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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DA __.

ª VARA FEDERAL DE
CURITIBA – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

AUTOS ELETRÔNICOS SOB N. º


AÇÃO PREVIDENCIÁRIA

NOME DO AUTOR, vem por intermédio de sua procuradora ora signatária,


ambos já devidamente qualificados nos autos supra, apresentar contrarrazões a
impugnação à execução apresentada pelo INSS em evento n. 75, IMPUGNAÇÃO1, bem
como, impugnar o demonstrativo de cálculo apresentado em evento n. 75, CALC3:
Em evento n. 75 o INSS apresentou impugnação aos cálculos apresentados
pelo exequente em evento n. 67, alegando em síntese:

a) A impossibilidade da execução das parcelas do benefício


previdenciário concedido na via judicial referentes as
competências de 04, 05, 06, 07 e 08/2014, tendo em vista que
neste período o exequente recebeu seguro-desemprego, bem
como, que seja determinada a exclusão das citadas competências
da base de cálculo dos honorários advocatícios sucumbenciais;

b) Que é devido ao exequente o montante de R$ 81.922,22 (data


base 09/2016) e a título de honorários advocatícios o montante
de R$ 5.429,85 (data base 09/2016); e

c) A impossibilidade de requisição de honorários contratuais por


RPV.
Com a máxima vênia, a despeito do inconformismo manifestado pelo
executado, a impugnação apresentada não deve prosperar pelas razões de fato e de
direito que seguem expostas.

1. Da execução das parcelas do benefício previdenciário concedido na via judicial


referentes às competências de 04 a 08/2014:

Em impugnação à execução a parte exequente alega a impossibilidade da


execução das parcelas do benefício previdenciário concedido na via judicial referentes
às competências de 04 a 08/2014, tendo em vista que neste período o exequente
recebeu seguro-desemprego.
Ocorre que em nenhum momento do processo de conhecimento a parte
executada contestou o direito do exequente ao recebimento das parcelas do benefício
previdenciário nas competências supracitadas, destaca-se que o INSS teve ciência do
recebimento do seguro-desemprego pelo segurado.
Contudo, como já foi esclarecido, em momento algum do processo de
conhecimento se manifestou sobre tal fato.
Inclusive, manteve-se silente sobre o ponto após a prolatação de sentença,
em evento n. 48, na data de 10/12/2014, na qual foi condenado a implantar em favor
do exequente o benefício previdenciário a partir de 16/07/2013, decisão está que foi
confirmada pelo acórdão do TRF4, na data de 19/06/2015 (evento n. 6 dos autos que
tramitaram no TRF4).
Ademais, é importante lembrar que no caso em comento foi homologado
acordo entre as partes em decisão de evento n. 47 dos autos que tramitaram no TRF4,
nos seguintes termos:
“1- Desistência do INSS ao recurso interposto em evento n. 12
em relação à matéria 810;
2- Aplicação de juros e correção monetária sobre os valores
atrasados e honorários advocatícios, determinados em acórdão
de evento n.6, conforme os critérios do art. 1º-F da Lei
9.494/97, com redação dada pelaLei 11.960/2009; e
3- Homologação do acordo judicial.”.
Observa-se que no acordo não foi feita nenhuma ressalva sobre o pagamento
integral das parcelas agora questionadas no cumprimento de sentença.
Desta forma, mostra-se que a parte exequente tem direito a execução
integral das parcelas do benefício previdenciário concedido na via judicial referente às
competências de 04 a 08/2014.
De forma sucessiva, caso não seja acolhido o pedido acima, a parte exequente
requer a execução da diferença entre o valor devido ao exequente a título de
aposentadoria (R$ 3.327,14) e o valor que foi recebido pelo mesmo a título de seguro-
desemprego (R$ 1.304,63) nas competências de 04 a 08/2014, conforme
entendimento da 6.ª Turma do TRF4, vide ementa que segue transcrita:
EXECUÇÃO DE SENTENÇA. BENEFÍCIO CONCEDIDO NA ESFERA
JUDICIAL. BENEFÍCIO CONCEDIDO ADMINISTRATIVAMENTE NO
CURSO DA DEMANDA. DEDUÇÃO. LIMITAÇÃO. Quando o
benefício percebido administrativamente durante o curso do
processo tiver renda mensal inferior àquela apurada para o
benefício judicialmente reconhecido, basta apurar as
diferenças entre as parcelas devidas e as recebidas, sendo tal
diferença o montante a ser pago ao segurado. (TRF4, AC
5007284-44.2014.404.7110, SEXTA TURMA, Relatora VÂNIA
HACK DE ALMEIDA, juntado aos autos em 05/10/2016)

Ante o exposto, a parte exequente requer que não seja conhecida e acolhida a
impugnação apresentada pelo executado em evento n. 75, de forma sucessiva, requer
que a mesma seja parcialmente acolhida para determinar o abatimento do valor
recebido a título de seguro-desemprego pelo exequente nas competências de 04 a
08/2014, sendo mantida a obrigação do executado em pagar ao exequente a diferença
entre o valor devido a título de aposentadoria e o valor que foi recebido a título de
seguro-desemprego nas competências de 04 a 08/2014.

2. Da base de cálculo dos honorários advocatícios sucumbenciais:

No demonstrativo de cálculo apresentado em conjunto com a impugnação à


execução (evento n. 75) o executado procedeu a exclusão das competências de 04 a
08/2014 da base de cálculo dos honorários advocatícios sucumbenciais, conforme se
observa do trecho que segue transcrito:
Ocorre que a jurisprudência do TRF4 é no sentido de que o abatimento de
valores pagos na via administrativa em benefício inacumulável não deve afetar a base
de cálculo dos honorários advocatícios, que pertencem ao advogado (art. 23 da Lei
8.906/94 - Estatuto da OAB), vide ementa que segue transcrita:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS. À EXECUÇÃO. DIFERENÇAS DE


BENEFÍCIO PAGO ADMINISTRATIVAMENTE E NA VIA JUDICIAL.
CRITÉRIOS DE ABATIMENTO. CONSECTÁRIOS. COISA JULGADA.
HONORÁRIOS DE ADVOGADO. BASE DE CÁLCULO. DIREITO
AUTÔNOMO. 1. Na hipótese de o segurado ser obrigado a
postular judicialmente um benefício previdenciário, não
concedido espontaneamente pela Autarquia, e durante a
tramitação do processo vem a perceber, na via administrativa,
outro benefício de caráter inacumulável, os descontos dos
valores pagos administrativamente devem se limitar à
competência, sem crédito a favor da autarquia, caso os valores
do benefício pago administrativamente sejam superiores aos
valores devidos pela decisão judicial, em face do direito do
segurado à percepção do melhor benefício. 2. Por força da
coisa julgada, devem ser observados os consectários da
condenação previstos no título executivo. 3. A jurisprudência
deste tribunal é no sentido de que o abatimento de valores
pagos na via administrativa em benefício inacumulável não
deve afetar a base de cálculo dos honorários advocatícios, que
pertencem ao advogado (art. 23 da Lei 8.906/94 - Estatuto da
OAB), especialmente porque as expressões "parcelas
vencidas" e "valor da condenação", usadas no arbitramento
da verba honorária, representam todo o proveito econômico
obtido pelo autor com a demanda, independentemente de ter
havido pagamentos de outra origem na via administrativa,
numa relação extraprocessual entre o INSS e o segurado.
(TRF4, AC 0006595-80.2016.404.9999, QUINTA TURMA, Relator
PAULO AFONSO BRUM VAZ, D.E. 27/10/2016)

Desta forma, a parte exequente requer que não seja conhecida e acolhida a
impugnação apresentada pelo executado em evento n. 75, devendo ser computadas as
parcelas devidas a título de benefício previdenciário em seu valor integral, referentes
às competências de 04 a 08/2014, na base de cálculo dos honorários advocatícios
sucumbenciais.

3. Do cálculo da gratificação natalina do ano de 2013


No demonstrativo do cálculo apresentando pelo INSS verifica-se que a
gratificação salarial do ano de 2013 correspondeu a 5/12 (cinco doze avos), sendo
excluído do cálculo da mesma o mês de 16/07/2013 que deveria ter sido computado.
De fato, em observância ao parágrafo único, do art.º 1.º do Decreto n.º
57.155/1965, que dispõe: “A gratificação corresponderá a 1/12 (um doze avos) da
remuneração devida em dezembro, por mês de serviço, do ano correspondente, sendo
que a fração igual ou superior a 15 (quinze) dias de trabalho será havida como mês
integral.”, deve ser computado no cálculo de gratificação natalina do exequente,
referente ao ano de 2013, o mês de julho no qual o mesmo laborou por 16 dias.
Desta forma, parte exequente impugna o demonstrativo de cálculo do INSS
nesse ponto.

4. Da possibilidade de requisição de honorários contratuais por RPV

Em impugnação à execução o executado impugnou a pretensão do exequente


ao pagamento por RPV dos honorários de contratuais, em favor da sociedade Ingrácio
& Ingrácio Advocacia e Consultoria Jurídica com CNPJ 06.029.225/0001-57, sob a
alegação de que: “Os honorários contratuais não podem ser destacados do valor
principal e como o montante total (crédito do autor + honorários contratuais) supera o
teto de 60 salários-mínimos, deverá obrigatoriamente ser requisitado por
PRECATÓRIO.”.
Todavia, não merece prosperar as alegações do executado.
Afinal, os honorários advocatícios, sucumbenciais e contratuais, não devem
ser considerados como parcela integrante do valor devido a cada credor para fins de
classificação do requisitório como de pequeno valor, nos termos do artigo 18,
parágrafo único, da Resolução CJF nº 405, de 09 de junho de 2016:

Art. 18 - Ao advogado será atribuída a qualidade de beneficiário


quando se tratar de honorários sucumbenciais e de honorários
contratuais, ambos de natureza alimentar.
Parágrafo único - Os honorários sucumbenciais e contratuais
não devem ser considerados como parcela integrante do valor
devido a cada credor para fins de classificação do requisitório
como de pequeno valor.

Importante observar o caráter vinculante das resoluções no Conselho de


Justiça Federal conforme previsto no art. 105, parágrafo único, II da Constituição
Federal:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: (...)


Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de
Justiça: (...)
II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na
forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da
Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão
central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões
terão caráter vinculante. 

Ademais, veja-se que há entendimento do próprio Supremo Tribunal Federal


de que o fracionamento do valor da execução proposta contra a Fazenda Pública para
pagamento de honorários advocatícios – que possuem natureza alimentar e caráter
autônomo – não ofende o art. 100 da CF e não se confunde com o débito principal:

CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. ALEGADO


FRACIONAMENTO DE EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA
DE ESTADO-MEMBRO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. VERBA DE
NATUREZA ALIMENTAR, A QUAL NÃO SE CONFUNDE COM O
DÉBITO PRINCIPAL. AUSÊNCIA DE CARÁTER ACESSÓRIO.
TITULARES DIVERSOS. POSSIBILIDADE DE PAGAMENTO
AUTÔNOMO. REQUERIMENTO DESVINCULADO DA EXPEDIÇÃO
DO OFÍCIO REQUISITÓRIO PRINCIPAL. VEDAÇÃO
CONSTITUCIONAL DE REPARTIÇÃO DE EXECUÇÃO PARA
FRAUDAR O PAGAMENTO POR PRECATÓRIO. INTERPRETAÇÃO
DO ART. 100, § 8º (ORIGINARIAMENTE § 4º), DA CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA. RECURSO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO. (RE
564.132-RG, Rel. Min. Cármen Lúcia,Tribunal Pleno, DJe
10.02.2015) (TEMA 018 do STF).

Dessa forma, não restam dúvidas acerca da possibilidade de os honorários


advocatícios serem destacados no crédito devido ao autor da ação para fins de
classificação do requisitório como de pequeno valor, uma vez que o pagamento em
forma de RPV dos honorários contratuais não acarreta o fracionamento da execução,
desde que, autor e procuradores possuam credores distintos.

5. Dos pedidos

Diante do exposto, requer o exequente:

A) Que não seja conhecida e provida a impugnação à execução


apresentada pelo executado em evento n. 75; e

B) De forma sucessiva, requer que seja dado parcial provimento a


impugnação apresentada pelo INSS, apenas para determinar o
abatimento do valor recebido a título de seguro-desemprego pelo
exequente nas competências de 04 a 08/2014, sendo mantida a
obrigação do executado em pagar ao exequente a diferença entre
o valor devido a título de aposentadoria e o valor que foi recebido
a título de seguro-desemprego nas competências de 04 a
08/2014, sendo fixado o montante de R$ 94.287,42 a título de
pagamento das parcelas vencida e o montante de R$ 6.289,64 a
título de honorários sucumbências, conforme demonstrativo de
cálculo que segue em anexo.
C) A condenação do executado ao pagamento de honorários
advocatícios, nos termos estabelecidos pelo parágrafo 3º do art.
85 do CPC.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Curitiba/PR, data do protocolo eletrônico.

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