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Bioquímica Estrutural

e Metabólica Aplicada
à Biomedicina
Material Teórico
Estrutura, Síntese e Metabolismo de Proteínas

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Esp. Flávia Bonfim Lima

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Estrutura, Síntese e
Metabolismo de Proteínas

• Aminoácidos;
• Estrutura das Proteínas;
• Síntese de Proteínas;
• Ciclo da Ureia.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Apresentar a estrutura dos aminoácidos e os aspectos químicos envolvidos (tipo de liga-
ção e classificação), níveis de estruturas de proteínas;
• Ter visão geral do processo de síntese de proteínas (transcrição, processamento e tradução);
• Compreender os mecanismos de degradação e excreção das proteínas (transaminação,
desaminação oxidativa, ciclo da ureia e balanço nitrogenado).
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

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as redes sociais.

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Nunca plagie
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de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Estrutura, Síntese e Metabolismo de Proteínas

Aminoácidos
Os aminoácidos são biomoléculas essenciais a vida, constituem a unidade fun-
cional das proteínas e, portanto, estão envolvidos em diversos processos biológicos,
além de contribuírem para a geração de energia metabólica.
No entanto, de todos os aminoácidos que já foram descritos em sistemas bioló-
gicos, apenas 20 são normalmente encontrados nas proteínas.
A seguir, podemos conhecer quais são os principais aminoácidos e como são
representados por meio de abreviaturas, que podem ser de três letras ou uma letra:

Tabela 1 – Abreviatura empregada para os aminoácidos


Aminoácido Abreviatura (3 letras) Abreviatura (1 letra)
Alanina Ala A
Arginina Arg R
Asparagina Asn N
Ácido aspártico Asp D
Cisteína Cys C
Ácido glutâmico Glu E
Glutamina Gln Q
Glicina Gly G
Histidina His H
Isoleucina Ile I
Leucina Leu L
Lisina Lys K
Metionina Met M
Fenilalanina Phe F
Prolina Pro P
Serina Ser S
Treonina Thr T
Triptofano Trp W
Tirosina Tyr Y
Valina Val V

Os aminoácidos apresentam algumas características que são fundamentais para


as funções que desempenham. Vejamos quais são:

Estrutura geral
Os aminoácidos são conhecidos por possuírem uma estrutura química geral em
comum. Essa estrutura é composta por um grupo amina e um grupo carboxílico
ligado a um átomo de carbono, denominado carbono α (alfa) e uma cadeira lateral,
que é a parte variável da estrutura.
Explor

Carbono Alfa: átomo de carbono adjacente (ou mais próximo) ao grupo funcional carboxílico (ácido).

8
Cadeia lateral
variável
Carbono
alfa
R

H 2N Cα COOH

Grupo
H
amino Grupo
carboxila

Átomo de
hidrogênio
Figura 1 – Esquematização da estrutura geral dos aminoácidos

Quiralidade
Como vimos na estrutura básica dos aminoácidos, temos um átomo de carbono
ligado a quatro radicais ou ligantes diferentes. A disposição do arranjo tetraédrico
dos orbitais permite que os quatro ligantes ocupem dois arranjos espaciais (duas
apresentações ou formas) possíveis diferentes; portanto, os aminoácidos, com ex-
ceção da glicina, podem ter dois esteroisômeros, nos quais o carbono α é centro
quiral. Essas duas formas são chamadas de especulares (espelhada) e não são sobre-
poníveis. Para entendermos melhor esse conceito, podemos usar como exemplo as
nossas mãos Note que tanto a mão direita quanto a esquerda são a imagem espe-
cular uma da outra, ou seja, apresentam as mesmas características, podemos dizer
que são iguais, porém, se virarmos a palma da mão e tentarmos sobrepor uma mão
à outra, veremos que elas não encaixam perfeitamente. Essa é a ideia por trás do
conceito de quiralidade dos aminoácidos.

Veja a ilustração a seguir:

Frasco A Frasco B Podem ser


sobrepostos

Figura 2 – Demonstração da sobreposição de dois objetos


Fonte: Adaptadas de Getty Images

9
9
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Espelho

Mão esquerda Mão direita Não são


sobreponíveis
Figura 3 – Mãos em imagem espelhada seguida da tentativa de sobreposição
Fonte: Adaptadas de Getty Images

Figura 4 – Configurações estereoisômeras do aminoácido alanina


Fonte: NELSON; COX, 2014, p. 76

A terminologia adotada para os estereoisômeros de um determinado composto


com propriedade quiral é relacionada à capacidade dele de desviar a luz planopolari-
zada para a esquerda ou a direita, do latim “levo” esquerda e “destro” direita, então L
ou D é acrescentado ao nome do composto para sinalizar a forma do estereoisômero.

Essa característica dos aminoácidos é muito importante, tendo em vista que, nas
proteínas, os aminoácidos ocorrem naturalmente na forma “L”. As células possuem
a capacidade de produzir especificamente a forma “L” das cadeias laterais dos ami-
noácidos, e esse fato tem relação direta com os sítios ativos das enzimas que, por
sua vez, são assimétricos, isso resulta na característica das enzimas de catalisar re-
ações estereoespecíficas. As formas “D” dos aminoácidos normalmente aparecem
como constituintes de parede de membranas celulares de bactérias.

Propriedades ácido-básicas dos aminoácidos


Os aminoácidos possuem uma estrutura comum a todos e uma porção que é
variável. Essa parte da molécula é denominada cadeia lateral, e é ela que determina
as características químicas de cada aminoácido, permitindo, assim, diferenciá-los
e classificá-los de acordo com seu comportamento químico. Os aminoácidos pos-
suem a capacidade de ionizarem, ou seja, podem atuar na forma de ácidos ou de
bases. A ionização dos aminoácidos é dada pela presença de dois grupos ácidos

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fortemente ionizáveis -COOH (ácido) e um –NH3+ (básico), em pH fisiológico (pH
7,3) os aminoácidos encontram-se protonados. Essas duas formas estão em equi-
líbrio R-COOH e R-NH3+, isto é, e quando em solução, podem coexistir na forma
de íon dipolar, podendo agir tanto como doador quanto como aceptor de prótons.
Esse comportamento é chamado de anfótero.

Quando esses grupos fortes ionizáveis, encontram-se nas formas R-COO- e R-NH2
são as bases conjugadas, pois é a base conjugada do ácido correspondente e, portan-
to, atua como aceptora de prótons, sendo assim denominada forma desprotonada.

Os aminoácidos em solução podem encontrar-se, portanto, na forma ácida, neu-


tra ou básica, de acordo com o meio.

O O O

R — CH — C — OH  R — CH — C — O–  R — CH — C — O–
+
+
NH3 NH3 + H+ +
NH2 + H+
pH = 0 pH = 7 pH = 11
Figura 5 – Influência do pH nos grupos ionizáveis
Fonte: BRUICE, 2006

Analisando a Figura 5, podemos perceber que a forma predominante do


aminoácido em determinada solução vai depender do pH do meio e da natureza
do aminoácido.

Para entendermos melhor, vejamos a Figura a seguir:

Figura 6
Fonte: Adaptado de USP

Em soluções em que o pH é fortemente ácido, os aminoácidos se apresentam


predominantemente como cátions (doadores de prótons), e quando o pH da so-
lução for fortemente alcalino, eles estarão como ânions (receptores de prótons).
Quando o pH do meio for neutro, ou seja, em torno de 7,0, a forma predominante
será a forma neutra. Esse último estado é denominado ponto isoelétrico (pI), que

11
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UNIDADE Estrutura, Síntese e Metabolismo de Proteínas

corresponde ao pH em que a soma total das cargas líquidas é igual a zero. Isso
acontece porque a concentração da forma aniônica e catiônica são iguais e, por-
tanto, anulam-se, e a carga final é igual a zero.

Curva de titulação dos aminoácidos


Tanto o comportamento anfótero (capacidade de atuar como doador ou receptor
de prótons) quanto o tamponante podem ser evidenciados por meio da curva de
titulação dos aminoácidos.

Veja a seguir:

Figura 7 – Curva de titulação dos aminoácidos


Fonte: Adaptado de NELSON, 2011, pg. 83

O pKa é definido como: é o pH em que 50% da concentração do ácido ou da


base encontra-se na forma ionizada e 50% na forma não ionizada.

Na Figura 7, podemos observar que o primeiro valor de pKa da glicina é de 2,34.


Isso significa que em pH 2,34 metade da concentração do aminoácido encontra-se
na forma ionizada e a outra metade na forma não ionizada.

Por meio do pKa, podemos conhecer a foça dos ácidos e, no nosso caso, pode-
mos entender o comportamento de certos aminoácidos.

Podemos estabelecer a seguinte relação: quanto maior o pKa, mais fraco é o áci-
do em questão. Se pensarmos no conceito de Bronsted-Lowry, a reação ácido-base
é simplesmente uma reação de transferência de prótons. Assim, um ácido forte é
aquele que tem maior facilidade em doar próton em uma reação ácido-base, e pode
apresentar um pKa baixo.

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Já o ácido fraco é aquele que tem maior dificuldade em doar prótons em uma
reação ácido-base, isto é, será necessário adicionar uma quantidade maior de base
para que todos os prótons sejam liberados, e isso pode ser observado no pKa, que
será alto para ácidos fracos.

Uma outra característica dos aminoácidos, é que eles podem exercer uma fun-
ção tamponante, isto é, possuem a capacidade de manter o pH da solução estável
mesmo após a adição de pequenas quantidades de ácido ou base, e uma solução
tamponante é formada por um ácido fraco e sua base conjugada ou uma base fraca
e seu ácido conjugado em equilíbrio.

Classificação dos Aminoácidos


O conhecimento detalhado das características químicas e estruturais de cada ami-
noácido permitiu a classificação dos aminoácidos de acordo com suas propriedades
químicas baseadas na estrutura das cadeias laterais, e sua propriedade de interagir com
a água em pH fisiológico que se encontra próximo a 7, em cinco grandes grupos:

Figura 8 – Classificação dos aminoácidos


Fonte: NELSON, 2011, pg. 79

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• Grupo R apolares, alifáticos: alanina, valina, leucina, isoleucina, glicina e


metionina: Nessa classe, os aminoácidos são hidrofóbicos, as grandes cadeias
laterais de alanina, valina, leucina e isoleucina, com suas formas específicas
desempenham papel fundamental na estabilização da estrutura das proteínas,
por promover interação hidrofóbica em seu interior;
Embora seja classificado como aminoácido apolar, a glicina possui uma estru-
tura reduzida e simples, o que não contribui muito para interações hidrofóbicas;
A metionina apresenta uma estrutura diferente, apresenta um átomo de enxo-
fre e um grupo tioéter em sua cadeia lateral;
A prolina contribui para uma conformação rígida e, com isso, menor flexibili-
dade estrutural de regiões polipeptídicas, isso devido à sua estrutura cíclica que
acomoda um grupo amino em uma conformação rígida;
• Grupo R apolares, aromáticos: fenilalanina, tirosina, triptofano: Embora
estejam no mesmo grupo, ou seja, todos fazem interações hidrofóbicas, eles
diferem entre si quanto ao nível de hidrofobicidade. Em decorrência do grupo
hidroxila na tirosina e do nitrogênio no anel indol do triptofano, eles se tornam
mais polares que a fenilalanina;
• Grupo R polares, carregados negativamente: aspartato e glutamato: São
os aminoácidos que, em pH 7,0 apresentam carga negativa. Esse fato se deve
à presença de um segundo grupo carboxílico presente em ambos aminoácidos;
• Grupo R polares, carregados positivamente: lisina, arginina, histidina:
Também conhecidos como aminoácidos básicos, devida à sua capacidade de
atuar como aceptores de prótons, são aminoácidos que em pH 7 possuem
uma carga líquida positiva. Eles são considerados os mais hidrofílicos;
• Grupo R polares, não carregados: serina, treonina, cisteína, asparagi-
na e glutamina: Esses aminoácidos são denominados de não carregados ou
neutros, pois suas cadeias laterais não apresentam carga positiva ou negativa.
Apesar disso, são capazes de estabelecer ligações de hidrogênio pois possuem
átomos de hidrogênio disponíveis para essa interação. Esse fato os torna mais
solúveis em água que os aminoácidos hidrofóbicos.
Se agruparmos os aminoácidos por ordem de polaridade, teríamos o seguinte cenário:

Apolares Polares não Polares Polares


Apolares aromáticos carregados carregados (–) carregados (+)
• Alanina • Fenilalanina • Serina • Aspartato • Lisina
• Valina tirosina triptofano • Treonina • Glutamato • Arginina
• Leucina • Cisteína • Histidina
• Isoleucina • Asparagina
• Glicina • Glutamina
• Metionina

Menos polar Mais polar

Figura 9

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As características químicas dos aminoácidos são fundamentais para compreen-
dermos o comportamento das proteínas em meio aquoso, bem como suas caracte-
rísticas, vez que são formadas por aminoácidos e suas funções podem ser prejudi-
cadas em caso de desordem química ou estrutural.

Estrutura das Proteínas


Os aminoácidos são partes constituintes das proteínas. Podemos comparar
as proteínas a grandes polímeros nos quais os aminoácidos representam os mo-
nômeros que, unidos entre si, formam esta grande estrutura.

A ligação que ocorre entre dois aminoácidos é denominada de ligação pep-


tídica. Esse tipo de ligação é caracterizado quimicamente por uma reação de
desidratação (perda de uma molécula de água) resultado de uma ligação amida,
que é a união do grupo α – carboxila de um aminoácido e o grupo α – amina do
aminoácido seguinte.

Figura 10 – Esquema representativo de uma ligação peptídica


Fonte: ist.utl.pt

A formação de ligações peptídicas entre resíduos de aminoácidos leva à forma-


ção, em um primeiro momento, de polímeros de aminoácidos, também conhecidos
como peptídeos, que correspondem a uma sequência de poucos aminoácidos liga-
dos entre si por meio de ligações peptídica.

Apesar de serem pequenas sequências de aminoácidos, os peptídeos têm sido


descritos, participando de diversos processos fisiológicos, bem como fisiopatológicos.

Os peptídeos aparecem exercendo funções biológicas importantes como Glu-


tationa, um tripeptídeo (cisteína — ácido glutâmico — glicina), que é encontrada
no organismo em suas formas; reduzida (GSH) e oxidada (GSSG), e atuam direta
e indiretamente em muitos processos biológicos importantes, incluindo síntese de
proteínas, metabolismo e proteção celular contra a ação de radicais livres.

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UNIDADE Estrutura, Síntese e Metabolismo de Proteínas

Estrutura primária das proteínas


A estrutura primária corresponde ao nível estrutural mais simples das proteínas,
e também o mais importante, pois a partir dele, origina-se todo o arranjo espacial
e a configuração tridimensional da proteína, que está diretamente relacionada às
funções que ela irá desempenhar no Sistema Biológico.

A estrutura primária é específica para cada proteína e são determinadas gene-


ticamente.

Um exemplo da importância da estrutura primária é a anemia falciforme. É uma


doença genética hereditária, resultado de uma mutação no gene da hemoglobina,
proteína responsável pelo transporte de oxigênio no organismo.

A proteína produzida é hemoglobina S (HbS), que apresenta um resíduo de vali-


na no lugar do ác. Glutâmico na posição 6 da cadeia β da globina.

Essa troca afeta a função da hemoglobina que, nessa conformação, não con-
segue se ligar ao oxigênio de forma eficiente, e altera a forma hemácia para a
forma de “foice” o que dificulta sua passagem nos pequenos capilares e se rompe
com facilidade.

A estrutura primária da proteína resulta em uma longa cadeia de aminoácidos,


com uma extremidade “amino terminal” e uma extremidade “carboxi terminal”.

Sua estrutura é somente a sequência dos aminoácidos, sem se levar em con-


ta a orientação espacial da molécula. Suas ligações são ligações peptídicas e
pontes dissulfeto.

Lys
Lys
Gly
Gly
Leu
Val
Ala
His

Figura 11 – Imagem de hemácias normais e uma hemácia na forma Figura 12 – Esquema representativo
de foice, característico da anemia falciforme da estrutura primária das proteínas
Fonte: ibcc.gov.br

Estrutura secundária das proteínas


A estrutura secundária das proteínas é o arranjo do esqueleto da cadeia polipep-
tídica, e é estabilizada por ligações de hidrogênio. É resultado do arranjo espacial de

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aminoácidos próximos entre si na sequência primária da proteína. Ocorre graças à
possibilidade de rotação das ligações entre os carbonos alfa dos aminoácidos e os
seus grupos amina e carboxila.

O arranjo secundário de uma cadeia polipeptídica compreende o arranjo espacial


dos átomos pertencentes à estrutura primária ou “esqueleto” da proteína. Isso pode
ocorrer de forma regular e acontece quando os ângulos das ligações entre carbonos
alfa e seus ligantes são iguais e se repetem ao longo de um segmento da molécula.

As cadeias laterais também desempenham um papel na determinação da forma


tridimensional de uma proteína, mas apenas seu esqueleto é considerado na estru-
tura secundária.

Os dois principais tipos de arranjos possíveis na estrutura secundária são,


α-hélice e β pregueada, que podem gerar um arranjo bidimensional e conter uma
ou mais cadeias polipeptídicas.

Configuração α- hélice
São estruturas cilíndricas estabilizadas por pontes de hidrogênio paralelas ao
seu eixo, que ocorrem no interior do esqueleto de uma única cadeia polipeptídica.

Dentro desse nível de estrutura, ocorrem dois pontos de interação, entre o car-
bono α e o nitrogênio do grupamento amina dos resíduos, e entre o carbono α e o
carbono da carboxila do mesmo resíduo.

Todas as cadeias laterais dos aminoáci-


dos encontram-se viradas para fora e o car-
bono a fica no lado externo da hélice.

A conformação helicoidal permite um


arranjo linear dos átomos envolvidos nas
pontes de hidrogênio, o que torna essa con-
formação muito estável.

As proteínas possuem quantidades variá-


veis e estruturas de α- hélice, variando des-
de uma baixa percentagem até a sua com-
pleta composição.

Embora seja uma conformação estável, al-


guns fatores podem levar à desestabilização
da α- hélice. Por exemplo, a presença do ami-
noácido prolina cria uma curvatura no esque-
leto da hélice devido à sua estrutura cíclica.

Outros fatores localizados envolvendo as Figura 13 – Representação da estrutura


secundária α-hélice evidenciando as interações
cadeias laterais incluem a forte repulsão ele-
entre os grupamentos NH e CO da cadeia principal
trostática, causada por grupos de resíduos Fonte: NELSON, 2014

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UNIDADE Estrutura, Síntese e Metabolismo de Proteínas

de lisina e arginina, carregados positivamente ou grupo de resíduos de glutamato e


aspartato, carregados negativamente.

Outra possibilidade é o efeito de densidade (repulsão estérica) causada pela pro-


ximidade de várias cadeias laterais volumosas.

Configuração folha β pregueada


A configuração folha β pregueada, ou configuração β, difere marcantemente do
arranjo observado na α- hélice, em decorrência da disposição do arranjo dos áto-
mos nessa conformação.

As pontes de hidrogênio são estabelecidas perpendiculares à direção da cadeia


proteica e não paralelas a ela como na α-hélice e, ainda, pode ser subdividida em
antiparalelas e paralelas. O termo “pregueada” se dá em decorrência das ligações
de hidrogênio entre as cadeias que ocorrem como ziguezague.

O esqueleto peptídico nas folhas β está quase completamente estendido, e é


estabilizado por ligações de hidrogênio. Pontes de hidrogênio podem ser formadas
entre diferentes partes de uma mesma cadeia, isto é, pontes intracadeia ou entre
diferentes cadeias ou pontes intercadeias.

A configuração folha beta pregueada paralela se dá quando todas as cadeias


peptídicas estão com suas extremidades alinhadas seguindo uma mesma direção
(N-terminal e C- terminal). Quando as cadeias se estabelecem em direções opostas,
temos a folha beta pregueada antiparalela.

Figura 14 – Representação da folha beta pregueada vista de cima e de lado


Fonte: UNESP

As α- hélices e as folhas β são combinadas de muitas maneiras à medida que a


cadeia poliptídica de uma mesma proteína dobra-se sobre si.

A combinação de fitas α e β produz vários tipos de estruturas super secundárias


nas proteínas. A estrutura mais comum desse tipo é a unidade βαβ, na qual duas
fitas paralelas de folha β estão conectadas por um seguimento de α- hélice.

Uma unidade αα consiste de duas hélices α antiparalelas. Nesse tipo de arranjo,


existem contatos energeticamente favoráveis entre as cadeias laterais dos dois se-
guimentos de hélice.

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Estrutura terciária
A estrutura terciária de uma proteína é o arranjo tridimensional de todos os
átomos das moléculas. As conformações das cadeias laterais e as posições de quais-
quer grupos prostéticos são partes da estrutura terciária, e o único aspecto impor-
tante da estrutura terciária, que não é especificado pela estrutura secundária, é o
arranjo dos átomos das cadeias laterais.
A estrutura terciária apresenta o dobramento final de uma cadeia peptídica, po-
dendo haver interações de segmentos distantes de estrutura primária, por ligações
não covalentes.
Enquanto a estrutura secundária é determinada pelo relacionamento estrutural
de curta distância, a terciária é caracterizada pelas interações de longa distância
entre aminoácidos, denominadas interações hidrofóbicas, pelas interações eletros-
táticas, pontes de hidrogênio e de sulfeto.
Todas têm sequências de aminoácidos diferentes, refletindo estruturas e funções dife-
rentes. Efetua interações locais entre os aminoácidos que ficam próximos uns dos outros.
Ao considerarmos níveis mais elevados de organização estrutural, torna- se
interessante classificar as proteínas em dois grupos: as proteínas fibrosas e as
proteínas globulares, que possuem cadeias polipeptídicas enoveladas em formas
esféricas ou globulares.
Os dois grupos são estruturalmente distintos: as proteínas fibrosas, em geral,
consistem, principalmente, de um único tipo de estrutura secundária.
As proteínas globulares costumam conter diversos tipos de estruturas secundá-
rias. Os grupos diferem também no que tange à funcionalidade, vez que as proteí-
nas fibrosas fornecem suporte, forma e proteção externa aos vertebrados, enquanto
as enzimas e os inibidores bem como as proteínas regulatórias são globulares.
Em uma proteína globular, os diferentes segmentos de uma cadeia polipeptídica
enovelam-se uns sobre os outros. Esse enovelamento também gera uma forma
compacta em relação aos polipeptídios em uma conformação totalmente estendida.

Estrutura Estrutura Estrutura


primária secundária terciária

Lys
Lys
Gly
Gly
Leu
Val
Ala
His

Sequência de Arranjo espacial da Enovelamento da


aminiácidos cadeia polipeptídica cadeira polipeptídica
Figura 15 – Os três níveis estruturais representados destacando cada característica dos níveis estruturais
Fonte: Adaptado de Getty Images

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UNIDADE Estrutura, Síntese e Metabolismo de Proteínas

O enovelamento também gera a diversidade estrutural necessária para que as


proteínas executem um grande conjunto de funções biológicas, que compreendem
as enzimas e os inibidores, as proteínas motoras, imunoglobulinas, proteínas regu-
latórias e proteínas transportadoras.

Assim, pode-se dizer que diversidade estrutural reflete na diversidade funcional


nas proteínas globulares.

Estrutura quaternária das proteínas


Como vimos na sessão anterior, a estrutura terciária leva à formação do que
chamamos de cadeia polipeptídica. A estrutura quaternária seria o último nível de
organização estrutural de uma proteína complexa. Essa estrutura é característica
de proteínas formadas por mais de uma cadeia polipeptídica. Essas cadeias podem
ser todas idênticas ou mistas.

Proteínas compostas por duas cadeias polipetídidicas são chamadas de dímeros,


com três trímeros e com quatro tetrâmero, e assim por diante. Essas cadeias, tam-
bém chamadas de subunidades, interagem entre si por ligações não covalentes, e
esse fato se torna importante pois, por conta, dessas interações do tipo fracas, as
pequenas alterações na estrutura de uma região da molécula podem causar gran-
des mudanças que impactarão as propriedades de uma outra região distante do
ponto original da interação.

Estrutura
quartenária
Estrutura Estrutura Estrutura
primária secundária terciária

Lys
Lys
Gly
Gly
Leu
Val
Ala
His

Sequência de Arranjo espacial da Enovelamento da


aminiácidos cadeia polipeptídica cadeia polipeptídica

Montagem das
cadeias polipeptídicas

Figura 16 – Esquema geral das conformações das proteínas


Fonte: Adaptado de Getty Images

Como exemplo, podemos citar a hemoglobina e a mioglobina, ambas as prote-


ínas tem função de transportar oxigênio. A hemoglobina, transporta oxigênio dos
pulmões para os tecidos e é o principal constituinte das hemácias. A mioglobina
tem função de armazenar oxigênio nos músculos esquelético e cardíaco.

Estruturalmente, elas diferem na quantidade de subunidades. A hemoglobina


apresenta quatro cadeias polipeptídicas (tetrâmero), duas cadeias α e duas β, cada
uma possui um sítio de ligação heme para acomodação do oxigênio.

20
A mioglobina é formada por apenas uma cadeia polipeptídica, assim, apresenta
apenas um sítio de ligação para o oxigênio. Embora a composição da estrutura pri-
mária, secundária e terciária serem idênticas, a estrutura quaternária da hemoglobi-
na é o que a torna uma molécula eficiente no transporte de oxigênio, pois consegue
transportar quatro vezes mais oxigênio do que a mioglobina.

Como podemos ver a estrutura de uma proteína definirá a sua função, mioglo-
bina como armazenadora e hemoglobina como transportadora.

Figura 17 – Estrutura da mioglobina e hemoglobina comparadas


Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons

Síntese de Proteínas
As proteínas são macromoléculas constituídas de cadeias polipeptídicas ligadas
entre si que apresentam basicamente três níveis de estruturas, primária, secundária
e terciária.
Diante dessas informações, surge a seguinte questão: de onde vem ou qual a
origem das proteínas?
A teoria que explica esse fenômeno é chamada de dogma central da biologia
molecular. Por meio dele, podemos entender o fluxo da informação genética, isto
é, do DNA à proteína.
O dogma central da biologia molecular é constituído de três etapas: replicação,
transcrição e tradução da informação genética.

DNA RNA PROTEÍNA


Transcrição Tradução

Figura 18 – Etapas da síntese proteica

Seguindo o esquema da Figura acima, vamos falar brevemente focando na parte


conceitual sobre cada etapa envolvida na síntese de proteína.

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UNIDADE Estrutura, Síntese e Metabolismo de Proteínas

Replicação
Para que a informação genética seja transmitida, é necessário que ela seja re-
plicada, ou seja, copiada utilizando como base a dupla fita de DNA. Nessa etapa,
ocorre a abertura da dupla fita por meio do rompimento das pontes de hidrogênio
que mantem os nucleotídeos ligados entre si. Dessa forma, teremos duas fitas sim-
ples que ao serem complementadas com os respectivos nucleotídeos, originarão
duas novas moléculas de DNA dupla fita. Precisamos lembrar que os nucleotídeos
interagem entre si de forma específica: Adenina – Timina / Citosina – Guanina,
vejamos a Figura a seguir para ilustrar melhor esse conceito:

Figura 19
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons

22
Quais são as principais moléculas envolvidas neste processo?
• Helicase: liga-se na origem da replicação do DNA e avança abrindo a dupla
fita por meio da quebra das pontes de hidrogênio entre os nucleotídeos;
• Primase: insere um primer de RNA complementar na extremidade 3´ da fita
simples para que o processo de construção da fita complementar ou a nova
fita se inicie;
• DNA polimerase: responsável pela adição dos nucleotídeos complementares.

Transcrição
Nesta etapa, a informação genética é transcrita de DNA para RNA, e o produto
final é o RNA mensageiro (RNAm). Inicialmente, a enzima RNA polimerase se liga
a uma região específica do gene a ser transcrito, chamada promotor. Nessa região,
a enzima reconhece o ponto de partida para iniciar a transcrição.

Após a ligação da RNA polimerase ao promotor, forma-se a estrutura de bolha


de transcrição e a enzima pode seguir, então, com a transcrição. Para que a trans-
crição ocorra, a RNA polimerase utilizará uma das fitas do DNA aberto na bolha
de transcrição como molde para executar a transcrição.

Vejamos, na imagem a seguir, a ilustração que evidencia essas etapas:

Figura 20
Fonte: Adaptado de Khan Academy

Na bolha de transcrição, inicia-se a etapa de alongamento, na qual a RNA polime-


rase caminha no sentido 5´- 3´, inserindo nucleotídeos complementares à fita molde.

O produto final é uma fita de RNA, parecida com a fita molde. Isso porque
não são idênticas, como vimos no caso da replicação. Isso ocorre porque há
uma troca de nucleotídeo no processo de transcrição. As fitas de RNA apre-
sentam o nucleotídeo uracila (U) ao invés de timina (T). Sendo assim, todas as
timinas estão substituídas por uracila na fita de RNA final e o processo de trans-
crição termina quando a RNA polimerase reconhece a região de terminação na
sequência molde.

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UNIDADE Estrutura, Síntese e Metabolismo de Proteínas

Figura 21 – Representação do processo de transcrição


Fonte: Adaptado de Khan Academy

Tradução
O processo de tradução, dentro do dogma central da biologia molecular, com-
preende a etapa da produção ou da expressão de uma proteína em questão.

Na sessão anterior, vimos, que o produto final da transcrição gênica é o RNA


mensageiro; pois bem, na etapa da tradução, o RNAm obtido após a transcrição de
um gene será utilizado como base para a proteína que será produzida.

A tradução é feita quando o RNAt lê o códon formado por 3 nucleotídeos do


RNAm e insere o aminoácido correspondente. Se pensarmos em um exemplo,
seria como a tradução de uma língua estrangeira para a nossa língua de origem.

Na figura a seguir, podemos observar todas as possibilidades de códons e seus


aminoácidos correspondentes:

Figura 22 – Aminoácidos e seus códons correspondentes


Fonte: Adaptado de Khan Academy

Essa etapa ocorre no ribossomo e é dividida em três partes: iniciação, elongação


e terminação.

Vejamos cada uma delas, a seguir.

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Iniciação
Primeiramente, é necessária a presença da estrutura conhecida como complexo
de iniciação. Essa estrutura é composta por: ribossomo (contendo duas partes uma
grande e uma pequena), RNAm (contém o código genético da proteína) e RNA
transportador (é o iniciador da inserção dos aminoácidos decodificando o RNAm).

Além dessa estrutura, existem outras proteínas que atuam na organização desse
complexo, chamadas de fatores de iniciação.

Basicamente, o início da tradução se dá com a ligação do RNA transportador


na subunidade pequena do ribossomo, geralmente, o primeiro aminoácido que o
RNAt carrega é a metionina.

Então, RNAt ligado ao ribossomo se liga à extremidade 5´do RNA mensageiro


após reconhecer o cap 5´GTP (região de iniciação do RNAm), e segue no sentido
3´até encontrar o códon de iniciação que geralmente é o AUG.

Elongação
Para entendermos esta etapa, vejamos o esquema a seguir:

Na primeira etapa, podemos observar 3 sítios na subunida-


de grande do ribossomo, E, P e A. Na primeira rodada da
elongação o RNAt carregando a metionina (primeiro
aminoácido) se liga no sítio P. Em seguida, o próximo RNAt
se liga ao sítio A.

O próximo passo é a formação da ligação peptídica entre os


dois aminoácidos.

Os dois aminoácidos, ligados entre si por meio de uma


ligação peptídica, agora estão no sítio A, e o RNAt do sítio P
agora está vazio.

À medida que o ribossomo avança na fita de RNAm, o RNAt


vazio que estava no sítio P passa para o sítio E (saída).
Assim, o próximo RNAt entrará no sítio A trazendo mais um
aminoácido. Esse ciclo se repete muitas e muitas vezes, até
que todo o RNAm seja traduzido e a proteína esteja
completa. Isso ocorre quando é identificado o stop códon ou
códon de parada.

Figura 23 – Etapas da elongação


Fonte: Adaptado de Khan Academy

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Após a tradução da proteína, ocorre, ainda, o que chamamos de modificações


pós traducionais (MPT), que são uma série de reações e modificações na proteína
que levarão à sua função e à configuração final. Seriam os últimos ajustes, ou o
retoque final.

Essas modificações podem ser: fosforilação, glicosilação e pontes de sulfeto,


entre outras.

Ciclo da Ureia
Ao longo desta Unidade, vimos como as proteínas são originadas, sua constitui-
ção, estrutura química e suas interações. Agora, vamos conhecer o ciclo da ureia, que
seria uma parte da etapa final do “ciclo de vida” de uma proteína, ou podemos enten-
der também como o organismo consome energia a partir do consumo de proteínas.

Quando ingerimos proteínas durante uma refeição, elas precisam ser digeridas
para que possam ser aproveitadas pelo nosso organismo e gerar energia; porém, o
metabolismo de proteínas para geração de energia leva à produção de compostos
nitrogenados que são tóxicos ao organismo.

Como falamos anteriormente, os aminoácidos são compostos formados por um


grupo nitrogenado (amino) que, ao fim do seu aproveitamento, precisa ser eliminado.
Na tentativa de eliminar esses compostos nitrogenados tóxicos (amônia), o nosso
organismo converte-os em um composto menos tóxico (ureia) para que sejam elimi-
nados mais facilmente, mas não se engane!
Esse processo custa caro!
Isto é, um alto gasto energético é necessário para que essa conversão aconteça.
Esse processo acontece no fígado, e parte das reações envolvidas nesse ciclo ocor-
rem na mitocôndria e parte no citosol.
Vejamos, a seguir, as principais reações desse ciclo:

H2O
Arginina O
Fumarato
H2N — C — NH2
Uréia

Argininossuccinato Ornitina

Carbamil
Aspartato Citrulina fosfato
R — NH2 R — C — NH2
CITOSSOL MATRIZ O
MITOCONDRIAL

CO2 + NH+4

Figura 24 – Ciclo da ureia

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O ciclo da ureia é constituído por 5 etapas:
1. Síntese de carbamoil fosfato: a reação química de condensação da amô-
nia com o dióxido de carbono origina o composto carbamoil fosfato. Essa
reação ocorre na mitocôndria dos hepatócitos e é catalisada pela enzima
carbamoil fosfato sintetase (CFS1):

2ATP + HCO3-- + NH3 → Carbamoilfosfato + 2ADP + Pi

2. Síntese da citrulina: a união entre o carbamoil fosfato e a ornitina é me-


diada enzimaticamente pela ornitina transcarbamilase ornitina (OTC). Essa
reação ocorre na mitocôndria com gasto energético, e após a formação da
citrulina, ela é transportada para o citosol onde ocorrerão as demais reações:

Carbamoil fosfato + ornitina → citrulina + Pi

3. Formação de argininosuccinato: a união de citrulina com o aminoácido


aspartato é mediada pela enzima argininosuccinato sintetase (ASS), e, por
ser uma reação de condensação, requer gasto energético (ATP). Essa reação
ocorre no citosol e, como produto final, temos o composto argininosuccinato:

citrulina + aspartato + ATP → argininosuccinato+ AMP + |PPi

4. Conversão do argininosuccinato: Esta se reação se dá pela quebra do


argininosuccinato originando uma arginina e uma molécula de fumarato,
mediada pela enzima Arginosuccinato Liase (ASL). O fumarato liberado
pode sofrer a adição de uma molécula de água e se originar o composto
malato, este por sua vez após receber elétrons origina o oxalacetato que
reagindo com o aminoácido glutamato é regenerado a aspartato pode no-
vamente participar do ciclo:

Argininosuccinato → Arginina + fumarato

5. Liberação da ureia: neste ponto da reação, a arginina é quebrada enzimati-


camente pela enzima arginase 1 e origina ornitina e ureia. A ureia é filtrada
pelos rins e eliminada na urina. A ornitina, por sua vez, entra novamente no
ciclo, passando por todas as reações novamente até ser eliminada:

Arginina + H2O → ornitina + ureia

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UNIDADE Estrutura, Síntese e Metabolismo de Proteínas

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
Princípios de bioquímica de Lehninger – Capítulo 6 Enzimas, p. 200-24
NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6.ed. Porto
Alegre: Artmed, 2014.
Princípios de bioquímica de Lehninger – Capítulo 6 Enzimas, p.143-50
Capítulo de Desnaturação e enovelamento das proteínas 4.4:
NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica de Lehninger. Porto Alegre:
Artmed, 2011.

 Vídeos
Replicação do DNA e transcrição e tradução do RNA
Vídeo explicativo sobre o processo de replicação de DNA, transcrição e tradução de RNA.
http://bit.ly/2velmmD

 Leitura
Efeito da Oferta Dietética de Proteína Sobre o Ganho Muscular, Balanço Nitrogenado e Cinética da 15N-Glicina
de Atletas em Treinamento de Musculação
Artigo sobre aplicação dos conhecimentos do metabolismo doa aminoácidos.
http://bit.ly/2RGL4rj

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Referências
ALBERTS, B. et al. Biologia Molecular da Célula. Porto Alegre: Artmed,
2011. 1396p.

BAYNES, J. W.; DOMINICZAK, M. H. Bioquímica médica. 3.ed. Rio de Janeiro:


Elsevier, 2010.

BERG, J. M.; STRYER, L.; TYMOCZKO, J. L. Bioquímica. 7.ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2014.

BRUICE, P. Y. Química Orgânica, v.2, 4.ed. Porto Alegre: Grupo A, 2006.

CAMPBELL, M. K.; FARRELL, S. O.  Bioquimica. 3.ed. São Paulo: Cengage


Learning, 2006.

CHAMPE, P. C.; HARVEY, R. A.; FERRIER, D. R. Bioquímica ilustrada. 4.ed.


Porto Alegre: Artmed, 2009.

MARZZOCO, A.; TORRES, B. B. Bioquímica básica. 3.ed. Rio de Janeiro: Gua-


nabara Koogan, 2007.

MURRAY R. K. H. Bioquímica Ilustrada. 27.ed. Rio de Janeiro: McgrawHill, 2007

NELSON, D. L.; COX, M.l M.  Princípios de bioquímica de Lehninger.  6.ed.


Porto Alegre: Artmed, 2014.

_______; _______. Princípios de Bioquímica de Lehninger. 5.ed. Porto Alegre:


Grupo A, 2011.

VOET, D.; VOET, J.; PRATT, J. W. Fundamentos de Bioquímica: a vida em nível


molecular. 2.ed. Porto Alegre: ARTMED, 2008.

Sites visitados
<https://pt.khanacademy.org/science/biology/gene-expression-central-dogma/
translation-polypeptides/a/translation-overview>. Acesso em: 29 jul. 2019.

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