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Texto de apoio 12ª Classe 2022

1º Trimestre

1. Textos Normativos
1.1.O que são?
Textos normativos são aqueles que contém regras, normas e leis de funcionamento de uma
organização, um país, um jogo, etc1.
São exemplos de textos normativos os regulamentos de jogos (futebol, neca, xadrez,damas,
etc.); instituições (regulamentos de funcionamento de escolas, empresas, associações, etc.);
leis de Estados e organismos internacionais (Constituição de uma República, a Lei da Família,
a Lei Eleitoral, Declaração Universal dos Direitos Humanos, etc.)

1.2.Qual é o objectivo de quem os produz?


Objectivo de produção de um texto normativo é de garantir um funcionamento ordeiro das
instituições ou comunidades a que este se aplique.

1.3.Estrutura
O texto normativo apresenta uma introdução, geralmente contendo uma descrição do contexto
em que surge a lei ou regulamento e a sua aplicação.
O corpo do texto, o desenvolvimento, pode apresentar-se dividido em capítulos, secções e
subsecções que contém os artigos e suas alíneas.
A conclusão ou fecho, geralmente apresenta o local e a data onde decorreu a promulgação da
lei ou a ordem da sua publicação.
1.4.Linguagem
A linguagem do texto normativo é clara e directa, procurando evitar dúvidas ou más
interpretações. Assim, observa-se um uso notável de linguagem técnica.

[TEXTOS EXEMPLO LEI ELEITORAL (Recenseamento Eleitoral)]

2. Processos de formação de palavras


Por processos de formação de palavras, deve-se entender mecanismos pelos quais se criam
novas palavras, com novos significados que se acrescem ao vocabulário da língua. Os
processos mais comuns são:

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MINED-IEDA,
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Professora: Josefa Olívia Salvador
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2.1.Derivação por afixação


A afixação é um processo pelo qual se acresce um elemento chamado morfema a uma palavra
já existente na língua. Os morfemas que se acrescem à língua podem ser prefixos (ex. in-; des-
; i-; etc) ou sufixos (-mente; -dade; -ante; etc).
Quando a palavra é formada através da adição de um perefixo, isto é, um elemento adicionado
ao principio da mesma, chama-se derivada por prefixação; quando ocorre a adicção de um
sufixo, ou seja, um elemento adicionado ao final da palavra, a mesma chama-se derivada por
sufixação.
Ex. Derivação por prefixação
i + legal=ilegal; des + contar=descontar; in + feliz=infeliz

Ex2. Derivação por sufixação


Feliz + mente=felizmente; bastar + nte=bastante; caduco + dade=caducidade
2.2.Composição
É um processo que consiste em juntar palavras para formar outras. Os processos de
composição mais conhecidos são a aglutinação e a justaposição.
A aglutinação consiste na fusão morfológica e tónica das palavras componentes, de forma que
às vezes se torna difícil identificá-las.
Ex. vinagre = vinho+agre; fidalgo = filho de algo (alguém); girasol = gira +sol
A composição por justaposição consiste em juntar palavras, preservando a sua integridade
morfológica e prosódica.
Ex. guarda-redes; cana-de-açúcar; flor-de-lís; caminhos-de-ferro

2.3.Outros processos de formação de palavras

2.3.1. Truncamento
Truncamento2, também chamada derivação regressiva, é um processo de formação de
palavras que consiste em retirar segmentos de palavras para formar outras. É um processo
produtivo na formação de nomes à partir de verbos embora possa envolver outras categorias
de palavras.
Ex. canto (de cantar); dança (de dançar); alimento (de alimentar), etc.
Ex2. Foto (de fotografia); pneu (de pneumático); demo (de demonstration), etc.

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Do verbo truncar, cortar
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2.3.2. Amálgama
Consiste na junção de segmentos de palavras diferentes para formar outras, novas.
Ex: ecologia + sistema= ecosistema; português + espanhol = portunhol;
lunch + breakfast = brunch; modulator + demodulator = modem: etc.

2.3.3. Empréstimo
Consiste em adoptar plavras de outras línguas para nomear novas realidades ou conceitos.
Ex: hambúrger (do inglês hamburguer); sanduiche (do alemão sandwich); compuatador
(computer); etc.

2.3.4. Extensão semântica


Também chamada derivação imprópria, é um processo que consite em atribuir um outro
significado a uma palavra sem nenhum alteração na sua forma gráfica ou pronúncia. A
extensão semântica, em alguns casos, pode envolver a mudança de categoria gramatical.
Ex. pensar (verbo) o pensar (nome); olhar (verbo) o teu olhar (nome);
calamidade (desastre natural) calamidade (roupa usada);
leitor (pessoa que lê) leitor (aparalho que descodifica dados - DVD, computador,
aplicativos de computador, etc.)

2.3.5. Acronímia
É um processo que envolve títulos. nomes compostos de organizações ou outras entidades
(Frente de Libertação de Moçambique, Resistência Nacional de Moçambique). Consiste em
encurtar a designação/nome da entidade retirando a primeira sílaba de cada termo componente
do nome original, formando uma palavra nova.
Exemplos:
FRE + LI + MO (de Frente de Libertação de Moçambique)
A +CI +POL (Academia de Ciências Policiais)
2.3.6. Siglação
Semelhante à acronímia, excepto pelo facto usar asprimeiras letras dos termos constituíntes do
nome composto, no lugar de sílaba. As letras que compõem a sigla são separadas por pontos.
Exemplos:
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O.M.S (Organização Mundial da Saúde)


C.F.M. (Caminhos de Ferro de Moçambique)

2.3.7. Criação lexical


Consiste em criar/inventar novas palavras para designar novas realidades, conceitos,
invenções, etc.
Exemplos
Byte (unidade de dados informáticos); xerocar (copiar um documento usando máquina);
Flash drive (dispositivo usado para transferir/transportar dados informáticos), etc.

3. Textos Multiuso
3.1.Texto-argumentativo
Texto expositivo-argumentativo é um texto onde um articulista expõe uma opinião/tese, sobre
um tema que divide opiniões.
O objectivo central de quem escreve um texto expositivo-argumentativo é de convencer o
leitor a aceitar a posição defendida no seu texto.
Para convencer o leitor, o articulista usa argumentos que são os suportes da sua tese, as razões
pelas quais o leitor deve aderir à tese defendida pelo articulista.

3.2.Estrutura do texto expositivo-argumentativo


O texto expositivo-argumentativo tem uma introdução, desenvolvimento e uma conlusão.
Na introdução, o articulista expõe o assunto a ser discutido no texto e a sua opinião sobre
esse mesmo assunto (tese).
No desenvolvimento, o articulista apresenta os argumentos que sustentam a sua tese. A
argumentação apoia-se na ilustração, exemplificação, explicação, para melhor demonstrar a
validade do ponto de vista do articulista.
Na conclusão, o articulista pode retomar os principais argumentos apresentados ao longo do
texto rematados pela tese.
A conclusão pode ainda apresentar a tese pela 1ª vez. Nesses casos, na introdução, o
articulista limita-se a apresentar o assunto a ser discutido no texto. Quando esse é o caso, a
conclusão pode tomar a forma “É por causa de X que Z”, onde X são os argumentos e Z a
tese.

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3.3.Linguagem
No texto expositivo-argumentativo, o articulista, para melhor expor a tese e e os argumentos,
usa uma linguagem clara, objectiva, directa, denotada, etc.
A seguir se transcreve um trecho da obra de Paulina Chiziane contendo um exemplo de
linguagem conotada:
“David abraça a filha e voa com ela por paraísos infinitos”
Neste trecho as palavras abraçar, voar e paraísos recebem novos significados no texto de
Chiziane pois, claramente David, como pessoa, não pode voar; e paraísos não é usado no
sentido bíblico, etc.
O que Chiziane que dizer é:
David manteve relações sexuais com a filha.
Esta paráfrase é que é um exemplo de linguagem denotada onde as palavras são usadas com o
seu significado primário, o do dicionário.
É este segundo tipo de linguagem, que é directa, sem rodeios, que se usa no texto expositivo-
argumentativo.
TEXTO Exemplo: Falar em Público

4. Gramática
4.1.Preliminares
i. Uma oração é uma frase simples, constituída por um verbo conjugado e seus
complementos. Logo, o verbo é um elemento obrigatório para a existência de uma oração,
salvo o caso das orações reduzidas onde o verbo pode não estar textualmente presente.
ii. Duas ou mais frases simples/orações podem ser juntadas para formar uma frase complexa.
Geralmente a junção de duas ou mais frases é feita com recurso a conectores que podem ser
conjunções (quando constituídos por uma palavras apenas) ou locuções (quando constituídos
por mais de uma palavra).
iii. A oração subordinada recebe sempre a designação do conector (locução ou conjunção)
que a liga à oração principal, isto é, se o conector for consecutivo, por exemplo, a oração
subordinada também o será.
8.2.1.3.Conjunções e locuções comparativas São conectores que estabelecem uma
comparação entre a oração subordinada e a subordinante.
Ex7: Demorei mais tempo do que era minha intenção.
Ex8: O trabalho, como as férias, deve ser encarado com alegria.

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Conjunções comparativas Locuções comparativas


como, conforme, que, segundo, consoante, assim como...assim, bem como...assim,
qual (quando antecedido de tal) mais...do que, menos...do que, tão...como,
tanto...como, conforme...assim,
consoante...assim, segundo...assim,
segundo...assim, ao passo que

Exercícios
3. Separa e classifica as orações seguintes:
a) O bebé chorou tanto que perdeu a voz.
b) A Anita vive em Lisboa.
c) Os alunos chegaram as 14 horas, conforme tinham sido instruídos.
d) Ele disse que viria depois do almoço.
e) O Carlos pediu para levarmos uma encomenda ao irmão.
f) Noé meteu um casal de cada animal consoante as instruções que recebera.

5. Textos Jornalísticos

São textos que informam ao público em geral sobre acontecimentos relativamente recentes
julgados relevantes.
Exemplos de textos jornalísticos são a notícia, a reportagem, o artigo de opinião, o artigo de
fundo, o editorial, a crónica, a entrevista, etc.
5.1.Mancha gráfica do texto jornalístico
Mancha gráfica refere-se ao espaço reservado para a impressão do texto, dentro da página. A
mancha gráfica do texto jornalístico varia de publicação para publicação, entretanto a
proporção 1:1 é bastante utilizada.
Outro termo relacionado à mancha gráfica é paratexto que se refere à todos os elementos que
acompanham o texto como o título, imagens, gráficos, epígrafe, frontispício, etc.

5.2.Artigo de Fundo (Editorial) vs. Artigo de opinião


Os textos jornalísticos são informativos por excelência, isto é, limitam-se a transmitir os
factos. Isto é verdade da notícia, reportagem, entrevista, ect. Entretanto, também existem
textos jornalísticos opinativos, isto é, que procuram influenciar a opinião dos leitores. Esse é o
caso do artigo de opinião, o editorial, o artigo de fundo, etc.
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5.2.1. Artigo de fundo


O Artigo de fundo é um texto dissertativo onde se apresenta a posição do jornal como um
todo, sobre algum assunto actual e de interesse da maioria.
Normalmente, cabe ao director do jornal ou um editorialista designado redigir o artigo de
fundo ou editorial.
Geralmente, reservam-se as primeiras páginas internas para o editorial onde este aparece num
box com bordas distintas, indicando a sua natureza opinativa.

[TEXTO EXEMPLO: Aqueles que vão morrer sorriem-te (P37)]

5.2.2. Artigo de opinião


É um texto em que um especialista reconhecido expõe o seu posicionamento sobre um tema
polémico, actual de interesse público e defende-o com o objectivo de convencer o leitor.
Sendo um texto que expressa uma opinião singular, escreve-se na primeira pessoa. A
linguagem é clara, simples, objectiva, com abundância de verbos no modo imperativo.
5.2.2.1.Estrutura
1. Contextualização: apresentação de um tema polémico e a indicação da posição do
articulista sobre esse mesmo tema (tese). Geralmente isto ocorre nos parágrafos iniciais do
texto.
2. Discussão: é o corpo principal do texto onde o articulista apresenta os seus argumentos para
mostrar que a sua posição, tese, é a mais correcta e deve ser seguida pelo leitor.
3. Conclusão: o leitor é convocado pelo escritor a reflectir sobre a pertinência da tese
defendida. Isso pode ocorrer de duas maneiras: i) apresentação de solução para o problema
debatido ou ii) síntese da posição defendida. Geralmente, são usados conectores que indicam
conclusão, adjectivos e advérbios que retomam/reforçam a tese defendida.

5.2.2.2.Tipos de argumentos
a) Argumento de Autoridade: a conclusão se sustenta pela citação de uma fonte confiável, que
pode ser um especialista no assunto ou dados de instituição de pesquisa, uma frase dita por
alguém, líder ou político, algum artista famoso ou algum pensador, enfim, uma autoridade no
assunto abordado.
b) Argumento por Causa e Conseqüência: para comprovar uma tese, você pode buscar as
relações de causa (os motivos, os porquês) e de conseqüência (os efeitos).

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c) . Argumento de Exemplificação ou Ilustração: a exemplificação consiste no relato de um


pequeno fato (real ou fictício). Esse recurso argumentativo é amplamente usado quando a tese
defendida é muito teórica e carece de esclarecimentos com mais dados concretos.
d) . Argumento de Provas Concretas ou Princípio: ao empregarmos os argumentos baseados
em provas concretas, buscamos evidenciar nossa tese por meio de informações concretas,
extraídas da realidade. Podem ser usados dados estatísticos ou falsos ou fatos notórios (de
domínio público). São expedientes bem eficientes, pois, diante de fatos, não há o que
questionar...
[TEXTO EXEMPLO Quem nos defende na África do Sul (P138)]

Exercícios
a) Identifica a tese defendida pelo autor.
b) Transcreve três argumentos usados pelo autor para sustentar a sua tese.
c) Concorda com a posição tomada pelo autor?
d) Justifica a tua resposta ao número anterior.

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Referências bibliográficas
Estrela, S. (2018). Reduções: sigla, ou acrónimo, ou abreviatura?. Disponível online em
https://ciencia.ao/artigos/opinião... Acessado em 27/05/2021 às 21:45
Camargo, B. (2013). Classes de palavras. Disponível em https://cursinho.ufms.br. Acessado
em 25/05/2021 às 14:20
Vernuccio, D. (2010). Orações subordinadas. Disponível online em
https://pt.slideshare.net/dvernuccio... Acessado em 26/05/2021 às 20:00
AGUIAR E SILVA, Vítor Manuel de,. (1997) Teoria da literatura. 8 ed. Coimbra:
Almedina.

Barbosa, J. (2019), Orações subordinadas adjetivas e orações subordinadas substantivas:


prática pedagógica em Português e em Latim. Dissertação de Mestrado, Universidade do
Porto, Faculdade de Letras
Craveirinha, J. (1963). Chigubo. Lisboa, Casa de Estudantes do Império Camões, Luiz Vaz
de, (s/d).
FCCN - Fundação para a Computação Científica Nacional, disponível em:
http://web.rccn.net/camoes/camoes/index.html

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