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COMO ESTUDAR PARA CONCURSOS DE DEFENSORIA

DO ZERO À APROVAÇÃO

Sumário
INTRODUÇÃO............................................................................................................................. 4
CAPÍTULO 1 - OS 10 PRINCIPAIS ERROS COMETIDOS POR BONS CANDIDATOS ................. 6
1.1 Só estudar com o edital publicado ............................................................................................ 6
1.2 Só estudar as matérias que gosta ............................................................................................. 7
1.3 Não fazer um estudo de concentração, de atenção plena ............................................................ 8
1.4 Estudar de forma desorganizada, sem objetividade e métodos definidos ....................................... 9
1.5 Acreditar em suas limitações e que elas não podem ser superadas ............................................... 9
1.6 Conservar hábitos que, embora pareçam inofensivos, não colaboram para o objetivo; e não
desenvolver novos hábitos que colaborem para esse objetivo ......................................................... 10
1.7 Querer resultados de curto prazo, mesmo sem fazer o esforço necessário para acelerar o processo 12
1.8 Acreditar que o processo é árduo e que é sempre um desprazer passar por ele ............................ 13
1.9 Não desenvolver a automotivação, necessitar constantemente de motivação exterior .................. 14
1.10 Ter pouca Fé...................................................................................................................... 14
CAPÍTULO 2 - O CARGO DE DEFENSOR PÚBLICO................................................................. 15
2.1 Origem............................................................................................................................... 15
2.2 O Que É Preciso Para Ser Defensor Público?............................................................................. 16
2.3 Como É O Dia De Trabalho De Um Defensor Público? ................................................................ 18
2.4 O Defensor Público precisa ser inscrito na OAB para exercer suas funções? .................................. 19
2.5 Quanto Ganha Financeiramente Um Defensor Público?............................................................. 20
CAPÍTULO 3 - COMO COMEÇAR A ESTUDAR PARA DEFENSOR PÚBLICO?......................... 21
3.1 Como Devo Me Organizar?.................................................................................................... 21
3.2 Cursinho Vale A Pena? Presencial ou EAD? .............................................................................. 22
3.3 Tenho Dificuldade Para Me Organizar, Um Coach Ou Uma Mentoria Vale A Pena? ........................ 23
3.4 Como Organizar O Meu Dia De Estudo? Como Estudo?.............................................................. 24
3.5 Cadernos esquematizados e apostilas são bons? Valem a pena? ................................................. 25
3.6 Vídeo Aula, é produtivo?....................................................................................................... 26
3.7 Vale a pena fazer resumos? ................................................................................................... 26
3.8. Estudo da Jurisprudência...................................................................................................... 28
3.9 Devo ler os informativos resumidos de que matérias? quantas vezes? ......................................... 29
3.10 Resolução de Questões ....................................................................................................... 30
CAPÍTULO 4 - PROVA ORAL... E AGORA? ............................................................................... 33
4.1 O Sentimento De “Sou Uma Fraude E Vão Descobrir”. ............................................................... 33

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4.2 Como Estudo Os Conteúdos Jurídicos Que Serão Cobrados?....................................................... 34


4.3 Como eu estudo para a prova Oral? ........................................................................................ 37
4.4 Estudo de Sumário e de Edital................................................................................................ 37
4.5 Formule perguntas............................................................................................................... 37
4.6 Fichas................................................................................................................................. 37
4.7 Banca Simulada ................................................................................................................... 38
4.8 Fazer ou não fazer um curso para prova oral: ........................................................................... 38
CAPÍTULO 5 - O ESTUDO DA CONCENTRAÇÃO..................................................................... 40
5.1 Como iniciar o estudo da concentração? ................................................................................. 41
CAPÍTULO 6 - REDES SOCIAIS E CONCURSOS PÚBLICOS ................................................... 45
CAPÍTULO 7 - BIBLIOGRAFIA................................................................................................... 47

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INTRODUÇÃO

Esta obra tem o objetivo de ajudar os “concurseiros iniciantes” e, também, os “veteranos” a se


prepararem de forma objetiva e eficiente para concursos públicos de Defensoria Pública. As ideias e os
conceitos que vou passar a expor não são, por si só, certos nem errados. Apenas são a percepção dos
resultados que observei em toda a minha trajetória de estudo.
Minhas aprovações foram nos concursos da Defensoria Pública do Maranhão, de Alagoas e de
Pernambuco. Após minha primeira aprovação, comecei a me dedicar também à docência, ajudando outras
pessoas a alcançarem seus objetivos.
Estudei por cerca de três anos para concursos até ser aprovada no primeiro concurso de Defensoria
Pública. Antes disso, logo que me formei, fiz concursos variados e não tinha certeza de qual carreira tinha
vocação para seguir. Obtive algumas aprovações em concurso de oficiala de justiça, analista de tribunais e
procuradoria, mas, quando tive certeza de que meu coração pulsava mais forte pela defensoria, segui firme
e com foco na carreira.
Após obter aprovação, percebi que nem todos os métodos de estudo que utilizei tiveram grande
eficiência. Durante alguns anos não conseguia entender por que a aprovação não vinha, o porquê não
conseguia os poucos pontos que faltavam para passar de fase e atingir meus objetivos. Diante deste
cenário, resolvi parar de perder tempo e pesquisar o que pessoas que estavam sendo aprovadas em vários
concursos de defensoria pública estavam fazendo de diferente e, consultando diversos colegas aprovados
em concursos de alto nível, verifiquei que eles tinham um conjunto de características comuns, que
envolvia, desde a personalidade, aos hábitos e os métodos de estudo empregados.
Os métodos eficazes são muito importantes, mas é necessário uma ocorra uma “metanóia”, uma
mudança radical no padrão de pensamento para que o candidato obtenha sucesso em um prazo menor de
tempo e em mais de um certame. Às vezes, duas pessoas que utilizam o mesmo método, estudam o
mesmo material e aplicam as mesmas estratégias, obtêm resultados completamente diferentes. Isso não
acontece porque o coeficiente de inteligência de uma é maior ou menor que o da outra.
Entenda que quem passa em concurso não é necessariamente o mais inteligente, mas sim quem
possui melhor estratégia e melhor mentalidade. A questão não é o que você precisa fazer ou como precisa
fazer, a questão deve ser, quem você deve se tornar.
Harv Eker, autor do livro “Os segredos de uma mente milionária” conta uma parábola interessante:
Um homem que está caminhando à beira de um penhasco quando, de repente, perde o equilíbrio,
escorrega e cai. Felizmente, ele se agarra a uma saliência do penhasco e fica pendurado ali de forma
desesperadora. Depois de passar algum tempo nessa situação, começa a gritar por socorro:
-Há alguém aí em cima que possa me ajudar?
Não ouve nada. ele continua gritando:
-Há alguém aí em cima que possa me ajudar?
Até que uma voz estrondosa responde:

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-Sou Eu, Deus. Posso ajudá-lo. Solte-se e confie em Mim.


O que se ouviu em seguida foi:
-Há mais alguém aí em cima que possa me ajudar?

A lição é simples. Se você quer passar para um nível de vida mais elevado, tem que estar disposto a
renunciar a alguns dos seus velhos modos de ser e de pensar, e passar a adotar novas opções. Em termos
de concursos públicos é a mesma coisa. No fim, os resultados falarão por si.
Espero que este manual ajude no seu crescimento e na sua aprovação. Ele foi feito com muita
dedicação e zelo, para que você potencialize suas ferramentas de estudo e garanta a sua aprovação no
menor decurso de tempo possível, entendendo, todavia, que existe um processo entre o início da jornada e
o fim. É justamente nesse processo que está o crescimento. Respeitá-lo e aprender a ter prazer nele vai
tornar a sua jornada muito mais tranquila e proveitosa.
Um grande abraço!
Adriana Esteves.

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CAPÍTULO 1 - OS 10 PRINCIPAIS ERROS COMETIDOS POR BONS CANDIDATOS

“Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes.”


Isaac Newton

A metáfora dos anões estarem sobre ombros de gigantes expressa o significado de "descobrir a
verdade a partir das descobertas anteriores". Esse conceito tem origem no século XII, e é atribuído a
Bernardo de Chartres. Seu uso mais conhecido procede de Isaac Newton, que escreveu em 1675: "Se eu vi
mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes."
Neste capítulo faremos distinção entre dois tipos de candidatos a cargos públicos, o “candidato bom”
e o “candidato excelente”. Poderia ser três, englobando também o “candidato ruim”, mas esse não
participa da competição, serve só para estatísticas de demanda de vagas por candidatos, e já sabemos que
você não se encontra nesse perfil.
Sem dúvidas, esse será “o capítulo” que vai incomodar os candidatos menos compromissados e mais
fechados para promover mudanças em seus hábitos, mas, às vezes temos que ouvir, ou, neste caso, caso
ler, “certas coisas” que não gostamos, e se formos sábios, essas “certas coisas” serão utilizadas como
ferramentas para mudar e corrigir a rota.
Os bons candidatos aprendem com seus erros, os candidatos excelentes aprendem com os erros dos
outros. O intuito da confecção deste manual é exatamente ensinar as técnicas tidas como “acerto” no
estudo e na preparação de candidatos que obtiveram êxito acima da média em seu concurso. É como na
metáfora dos anões em ombros de gigantes: servir de escada, de gigante, para que você veja mais longe,
aprenda com os erros e as respostas dos que já cometeram esses erros, e gaste sua energia de forma
objetiva no seu estudo e no seu desenvolvimento pessoal.
Eis, então, os 10 principais erros cometidos por bons candidatos.

1.1 Só estudar com o edital publicado

Muitos candidatos esperam a publicação do edital por não saber o que estudar ou acreditar que o
edital anterior para o mesmo cargo será demasiadamente diferente.
No entanto, é de extrema importância que o estudo seja constante e continuado. O candidato
excelente constrói uma base enquanto o edital não foi publicado, ou seja, ele estuda as principais matérias
que são objeto de todos os concursos de defensor público, para que, quando o edital for publicado, ele
possa se dedicar às matérias que variam de concurso para concurso, uma vez que, entre a publicação do
edital e a data da prova, provavelmente, não é possível estudar todo o edital.
A título de exemplo, ao iniciar os estudos sem um edital definido, o estudante deve, ao menos,
estudar com afinco as principais matérias que são cobradas, para o concurso de defensor público estadual,
são elas:

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1. Direito Constitucional
2. Direitos Humanos
3. Direito Administrativo;
4. Direito Penal;
5. Direito processual penal;
6. Criminologia;
7. Direito civil;
8. Direito Processual Civil;
9. Tutela coletiva;
10. Consumidor;
11. Estatuto da Criança e do Adolescente;
12. Princípios institucionais da Defensoria Pública; e
Essas matérias “principais” devem ser estudadas constante e ininterruptamente, para que, ao sair o
edital com as matérias específicas/acessórias, o candidato tenha tempo suficiente de estudá-las. São elas:
1. Direito Tributário
2. Sociologia e filosofia
3. Filosofia do Direito
4. História do estado...

Portanto, tenha em mente o seguinte: Não há tempo viável para estudar todas as matérias quando o
edital for publicado. Neste caso, o ideal é que o candidato já tenha estudado as principais matérias,
utilizando esse tempo da publicação do edital até a prova apenas para revisar e relembrar os pontos
mais importantes.

1.2 Só estudar as matérias que gosta

Outro erro muito comum de bons candidatos é criar limitações, ou seja, acreditar que gosta ou não
gosta de determinadas matérias com base no que viu na faculdade ou em sua preferência pessoal.
Ora, estamos falando de concurso público, aqui o examinador não está preocupado nas matérias que
o candidato gosta ou não gosta de estudar, aprenda a gostar de todas ou transforme o “gostar sentimento”
em um “gostar decisão”.
Desenvolva a capacidade de desconstruir suas limitações, por exemplo, se você acredita que gosta de
direito penal, que é seu perfil, e que não gosta de direito civil, faça uma autocrítica a esse tipo de
pensamento, você precisa estudar também essa matéria e se você alimenta o pensamento de que não
gosta ou não tem o perfil, sempre que for estudá-la será um sacrifício e, provavelmente, pouco produtivo.
Portanto, tente descontruir suas crenças limitantes.

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Mas como eu faço isso? A primeira dica é “não pensar”, só fazer. Ou seja, se você separou o dia de
quinta-feira para estudar direito civil, não fique remoendo isso! Não fique pensando e se lamentando.
Apenas sente e faça! A segunda dica é buscar materiais didáticos e com uma linguagem de fácil
compreensão. Isso vai fazer com que você aprenda com mais facilidade, tornando seu estudo muito menos
oneroso. E, por fim, coma algo bem gostoso para tornar seu estudo mais prazeroso!
Perceba que é extremamente importante identificar quais são seus pontos fracos e atacá-los. São eles
que te levarão até a aprovação!

1.3 Não fazer um estudo de concentração, de atenção plena

O nervosismo, a ansiedade e a agitação são os piores inimigos dos concurseiros. Bons candidatos até
conseguem aprovação em um ou outro concurso sem trabalhar essas características da personalidade, mas
vencem com muito sofrimento, e não conseguem identificar os pontos de erros e acertos. Isso faz com que
se tornem, inclusive, profissionais com as mesmas limitações.
É importante estudar e treinar a atenção, falaremos sobre isso em um capítulo exclusivo, mas já
adianto que é o diferencial entre o bom candidato e o candidato excelente. Ser ou acreditar que é uma
pessoa ansiosa e agitada é um erro brutal, é possível trabalhar a ansiedade e a agitação para que, tanto nos
dias de estudo, quanto nos dias de prova, você consiga estar concentrado e dar respostas inteligentes.
A melhor forma de se manter concentrado e ter um dia de estudos produtivo é, primeiramente,
encontrar um local adequado para estudar. Esse local pode ser um quarto vazio, um escritório, uma sala de
estudos. Não importa onde, o importante é que seja um lugar silencioso e minimamente confortável, onde
você passará a maior parte dos seus dias. Você pode usar abafadores de som para diminuir os ruídos e até
mesmo aromas para ajudar na concentração.
Além do local adequado, é importante que não haja a interferência de terceiros ou pausas muito
longas, pois isso faz com que se perca a linha de raciocínio adquirida. Converse com sua família e peça para
que eles não lhe interrompam durante os dias de estudo! Evite também se levantar muitas vezes para
pegar água, comida ou celular. Estabeleça um tempo mínimo para estudar cada matéria antes que você
levante para fazer uma pausa ou tomar um café. Isso ajuda muito a se manter focado e concentrado.
Note que não existem fármacos, métodos ou técnicas de concentração para serem aplicadas no dia
da prova, se você não faz um estudo e treinamento no seu cotidiano. Por isso reiteramos a importância de
treinar e se dedicar da forma mais correta possível em seu dia a dia. No fim, o dia da prova será apenas
uma reprodução daquilo que você já faz diariamente em seus dias de estudos.
No último capítulo deste manual, vamos treinar o “desenvolver” uma personalidade concentrada,
isso vai potencializar a sua capacidade de compreensão do que foi estudado, de armazenamento da
informação e de busca dessa informação quando for necessário dar uma resposta inteligente, mesmo
diante de momentos estressantes, como é o dia da prova.

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1.4 Estudar de forma desorganizada, sem objetividade e métodos definidos

Estudar não é uma tarefa fácil, principalmente para iniciantes, são tantas matérias, tantos temas
dentro de cada matéria, e tantos métodos que o candidato iniciante fica assustado, achando que é uma
tarefa impossível, que nunca conseguirá ver tudo ou se organizar para ver o mínimo necessário.
A boa notícia é que você não precisa estudar todas as matérias e temas do edital para passar. Isso,
contudo, não significa que você não deve se esforçar para tentar estudar o máximo de conteúdo possível,
mas somente que você não precisa ficar frustrado por não esgotar o edital. Lembre-se que a estratégia,
aqui, é fundamental.
Todos os candidatos possuem um “oceano de conteúdo” para estudar e, nesse ponto, vence quem
for mais organizado e desenvolver uma sistemática objetiva para estudar. Não estou falando de planilhas,
calendários super definidos ou cronogramas extensos, não se trata disso, na verdade, o exagero metódico
muitas vezes mais atrapalha do que ajuda, colocando um peso desnecessário que fadiga e desestimula o
candidato.
O estudo é simples, falaremos detalhadamente sobre como fazer cada um deles, mas tenha em
mente que são quatro pilares básicos: estudo da doutrina, estudo da lei seca, estudo da jurisprudência
prática de exercícios, além, claro, das revisões.
Para colocar em prática aquilo que precisa ser estudado, é importantíssimo que seus materiais
estejam organizados! Utilize pastas, gavetas e estantes específicas para deixar seu material de estudos.
Utilize etiquetas para nomear cada pasta, separe-as por temas e assunto. Isso vai ajudar muito você a
encontrar aquilo que precisa ler para estudar ou revisar. Além disso, não esqueça de manter a mesa limpa e
organizada!!! Ter tudo no seu devido lugar faz com que o aluno, de forma inconsciente, se sinta mais
motivado para iniciar o dia de estudos.

1.5 Acreditar em suas limitações e que elas não podem ser superadas

Como já falamos, existem bons candidatos que são vítimas de suas próprias limitações, eles assimilam
que são de determinado jeito e que só conseguem fazer determinada coisa adaptando essa “coisa” à sua
limitação. Por exemplo, certo candidato me perguntou se um livro de questões de concursos era bom para
a preparação, eu respondi que sim, mas que existia um método melhor para ele resolver questões, em um
website que permite que ele salve as questões que errou em um “caderno virtual” e, com isso, ele já
conseguia fazer uma revisão montando um simulado com as questões que já havia errado.
De pronto ele já respondeu que não conseguia fazer questões no computador, que já tinha tentado,
mas que gostava de resolver no papel, minha resposta foi que, para passar em um concurso muito
disputado, temos que sair de nossa zona de conforto, não é fazer o que gostamos, é fazer o que dá mais
resultados.

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Perceba que não se trata sobre o que é melhor, se fazer no computador ou no papel, se trata na
crença que ele tinha de que no papel ele conseguia e no computador não, ou seja, ele preferia fazer o
menos produtivo porque era mais confortável, do que sair da zona de conforto e fazer o que era mais
produtivo.
A sua aprovação está muito distante da sua zona de conforto, ou você sai em busca, ou fica sem ela,
aqui, ou Maomé vai até a montanha ou “nada”, porque a montanha não virá até Maomé.
Por fim, acredite em você. Acredite na sua capacidade de superar cada obstáculo que lhe aparecer.
Uma caminhada bem sucedida no concurso público existe boa mentalidade para não ser afundado em meio
a tanto cansaço, problemas e frustrações. Cada dia é um dia. Se hoje você não estudou como gostaria ou
deveria, não se abale. Amanhã será um novo dia e melhor do que hoje. Não é porque você ainda não
chegou lá que você não evoluiu muito. Portanto, comemore cada pequena evolução, são elas que te
levarão até a sonhada aprovação!

1.6 Conservar hábitos que, embora pareçam inofensivos, não colaboram para o objetivo; e não
desenvolver novos hábitos que colaborem para esse objetivo

Vemos diversos livros no mercado falando sobre quantos dias é necessário para criar um novo hábito.
Ora, esse quantitativo de dias é apenas um referencial, não é exato, a depender do hábito e da resistência
que a pessoa tenha em se adaptar pode variar para mais ou para menos.
É certo que nosso cérebro funciona de forma programada, o psicólogo Jeremy Dean, do livro “Making
Habits, Breaking Habits: Why We Do Things, Why We Don't, and How to Make Any Change Stick”, fala que
leva em média 66 dias para que alguém adquira um novo hábito, ou seja, comece a fazer algo que antes
não era costume de maneira automática.
Esse número é uma média e ele vai variar bastante de indivíduo para indivíduo e, claro, dependendo
dos hábitos. Beber um copo de água depois do café da manhã demorou cerca de 20 dias para se
transformar em hábito. Exercitar-se levou 84 dias para virar hábito para um dos participantes de um
estudo.
Quando falamos de preparação para concursos públicos, temos que entender que precisamos abdicar
de certos hábitos e criar outros para potencializarmos nossa preparação, por exemplo:

1.6.1. Dormir mais ou dormir menos que o necessário: entenda que seu corpo também precisa de
descanso, caso o contrário, não adianta o excesso de informações que você estuda, porque elas não serão
armazenadas. Afinal, é durante o sono que se consolida sua memória.
Mas não se engane, descansar é necessário quando estamos realmente cansados, dormir mais que
8hs diárias e ainda tirar cochilos durante o dia, acreditando na limitação de que você precisa desse
descanso, não vai te ajudar nos estudos. É necessário um esforço incomum, durma cedo, acorde cedo, se

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você precisa estudar à noite, tome cuidado para respeitar um período mínimo de descanso de, pelo menos ,
6hs.

1.6.2. Andar com pessoas que não contribuem para o seu objetivo: todos temos amigos negativos ,
críticos, que sempre que falamos sobre algum tema ficamos assustados com tamanho pessimismo, tudo é
dificuldade, nada está bom e dificilmente ficará bom.
Existem também os “tolos”, expressão bíblica para pessoas que sempre tem uma opinião para dar,
sobre qualquer assunto, mesmo sem ser solicitada e, na maioria das vezes, é uma opinião desnecessária e
vazia.
PARE de conviver com essas pessoas! É certo que, em outro momento, você deverá tentar ajudá-la a
superar essas limitações - você deve sim ser um agente transformador na vida das pessoas, mas o
momento não é esse. O momento é de ter foco e dedicação aos estudos. Depois que passar você, você
pode retomar o relacionamento e tentar ajudar, mas não agora. Agora a prioridade é você! A prioridade
são seus estudos.
O mesmo acontece para as companhias que não tem esse padrão de pensamentos negativos, mas
que vive outro momento da vida, ou que tem outra rotina incompatível com a sua, por exemplo, tive de me
afastar de muitos amigos, que não eram negativos, simplesmente porque nossas rotinas não se alinhavam,
eles trabalhavam na iniciativa privada, em trabalhos que não exigiam foco e dedicação integral durante o
dia, como o estudo para concursos exige, e permitia a eles frequentarem festas, bares... à noite e nos finais
de semana.
Essa rotina é incompatível para quem está se preparando para um concurso de grande porte. Por
isso, defina quais são suas prioridades. Se sua prioridade for passar em um concurso público, deixe o resto
temporariamente de lado, foque no seu objetivo e não pare até alcançá-lo. E aqui vai uma das frases que
eu mais gosto e que mais me ajudou durante a minha preparação: “Não perca de vista quais são suas
prioridades, o resto, por mais que pareça importante, será sempre o resto”.

1.6.3. Pratique Atividade Física: Exercícios vigorosos promovem a liberação de catecolaminas, que
além de reduzir a dor, causam uma sensação natural de bem-estar.
É bom para o desempenho do cérebro, é bom para a memória e para o controle do seu estresse, isso
vai influenciar diretamente na qualidade do seu estudo.
Perceba, gastar uma hora por dia praticando uma atividade física não é uma hora perdida de estudo,
é uma hora investida no seu estudo, as demais horas de estudo serão mais proveitosas.
Além disso, irá ajudar você a vencer a dificuldade em criar rotinas, escolha um horário e pratique
alguma atividade física, todo dia, ou em um ciclo repetitivo, respeite essa rotina, vai ajudar você a
conseguir cumprir a rotina nos estudos também.

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1.6.4. Desenvolva a capacidade de filtrar as informações, também falaremos disso no capítulo


reservado para o estudo da concentração.
O nosso cérebro armazena milhares de informações por dia, de forma não muito organizada,
informações úteis e informações inúteis, diferente do que se pensa, nosso cérebro não é ilimitado, de
modo que tanto a qualidade das informações, quanto a quantidade, acabam por repercutir na capacidade
de armazenamento e acesso a essas informações, então cuidado com as informações que você armazena,
as pessoas que você ouve, os programas de TV que você assiste, as músicas que você escuta, parece não ter
muita importância mas inconscientemente afetam sua personalidade, sua capacidade de concentração e a
organização das informações que você estuda.
Esses são alguns exemplos de hábitos que devemos eliminar ou cultivar, desenvolva também a
capacidade de perceber quais hábitos colaboram e quais atrapalham o seu estudo e a sua concentração,
elimine os que atrapalham e invista nos que ajudam.

1.6.5. Não ter horários pré-definidos

Primeiramente, é importante que você entenda a importância de ter uma rotina de estudos. Isso não
significa que será uma rotina engessada, mas sim que você terá hora para começar a estudar e hora para
terminar. Quando você não estabelece uma rotina, decidindo estudar “quando bem entende”, fica muito
mais difícil se concentrar e engatar nos estudos.
Imagine que um dia você acorde às 7h para estudar. No dia seguinte você acorda às 10h e, num
terceiro dia, você acorda às 12h. Como manter um cronograma de estudos assim? É inviável!
E isso serve também para o aluno que às vezes estuda aos finais de semana. Pessoal, estudar final de
semana é fundamental. E não importa se você já estudou a semana toda, manter o ritmo de estudos aos
finais de semana faz parte de uma rotina de estudos bem-sucedida.
Então, minha dica é: estabeleça uma rotina de estudos pré-definida. Com horário certo para começar,
terminar, lanchar, almoçar, fazer pausas... Quanto mais você seguir essa rotina, mais você vai des envolver
disciplina e comprometimento nos estudos, acarretando, consequentemente, na sua aprovação.

1.7 Querer resultados de curto prazo, mesmo sem fazer o esforço necessário para acelerar o processo

“Obtemos resultados quando fazemos a coisa certa no momento certo. Ninguém planta no inverno,
ninguém colhe na estação chuvosa.”
Haroldo Dutra Dias, em A Bússola e o Leme.

A maioria das pessoas querem resultados práticos sem muito esforço, querem subir ao pódio sem
treinar para a corrida. É triste esse tipo de pensamento, que geralmente pertence a personalidades que,

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após conseguirem a aprovação no cargo que desejam, ficarão acomodadas, serão pouco produtivas, e se
tornarão um peso para a administração e para a sociedade.
É certo que todos queremos diminuir o tempo do processo, potencializar nossas ferramentas de
estudo, quem não quer passar em seu concurso com dois anos de estudo ao invés de estudar por 6 anos?
No entanto, ainda que você tenha pressa em alcançar a tão almejada aprovação, saiba que o período de
estudo é fundamental. É nesse período que, dia após dia, você constrói o raciocínio jurídico que vai te levar
até o final do concurso. Afinal, do que adianta passar na 1ª fase com 3 meses de estudo e reprovar na 2ª
fase? Portanto, preocupe-se mais em adquirir raciocínio jurídico e acumular conhecimento, do que
efetivamente em passar na prova. A aprovação é mera consequência do seu estudo! Acredite, chegará uma
hora que o estudo estará tão consolidado que você começará a passar em todas as provas. Mas, para is s o,
é necessário ter disciplina e muita paciência!
É justamente esse o objetivo desse manual, não é iludir o candidato que a sua jornada será rápida,
fácil e confortável, mas ajudá-lo com as ferramentas necessárias para que essa jornada seja a mais rápida e
confortável “possível”, e isso só é alcançado com objetividade e organização no estudo e com uma
mentalidade de respeito ao processo. Como digo sempre: é no processo que está o crescimento.

1.8 Acreditar que o processo é árduo e que é sempre um desprazer passar por ele

O processo é necessário, aceite isso, gostando ou não gostando você terá que passar por ele. Mas
entenda que ele pode ser prazeroso, ou ao menos não penoso. Cada queda e cada reprovação traz sua
carga de ensino, que é importante para o crescimento e o aprendizado. Enxergue uma reprovação como
um adiamento necessário da vitória e não como uma derrota; enxergue como uma oportunidade de
verificar onde estão seus erros e aprofundar o estudo sobre eles. Todos que passaram em concursos
públicos erraram muito antes de acertar! E não há problema algum nisso.
O bom candidato encara uma reprovação como uma derrota, mas não se dá por vencido, persevera e
continua estudando para tentar de novo; um candidato excelente vê uma reprovação como uma
oportunidade para aprender, corrigir algumas rotas, uma fase necessária no processo do crescimento, e
também persevera, mas de forma menos penosa, sabendo que a cada reprovação mais próximo está da
aprovação.

“Os obstáculos que encontramos no exterior refletem as limitações que presentes no nosso interior,
demanda uma transformação, muito pessoal e intransferível.”
Pierro Ferrucini

Perceba que qualquer técnica ou método utilizado por alguém pode ser aplicado para você, mas você
precisa fazer adaptações. Ocorre que, muitas vezes, essas adaptações não são no método, mas em você!
Esteja sempre aberto às mudanças necessárias para seu crescimento!

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1.9 Não desenvolver a automotivação, necessitar constantemente de motivação exterior

Todos concordam que vivemos em uma época, uma geração, extremamente carente, que demanda
estímulos de motivação diários para se sentirem bem, o que, inicialmente, pode até parecer bom, mas é
um grave problema social. Geralmente, pessoas que são muito suscetíveis a estímulos motivacionais
externos são também muito suscetíveis a críticas e desestímulos externos.
Não estou querendo dizer que motivar as pessoas ou se sentir motivado por outras pessoas é uma
coisa ruim, de modo algum, devemos motivar constantemente as pessoas e nos motivar com os outros.
Mas devemos ter cuidado para não sermos escravos desses estímulos, não deixar que eles conduz am
nossas atividades, por exemplo, alguém que só estuda no dia que se sente motivado, ou que precisa de
uma palavra ou um “empurrão” diariamente para se motivar.
Aprenda a se “automotivar”, que seja o seu sonho, seja lá qual for, ou o seu cargo tão almejado que
te motive, se vier uma motivação exterior ótimo, é um “plus”, se vier uma crítica ou uma desmotivação
exterior, não tem problema, não é isso que nos move, seguimos em frente, o trabalho é muito e o tempo é
precioso.
Não se engane, muitas pessoas podem ajudar, mas a responsabilidade de investir no seu crescimento
é sua, o trabalho duro quem vai ter que fazer é você.

1.10 Ter pouca Fé

Nesse ponto não estou falando de Fé espiritual ou religiosa, se você tiver alguma dessas, bom, agarre-
se a ela, use-as como ferramentas de crescimento, aproveite a resiliência e perseverança que ela ensinar.
Se não tiver não tem problema, confie em você, na sua capacidade.
Todos os candidatos, em termos de capacidade, são iguais, claro que a vida brinda as pessoas com
diferentes oportunidades, mas você não pode deixar de encarrar a realidade e lutar pelo seu sonho por
conta disso.

“Irmão, você não percebeu que você


É o único representante do seu sonho na face da Terra?
Se isso não fizer você correr, chapa
Eu não sei o que vai.”
Emicida

Cada pessoa é um mundo e cada mundo é uma realidade. Todos temos algum tipo de problema,
alguma limitação para superar, alguma dor que está escondida lá no fundo. A diferença está em como lidar
com ela. Está em deixar ou não que ela interfira nas suas decisões e ações. Está na capacidade de

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DO ZERO À APROVAÇÃO

reinventar, mesmo diante das dificuldades, dos medos e das inseguranças. Não perca tempo com
comparações! Supere as suas limitações!

CAPÍTULO 2 - O CARGO DE DEFENSOR PÚBLICO

2.1 Origem

Em 1897, o Decreto N° 2.457 instituiu a Assistência Judiciária no Distrito Federal – atual cidade do Rio
de Janeiro- “para o patrocínio gratuito dos pobres que forem litigantes no cível ou no crime, como autores
ou réus, ou com qualquer outra qualidade".
A nível nacional, a Constituição de 1934 foi a primeira a assegurar expressamente o acesso à justiça
aos necessitados por meio de “órgãos especiais'' que deveriam ser criados para esse fim.
Contudo, foi a Constituição Federal de 1988 que previu pela primeira vez a denominação “Defensoria
Pública”, caracterizando-a como instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a
orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados.
Com a Emenda Constitucional n° 80 de 2014, a Defensoria alcança um novo perfil constitucional. Nos
termos do art. 134 da CF:
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do
regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção d os
direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos
direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na
forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal .

Perceba, pela redação do art. 134, que o Defensor Público não é mero advogado dativo público. A
Constituição de 1988 substituiu a assistencia judiciária pela “assistência jurídica integral”, termo mais
abrangente, que abarca a atuação judicial e extrajudicial, individual e coletiva.
Assim, a Defensoria Pública passa a cumprir o papel de protetora dos interesses dos necessitados em
geral, podendo agir de maneira preventiva ou contenciosa, na defesa dos mais vulneráveis. Por meio de sua
atuação, o Defensor Público sai de seu pedestal de neutralidade, descendo realmente à situação social em
que se insere sua clientela e tornando-se, assim, um legítimo ator político transformação social.
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COMO ESTUDAR PARA CONCURSOS DE DEFENSORIA
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Vocês verão de forma mais aprofundada as diferentes formas de atuação da Defensoria Pública e a
sua origem histórica quando estudarem a matéria de Princípios Institucionais da Defensoria Pública, mas
acho que já foi posssível ter uma ideia da importância do cargo de Defensor Público, né?

Qual a diferença entre o Defensor Público Estadual e o Defensor Público Estadual?


A principal diferença reside no âmbito de sua atuação. A Defensoria Pública da União atua na Justiça
Federal, Justiça do Trabalho, Justiça Eleitoral, nos Tribunais Superiores, e instâncias administrativas da
União. Já as Defensorias Estaduais atuam na Justiça Estadual e instâncias administrativas dos Estados e
Municípios.
Assim, ambos compartilham os mesmo objetivos, princípios e funções institucionais previstos na Lei
Complementar 80 de 1994. Contudo, o Defensor Público Federal atuará em áreas do Direito que são de
competência da Justiça Federal e das Justiças Especiais, tais como Direito previdenciário e Direito Penal
Militar.

2.2 O Que É Preciso Para Ser Defensor Público?

Panorama geral:
O número de etapas do concurso, as matérias cobradas, o tipo de prova, dependerá de cada edital.
Em todos os concursos para Defensor Público, haverá pelo menos a Prova Objetiva, a Prova Escrita, a
Prova Oral e a Prova de Títulos, esta última de caráter apenas classificatório. Alguns editais, entretanto,
podem prever outras fases, como a sindicância da vida pregressa, exames físicos e psicológicos ou prova de
Tribuna.
Algumas matérias também podem variar um pouco, mas a maioria das disciplinas está presente em
todos os editais. Por isso, é importante dominar as disciplinas e as etapas de prova que sempre caem em
todos os concursos, e para o cargo de Defensor Público são: Direito Constitucional, Direito Administrativo,
Direito Penal, Direito Processual Penal... para que, quando sair o edital, o candidato possa se dedicar às
matérias que são mais específicas de cada concurso, como Tributário, Filosofia, Previdenciário...

Requisitos Básicos:
1. Ser Bacharel em Direito.
O primeiro requisito e mais importante é ser bacharel em Direito, o que não significa dizer que você
só pode fazer prova após aquisição do diploma. Inúmeros candidatos fazem prova ainda durante a
faculdade, pois os concursos exigem a apresentação do diploma somente no ato de posse, embora alguns
cobrem a comprovação dos requisitos para o cargo já após a segunda fase do concurso, no momento da
inscrição definitiva.

2. Prática jurídica

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A regra geral é a do art. 26 da LC 80/94, que exige do candidato ao cargo de Defensor Público
apenas dois anos de prática forense, computadas, inclusive as atividades realizadas antes da graduação
em Direito. 1 No entanto, é possível que a Lei Orgânica de algumas defensorias exija 3 anos de prática
jurídica, sendo computadas apenas as atividades realizadas após a graduação em Direito, da mesma
forma como é exigido pelo art. 93, I, da CF/88 para o cargo de Juiz de Direito.
Nesse sentido, o STJ decidiu que não é possível que Resolução do Conselho Superior da Defensoria
Pública (ato infralegal) exija três anos de atividade jurídica depois da graduação para os concursos de
Defensor Público.
E como é feita a comprovação da prática jurídica? Esse é um tema muito nebuloso na área dos
concursos, pois não há um regramento claro para o candidato seguir. Alguns concursos aceitam a pós-
graduação como prática jurídica, outros aceitam estágio de graduação. Outros aceitam apenas a atividade
jurídica em si, ou seja, a assinatura de ao menos 5 atos por ano como advogado. Há concurso que aceite,
ainda, a atividade de mediação e conciliação como prática também. Isso vai depender do edital!

3. Ser aprovado no concurso Público de Provas ou Provas e Títulos, concurso específico p ara es te
cargo.
A etapa de avaliação dos títulos não é eliminatória, mas sim classificatória. Assim, possuir ou não
títulos não te eliminará diretamente do concurso, mas fará com que você perca posições preciosas que
podem te colocar dentro do número de vagas.
O que é considerado como título varia de concurso para concurso, mas, o que nunca muda são os
níveis de especialização. Ou seja, se você tem pós-graduação, mestrado ou doutorado, certamente
ganhará pontinhos nesta fase. Alguns concursos admitem como títulos a aprovação em outros
concursos ou mesmo a publicação de um artigo.
Fato é que, não possuir nada que possa ser contado como título não faz com que você não seja
aprovado, mas certamente fará com que você perca pontinhos que são muito fáceis de conseguir.

4. Ser inscrito na OAB


Essa é uma exigência prevista na LC 80/94 (Lei Orgânica da Defensoria Pública) para os cargos de
Defensor Público Federal e de Defensor Público do Distrito Federal.
No caso das Defensorias Públicas Estaduais, a LC 80/94 não traz uma exigência semelhante porque,
na época da sua edição, entendeu-se que exigir ou não OAB do candidato (requisito para a posse) seria uma
decisão relacionada com a autonomia de cada Defensoria Pública Estadual, a ser definida em lei estadual.
Logo, uma lei federal não poderia impor essa determinação.
Assim, se você observar as leis estaduais das Defensorias Públicas, algumas exigem do candidato a
inscrição na OAB e outras, não.

1
STJ. 2ª Turma. REsp 1.676.831/AL, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 05/09/2017.
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• Exemplo que exige: DPE/AC, DPE/AL, DPE/SP, DPE/AM e a imensa maioria.


• Exemplo que não exige: DPE/RJ.

5. Ter nacionalidade brasileira ou portuguesa


O nacional português pode exercer o cargo de Defensor Público desde que esteja amparado pelo
estatuto de igualdade entre brasileiros e portugueses e nos termos do nos termos do § 1º do art. 12 da
Constituição Federal;
6. Estar quite com obrigações militares, eleitorais e políticas;
Comprovável por meio de cópia autenticada do Certificado de Reservista ou de Alistamento Militar,
se do sexo masculino; e cópia autenticada de título de eleitor;
7. Vontade Política.
Alguns concursos trazem, além das vagas ofertadas, um cadastro reserva de vagas . Neste caso, a luta
pela nomeação deve ocorrer desde a homologação do concurso, porque a garantia de nomeação dentro do
prazo de validade do concurso só vai existir para os aprovados dentro do número de vagas, os excedentes
têm grandes chances de serem nomeados em algum momento, mas não é uma garantia.
RESUMO:
Os concursos de Defensor Público podem variar bastante, tanto das etapas que terão, quanto das
matérias que serão cobradas. O candidato deve estar ciente desta dificuldade e se preparar para as etapas
que são cobradas em todos, ou na grande maioria, assim como dominar as matérias e temas base de todos
eles.

2.3 Como É O Dia De Trabalho De Um Defensor Público?

O dia a dia de trabalho de um Defensor Público é baseado principalmente em atendimento ao


público, elaboração de peças e participação em audiências.
O atendimento ao público é uma das partes mais importantes do trabalho de um Defensor, pois
demanda habilidades que não são propriamente jurídicas. Muitas vezes, os assistidos sofreram graves
violações de direitos fundamentais e chegam à Defensoria após terem seus direitos negados por diversos
órgãos públicos ou entidades privadas. Nesse momento, a Defensoria Pública é a última linha de defesa dos
vulneráveis. Quando todos os órgãos públicos falham com aquele cidadão, a Defensoria Pública não pode
falhar.
Antes de tomar qualquer medida judicial, o Defensor Público precisa exercer sua empatia. O
atendimento é o momento em que o Defensor precisa escutar o assistido, entender seus medos e
preocupações, esclarecer suas dúvidas, oferecer orientações e acolhê-lo. Além disso, é muito importante
que o Defensor saiba utilizar uma linguagem simples, para que os assistidos de todas as escolaridades
consigam entendê-lo.

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COMO ESTUDAR PARA CONCURSOS DE DEFENSORIA
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Por vezes, o Defensor também terá que defender pessoas que praticaram atos reprováveis. O seu
papel, no entanto, não será julgá-los. O papel do Defensor Público nesses casos é assegurar os direitos
constitucionais do assistido para que ele tenha um julgamento justo e imparcial.
As demandas são bastante variadas. Apesar de haver lotações em varas especializadas, pelo menos
no início da carreira, é muito provável que o Defensor Público trabalhe com todas as diversas áreas do
direito ao mesmo tempo.
Mas lembre-se que a atuação judicial é apenas uma parte do trabalho do Defensor Público! Também
são funções do Defensor Público prestar orientação jurídica e promover, prioritariamente, a solução
extrajudicial dos litígios. Como instrumento para concretização dessa função, o art. 784 do CPC, inciso IV,
afirma que o instrumento de transação referendado pela Defensoria Pública é título executivo extrajudicial,
o que possibilita que Defensores Públicos solucionem litígios sem a necessidade de acionar o Poder
Judiciário.
Também faz parte do trabalho de um Defensor Público promover a difusão e a conscientização dos
direitos humanos, da cidadania e do ordenamento jurídico. À vista disso, a Defensoria Pública pode
promover ações de conscientização, com campanhas virtuais ou físicas, divulgando informações sobre
direitos de pessoas que integrem grupos sociais vulneráveis.
No âmbito da tutela de direito coletivos, o Defensor Público pode convocar audiências públicas para
discutir matérias relacionadas às suas funções institucionais, dialogando com a população e aproximando a
Defensoria dos necessitados.
A lei também pode prever atribuições específicas a serem cumpridas por Defensores Públicos, como é
o caso do parágrafo único do art. 81-B da LEP, ao determinar que um órgão da Defensoria Pública visitará
periodicamente os estabelecimentos penais, registrando a sua presença em livro próprio.
Portanto, o dia a dia de um Defensor não se resume a ficar sentado em frente a um computador
peticionando. Lembre-se que o Defensor Público é um concretizador de direitos e um agente de
transformação social, o que demanda proatividade e contato com a população necessitada.

2.4 O Defensor Público precisa ser inscrito na OAB para exercer suas funções?

O STF decidiu que os Defensores Públicos não precisam estar inscritos na Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB) para desempenhar suas funções institucionais.

É inconstitucional a exigência de inscrição do Defensor Público nos quadros da


Ordem dos Advogados do Brasil.
STF. Plenário. RE 1240999/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
3/11/2021 (Repercussão Geral – Tema 1074) (Info 1036).

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DO ZERO À APROVAÇÃO

A capacidade postulatória do Defensor Público decorre diretamente da Constituição Federal. Assim,


não é necessária a inscrição na OAB para o exercício das funções. O Defensor Público não é um advogado.
Desse modo, o Defensor Público está obrigado a se inscrever na OAB apenas para tomar posse, mas não
para o exercício de suas funções. Essa é a tese institucional defendida pelas associações de Defensores
Públicos e acatada pelo plenário do STF.

2.5 Quanto Ganha Financeiramente Um Defensor Público?

As remunerações são bastante variadas, pois é definida pela legislação de cada Estado. No geral, varia
de R$ 12 mil a R$ 27 mil, a remuneração inicial, sem contar com os benefícios.
Por exemplo, há Estado em que a remuneração inicial de um Defensor é cerca de R$12.000,00, doze
mil reais (DPE-PB), enquanto em outro Estado, a remuneração inicial é de R$27.000,00, vinte e sete mil
reais (DPE-CE). A Remuneração é uma política de cada ente federativo, não tem como ser igual até porque
os atrativos e as condições de vida dos Estados brasileiros são diversos.
No entanto, há de se considerar que a remuneração bruta se refere à classe inicial da carreira, s endo
certo que, com o passar dos anos, o plano de carreira melhora, incorporando, à remuneração, eventuais
promoções e os famosos “penduricalhos”.

No Próximo Capítulo iremos dar início à preparação para o concurso de Defensor Público Estadual,
abordando, principalmente, a melhor forma de iniciar os estudos, quais as matérias principais e como
estudar os quatro pilares, que são, doutrina, lei seca, jurisprudência e exercícios. Vamos lá?

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CAPÍTULO 3 - COMO COMEÇAR A ESTUDAR PARA DEFENSOR PÚBLICO?

“sonhos sem disciplina produzem pessoas frustradas”...


“...Ninguém é digno do pódio se não usar seus fracassos para conquistá-lo”.
Augusto Cury, em nunca desista dos seus sonhos.

O principal erro de quem começa a estudar para concursos públicos, e aqui eu me refiro a qualquer o
concurso, é começar os estudos sem um prévio cronograma, sem se organizar ou deliminar matérias. Por
isso, o primeiro passo – e mais importante - é ter em mãos um edital ou pré edital com todas as matérias
que são cobradas naquele concurso. O Estudos Iuris, inclusive, fornece editais
esquematizados/verticalizados, para que o candidato possa ter uma visão mais ampla do conteúdo e se
organizar de acordo com suas dificuldades e prioridades.
Outro erro muito frequente é o acúmulo de material, ou seja, adquirir diversas obras, cursos, e
materiais diferentes, mas para o mesmo concurso. Isso faz com que o candidato se sinta perdido e
frustrado por não conseguir estudar nenhum deles por completo ou de forma efetiva.
Por isso, o ideal é escolher um bom material como base e, a partir dele, ir atualizado de acordo com o
seu estudo. Não troque de material: use o mesmo até o final! Da prova objetiva até a oral. Lembre-se:
quem passa em concurso não é aquele que sabe mais ou que acumula mais informações, mas sim aquele
que conhece muito bem tudo aquilo que está no seu próprio material.
Por fim, que tal fazer um edital comentado por você mesmo? Imprima o edital e anote, nele, os
tópicos que você julgar mais importantes para serem relidos na véspera da prova!

3.1 Como Devo Me Organizar?

5 passos importantes:
1. Defina um horário para criar uma rotina diária, e respeite a rotina para que ela se transforme em
um hábito;
2. Escolha um ambiente tranquilo, confortável para estudar;
3. Defina metas diárias e metas semanais. As metas diárias são importantes para criar a rotina de
estudo, as semanais são importantes para você conseguir avançar no seu esforço e aferir o seu
desempenho.
4. Priorize e inicie o estudo pelas disciplinas e métodos que você menos gosta, para não correr o risco
de você negligenciá-las ao final do dia.
5. Use editais e provas anteriores para se organizar e estudar.
Comece lendo o edital do último concurso, mesmo que haja a probabilidade de vir diferente, pegue
um edital semelhante e mais recente.

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DO ZERO À APROVAÇÃO

Por exemplo, pretendo fazer concurso para Defensor Público de Pernambuco, se o último concurso já
é muito antigo, use um edital de concurso de Defensor de algum outro estado, mas que seja mais recente e
seja um edital comum, parecido com a maioria, sem muitas peculiaridades.
A quantidade de matérias e temas a serem estudados é enorme, motivo pelo qual a organização é
fundamental. Você pode usar um edital pronto ou criar um edital padrão com as matérias que são cobradas
em todos os concursos de Defensor e, na medida em que for estudando, vai riscando o tema estudado
deste edital, tentando esgotar todos os assuntos. Ao final, repita o processo.

3.2 Cursinho Vale A Pena? Presencial ou EAD?

Sendo muito objetivo: sim, vale a pena. Estudar para concurso é diferente de estudar para ser
aprovado nos semestres da faculdade, é um estudo objetivo e, principalmente, estratégico, pois as bancas
examinadoras costumam repetir o padrão que questões cobradas.
Assim, os cursinhos que são realmente sérios, ajudam o aluno a formar uma base de conhecimento e,
ainda, a ter estratégia para estudar os pontos mais cobrados de cada matéria. Repitam comigo: concurso
público não é inteligência, é estratégia.
No entanto, é necessário escolher um curso bom, comprometido e atualizado. Pode ser um curso só
de PDF ou com videoaulas. Não existe melhor forma, mas sim a forma com a qual você se adapta. Existem
alunos que preferem só ler, outros preferem assistir videoaulas para obter conhecimento jurídico. Isso é
algo muito pessoal. Você precisa primeiro testar para depois descobrir o que funciona para você!
Uma boa dica é começar o curso logo no início da preparação, para que você tenha um material que
possa usar de base em toda sua caminhada de concurso. Após a conclusão do curso, você pode se dedicar
exclusivamente à leitura e revisão de material, conjugando sempre com as jurisprudências e exercícios
sobre o tema.
Quanto a questão de ser presencial ou EAD, vai depender muito da disponibilidade do aluno. A
vantagem do EAD é que você pode estudar em qualquer horário e onde estiver, evitando, inclusive, “perder
tempo” com deslocamentos muito extensos. Geralmente, os melhores professores estão nesses cursos.
O argumento de que “eu sou um candidato não muito disciplinado e não consigo me organizar para
ver as aulas online, de que preciso de um presencial para ir”, deve cair por terra.
Se você pensa assim, você precisa mudar essa mentalidade, precisa parar de criar limit ações ou
enfrentar as limitações que você já criou, porque nessa jornada para ser aprovado em um concurso de
Defensor Público irão surgir inúmeras dificuldades, muitas vezes maiores que a questão de não conseguir
estudar online. Portanto, saia da sua zona de conforto, é fora dela que está a sua aprovação!

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3.3 Tenho Dificuldade Para Me Organizar, Um Coach Ou Uma Mentoria Vale A Pena?

Talvez, depende muito do profissional e do aluno.


Acredito que a ajuda de um profissional que tem experiência em determinada área na qual você tem
dificuldade é bastante útil. O processo de Coaching é uma ferramenta muito produtiva, utilizada por
pessoas de sucesso em várias áreas da vida, mas foi um pouco banalizada no Brasil, por isso, deve-se tomar
algumas precauções:
1. O Profissional, o Coach, já atingiu, na vida dele, o objetivo que se propõe a ajudar o candidato a
atingir? Ou seja, em termos de concursos públicos, o candidato já foi aprovado em algum concurso
de mesmo gabarito?
2. O Profissional está realmente interessado em prestar auxílio ao candidato ou seu objetivo é
exclusivamente o ganho financeiro? Você consegue perceber isso pelo trabalho desenvolvido e o
tipo de marketing utilizado pelo profissional, profissionais que se propõem a dar treinamento para
200, 300 pessoas, com certeza não poderá se dedicar às peculiaridades de cada aluno, pelo menos
na preparação para provas de concursos públicos.
3. O profissional aplica, na vida dele, as ferramentas que se propõe a ensinar?
Hoje é comum, ver milhares de pessoas se intitulando “Coach” porque fizeram um curso de final de
semana.
Vejo muitos discursos de melhora de produtividade e mudança de valores de vida, mas, quando você
observa a vida pessoal dessas pessoas, elas não conseguem colocar em prática aquilo que propõe como
ferramenta de aprimoramento.
Ou seja, tem gente que fala sobre meditação e é uma pessoa extremamente agitada, impaciente, tem
gente que fala sobre ser perseverante e resiliente e tem uma personalidade piegas, é hipersensível, vive em
busca da aprovação e aplausos dos outros.
É comum ver pessoas, no ramo do Coaching comercial, que se propõem a alavancar as vendas de
uma empresa, mas nunca realizaram um negócio de grande porte na vida, nunca fizeram uma venda e pior,
tem uma vida financeira completamente desestabilizada. Por isso, muito cuidado na escolha.
1. O aluno, deve estar disposto a aplicar as ferramentas ensinadas.
O candidato tem que estar disposto e motivado a sair de sua zona de conforto e entender que o
diferencial está exatamente em fazer as coisas do jeito que você acha que não consegue fazer, em faz er de
um jeito menos confortável, mas mais produtivo.
Essa resistência do aluno, na maioria das vezes, é o que ocasiona o insucesso de muitos programas de
mentoria e coaching.
Em suma, o processo de mentoria e coaching é muito valioso, mas depende do profissional que irá
realizar e da abertura e dedicação de quem será treinado.

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DO ZERO À APROVAÇÃO

3.4 Como Organizar O Meu Dia De Estudo? Como Estudo?

Bem, levando em consideração que o candidato está iniciando a preparação, parte do seu tempo será
ocupado por aulas, de um curso que fará a sua base de conhecimento, para depois você seguir seus pas s os
sozinhos.
Primeiro você deve montar um cronograma que seja viável para você cumprir! Não adianta se
programar para assistir 3 aulas por dia se você não consegue fazê-lo, ou, então, se o faz sem absorver o
conteúdo. Isso traz frustração e, consequentemente, vontade de desistir! Lembre-se que, no estudo para
concursos, a direção é mais importante que a velocidade.
A par dessas aulas do início, existem quatro pilares que você vai utilizar no seu estudo diário, são eles:
1. Leitura da Lei Seca (Letra de Lei)
Essa é a parte mais “chata” e, por isso, a mais negligenciada pelos candidatos. Entretanto, é também
uma das mais importantes! Isso porque muitas bancas têm como perfil cobrar, nas provas objetivas,
questões que se limitam a copiar a literalidade da lei. Mas não é tão simples quanto parece! Há muitas
pegadinhas maliciosas e, portanto, é extremamente necessário que essa leitura seja feita com atenção,
marcando as palavras que costumam cair nas provas e, sempre que possível, várias vezes.
Ou seja, quem estuda para Defensoria Púbica não lê a Lei Complementar 80 de 1994 apenas 1 vezes,
mas sim inúmeras vezes até conhecê-la de trás pra frente. Lembre-se que, nesses casos, a repetição é que
traz a consolidação.
Vários métodos são compartilhados de como fazer essa tarefa de forma efetiva, como, por exemplo,
grifando, utilizando um sistema de cores, anotando comentários pessoais em cada artigo, enfim, isso é algo
muito pessoal.
O método que desenvolvi ou encontrei, inconscientemente, foi o multifocal, no qual, além de grifar o
seu vade mecum, buscava escrever palavras-chaves, pequenas anotações nas entrelinhas da lei, as quais
eram as mesmas utilizadas no caderno de resumo por tópicos, do qual falaremos mais a frente.
Desta forma, quando o aluno estiver lendo a lei seca, ao ver a palavra-chave ou a pequena anotação,
estará também revisando a doutrina ou a jurisprudência ali inserida.
Mas cuidado, não se deve anotar tudo que foi estudado, nem em cadernos de resumo se deve fazer
isso, você vai anotar um conceito, uma classificação, um julgado, e sempre poucas palavras, que façam
referência ao tema, pois a anotação mesmo estará em seu caderno ou em seu livro.
Por isso é sempre importante estudar a doutrina, a jurisprudência e fazer exercícios com o vade
mecum ao lado, para ir inserindo pequenas anotações de temas muito importantes e que são difíceis de
serem lembrados.
Por exemplo, em uma questão de prova, você não soube responder o que significava “tipo manco”, e
viu na resposta que era uma nomenclatura criada pela doutrina para o instituto da “tentativa”.

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COMO ESTUDAR PARA CONCURSOS DE DEFENSORIA
DO ZERO À APROVAÇÃO

Com isso, você vai abrir seu vade mecum, ir até o artigo 14, inciso II do código penal, que fala da
tentativa, e escrever nas entrelinhas “tipo manco”, desta forma, sempre que você for ler a lei seca, irá
recordar dessa nomenclatura.
Inserir palavras-chaves na lei seca que correspondem a tópicos de resumos que estão em seu caderno
é a forma mais eficiente de estudar a lei seca.
Quanto ao tempo de estudo da lei seca, irá depender da realidade de cada pessoa, cada um tem sua
rotina e deve dividir seu estudo proporcionalmente de acordo com ela, mas claro, sempre se esforçando
para ampliar a disponibilidade de tempo para o estudo. Caso tenha tem pouco tempo, se esforce para
acordar uma ou duas horas mais cedo, serão uma ou duas horas a mais de estudo no seu dia.
Muito importante é desenvolver uma rotina que permita você conseguir terminar os diplomas legais
de forma organizada, artigo por artigo, e assim que terminar, recomeçar.
2. Estudo da Doutrina
É de suma importância que o candidato conheça os princípios, os conceitos e os institutos jurídicos
que regem as disciplinas cobradas em prova. A uma porque, quando você entende como funciona o
instituto, você não só adquire raciocínio jurídico, como também acaba tendo mais facilidade em decorar a
lei seca referente àquele instituto. A duas porque, não adianta ler só lei seca, ir muito bem na primeira fase,
quase gabaritar a prova objetiva, mas cair na prova discursiva.
Lembre-se que os concursos para o cargo de Defensor Público são compostos por três etapas, de
modo que conhecer os posicionamentos doutrinários sobre os temas é imprescindível!
Aqui, falo com bastante segurança que uma doutrina resumida, seja sinopse de editora ou um
material voltado para concursos públicos de um curso, é suficiente para garantir sua aprovação em
qualquer concurso de Defensor Público, seja na fase objetiva, na fase subjetiva ou na fase oral.
Entrevistei diversos colegas nas fases dos meus concursos de Denfensor e, aqueles que passaram com
menos tempo de estudo, afirmaram que utilizavam doutrinas resumidas, apostilas ou sinopses voltadas
para concursos públicos.

3.5 Cadernos esquematizados e apostilas são bons? Valem a pena?

Depende do material! Hoje em dia, existem muitos materiais compilados de excelente qualidade,
com doutrina resumida, jurisprudência e até o texto de lei organizados de forma objetiva . Isso ajuda o
candidato a direcionar o estudo e economizar o tão escasso tempo, que passa a estudar por um material
que possui todos os pilares compilados em um único local.
Já ouvi professores criticando apostilas e cadernos esquematizados, bem, sem desmerecer as grandes
obras doutrinárias, para concurso de defensor, para ser aprovado, esses materiais, quando de qualidade e
atualizados, são mais eficientes.

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COMO ESTUDAR PARA CONCURSOS DE DEFENSORIA
DO ZERO À APROVAÇÃO

As grandes obras você poderá ler depois que for aprovado. Em termos de concurso público, sabemos
que não passa quem sabe mais, passa quem acerta mais questões, quem faz mais ponto, e nesse quesito,
uma estratégia objetiva vale mais que o conhecimento profundo de temas e teorias.

3.6 Vídeo Aula, é produtivo?

Como falamos no início, é produtivo se for feito um bom curso uma vez, no início, para criar uma base
de conhecimentos jurídicos básicos, ou se for feito para suprir uma dificuldade em alguma matéria ou
tema. Após a conclusão de um curso, pare de ver vídeo aulas e comece o estudo dos quatro pilares.
Ainda sobre vídeo aulas, assistir a aulas aceleradas não é eficiente. Pode até parecer um ganho de
tempo, mas, na verdade, torna-se um desperdício. Alguns temas precisam de um “time” para serem
realmente compreendidos e solidificados, de modo que passar por eles de forma acelerada só fará com que
você precise retornar no assunto e assistir novamente. Assim, o que parecia rápido tornou-se contra
produtivo.
Você já tentou assistir um filme ou uma série de TV acelerados?
Não seria legal concorda?!
Muito menos a aula, seu estudo deve ser a sua prioridade, tenha paciência, é melhor ver uma vez no
tempo correto e aprender o conteúdo, do que ter que ver várias vezes acelerada e não assimilar o
conteúdo. Entretanto, uma revisão, de uma aula já vista, pode ser feita com o vídeo acelerado.

3.7 Vale a pena fazer resumos?

Vamos direto ao ponto. Não vale a pena fazer resumos! E vamos explicar o porquê.
Quem afirma ser importante criar resumos, muito provavelmente, desconhece o funcionamento
básico do cérebro e do aprendizado. 85% do que lemos é esquecido em poucas semanas, por isso é tão
importante revisar.
A leitura também não é a única forma, e nem a mais eficiente de armazenar o conteúdo estudado, e
de armazená-lo de forma organizada, vejamos:
As pirâmides de aprendizagem, por vezes chamadas de cones de aprendizagem, são tentativas de
apresentar de maneira esquematizada a capacidade de retenção de um conteúdo do cérebro humano, em
geral pressupondo que quando algo é estudado de forma ativa, seja promovendo um debate, fazendo algo
na prática ou ensinando o conteúdo estudado, esse conteúdo é retido de maneira mais efetiva.
Por outro lado, o mesmo conteúdo poderia ser esquecido facilmente caso fosse aprendido apenas de
forma passiva, por exemplo, por meio da leitura, assistindo à uma palestra ou ouvindo uma história.
Segundo o cientista e psiquiatra americano William Glasser, nós armazenamos o conteúdo que
estudamos de forma diferente a depender do método utilizado.

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COMO ESTUDAR PARA CONCURSOS DE DEFENSORIA
DO ZERO À APROVAÇÃO

Ao criar um resumo cópia do que foi lido, para que seja novamente lido posteriormente, não está
havendo uma revisão do que foi estudado, e sim uma releitura, ou seja, estamos explorando apenas 10%
da nossa capacidade de armazenamento dos 10% que foi lido da primeira vez, não é muito eficiente
concorda?!
Por isso, prefira, ao invés dos resumos, criar materiais de estudo ativo com perguntas poderosas, que
forcem o seu cérebro a relembrar do que foi estudado ativamente.
Você cria uma pergunta objetiva e uma resposta que seja um resumo do tema que foi estudado, nada
muito prolixo, um resumo com base na sua compreensão, no que você entendeu e como você responderia
se fosse perguntado. Escrever está na escala de 80% de eficiência, comparado a os 10% da leitura passiva.
Por exemplo:
Supomos que você acabou de estudar o sistema trifásico de aplicação de pena.
Crie uma pergunta:
O que se entende por Sistema Hungria de Dosimetria da Pena?
Resposta: É o sistema trifásico adotado pelo código penal brasileiro. O Penalista Nelson Hungria,
leciona que para a aplicação da pena deve ser observado 3 fases:
• Na primeira, o juiz determina a pena base, obedecendo a Teoria das Margens, ficando entre o
mínimo e o máximo de pena abstratamente cominada ao crime;
• Na segunda fase, o Juiz vai aplicar as circunstâncias atenuantes e agravantes;

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DO ZERO À APROVAÇÃO

• Na terceira fase, o juiz vai aplicar as causas de aumento e de diminuição de pena, não ficando
vinculado à teoria das margens.
Perceba que em uma simples pergunta, você conseguiu revisar o que é o Sistema Hungria, o que é a
Teoria das Margens, em qual fase se aplica às atenuantes e agravantes, em qual fase se aplica às causas de
aumento e as causas de diminuição, que na primeira fase o juiz não pode baixar a pena a quem do
mínimo e nem aumentar além do máximo, mas ele pode fazer isso na terceira fase...
Veja que várias possíveis perguntas de provas foram resumidas em uma única pergunta,
possivelmente você se lembrará de todas as considerações se caírem de forma isoladas na prova.
Você vai revisar esse caderno refazendo a pergunta e tentando responder sem ler a resposta . Se você
conseguir, ótimo, passe para a próxima, se errar, anote essa questão novamente em outro caderno, sem
copiar, explicando com suas palavras após ler, e assim você vai substituindo um caderno por outro e,
quando encerrar o primeiro caderno, já vai ter outro com algumas questões que tinha errado do primeiro,
e só continuar a colocar conteúdo nele e repetir o processo.
Esse tipo de estudo já vai preparar você para fazer provas subjetivas. É suficiente para desenvolver a
capacidade do candidato em interpretar questões e dissertar de forma multidisciplinar e objetiva na hora
de dar as respostas. Por isso que é o método que eu indico para treinar para provas dissertativas, além de
fazer exercícios de provas passadas com questões dissertativas.

3.8. Estudo da Jurisprudência

Cada vez mais as provas para Defensor Público vêm cobrando os entendimentos dos Tribunais
Superiores. Por isso, o estudo das súmulas vinculantes, súmulas do STF e súmulas do STJ, bem como os
julgados de jurisprudência, mostra-se fundamental para a aprovação.

Existe um website, www.dizerodireito.com.br , que traz, de forma organizada, os informativos do STF


e do STJ em ordem cronológica, tanto em uma versão completa, explicando a ratio dos julgados, como em
uma versão resumida. Essa versão resumida dos informativos é até suficiente para responder às questões
de prova, mas indico, por experiência própria, a leitura da versão completa. Isso porque ler a versão
resumida faz você decorar, já ler a versão completa faz você entender. E, entendendo, consegue “linkar”
com os outros assuntos que você já estudou, adquirindo um raciocínio jurídico ainda maior.
Esse site também fornece uma ferramenta paga chamada de “buscador do Dizer o Direito”. Nesse
buscador, você tem acesso aos mesmos julgados que são fornecidos gratuitamente nos sites, no entanto,
há algumas vantagens: Você pode filtrar os informativos por matéria, assunto e tema. Isso ajuda muito na
hora de estudar determinado conteúdo. Por exemplo, se hoje você decidiu estudar a temática “provas” de
Processo Penal, você pode já deixar aberto o buscador nessa aba, e aí você terá acesso a todos os julgados
referentes ao tema, otimizando e enriquecendo seu estudo. Veja:

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COMO ESTUDAR PARA CONCURSOS DE DEFENSORIA
DO ZERO À APROVAÇÃO

Além disso, note que a ferramenta paga oferece outras funcionalidades, como simulados, materiais,
cadernos, novidades legislativas, todas expostas na parte superior do site e que podem servir para
complementar sua preparação.
Como disse, muitas provas vêm cobrando cada vez mais os posicionamentos dos Tribunais, não só nas
fases objetivas, como também nas discursivas e orais. A par disso, é possível identificar algumas bancas que
praticamente só cobram jurisprudência, e o CESPE/CEBRASPE é uma delas. 90% das questões dos concursos
promovidos pelo CESPE são formuladas em cima de entendimentos jurisprudenciais.
O valor é extremamente acessível. Paga-se 1 vez e pode utilizar o ano inteiro!!! Isso faz com que s eja
uma opção “melhor” e mais atrativa do que os livros físicos de jurisprudência, pois estes ficam
desatualizados muito rapidamente, enquanto o site mantém-se sempre alimentado com os julgados mais
recentes.
Consegue notar a importância de conjugar o estudo de doutrina e lei seca com a leitura de
informativos?! E aqui, falo como concurseiro – e não como defensora!

3.9 Devo ler os informativos resumidos de que matérias? quantas vezes?

Para provas de Defensor Público, você deve ler os informativos de todas as matérias do edital.
Leia sempre dos mais recentes até os últimos dois/três anos, e releia, quantas vezes for possível. No
seu vade mecum, faça remissão dos informativos nos artigos relacionados ao julgado. Pode fazer até de
outra cor! Por exemplo: tudo que estiver escrito em roxo será referente a algum julgado. E assim fica muito
mais fácil de você estudar e revisar aquele assunto.
Veja como você pode fazer: no art. 129, §2º, IV do CP, você pode fazer a seguinte remissão: “Inf. 728,
STJ/2022”. Isso vai fazer você lembrar que existe um julgado recente (2022), do STJ, que trata sobre o
tema.
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3.10 Resolução de Questões

Primeiramente, é preciso que vocês saibam a importância de fazer questões. Muitos não gostam ou
simplesmente negligenciam porque têm ‘medo’ de errar; têm ‘medo’ de ver que aquele assunto que, em
tese, já foi estudado, na realidade, ainda não está sedimentado. Portanto, o primeiro passo é mudar esse
pensamento! Nada de ficar chateado porque errou uma questão sobre um assunto que você já estudou! A
hora de errar é agora e não na hora da prova.
Ultrapassado isso, saibam que fazer exercícios de provas passadas é um excelente treino! A uma
porque, através delas, é possível descobrir o perfil que a banca usa na cobrança das suas questões; a duas
porque a maioria das questões que virão em sua prova já foram objeto de cobrança em provas passadas.
Cada banca tem o seu banco de questões, de onde são selecionadas as questões que vão compor aquela
prova. É certo que esse banco é atualizado com novas questões , mas várias se repetem, se não
literalmente, quase que de forma idêntica. Portanto, o objetivo é fazer o maior número de questões
possíveis até a data de sua prova.
Há três formas de exercitar as questões: (i) fazer sobre o tema que acabou de ser estudado, (ii) faz er
questões sobre um tema estudado há mais tempo, ou, ainda, (iii) fazer questões sobre o tema que será
estudando, como uma espécie de estudo reverso.
Aqui não há certo ou errado, mas sim aquilo que funciona para você. Há quem defenda que fazer
questões sobre um assunto que acabou de ser estudado não é eficiente, pois não haveria tempo hábil para
sedimentar seu conteúdo e, consequentemente, seus acertos não corresponderiam com aquilo que você
realmente aprendeu.
Sinto informar-lhes que essa perspectiva sobre o funcionamento das memórias está equivocada.
Estes acreditam que escolher temas que foram estudados há mais tempo ajudaria a estimular o cérebro a
armazenar o que foi estudado na “memória de longo prazo”.
Infelizmente não é assim que funciona no armazenamento de conteúdo proveniente do estudo.
A “memória de curto prazo” e “memória de longo prazo” são expressões figurativas, para tornar mais
simples a explicação de que certas informações são armazenadas para o uso esporádico, por isso são
rapidamente esquecidas, enquanto outras são armazenadas para o uso contínuo, corriqueiro, motivo pelo
qual ficariam armazenadas na memória de longo prazo.
No entanto, não funciona bem assim. O cérebro precisa exercitar o máximo de vezes, inclusive logo
após receber a informação, para que ela seja arquivada de forma organizada no córtex cerebral. Por
exemplo:
Um músico, ao aprender um novo exercício ou uma nova música em seu instrumento, ensaia por
horas e horas, até que a informação seja gravada de uma vez. Após isso, dificilmente ele precisará recorrer
a tablatura para recordar a música, irá ensaiar de tempos em tempos para aprimorar a execução.

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DO ZERO À APROVAÇÃO

Agora, imagine se lhe fosse passado um exercício ou uma nova música que, após estudá-la, ele
esperasse alguns dias para tentar ensaiar, acreditando que estaria potencializando o seu cérebro. I s s o não
iria funcionar, ele iria misturar o exercício ou a tablatura com os outros diversos exercícios e tablaturas que
iria ver e que também não gravou porque estava esperando o decorrer de um período para exercitar.
Imagine agora um atleta de ponta que aprende uma nova jogada para ser aplicada em uma
competição, é comum ver esse atleta treinar essa jogada insistentemente até que a sua execução e todos
os movimentos estejam perfeitamente memorizados.
Não é comum, no entanto, ver o atleta aprender a jogada e dizer que irá esperar uns dias para ensaiar
a jogada porque seu cérebro acharia muito fácil ensaiar logo após ter aprendido e isso não seria produtivo.
Com certeza esse atleta não desenvolveria a jogada com a mesma habilidade do atleta que ensaiou
bastante logo após aprender.
Entenda, seu cérebro tem um padrão de funcionamento, de modo que a forma mais eficiente de
aprender algo é treinar insistentemente após estudar.
Não se preocupe, você também irá treinar as questões que foram estudadas há mais tempo. Isso você
fará nos seus simulados de final de semana, treinando a capacidade de fazer questões sobre diversos temas
no mesmo dia. E será mais fácil porque você já memorizou a matéria pelo método mais produtivo de fazer
questões após estudar.
Comece fazendo questões da banca do seu concurso. Ao esgotar todas as questões disponíveis da
banca, vá fazendo questões de bancas semelhantes, para o mesmo cargo, depois faça questões de provas
com um índice de dificuldade mais difícil, como promotoria e magistratura. Sempre nivele seu estudo por
cima!
Perceba que, você pode fazer questões de cargos semelhantes, entretanto, seja objetivo, faça
questões de temas comuns, que também são cobrados em provas de Defensor Público, por exemplo,
Inquérito Policial, Ação Penal, Provas, Prisões, são temas que vão estar sempre em provas de Defensores
Públicos, Promotores de Justiça, Delegados...
E o chamado estudo reverso? Lembre-se que não há certo ou errado, mas pense comigo: como
aprender uma matéria que você nunca estudou através de questões? Você não saberá no que focar, quais
são as pegadinhas de prova ou o que você precisa estudar para responder àquela questão. Por isso, o
estudo reverso por questões não é o método que mais aconselho seguir, sobretudo se você é iniciante
nesse ramo de concursos.
Existem diversas formas para fazer questões: através de plataformas online, através de livros como o
“revisaço” ou, ainda, através de simulados de cursinhos preparatórios. O Estudos Iuris, inclusive, lança
cursos de simulados completamente inéditos e direcionados para os concursos específicos. Note que todas
essas formas são extremamente válidas! O importante não é onde você faz a questão, mas sim o que você
absorve dela.
E como absorver melhor o estudo com questões? Uma boa dica é criar o hábito de anotar as questões
que errou, montando o seu próprio caderno de erros ou de dúvidas. Essas plataformas digitais permitem

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criar um caderno de questões, até mesmo separados por matérias, o que vai facilitar na hora de refazê-las .
Se você não quiser fazer na plataforma, pode montar cadernos de erros no próprio word, ou, ainda, feito à
mão por meio de tópicos. O ideal é apenas manter esse caderno alimentado, atualizado e organizado, para
que você não perca tempo na hora de revisá-lo!
Vamos evoluir um pouco agora... Além de fazer as questões, tire alguns dias para praticar com
controle de tempo! Cronometrar o tempo e simular como se fosse o dia da prova é de suma importância. A
gestão de tempo é uma das maiores dificuldades dos candidatos, pois as provas estão vindo cada vez
maiores e o tempo ficando cada vez mais escasso. Por isso é fundamental treinar! Só é possível melhorar a
administração do tempo de prova treinando simulados.
Esses são os 4 pilares básicos da rua rotina de estudos. Trata-se de uma rotina simples, não precisa
inventar muita coisa. Revisando. Você deve dividir o seu tempo para:
1. Estudar a Lei Seca;
2. Estudar a Doutrina resumida;
3. Estudar os Informativos de Jurisprudência; e
4. Resolver o máximo de questões de provas passadas que for possível.
5. Não esqueça da revisão!!!

Fazendo isso, a sua aprovação é quase certa. Lembre-se: não é preciso ser o mais inteligente, é
preciso apenas ter comprometimento, dedicação e estratégia!
Para tornar esse estudo mais eficiente e a sua capacidade de interpretar questões e de dar respos tas
corretas em momentos estressantes, como é o dia da prova, existe um estudo para a concentração que
pode, e deve, ser feito junto com o estudo para o concurso, independentemente do tempo disponível que
você tenha para estudar.
Após o próximo capítulo, que falaremos sobre a etapa da prova oral, veremos como desenvolver o
estudo da concentração.

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CAPÍTULO 4 - PROVA ORAL... E AGORA?

A etapa da prova oral é que causa mais ansiedade nos candidatos. Por mais que se diga que é a fase
mais tranquila, haja vista que todo o conhecimento do candidato já foi provado nas fases anteriores, a
ansiedade toma conta desta etapa.

4.1 O Sentimento De “Sou Uma Fraude E Vão Descobrir”.

Esse sentimento é extremamente comum em candidatos que são aprovados para a fase de prova oral
pela primeira vez, acredite, você não está sozinho! Acreditar que, por um golpe de sorte passou na fase
objetiva e na subjetiva, mas que não está pronto para enfrentar a fase oral é normal, mas ingênuo.
É comum se sentir pressionado por esta fase, aliás, diferente do que ocorre nas demais fases, nesta o
candidato deverá formular a sua resposta quase que instantaneamente, e diante de uma banca bastante
intimidadora - que avalia, não só a resposta, mas também a postura e o nervosismo. Parece uma tarefa
difícil, mas tenha calma, com bastante treino essas preocupações vão desaparecendo e você vai ficando
mais tranquilo e confiante.
De antemão, digo ao candidato que esta é a fase que ele só deve se preocupar após a aprovação na
fase subjetiva. Não há necessidade de treinar para prova oral existindo ainda as fases objetiva e discursiva
pela frente, que são bem mais concorridas e difíceis. Portanto, não antecipe os problemas e concentre-se
em cada etapa por vez.
Vou fazer um breve relato sobre a minha experiência na primeira prova oral.

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Quando eu descobri que havia sido aprovada para esta etapa do concurso, fiquei bastante nervosa,
me senti insegura, achava que precisaria de, pelo menos, o triplo do prazo para revisar as matérias do
edital.
Procurei um curso específico para esta etapa, que me deu mais segurança e me passou algumas
técnicas de estudo, falarei mais tarde sobre a importância de fazer ou não um curso específico. Treinei
assiduamente as técnicas de estudo sugeridas pelo curso e intensifiquei o meu estudo de concentração,
comecei a pensar nesta fase como realmente ela é: uma análise do perfil comportamental e profissional do
candidato em relação ao cargo que pretende assumir.
O resultado foi que, mesmo indo para o exame um pouco ansiosa e com o sentimento de que a
qualquer momento a banca iria conseguir me “derrubar”, consegui ser aprovada com folga nesta fase que
era para mim a de maior temor. Na fase oral, é a postura, o controle emocional e a articulação de raciocínio
do candidato que serão realmente avaliadas, de modo que extremamente importante se preparar
adequadamente e treinar técnicas de oratória, ao invés de só revisar o conteúdo jurídico.

4.2 Como Estudo Os Conteúdos Jurídicos Que Serão Cobrados?

Analise com calma o edital e veja se ele delimita o conteúdo, para que você estude apenas o que
efetivamente for cobrado na prova. Acredite, você já sabe 80% das possíveis perguntas que virão no seu
exame, uma possível pergunta, extremamente difícil, será difícil para todos, e o examinador nem espera
que você saiba a resposta. São nessas perguntas “ditas absurdas” que eles avaliam outros aspectos da s ua
apresentação, como o seu controle emocional.
Você pode estudar sozinho falando alto sobre a matéria e respondendo pequenas perguntas como “o
que é?”, “o que se entende por?”, “qual é?”. Crie respostas objetivas, mas que sejam completas, sobre o
que foi perguntado. Você pode, ainda, treinar com outra pessoa que também esteja estudando para a
prova oral. Monte bancas simuladas, na qual um fará o papel do examinador e o outro o papel do
candidato; mantenha a postura durante os treinos e, enquanto examina o colega, anote as deficiências que
precisam ser corrigidas.
Por exemplo, crie uma pergunta:
Candidato, qual é a natureza jurídica da tentativa?
Resposta:
Excelência, a tentativa tem uma dupla natureza jurídica, é ao mesmo tempo, uma norma de extensão
típica temporal, e uma causa de diminuição de pena.
O instituto da tentativa está previsto no artigo 14 do código penal, em seu inciso II, segundo ele o
crime será considerado tentado quando o agente iniciar a execução e, por circunstâncias alheias a sua
vontade, o crime não se consumar.
O que diferencia a tentativa da desistência voluntária é exatamente a vontade do agente pois, na
desistência voluntária, o crime não se consuma por circunstâncias inerentes à vontade do agente,

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DO ZERO À APROVAÇÃO

enquanto, na tentativa, o crime não chega à fase de consumação por alguma circunstância alheia à vontade
do agente.
Considerações para as suas respostas:
(1) Você pode responder imediatamente o que foi perguntado, de forma direta e, somente
após, discorrer um pouco sobre o tema e tentar relacioná-lo com outros institutos afins. Ou então você
pode começar fazendo uma introdução, contextualizando o tema, trazendo conceito, classificações e
natureza jurídica, para depois chegar à definitiva resposta. Novamente, não existe certo ou errado. Isso é
algo muito pessoal! O importante é tomar cuidado para não “embromar demais” e parecer que você está
apenas enchendo linguiça! Dê uma resposta completa e contextualizada, sem divagar muito!
(2) Se todas as matérias forem juntas, cuidado com a gestão de tempo! É comum o candidato
se empolgar e falar muito sobre um tema e praticamente não falar sobre os outros. É importante
demonstrar conhecimento sobre todas as áreas que serão avaliadas!
(3) Não é necessário citar os artigos e incisos legais, mas, se recordar com segurança, não
deixe de citar, eles podem estar no seu espelho de prova, caso haja algum.
(4) Mantenha a liturgia da prova, olhe nos olhos do seu examinador a maior parte do tempo
enquanto responde, e olhe nos olhos dos demais examinadores também, mostrando que a resposta é para
um examinador, mas a explicação é para todos. Não olhe para baixo, para cima ou faça sons estranhos
enquanto pensa.
(5) Use o gestual! Mexer as mãos enquanto responde é uma excelente forma de liberar
energia e ficar mais tranquilo quando responde.
(6) Seja humilde, nunca interrompa o examinador, se ele interromper você, pare de falar
imediatamente e aguarde novo comando para responder.
(7) Nunca enfrente a banca ou tente dar uma aula, eles não são alunos, são examinadores,
demonstre seu conhecimento jurídico, mas com tom de respeito.
(8) Evite utilizar expressões como “eu acho”, “acredito que”, “na minha opinião” (salvo se o
examinador perguntar a sua opinião). Se errar uma resposta e perceber o erro, não utilize o “desculpe”, o
“perdão”. Utilize: “retificando minha resposta”, é mais técnico e adequado.
(9) Evite também expressões como “esqueci” ou “não sei”. Se realmente não souber a
resposta e não tiver nada pra falar sobre o tema, utilize “excelência, deste ponto específico eu não me
recordo”.

Mas cuidado! Só diga que “não recorda” depois de tentar entender ou falar sobre o tema. Muitas
vezes, ao falar sobre o tema, você demonstra o conhecimento que o examinador espera ver e, pode até
não receber a pontuação completa da questão, mas pode receber uma pontuação boa na análise dos
demais requisitos. Portanto, só desista da questão se realmente não tiver nada para falar sobre ela.
E lembre-se, você pode pedir ajuda, mas da forma correta. Peça uma diretriz sobre a pergunta,
pergunte se o examinador pode contextualizar a pergunta para sua melhor compreensão, peça um termo

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DO ZERO À APROVAÇÃO

sinônimo, mas não faça isso em todas as perguntas, apenas nas que você precise de uma contextualiz ação
para entender o que o examinador quer como resposta.
(10) O termo “excelência” deve ser utilizado quando você se dirigir a algum membro da banca,
mas não use em excesso. Quando das respostas das questões, utilize em algumas e em outras inicie
diretamente na resposta, para não ficar cansativo para o examinador e as respostas não parecerem
“robotizadas”.
(11) Preste atenção na sua postura, sente corretamente, com a coluna ereta, as mãos vis íveis e
sem demonstrar ansiedade, pés paralelos no chão, sem cruzar as pernas, utilize as mãos para articular a
resposta. Lembre-se que a linguagem corporal é muito importante, mas use com moderação, articule
enquanto fala e repouse as mãos enquanto ouve, fale devagar e demonstrando tranquilidade.
(12) Use uma roupa apropriada. Não precisa ser nada de grife cara, mas deve estar em boas
condições de uso. Homens, terno sóbrio, camisa e gravata discretas. Mulheres podem utilizar calça social,
blusa de seda e terninho, também em cores discretas. Aqui, não se indica usar vestidos ou saias, pois pode
não ser bem interpretado pelos examinadores. Sendo homem ou mulher, não chame a atenção do
examinador para a sua roupa, nem pelo exagero, nem pela falta de vestimenta adequada.
(13) Cabelos bem cuidados também interferem na apresentação. Para os homens, cabelo bem
cortado e, se for usar barba, que ela esteja bem-feita. Para as mulheres, o ideal é usar cabelo preso, pois,
além de não ficar caindo no olho – o que faria com que a candidatasse tivesse que mexer o tempo todo
para ajeitar – também passa uma imagem de maior sobriedade. Elas podem utilizar coque, rabo de cavalo,
trança embutida, cabelo meio preso e meio solto... fica a seu critério! Só esteja bem apresentável!
Não pense que o examinador vai avaliar se “você tem cara de Defensor”, se puder faça a barba,
corte o cabelo, demonstre que está dando importância para a sua apresentação, é um aspecto importante,
ele irá avaliar o seu comprometimento com o momento.
(14) Ouça bem as instruções do examinador e siga as regras da prova, administre o seu tempo,
não fique preso em uma questão se não estiver conseguindo respondê-la, passe para a seguinte e depois,
se for o caso, peça para voltar a anterior para tentar complementar a resposta.
(15) Vá com a mentalidade de que o examinador está ali para tentar ajudá-lo, ele não fará
“peguinhas ou pegadinhas” para derrubar o candidato. Se ele notar insegurança na resposta, pode
questionar se o candidato tem certeza. Se tiver certeza, não estremeça e banque sua resposta até o final!
Se, por acaso, você perceber que a resposta está errada e souber a correta, não hesite em retificar o que
disse.
Mas, ATENÇÃO, se não souber o erro, não mude a resposta dada para “resposta nenhuma”, só
retifique quando souber qual resposta deve dar. Seja firme no seu posicionamento, mas aberto para mudar
de posicionamento se perceber que errou, o examinador sempre irá tentar ajudar, mesmo que, pelo
semblante, não pareça.
A “grande maioria” das perguntas serão simples, você saberá a resposta, é o suficiente para a sua
aprovação quanto ao conteúdo.

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COMO ESTUDAR PARA CONCURSOS DE DEFENSORIA
DO ZERO À APROVAÇÃO

Se surgir uma pergunta esdrúxula, acredite, ela não é vaidade ou maldade de examinador, tem o
objetivo de analisar a sua postura diante dela, tem um cunho psicológico. Portanto, não fique aflito por não
saber a resposta, mantenha a mentalidade que nesta pergunta ele quer analisar a sua postura, fique s ério,
peça para ele contextualizar ou apresentar algum sinônimo do termo. Se realmente não souber a resposta
e nem tiver nada para falar sobre o tema, diga:
“-excelência, por mais que eu tenha estudado, esta nomenclatura ou este instituto específico, não
me ocorre ou deles não me recordo”.
Demonstre que não ficou intimidado e que tentou entender a pergunta, é isso que o examinador
espera ver nesse tipo de pergunta, ele não espera que todos os candidatos saibam a resposta.

4.3 Como eu estudo para a prova Oral?

O estudo do conteúdo jurídico já foi feito, basta revisá-lo, mas há alguns estudos específicos que você
deve fazer, são eles:

4.4 Estudo de Sumário e de Edital

É um ótimo método para treinar perguntas e respostas, consiste em você ir perguntando “o que é? ”,
“qual o conceito?” ou “em que consiste?” cada item do conteúdo jurídico do seu edital e do sumário do
livro que você está estudando.
Por exemplo, no edital, na parte de direito constitucional é cobrado:
Direito Constitucional. Neoconstitucionalismo. Direitos e Garantias Fundamentais. Princípios
Constitucionais. (…)

4.5 Formule perguntas

Qual o conceito de direito constitucional?


O que é o neoconstitucionalismo?
Qual a diferença entre direitos e garantias fundamentais?
Quais são os princípios constitucionais?..
E vá riscando no seu edital os pontos, na medida em que for respondendo, faça o mesmo com o
sumário dos seus livros.
Você pode fazer esse estudo sozinho, ou com um colega, em que um pergunta ao outro.

4.6 Fichas

Se a prova for no estilo de “discorra sobre”, faça fichas/resumos/anotações com todas as


informações que você considera importantes de mencionar na hora da prova.
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COMO ESTUDAR PARA CONCURSOS DE DEFENSORIA
DO ZERO À APROVAÇÃO

Por exemplo, o que você acha que não pode deixar de falar se o tema sorteado for “prisões”, em
processo penal? Conceito, natureza jurídica, tipos de prisão, jurisprudências pertinentes sobre o tema, etc.
Fazer um roteiro e estudar através dele, vai ajudá-lo a não esquecer os principais pontos que
devem ser mencionados, fazendo com que se adquira a nota máxima nesta etapa do concurso.

4.7 Banca Simulada

Este sim é o mais importante nesta fase de prova oral, o conteúdo jurídico você já estudou, basta
revisar. Simular o dia de prova irá te dar segurança ao responder, vai ajudar a desenvolver a capacidade de
formular as respostas, de se manter na postura correta, de controlar o seu tempo e respeitar a liturgia de
prova.
Treine bastante, todos os dias se puder, use seus amigos, seus parentes, treine pessoalmente e se
não puder, treine por videoconferência, via Skype, Facetime, Zoom, Hangout, ou outro aplicat ivo
semelhante.
Não deixe para treinar depois de revisar o conteúdo, é exatamente o treino com questões que você
não se recorda ou que não sabe a resposta que vão ajudar a você desenvolver a capacidade de falar sobre o
tema enquanto formula a resposta.
Treine no espelho, filme e veja a sua postura quando estiver treinando sozinho. Não negligencie a
postura, a dicção ao falar, o tom da sua voz, as pausas necessárias, corrija os erros que for percebendo.

4.8 Fazer ou não fazer um curso para prova oral:

Sobre fazer ou não fazer um curso específico, depende da realidade financeira e logística de cada
candidato. Se for sua primeira prova oral e, se for economicamente viável, faça! Sendo um curso sério e
direcionado, fará com que você treine postura, conteúdo jurídico e aprenda técnicas importantes que
podem ser utilizados na hora da prova.
Por mais que você treine com seus colegas de concurso, através da banca simulada – o que, diga-se
de passagem, é extremamente válido – o treino com pessoas diferentes dentro do curso fazem com que
você saia da zona de conforto e seu treino seja muito mais produtivo.
Ressalto que, minhas pesquisas, entre candidatos que fazem e não fazem cursos específicos de prova
oral, fazer o curso não tem sido determinante para a aprovação. Pouquíssimos candidatos são reprovados
na etapa de prova oral e, seguindo as dicas aqui apresentadas, você vai conseguir uma excelente
pontuação.
Entretanto, fazer um bom curso vai te deixar mais tranquilo no dia de prova e isso pode te dar uns
pontos a mais que vão te impulsionar na classificação do concurso.
O segredo da prova oral é treinar as técnicas para se comportar de forma adequada e não se mostrar
intimidado pela banca.

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COMO ESTUDAR PARA CONCURSOS DE DEFENSORIA
DO ZERO À APROVAÇÃO

Como foi dito, não é a capacidade em termos de conteúdo jurídico do aluno o objeto principal da
avaliação, mas o seu perfil pessoal e profissional e a sua capacidade de gestão de emoções e raciocínio.
Para isso, comece agora a investir em uma personalidade serena e concentrada, no próximo capítulo
falaremos como.

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COMO ESTUDAR PARA CONCURSOS DE DEFENSORIA
DO ZERO À APROVAÇÃO

CAPÍTULO 5 - O ESTUDO DA CONCENTRAÇÃO

“A maior descoberta de qualquer geração, é a de que os seres humanos podem alterar suas vidas
alterando suas atitudes mentais”.
Albert Schweitzer

Quando nossos valores mudam, todo o nosso enfoque muda. Após pesquisar o que as pessoas que
passavam em vários concursos públicos faziam de diferente e, muitas vezes, em um tempo menor do que a
maioria das pessoas que conseguiam apenas uma aprovação, percebi que a resposta não estava apenas nos
métodos e no esforço feito por essas pessoas, mas também em suas personalidades.
Essas pessoas, em geral, eram pessoas serenas, tinham uma rotina de vida tranquila e, como
consequência disso, eram pessoas extremamente concentradas em suas atividades diárias. Isso permitia
que elas tivessem uma rotina de estudos organizada, o que as tornava mais eficientes e preparadas, tanto
nos dias de estudo, quanto nos dias de prova.
A principal dificuldade é perceber que tem uma mente agitada, que tem dificuldade para se manter
concentrado e também em saber que isso pode ser corrigido com exercícios diários de concentração. Se
você investir em ter uma personalidade tranquila e concentrada, ter uma mente capaz de filtrar os
estímulos estressantes tanto no dia comum de estudo, quanto no dia de sua prova, seu rendimento vai
crescer rapidamente. Controlar a emoção, dentro do que for possível, é um grande diferencial para a sua
aprovação.
Augusto Cury, em seu livro “O código da inteligência”, acerta quando diz que: “-o mais inteligente não
é quem tem mais cultura acadêmica, mas quem mais desenvolve os códigos da inteligência, como pensar
antes de agir, gerenciar pensamentos, filtrar estímulos estressantes, desenvolver resiliência e empatia...”
O desafio é treinar sua mente para abrir o leque de boas memórias nos focos de estresse, para que
você possa dar respostas inteligentes em situações, que muitos não conseguem pensar. Esse é o diferencial
que esse estudo pode fazer na hora da prova.

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Piero Ferrucci diz, de acordo com a doutrina oriental do Dharma, que “cada um de nós é chamado a
realizar um padrão de vida particular. Deveríamos tentar descobrir esse padrão e cooperar com a sua
realização.”
Os obstáculos que encontramos no exterior refletem as limitações presentes em nosso interior,
demandam uma transformação muito pessoal, específica e intransferível.
Assim também pensa Howard Schultz, para ele, “a realidade de uma pessoa brota de sua paisagem
interior de pensamentos, sentimentos, expectativas e crenças.”
Em termos de concursos públicos, o candidato deve investir tanto em desenvolver uma personalidade
tranquila e concentrada, quanto em desenvolver uma mentalidade pró ativa, de vencedor, que cumpre
suas tarefas e realiza os seus objetivos.

5.1 Como iniciar o estudo da concentração?

O Estudo da concentração nada mais é do que um treinamento mental para conseguir se livrar da
ansiedade e se colocar em um estado de atenção plena, e com isso, a matéria que estiver sendo estudada
será melhor absorvida, além de facilitar o cumprimento das metas diárias.
Durante os meus estudos de desenvolvimento pessoal, tive a oportunidade de ler vários livros –
alguns bons e outros não tão bons, mas, em uma coisa, todos concordavam, seus autores falam sobre a
importância de se praticar algum tipo de meditação, principalmente pela manhã, assim que acordar, como
a primeira atividade do dia.
O conceito de meditação contemporânea é bem mais abrangente do que o conceito clássico de
meditação oriental, em que o indivíduo se coloca em relaxamento profundo a ponto de conseguir algum
tipo de transcendência, a fim de alcançar o Nirvana.
A meditação contemporânea consiste em eliminar a produção acelerada de pensamentos,
principalmente os pensamentos inúteis.
Concentração, grosso modo, é a musculação do cérebro, assim como exercitamos o nosso corpo
quando praticamos alguma atividade física, exercitamos o nosso cérebro quando meditamos.
O estresse é um problema que pode atrapalhar muito a nossa vida. Afinal, ele promove estados de
raiva e irritação que prejudicam os relacionamentos, a vida profissional e a saúde. No aspecto fisiológico, o
estresse está relacionado a um aumento da produção de hormônios como o cortisol e a adrenalina.
Essa alteração na produção hormonal foi observada por pesquisadores do Davis Center for Mind and
Brain da Universidade da Califórnia. Antes e depois de um grupo de voluntários meditar, os pesquisadores
analisaram o nível dos hormônios adrenalina, cortisol e endorfinas.
O que ficou comprovado é que há uma redução dos hormônios do estresse com a meditação. Os
níveis de cortisol chegaram a baixar 67% num estudo feito com enfermeiras que sofriam de estresse pós -
traumática e passaram a meditar.

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O tempo de meditação influencia as mudanças que ocorrem a nível físico, mental e energético.
Vejamos:
• 3 a 7 minutos de meditação afetam o campo eletromagnético, a circulação e a estabilidade
do sangue;
• 11 minutos de meditação começam a modificar o sistema nervoso e o sistema glandular,
especificamente a glândula pituitária;
• 22 minutos de meditação equilibram as três mentes (positiva, negativa e neutra) e elas
começam a colaborar conjuntamente;
• 31 minutos de meditação permitem que as glândulas, a respiração e a concentração
afetem todas as células e ritmos do corpo. Deixa a psique da meditação afetar os 3 Gunas, os Tattvas, e
todas as camadas das projeções da mente. Após este tempo, toda sua mente e todos os elementos
internos do corpo são afetados;
• 62 minutos de meditação modificam a matéria cinzenta do cérebro. Os subconscientes
‘mente de sombra’ e a projeção exterior serão integrados;
• 2 horas e meia de meditação mantêm as mudanças da mente durante todo o dia.
Pensar com lucidez e coerência é o principal atributo do Homo Sapiens, mas pensar em excesso é um
grave problema, não é só a qualidade dos pensamentos que devemos filtrar, mas também a quantidade de
pensamentos, ao contrário do que muitos pensam, nosso cérebro não é inesgotável, e a consequência para
quem não desenvolve a capacidade de filtrar pensamentos, é desenvolver uma personalidade irritadiça,
estressada e ansiosa.
O método que venho utilizando no meu estudo diário e eterno de concentração, que é uma espécie
de estudo de desenvolvimento pessoal, consiste em:

1. Respeitar um tempo mínimo de sono, entre 6 e 8 horas diárias.


Ora, provavelmente você já ouviu falar em acordar às 5h da manhã para começar as suas atividades,
isso é ótimo, vai te dar algumas horas a mais no dia e a oportunidade de fazer, no primeiro momento da
manhã, o exercício da concentração.
Entretanto, só acorde cedo se você puder dormir cedo, entenda que seu cérebro precisa de um
período mínimo de descanso diário para organizar na memória, as informações recebidas durante o dia.

2. Desenvolver o hábito da leitura.


Poucas páginas de algum livro de desenvolvimento pessoal, da Bíblia, de alguma outra doutrina
religiosa, ou de alguma literatura de seu gosto, mas que seja voltada ao autoconhecimento, isso vai
estimular o seu cérebro a entender que a leitura também é uma atividade de lazer, de descontração, com
isso vai tornar a sua leitura de estudo menos penosa.
3. Praticar a Meditação.

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Pode ser qualquer tipo de meditação. No Youtube é possível encontrar diversos tutoriais de como
meditar, de diversas espécies, e isso deve ser feito como uma das primeiras coisas do dia, por pouco tempo
no início, cinco ou dez minutos é suficiente.
Não crie a limitação que não consegue meditar, se apenas uma pessoa no mundo consegue é porque
você também consegue, lembre-se que este manual fala exatamente sobre sair da zona de conforto,
superar as limitações.
Oração pode substituir a meditação?
Sim, se for feita de forma concentrada.
Observe que uma oração, despida de seu sentido religioso, é um ótimo exercício de concentração,
para orar o indivíduo precisa se colocar em estado de atenção plena, e durante um certo tempo, ele
desacelera a produção de pensamentos inúteis e foca naquele diálogo ou naquela série de repetições de
palavras, a depender da religião.
Independentemente da crença religiosa, sem dúvidas a oração séria e concentrada, é um excelente
exercício de concentração.

4. Pratique alguma atividade física.


Como já falamos neste manual, a prática de alguma atividade física é essencial para quem está
estudando para concursos porque a rotina de exercícios vai ajudar o candidato a cumprir a rotina de
estudos.
Além de produzir diversos hormônios responsáveis em ajudar a se livrar do estresse e ter uma
sensação de bem estar, sem dúvida isso irá impactar na qualidade do seu estudo.
A atividade física ajuda a regular as substâncias no cérebro, como por exemplo, a endorfina, que são
responsáveis pela sensação de bem estar. A endorfina alivia as dores, relaxa o organismo, há estudos que
dizem que até podem curar doenças. É o hormônio do prazer.
Melhora a memória, o bom humor, aumenta a resistência, aumenta a disposição física e mental,
melhora o sistema imunológico, tem efeito antienvelhecimento e melhora a concentração. Ajuda também
nos casos de depressão e ansiedade, diminuindo também o estresse e a tensão corporal.
Em suma, você pode passar a acordar uma hora mais cedo para fazer esse estudo, pode parecer que
você está perdendo tempo que poderia ser gasto estudando a matéria cobrada em seu edital, entreta nto, é
um grande investimento de tempo. Isso fará você potencializar a sua capacidade de concentração e
absorver muito melhor o conteúdo estudado, além de melhorar a sua inteligência emocional e se sair
melhor no dia de prova.
Como fazer:
1. levante, ligue todas as luzes, escove os dentes e beba água;
2. medite ou faça uma oração concentrada entre cinco e dez minutos;
3. leia algumas páginas de um bom livro;
4. Faça alguma atividade física;

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5. Tome um banho e um saudável café-da manhã;


6. Comece a estudar, garanto que seu dia de estudo será muito mais prazeroso e proveitoso.

“Não que eu já tenha alcançado tudo isso, ou seja perfeito;


entretanto, vou caminhando, buscando alcançar...
...Não penso que eu mesmo já o tenha conquistado, mas tomo a seguinte atitude:
Esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que estão adiante de mim, apresso-
me em direção ao alvo, contudo, caminhemos na medida da perfeição que já atingimos.”
Paulo de Tarso.

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CAPÍTULO 6 - REDES SOCIAIS E CONCURSOS PÚBLICOS

“Que prática estranha é essa que um homem deve sentar-se à mesa do café da manhã e, em vez de
conversar com a esposa e os filhos, segura diante de seu rosto uma espécie de tela na qual está inscrita
uma rede mundial de fofoca.”
Charles Clooney, sociólogo, em 1909, falando sobre o jornal.

Uma organização sem fins lucrativos inglesa que se dedica ao estudo de melhorias na saúde pública
há mais de 140 anos, ouviu 1.500 jovens britânicos com idades entre 14 anos e 24 anos e reportou dados
importantes sobre impacto das redes sociais em suas vidas.
De forma geral, a maioria desses jovens acredita que o uso de Facebook, Instagram e outras redes faz
mal a seu bem-estar, embora também contribua positivamente em suas vidas.
De acordo com o documento, o vício em mídias sociais afeta 5% dos jovens britânicos, e o poder de
dependência desse canal de comunicação é superior ao do cigarro e do álcool.
Para a pesquisa, o Instagram é o maior vilão da saúde mental dos jovens: ele está relacionado a
problemas de sono, bullying, ansiedade, depressão, solidão e imagem corporal. “Aquilo que vejo no outro,
é o que eu quero ser."
Para o professor de sociologia da Universidade da Califórnia, Claude Fischer, que estuda redes sociais
analógicas e digitais desde os anos de 1970, há um certo exagero no ímpeto de atribuir problemas de saúde
mental exclusivamente às mídias sociais.
As redes sociais colaboram para a construção da sensação de comunidade. Sensação de
pertencimento, informações sobre condições de saúde, suporte emocional, auto identidade e auto
expressão são outros fatores desenvolvidos.
“Quando vou postar algo, eu penso na imagem que quero passar para a rede. Eu construo a minha
imagem e o meu discurso para meus seguidores. Mesmo que eles sejam poucos, eles curtem minhas
interações: esse feedback positivo cria a vontade de querer expressar mais”, explica Ruffo, do NPPI -PUC/SP.
Nos estudos para concursos, as redes sociais podem ser um vilão ou um aliado. Em verdade, não são
as redes sociais, em si, que têm o condão de ajudar ou atrapalhar os estudos, mas o uso que o aluno faz
delas, ou seja, o conteúdo e a frequência que ele acessa.
Por exemplo, se o aluno utiliza a rede social para seguir e interagir com perfis que trazem conteúdo
objeto de cobrança em suas provas, atualizações da jurisprudência, novidades legislativas, ou que trazem
algum outro tipo de conteúdo útil, como um motivacional, um reflexivo ou inspirador para a construção de
bons hábitos, a rede social está sendo uma aliada na preparação para a prova.
Entretanto, se o aluno faz uso da rede social para viver em um mundo virtual, que não traz nenhum
conteúdo útil para o seu objetivo, como por exemplo, acompanhar a vida de terceiros, famosos ou não,
notícias que nada tem a ver com a preparação para o seu concurso... neste caso, a rede social está tirando
tempo e a saúde psíquica do usuário, que deveriam estar sendo utilizados com a preparação para a prova.

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Em resumo, o problema não é a rede social, é o uso que se faz dela. Você não precisa se afastar
definitivamente das redes sociais, pode tentar estipular um horário e um tempo máximo para o acesso no
dia, e também filtrar o tipo de conteúdo que irá acessar. Entretanto, se você acredita que não consegue
controlar esse uso, o melhor é se afastar das redes sociais até ser aprovado.

É isso amigos, este manual chegou ao fim, como falei no início, ele não tem a pretensão de dizer o
que é certo ou errado na preparação para concursos públicos, mas, tão somente uma opinião, com base na
experiência, de quem estudou por vários anos, por vários métodos e identificou pontos produtivos e
improdutivos em distintas fases.
É claro que todas as ferramentas devem ser adaptadas para a realidade de cada um. Nosso objetivo
não é ser perfeito e fazer tudo sem falhar, nosso objetivo é melhorar a cada dia, com esforço ir
progredindo, falhando e progredindo, continuamente.

Como já dizia o sábio Belchior:


“- O passado é uma roupa que não nos serve mais.”
Vamos em frente, vamos trocar velhos hábitos que atrapalham os nossos objetivos, por hábitos que
colaborem com nossos planos.
Um grande abraço!

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CAPÍTULO 7 - BIBLIOGRAFIA

wikipedia.com.br
Os segredos de uma mente milionaria, Harv Eker.
sindepol.com.br/FrancoPerazzoni
A Bússola e o Leme, Haroldo Dutra Dias.
O código da inteligência, Augusto Cury.
Ansiedade, como enfrentar o mal do século, Augusto Cury.
portaleducação.com.br
luzdiamante.com.br
bluevisionbraskem.com
factusnews.com.br
medium.com/kenedyfelipedossantosdasilva

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