O documento discute como as teorias behaviorista e interacionista influenciam as práticas pedagógicas brasileiras. A teoria behaviorista enfatiza o condicionamento e reforço do comportamento, enquanto os documentos educacionais brasileiros advogam uma abordagem mais interacionista que valoriza o desenvolvimento individual no contexto social. Entretanto, práticas behavioristas ainda são comuns nas salas de aula, embora contrariem os princípios interacionistas dos documentos regulatórios.
O documento discute como as teorias behaviorista e interacionista influenciam as práticas pedagógicas brasileiras. A teoria behaviorista enfatiza o condicionamento e reforço do comportamento, enquanto os documentos educacionais brasileiros advogam uma abordagem mais interacionista que valoriza o desenvolvimento individual no contexto social. Entretanto, práticas behavioristas ainda são comuns nas salas de aula, embora contrariem os princípios interacionistas dos documentos regulatórios.
O documento discute como as teorias behaviorista e interacionista influenciam as práticas pedagógicas brasileiras. A teoria behaviorista enfatiza o condicionamento e reforço do comportamento, enquanto os documentos educacionais brasileiros advogam uma abordagem mais interacionista que valoriza o desenvolvimento individual no contexto social. Entretanto, práticas behavioristas ainda são comuns nas salas de aula, embora contrariem os princípios interacionistas dos documentos regulatórios.
Entre o behaviorismo e o interacionismo: o que propõe os documentos que
regem o ensino brasileiro e a realidade encontrada em sala de aula
A teoria de aprendizagem behaviorista coloca em foco o comportamento
no processo de aprendizagem. A partir da teoria explorada por Watson, a psicologia não deveria ser um estudo introspectivo da consciência, mas se focar na ciência do comportamento a partir da observação das capacidades sensórias humanas, que podem ser previstas e controladas de acordo com estímulos (NOGUEIRA, 2015). O Behaviorismo ganha destaque principalmente com o psicólogo norte-americano Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), que apresenta o condicionamento operante como principal fator na situação de aprendizagem. Segundo Nogueira (2015, p. 81) Skinner apresenta que “a situação de aprendizagem envolve o comportamento emitido por um organismo [...]” gerando um resultado que se positivo pode ser reforçado. Segundo Skinner (2003, p. 72 apud NOGUEIRA, 2015, p. 82), “o fortalecimento do reforço será adequadamente chamado de condicionamento. No condicionamento operante ‘fortalecemos’ um operante, no sentido de tornar a resposta mais provável ou, de fato, mais frequente.” Skinner chega a essa conclusão após a observação de um rato que após empurrar uma alavanca, recebe o resultado de conseguir algumas bolinhas de comida. Esse comportamento é reforçado, gerando o que Skinner nomeia de condicionamento operante. A situação de análise se difere do que encontramos na realidade, em que
nem sempre o reforço é consistente ou contínuo, embora a
aprendizagem ocorra e o comportamento persista. [...] Não obteremos nota máxima em todas as provas porque estudamos sem parar. O reforço aplicado no trabalho ou no estudo é quase sempre intermitente, uma vez que não é viável controlar o comportamento reforçando toda resposta. (SKINNER, 2003 apud NOGUEIRA, 2015, p. 83)
A presença dos conceitos behavioristas em sala de aula ainda é
encontrada atualmente em sala de aula, mas tem um longo histórico no Brasil. Com as correntes tecnicistas que perduraram na década de 60, a escola se apropriou das práticas behavioristas para formação de “pessoas aptas para ocupar postos de trabalho. Para isso, é necessário a transmissão eficaz de conhecimento e técnicas de forma ágil, clara e direta.” (ANTONIO, 2014, p. 95) A relação estímulo-resultado-reforço/estímulo-resultado-punição pode ser observada não só no que diz respeito ao comportamento social, mas também nos processos educacionais.
Com relação especificamente ao reforço do comportamento utilizado
pela agência educacional, Skinner (2003) afirma que os reforçadores são arranjados e artificiais, normalmente identificados pelas expressões treino, exercício e prática, que se revelam por intermédio de boas notas, promoções, graus e medalhas, todas como reforço generalizado da aprovação. (NOGUEIRA, 2015, p. 89)
Outro grande fator de influência na educação brasileira é a manutenção
das tendências pedagógicas tradicionais em que o papel fundamental da escola é “tornar o indivíduo apto a exercer suas funções sociais futuras, que por sua vez, devem estar de acordo com suas capacidades individuais.” (ANTONIO, 2014, p. 89) O behaviorismo de certa forma dá ferramentas, práticas pedagógicas, que corroboram na manutenção desse sistema, em que o conhecimento é estratificado, repartido e inquestionável em um currículo com conteúdos “estabelecidos socialmente e decretados pela legislação, não tem qualquer ligação com a experiência de vida dos alunos, nem com contexto social, tendo caráter exclusivamente intelectual.” (ANTONIO, 2014, p. 90) Entretanto, essa perspectiva de ensino vai bruscamente contra o que propõe os documentos que norteiam a educação no Brasil. Por exemplo, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1997, p. 33) reconhecem “a importância da participação construtiva do aluno e, ao mesmo tempo, da intervenção do professor para a aprendizagem de conteúdos específicos que favoreçam o desenvolvimento das capacidades necessárias à formação do indivíduo.” É dessa forma que os PCNs (1997) reafirmam a função socializadora da escola que remete a dois aspectos: desenvolvimento individual e o contexto social e cultural. Essas preocupações vão de encontro com a teoria de aprendizagem sócio-histórico-interacionista proposta por Lev Vygotsky (1896-1934) nas quais as “preocupações pautavam-se em uma nova concepção de homem: este não deveria ser mais visto apenas como produto do meio, mas como ser historicamente construído e constituinte nas relações com a sociedade.” (NOGUEIRA, 2015, p. 150). A concepção de que o processo de aprendizagem perpassa a interação humana e que esse aprendizado impulsiona o desenvolvimento humano dá a escola um papel fundamental a construção de indivíduos que vivem socialmente. Dessa forma, é possível notar que tanto a teoria behaviorista quanto a teoria interacionista influenciam, de diferentes maneiras, as práticas pedagógicas atuais. Enquanto o behaviorismo ainda é utilizado como prática pedagógica recorrente nas salas de aula, a teoria interacionista perpassa os documentos que norteiam e regulamentam a educação no Brasil.
Referências:
ANTONIO, J.C. Filosofia da educação. São Paulo: Pearson, 2014.
BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais para o
Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.
NOGUEIRA, M. O.; LEAL, D. Teorias da aprendizagem: um encontro entre os
pensamentos filosófico, pedagógico e psicológico. Curitiba: Intersaberes, 2015.
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