freire Pontes


OBJETIVOS
1. Entender o conceito da hanseníase
2. Compreender a forma de transmissão da hanseníase
3. Aprender o diagnóstico da hanseníase
4. Saber tratar a hanseníase
5. Contextualizar o aprendizado com a prática clínica
EPIDEMIOLOGIA
• Doença infecciosa
• Agente etiológico:
• Micobacterium leprae ou bacilo de Hansen
• Alta infectividade e baixa patogenicidade
• Acomete SNP e pele.
• Transmissão de pessoa a pessoa
• Principal forma: Convívio com doentes MB sem
tratamento
• Principais fontes de transmissão: vias aéreas
superiores e mucosas (cavidade nasal é a principal
fonte de eliminação e a principal via de penetração
do bacilo).
EPIDEMIOLOGIA
• Prevalência: H=M (Virchowiana predomina em homens)
• Tem cura e não deixa sequela se tratada na fase inicial
• OMS: Brasil – endêmico (1 doente /10000 habitantes)
• As taxas de incidência não tem evidenciado declínio
• Notificação compulsória
Diagnóstico
Critérios diagnósticos ao exame
físico:
• Lesão ou área de pele com
alteração de sensibilidade
• Espessamento neural
• Alterações autonômicas
circunscritas (prova da histamina
incompleta e/ou alteração da
sudorese)
❑Quando possíveis, auxiliam no
diagnóstico: Baciloscopia e biópsia
PATOGENIA
INFECÇÃO PELO
BACILO DE HANSEN

90-95%

DOENÇA
SUBCLÍNICA
CURA

HANSENIASE
70% INDETERMINADA

MHT /IMUNIDADE CELULAR /TH1 MHD MHV /IMUNIDADE HUMORAL/TH2


PAUCIBACILAR MULTIBACILAR
CLASSIFICAÇÕES
PB(PAUCUBACILAR) MB(MULTIBACILAR)
BACILOSCOPIA BACILOSCOPIA
NEGATIVA POSITIVA
I
• ------------------------------------------------------------------------------OMS
INDETERMINADA
TUBERCULOIDE
DIMORFO VIRSHOVIANA
MHT
• --------------------------------------------------------------------------------
MHD MHV MADRID

T BT BB BV
• ----------------------------------------------------------------------------
V
RIDLEY JOPLING

• MS
ATÉ 5 LESOES + DE 5 LESOES
PAUCIBACILAR MULTIBACILAR
TESTE DE MITSUDA
• Teste intradérmico
• Leitura após 28-30 dias
• + imunidade celular específica ao
BH
• Valor prognóstico e auxilia na classificação
• MT +: cura ou forma paucibacilar
• MT - : livre multiplicação dos bacilos nos
macrófagos, forma multibacilar
HANSENÍASE INDETERMINADA
• Primeira apresentação da doença.
• Mancha hipocrômica com bordas imprecisas
ou não.
• Geralmente a única sensibilidade alterada é a
térmica.
• Não há espessamento neural
• Hipohidrose (lesão seca) e rarefação de pelos
HANSENÍASE INDETERMINADA
• Baciloscopia negativa
• Bx: infiltrado inflamatório inespecífico, geralmente não observa bacilo
• Mitsuda + ou -
HANSENÍASE INDETERMINADA
• DXD: pitiríase versicolor, pitiríase
alba, vitiligo, etc.

PITIRÍASE VERSICOLOR

H. INDETERMINADA

VITILIGO
HANSENÍASE TUBERCULÓIDE
• Incubação: 5 anos
• Imunidade celular/ TH1
• Mitsuda: positivo
• Baciloscopia : negativa
• Bx: geralmente não demostra bacilo; granuloma tuberculoide
• Acometimento neural precoce, assimétrico e pode ser grave
• Alteração de sensibilidade térmica, dolorosa e tátil (nas antigas)
• Lesões cutâneas: poucas (até 5), distribuição assimétrica
HANSENÍASE
TUBERCULÓIDE
• 1- 5 placas com alteração de
sensibilidade, bordas
elevadas, bem delimitadas e
assimétrica
• Placas anulares,
normocromicas,
hipocromicas ou
eritematosas de crescimento
centrífugo e lento . Pode
haver atrofia no interior da
lesão
HANSENÍASE TUBERCULÓIDE
• Lesão em raquete: nervo espessado
surgindo a partir da lesão
• Neural pura: nervo espessado com perda
da sensibilidade da área inervada por ele.
Sem lesão cutânea.
• Hipo ou anidrose e queda dos pelos
HANSENÍASE
TUBERCULÓIDE
HANSENÍASE TUBERCULÓIDE GRANULOMA
TINEA CORPORIS ANULAR

• Dxd: dermatofitose, psoríase,


dermatite seborreica, granuloma
anular, sífilis, etc

PSORÍASE

H. TUBERCULODE
HANSENÍASE VIRCHOWIANA
• Pouca imunidade celular ao M. leprae; resposta humoral (TH2)
• Mitsuda negativo
• Baciloscopia fortemente positiva
• Bx: globias de bacilos, não há formação de granuloma
• É a forma mais contagiosa
• Pode evoluir da forma indeterminada ou se apresentar como tal desde o início
• Caracteriza-se por infiltração progressiva e difusa de pele, mucosa de VAS, olhos,
testículos e nervos.
• Também pode: linfonodo, fígado, baço, medula óssea, etc.
• Nervos periféricos simetricamente espessados
• Não acomete tronco neural
HANSENÍASE VIRCHOWIANA
• Quadro clínico: manchas hipocrômicas,
eritematosas ou ferruginosas
• Evoluem para lesões Infiltradas
• Após tempo variável há surgimento de
lesões sólidas : pápulas, placas e nódulos
(hansenomas)
• Lesões com limites imprecisos e tentência
a simetria
• Poupa dobras e coluna vertebral
HANSENÍASE VIRCHOWIANA
• Perda de cílios, supercílios e sobrancelhas
a partir da extremidade lateral (madarose)
• Facies leonina: aumento dos sulcos da
pele, madarose, infiltração dos pavilhões
auriculares e preservação dos cabelos
• Mãos e pés infiltrados
HANSENÍASE VIRCHOWIANA
• DXD: sífilis secundária, doença de Jorge Lobo, leishmaniose anérgica,
mucinose

DOENÇA DE JORGE LOBO


MUCINOSE

LEISHEMANIOSE ANÉRGICA
HANSENÍASE DIMORFA/BODERLANE
• Forma instável
• Aspecto em queijo suíço ou
foveolar
• Placas eritematosas e ferruginosas
com borda interna nítida e externa
mal delimitada. Área central
aparentemente poupada
• Geralmente comprometimento
assimétrico dos nevos periféricos
• Baciloscopia : positiva
• Mitsuda: geralmente negativa
REAÇÕES HANSÊNICAS
• Podem ocorrer antes , durante (30- 50%) ou após ao tratamento.
• Situações de urgência que requerem tratamento imediato
• Fatores predisponentes: gravidez, parto, puberdade, febre, TB,
alcoolismo, vacinas, stress físico e psicológico
REAÇÃO TIPO I
• Relação com imunidade celular
• Lesões primárias se tornam eritematosas, intumescidas, brilhantes,
definidas e hiperestésicas
• Lesões novas
• Acometimento neural
• Diferenciar com recidiva
REAÇÃO TIPO I RECIDIVA

INICIO SÚBITO E INESPERADO INÍCIO LENTO E INSIDIOSO

DURANTE O TRATAMENTO OU LOGO APÓS (ATÉ 6 MESES) MAIS DE 1 ANO APÓS

PODE FEBRE E ASTENIA SEM SINTOMAS GERAIS

LESOES ANTIGAS TORNAM-SE ERITEMATOSAS, INFILTRADAS E LESÕES ANTIGAS PODEM APRESENTAR BORDAS
BILHANTES ERITEMATOSAS
VÁRIAS LESÕES NOVAS POUCAS LESÕES NOVAS

REGRESSAO COM DESCAMAÇÃO NÃO HÁ DESCAMAÇÃO

RÁPIDO ACOMENTIMENTO DE VÁRIOS TRONCOS NERVOSOS ACOMETE 1 OU POUCOS TRONCO NERVOSOS


(SENSIBILIDADE E MOTORA)

EXCELENTE RESPOSTA A CORTICOTERAPIA NÃO RESPONDE BEM A CORTICOTERAPIA


REAÇÃO TIPO 2- ERITEMA NODOSO HANSÊNICO
• Pápulas , nódulos e placas,
eritematosas e dolorosas
• Distribuição simétrica
• Predileção pela superfície extensora
dos membros e face
• Podem evoluir para necrose
• Podem apresentar bolhas
• Sintomas gerais - febre , prostação,
anorexia, cefaléia
• Infiltração difusa e aguda de mãos e pés
(mãos e pés reacionais)
• Neurite frequente, porém menos
comum que na reação tipo 1
TRATAMENTO
• Paucibacilar: duração por 6 meses
• Dose mensal supervisionada:
RIFAMPICINA 600 mg + DAPSONA
100mg + CLOFAZIMINA 300mg
• Em casa: DAPSONA 100mg/dia +
CLOFAZIMINA 50 mg/dia
• Multibacilar: duração de 12 meses
• Dose mensal supervisionada:
RIFAMPICINA 600 mg + DAPSONA
100mg + CLOFAZIMINA 300mg
• Em casa: DAPSONA 100mg/dia +
CLOFAZIMINA 50 mg/dia
TRATAMENTO
• Reação Hansênica tipo 1:
• PREDNISONA 1mg/kg/dia (posteriormente: reduzir 10mg/mês)
• “Dor nos nervos”: AMITRIPTILINA 25 mg/dia ( até 75mg/dia)+
CLORPROMAZINA 5 gotas (5mg)- até 50 mg/dia OU CARBAMAZEPINA 200 mg
a 400mg/dia

• Reação Hansênica tipo 2:


• TALIDOMIDA 100mg- 400mg/dia
• Mulheres em Idade fértil: PENTOXIFILINA 400mg 3xdia
• Associar PDN: Comprometimento dos nervos ou de outros órgãos além da
pele (olhos, testículos, articulações) ou se houver úlcera/necrose cutânea
• Se Talidomida + PDN: AAS 100mg/dia (evitar tromboembolismo)
TRATAMENTO
• Busca ativa de contactantes. BCG em todos os contactantes sadios:
• SEM OU 1 CICATRIZ: 1 BCG
• 2 CICATRIZES: NÃO VACINAR
Caso Clínico
• Paciente masculino, 50 anos,
apresenta há 4 anos lesões
difusas na pele, com aumento
progressivo.

• Exame físico
• Diagnóstico
• Mitsuda
• Baciloscopia
• Tratamento
OBJETIVOS
1. Entender o conceito da hanseníase √
2. Compreender a forma de transmissão da hanseníase √
3. Aprender o diagnóstico da hanseníase √
4. Saber tratar a hanseníase √
5. Contextualizar o aprendizado com a prática clínica √
Bibliografia
• Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.
Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis: Guia prático sobre
a hanseníase [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de
Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças
Transmissíveis. – Brasília : Ministério da Saúde, 2017.
• Talhari, Sinésio/ Penna, Gerson Oliveira/ Gonçalves, Heitor Sá/ Oliveira,
Maria Leide W. De: Hanseníase. Dilivros, 2016
• JUNIOR, Walter B.; CHIACCHIO, Nilton D.; CRIADO, Paulo R. Tratado de
dermatologia. 2018.
• FITZPATRICK, Thomas B.; WOLFF, Klaus. Fitzpatrick: tratado de
dermatologia. Revinter, 2011.
• www.sbd.org.br

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