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Bioquimica Estrutural e Metabolica 1
Bioquimica Estrutural e Metabolica 1
e Metabólica Aplicada
à Biomedicina
Material Teórico
Estrutura, Síntese e Metabolismo de Proteínas
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Estrutura, Síntese e
Metabolismo de Proteínas
• Aminoácidos;
• Estrutura das Proteínas;
• Síntese de Proteínas;
• Ciclo da Ureia.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Apresentar a estrutura dos aminoácidos e os aspectos químicos envolvidos (tipo de liga-
ção e classificação), níveis de estruturas de proteínas;
• Ter visão geral do processo de síntese de proteínas (transcrição, processamento e tradução);
• Compreender os mecanismos de degradação e excreção das proteínas (transaminação,
desaminação oxidativa, ciclo da ureia e balanço nitrogenado).
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Estrutura, Síntese e Metabolismo de Proteínas
Aminoácidos
Os aminoácidos são biomoléculas essenciais a vida, constituem a unidade fun-
cional das proteínas e, portanto, estão envolvidos em diversos processos biológicos,
além de contribuírem para a geração de energia metabólica.
No entanto, de todos os aminoácidos que já foram descritos em sistemas bioló-
gicos, apenas 20 são normalmente encontrados nas proteínas.
A seguir, podemos conhecer quais são os principais aminoácidos e como são
representados por meio de abreviaturas, que podem ser de três letras ou uma letra:
Estrutura geral
Os aminoácidos são conhecidos por possuírem uma estrutura química geral em
comum. Essa estrutura é composta por um grupo amina e um grupo carboxílico
ligado a um átomo de carbono, denominado carbono α (alfa) e uma cadeira lateral,
que é a parte variável da estrutura.
Explor
Carbono Alfa: átomo de carbono adjacente (ou mais próximo) ao grupo funcional carboxílico (ácido).
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Cadeia lateral
variável
Carbono
alfa
R
H 2N Cα COOH
Grupo
H
amino Grupo
carboxila
Átomo de
hidrogênio
Figura 1 – Esquematização da estrutura geral dos aminoácidos
Quiralidade
Como vimos na estrutura básica dos aminoácidos, temos um átomo de carbono
ligado a quatro radicais ou ligantes diferentes. A disposição do arranjo tetraédrico
dos orbitais permite que os quatro ligantes ocupem dois arranjos espaciais (duas
apresentações ou formas) possíveis diferentes; portanto, os aminoácidos, com ex-
ceção da glicina, podem ter dois esteroisômeros, nos quais o carbono α é centro
quiral. Essas duas formas são chamadas de especulares (espelhada) e não são sobre-
poníveis. Para entendermos melhor esse conceito, podemos usar como exemplo as
nossas mãos Note que tanto a mão direita quanto a esquerda são a imagem espe-
cular uma da outra, ou seja, apresentam as mesmas características, podemos dizer
que são iguais, porém, se virarmos a palma da mão e tentarmos sobrepor uma mão
à outra, veremos que elas não encaixam perfeitamente. Essa é a ideia por trás do
conceito de quiralidade dos aminoácidos.
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UNIDADE Estrutura, Síntese e Metabolismo de Proteínas
Espelho
Essa característica dos aminoácidos é muito importante, tendo em vista que, nas
proteínas, os aminoácidos ocorrem naturalmente na forma “L”. As células possuem
a capacidade de produzir especificamente a forma “L” das cadeias laterais dos ami-
noácidos, e esse fato tem relação direta com os sítios ativos das enzimas que, por
sua vez, são assimétricos, isso resulta na característica das enzimas de catalisar re-
ações estereoespecíficas. As formas “D” dos aminoácidos normalmente aparecem
como constituintes de parede de membranas celulares de bactérias.
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fortemente ionizáveis -COOH (ácido) e um –NH3+ (básico), em pH fisiológico (pH
7,3) os aminoácidos encontram-se protonados. Essas duas formas estão em equi-
líbrio R-COOH e R-NH3+, isto é, e quando em solução, podem coexistir na forma
de íon dipolar, podendo agir tanto como doador quanto como aceptor de prótons.
Esse comportamento é chamado de anfótero.
Quando esses grupos fortes ionizáveis, encontram-se nas formas R-COO- e R-NH2
são as bases conjugadas, pois é a base conjugada do ácido correspondente e, portan-
to, atua como aceptora de prótons, sendo assim denominada forma desprotonada.
O O O
R — CH — C — OH R — CH — C — O– R — CH — C — O–
+
+
NH3 NH3 + H+ +
NH2 + H+
pH = 0 pH = 7 pH = 11
Figura 5 – Influência do pH nos grupos ionizáveis
Fonte: BRUICE, 2006
Figura 6
Fonte: Adaptado de USP
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corresponde ao pH em que a soma total das cargas líquidas é igual a zero. Isso
acontece porque a concentração da forma aniônica e catiônica são iguais e, por-
tanto, anulam-se, e a carga final é igual a zero.
Veja a seguir:
Por meio do pKa, podemos conhecer a foça dos ácidos e, no nosso caso, pode-
mos entender o comportamento de certos aminoácidos.
Podemos estabelecer a seguinte relação: quanto maior o pKa, mais fraco é o áci-
do em questão. Se pensarmos no conceito de Bronsted-Lowry, a reação ácido-base
é simplesmente uma reação de transferência de prótons. Assim, um ácido forte é
aquele que tem maior facilidade em doar próton em uma reação ácido-base, e pode
apresentar um pKa baixo.
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Já o ácido fraco é aquele que tem maior dificuldade em doar prótons em uma
reação ácido-base, isto é, será necessário adicionar uma quantidade maior de base
para que todos os prótons sejam liberados, e isso pode ser observado no pKa, que
será alto para ácidos fracos.
Uma outra característica dos aminoácidos, é que eles podem exercer uma fun-
ção tamponante, isto é, possuem a capacidade de manter o pH da solução estável
mesmo após a adição de pequenas quantidades de ácido ou base, e uma solução
tamponante é formada por um ácido fraco e sua base conjugada ou uma base fraca
e seu ácido conjugado em equilíbrio.
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UNIDADE Estrutura, Síntese e Metabolismo de Proteínas
Figura 9
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As características químicas dos aminoácidos são fundamentais para compreen-
dermos o comportamento das proteínas em meio aquoso, bem como suas caracte-
rísticas, vez que são formadas por aminoácidos e suas funções podem ser prejudi-
cadas em caso de desordem química ou estrutural.
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UNIDADE Estrutura, Síntese e Metabolismo de Proteínas
Essa troca afeta a função da hemoglobina que, nessa conformação, não con-
segue se ligar ao oxigênio de forma eficiente, e altera a forma hemácia para a
forma de “foice” o que dificulta sua passagem nos pequenos capilares e se rompe
com facilidade.
Lys
Lys
Gly
Gly
Leu
Val
Ala
His
Figura 11 – Imagem de hemácias normais e uma hemácia na forma Figura 12 – Esquema representativo
de foice, característico da anemia falciforme da estrutura primária das proteínas
Fonte: ibcc.gov.br
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aminoácidos próximos entre si na sequência primária da proteína. Ocorre graças à
possibilidade de rotação das ligações entre os carbonos alfa dos aminoácidos e os
seus grupos amina e carboxila.
Configuração α- hélice
São estruturas cilíndricas estabilizadas por pontes de hidrogênio paralelas ao
seu eixo, que ocorrem no interior do esqueleto de uma única cadeia polipeptídica.
Dentro desse nível de estrutura, ocorrem dois pontos de interação, entre o car-
bono α e o nitrogênio do grupamento amina dos resíduos, e entre o carbono α e o
carbono da carboxila do mesmo resíduo.
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UNIDADE Estrutura, Síntese e Metabolismo de Proteínas
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Estrutura terciária
A estrutura terciária de uma proteína é o arranjo tridimensional de todos os
átomos das moléculas. As conformações das cadeias laterais e as posições de quais-
quer grupos prostéticos são partes da estrutura terciária, e o único aspecto impor-
tante da estrutura terciária, que não é especificado pela estrutura secundária, é o
arranjo dos átomos das cadeias laterais.
A estrutura terciária apresenta o dobramento final de uma cadeia peptídica, po-
dendo haver interações de segmentos distantes de estrutura primária, por ligações
não covalentes.
Enquanto a estrutura secundária é determinada pelo relacionamento estrutural
de curta distância, a terciária é caracterizada pelas interações de longa distância
entre aminoácidos, denominadas interações hidrofóbicas, pelas interações eletros-
táticas, pontes de hidrogênio e de sulfeto.
Todas têm sequências de aminoácidos diferentes, refletindo estruturas e funções dife-
rentes. Efetua interações locais entre os aminoácidos que ficam próximos uns dos outros.
Ao considerarmos níveis mais elevados de organização estrutural, torna- se
interessante classificar as proteínas em dois grupos: as proteínas fibrosas e as
proteínas globulares, que possuem cadeias polipeptídicas enoveladas em formas
esféricas ou globulares.
Os dois grupos são estruturalmente distintos: as proteínas fibrosas, em geral,
consistem, principalmente, de um único tipo de estrutura secundária.
As proteínas globulares costumam conter diversos tipos de estruturas secundá-
rias. Os grupos diferem também no que tange à funcionalidade, vez que as proteí-
nas fibrosas fornecem suporte, forma e proteção externa aos vertebrados, enquanto
as enzimas e os inibidores bem como as proteínas regulatórias são globulares.
Em uma proteína globular, os diferentes segmentos de uma cadeia polipeptídica
enovelam-se uns sobre os outros. Esse enovelamento também gera uma forma
compacta em relação aos polipeptídios em uma conformação totalmente estendida.
Lys
Lys
Gly
Gly
Leu
Val
Ala
His
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UNIDADE Estrutura, Síntese e Metabolismo de Proteínas
Estrutura
quartenária
Estrutura Estrutura Estrutura
primária secundária terciária
Lys
Lys
Gly
Gly
Leu
Val
Ala
His
Montagem das
cadeias polipeptídicas
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A mioglobina é formada por apenas uma cadeia polipeptídica, assim, apresenta
apenas um sítio de ligação para o oxigênio. Embora a composição da estrutura pri-
mária, secundária e terciária serem idênticas, a estrutura quaternária da hemoglobi-
na é o que a torna uma molécula eficiente no transporte de oxigênio, pois consegue
transportar quatro vezes mais oxigênio do que a mioglobina.
Como podemos ver a estrutura de uma proteína definirá a sua função, mioglo-
bina como armazenadora e hemoglobina como transportadora.
Síntese de Proteínas
As proteínas são macromoléculas constituídas de cadeias polipeptídicas ligadas
entre si que apresentam basicamente três níveis de estruturas, primária, secundária
e terciária.
Diante dessas informações, surge a seguinte questão: de onde vem ou qual a
origem das proteínas?
A teoria que explica esse fenômeno é chamada de dogma central da biologia
molecular. Por meio dele, podemos entender o fluxo da informação genética, isto
é, do DNA à proteína.
O dogma central da biologia molecular é constituído de três etapas: replicação,
transcrição e tradução da informação genética.
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UNIDADE Estrutura, Síntese e Metabolismo de Proteínas
Replicação
Para que a informação genética seja transmitida, é necessário que ela seja re-
plicada, ou seja, copiada utilizando como base a dupla fita de DNA. Nessa etapa,
ocorre a abertura da dupla fita por meio do rompimento das pontes de hidrogênio
que mantem os nucleotídeos ligados entre si. Dessa forma, teremos duas fitas sim-
ples que ao serem complementadas com os respectivos nucleotídeos, originarão
duas novas moléculas de DNA dupla fita. Precisamos lembrar que os nucleotídeos
interagem entre si de forma específica: Adenina – Timina / Citosina – Guanina,
vejamos a Figura a seguir para ilustrar melhor esse conceito:
Figura 19
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons
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Quais são as principais moléculas envolvidas neste processo?
• Helicase: liga-se na origem da replicação do DNA e avança abrindo a dupla
fita por meio da quebra das pontes de hidrogênio entre os nucleotídeos;
• Primase: insere um primer de RNA complementar na extremidade 3´ da fita
simples para que o processo de construção da fita complementar ou a nova
fita se inicie;
• DNA polimerase: responsável pela adição dos nucleotídeos complementares.
Transcrição
Nesta etapa, a informação genética é transcrita de DNA para RNA, e o produto
final é o RNA mensageiro (RNAm). Inicialmente, a enzima RNA polimerase se liga
a uma região específica do gene a ser transcrito, chamada promotor. Nessa região,
a enzima reconhece o ponto de partida para iniciar a transcrição.
Figura 20
Fonte: Adaptado de Khan Academy
O produto final é uma fita de RNA, parecida com a fita molde. Isso porque
não são idênticas, como vimos no caso da replicação. Isso ocorre porque há
uma troca de nucleotídeo no processo de transcrição. As fitas de RNA apre-
sentam o nucleotídeo uracila (U) ao invés de timina (T). Sendo assim, todas as
timinas estão substituídas por uracila na fita de RNA final e o processo de trans-
crição termina quando a RNA polimerase reconhece a região de terminação na
sequência molde.
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Tradução
O processo de tradução, dentro do dogma central da biologia molecular, com-
preende a etapa da produção ou da expressão de uma proteína em questão.
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Iniciação
Primeiramente, é necessária a presença da estrutura conhecida como complexo
de iniciação. Essa estrutura é composta por: ribossomo (contendo duas partes uma
grande e uma pequena), RNAm (contém o código genético da proteína) e RNA
transportador (é o iniciador da inserção dos aminoácidos decodificando o RNAm).
Além dessa estrutura, existem outras proteínas que atuam na organização desse
complexo, chamadas de fatores de iniciação.
Elongação
Para entendermos esta etapa, vejamos o esquema a seguir:
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UNIDADE Estrutura, Síntese e Metabolismo de Proteínas
Ciclo da Ureia
Ao longo desta Unidade, vimos como as proteínas são originadas, sua constitui-
ção, estrutura química e suas interações. Agora, vamos conhecer o ciclo da ureia, que
seria uma parte da etapa final do “ciclo de vida” de uma proteína, ou podemos enten-
der também como o organismo consome energia a partir do consumo de proteínas.
Quando ingerimos proteínas durante uma refeição, elas precisam ser digeridas
para que possam ser aproveitadas pelo nosso organismo e gerar energia; porém, o
metabolismo de proteínas para geração de energia leva à produção de compostos
nitrogenados que são tóxicos ao organismo.
H2O
Arginina O
Fumarato
H2N — C — NH2
Uréia
Argininossuccinato Ornitina
Carbamil
Aspartato Citrulina fosfato
R — NH2 R — C — NH2
CITOSSOL MATRIZ O
MITOCONDRIAL
CO2 + NH+4
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O ciclo da ureia é constituído por 5 etapas:
1. Síntese de carbamoil fosfato: a reação química de condensação da amô-
nia com o dióxido de carbono origina o composto carbamoil fosfato. Essa
reação ocorre na mitocôndria dos hepatócitos e é catalisada pela enzima
carbamoil fosfato sintetase (CFS1):
Argininosuccinato → Arginina + fumarato
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UNIDADE Estrutura, Síntese e Metabolismo de Proteínas
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Princípios de bioquímica de Lehninger – Capítulo 6 Enzimas, p. 200-24
NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6.ed. Porto
Alegre: Artmed, 2014.
Princípios de bioquímica de Lehninger – Capítulo 6 Enzimas, p.143-50
Capítulo de Desnaturação e enovelamento das proteínas 4.4:
NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica de Lehninger. Porto Alegre:
Artmed, 2011.
Vídeos
Replicação do DNA e transcrição e tradução do RNA
Vídeo explicativo sobre o processo de replicação de DNA, transcrição e tradução de RNA.
http://bit.ly/2velmmD
Leitura
Efeito da Oferta Dietética de Proteína Sobre o Ganho Muscular, Balanço Nitrogenado e Cinética da 15N-Glicina
de Atletas em Treinamento de Musculação
Artigo sobre aplicação dos conhecimentos do metabolismo doa aminoácidos.
http://bit.ly/2RGL4rj
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Referências
ALBERTS, B. et al. Biologia Molecular da Célula. Porto Alegre: Artmed,
2011. 1396p.
Sites visitados
<https://pt.khanacademy.org/science/biology/gene-expression-central-dogma/
translation-polypeptides/a/translation-overview>. Acesso em: 29 jul. 2019.
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