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● TIPOS DE BILIRRUBINA
Os dois tipos de bilirrubina existentes são:
INDIRETA/NÃO-CONJUGADA – é a bilirrubina insolúvel em água que, se não ligada a uma proteína,
não consegue atravessar as membranas celulares;
DIRETA/CONJUGADA – os hepatócitos captam a bilirrubina indireta e, através da enzima
glicuronil-transferase, a ligam ao ácido glicurônico. Essa ligação é chamada de conjugação da
bilirrubina, sendo a bilirrubina conjugada hidrossolúvel. Assim, ela é secretada, ganhando os
canalículos biliares e, em seguida, segue para o intestino.
● METABOLISMO DA BILIRRUBINA
A grande fonte de bilirrubina do organismo vem da destruição de hemácias no sistema reticulo-endotelial
(fígado e baço), mas também pode ser proveniente de hemácias jovens que entram em apoptose
precocemente na medula óssea.
Ambas, ao serem destruídas, liberam o grupamento heme – o qual é fagocitado pelos macrófagos no
fígado, no baço e na própria medula, sendo transformado em biliverdina e, em seguida, em bilirrubina.
A bilirrubina não-conjugada é insolúvel e, assim, ela precisa estar ligada a uma proteína para poder
circular no meio líquido. Junto à albumina, a bilirrubina não-conjugada consegue se solubilizar e ser
transportada pelos tecidos, chegando aos sinusoides hepáticos – onde se separa da albumina e é captada
pelos hepatócitos.
A partir daí, dentro dessas células, cerca de 10% da bilirrubina não-conjugada é conjugada em duas etapas
– o resto (90%) segue na forma não conjugada.
A bilirrubina conjugada, através de carregadores dependentes de energia, são transportadas do meio
intracelular para fora dos hepatócitos – sendo excretada na bile como um de seus componentes e sendo,
então, armazenada na vesícula biliar (onde fica bastante concentrada). Depois disso, é liberada na segunda
porção duodenal.
Uma vez no duodeno, ela não é reabsorvida pela mucosa intestinal – é posteriormente metabolizada por
bactérias do intestino delgado e cólon em urobilinogênio e estercobilinogênio (coloração marrom das
fezes).
O urobilinogênio é então reabsorvido pelas células intestinais e volta ao fígado, sendo uma parte
re-excretada na bile e outra atravessa os hepatócitos e é excretada pelos rins.
Assim, quando há excesso de bilirrubina, pode haver:
Alteração da coloração de pele;
Toxicidade no SNC – quando a bilirrubina atravessa a barreira hematoencefálica, pode-se haver
prejuízos no funcionamento do SNC.
Qualquer alteração no metabolismo da bilirrubina que cause o acúmulo de bilirrubina pode causar a
icterícia – seja pelo excesso de produção do agrupamento heme, seja pelo excesso de produção de
bilirrubina indireta ou pela diminuição da eliminação da bilirrubina direta.
● TIPOS DE ICTERÍCIA
As icterícias têm diferentes tipos:
PRÉ-HEPÁTICA – quando ocorre por aumento da produção de bilirrubina (hemólise e eritropoiese
ineficazes) > não conjugada/indireta;
HEPÁTICA – quando ocorre redução da captação e da conjugação hepática;
PÓS HEPÁTICA – quando há alguma obstrução: secundária à redução da excreção da bilirrubina
conjugada na bile, do fígado ao duodeno.
● EXAME CLÍNICO
Na anamnese, deve-se questionar:
Colúria (urina escura), acolia (fezes brancas) e prurido – indicam colestase (obstrução hepática);
Dor abdominal – se acompanhada de colúria (bilirrubina conjugada), indica obstrução
extra-hepática;
Febre e outras manifestações sistêmicas – indicam obstrução extra-hepática;
Febre + dor abdominal + icterícia – indicam coledocolitíase/colangite (obstrução extra-hepática);
Uso de drogas endovenosas e de álcool – indicam cirrose;
História pregressa de transfusão sanguínea – caso positiva, indica hepatite viral;
Exposição a toxinas – intoxicação;
Comportamento sexual – hepatite viral;
Ausência de dor – pode indicar causa de tumor por obstrução extra-hepática.
Já no exame físico, pode haver:
Hepatimetria aumentada – indica causa hepática para a icterícia;
Sinal de Courvoisier-Terrier – palpação de massa palpável indolor no HD (vesícula biliar distendida)
indica neoplasia;
Esplenomegalia;
Ascite – sinal de Piparote +;
Estigmas de hepatopatia crônica – como aranhas vasculares, icterícia, ascite e eritema palmar.