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IV - APELACAO CIVEL 2007.51.01.

800150-0

Nº CNJ 0800150-32.2007.4.02.5101
RELATORA DESEMBARGADORA FEDERAL NIZETE LOBATO
CARMO
APELANTE IVAN SOARES SILVA
ADVOGADO JOSE PERICLES COUTO ALVES E OUTROS
APELADO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -
INSS
PROCURADOR LILIAN B. DA SILVEIRA SIQUEIRA
ORIGEM TRIGÉSIMA NONA VARA FEDERAL DO RIO DE
JANEIRO

DECISÃO

Apelação Cível de IVAN SOARES SILVA contra sentença da Juíza Federal


Ana Amélia Silveira Moreira Antoun Netto, que julgou improcedente o pedido de
revisão da Renda Mensal Inicial de seu benefício previdenciário, concedido em
01/01/88, ao fundamento de que foi corretamente fixada pelo INSS (fls. 89/97 e
104/109).
Sustenta o apelante que a RMI de sua aposentadoria não poderia ter sido
limitada a dez salários mínimos, porquanto preencheu os requisitos para a
aposentadoria antes do advento da Lei nº 7.787/89, sempre contribuindo pelo teto
máximo de contribuição de vinte salários mínimos, na forma autorizada pelo
Decreto 89.132/84.
Contrarrazões às fls. 138/139.
O Procurador Regional, Luis Claudio Pereira Leivas, opinou pela
manutenção da sentença (fl. 144).

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IV - APELACAO CIVEL 2007.51.01.800150-0

É o breve relatório.
A sentença deve ser mantida, com supedâneo no art. 557, caput, do CPC.
É firme o entendimento do Superior Tribunal de Justiça de que, preenchidos
os requisitos para a aposentadoria antes do advento da Lei nº 7.787/89, deve
prevalecer no cálculo da RMI o teto de 20 (vinte) salários mínimos previsto na Lei
nº 6.950/81, ainda que concedido o benefício na vigência de nova lei1.
Na hipótese dos autos, contudo, a inovação da Lei nº 7.787/89 nada
influenciou no cálculo da RMI da aposentadoria do autor/apelante, pois o benefício
foi concedido em 01/01/88, antes, portanto, da limitação legal do teto de
contribuição para dez salários mínimos (fl. 7).
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AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO.
APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. REQUISITOS PREENCHIDOS ANTES DA LEI N.º 7.787/89.
TETO. LEI N.º 8.213/91. NÃO INCIDÊNCIA. REGIME HÍBRIDO. IMPOSSIBILIDADE.
1. Havendo o segurado preenchido os requisitos necessários à concessão da aposentadoria por tempo de serviço
antes da vigência da Lei n.º 7.787/89, deve ser observado, no seu cálculo, o teto de 20 (vinte) salários mínimos
previsto na Lei n.º 6.950/81, ainda que concedido o benefício na vigência da Lei n.º 8.213/91.
2. No que diz respeito ao teto do benefício previdenciário, a aplicação da Lei n.º 6.950/81 afasta a incidência da
regra do art. 144 da Lei n.º 8.213/91, sob pena de criação de um sistema híbrido, com aplicação apenas de seus
aspectos positivos aos segurados. Precedentes.
3. Agravo regimental a que se nega provimento.
(Agr. Reg. no Agr. Reg. no Recurso Especial nº 963701, Rel: Min. OG FERNANDES – 6ª Turma, DJE de
01/02/2011)

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE APOSENTADORIA


POR TEMPO DE SERVIÇO. APLICAÇÃO DA LEI VIGENTE QUANDO DO IMPLEMENTO DAS
CONDIÇÕES DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. COMPATIBILIDADE DA LEI 6.950/81, COM O DISPOSTO
DO ART. 144 DA LEI 8.213/91. INEXISTÊNCIA. PRECEDENTES DO C. STJ E DO C. STF.
I - É firme o entendimento do e. Superior Tribunal de Justiça de que, preenchidos os requisitos para a aposentadoria,
antes do advento da Lei nº 7.787/89, deve prevalecer no seu cálculo o teto de 20 (vinte) salários mínimos, previsto
na Lei nº 6.950/81.
II - O direito à aplicação dos termos da Lei nº 6.950/81, no que se refere ao teto dos benefícios previdenciários, não
se compatibiliza com a regra do art. 144 da Lei nº 8.213/91, que não pode ser cindido, com aplicação somente de
seus aspectos positivos aos segurados, por configurar sistema híbrido de normas previdenciárias. Precedentes do e.
Superior Tribunal de Justiça e do c. Supremo Tribunal Federal.
Agravo regimental desprovido.
(Agravo Regimental no Recurso Especial nº 966203, Rel: Min. FELIX FISCHER - 5ª Turma, DJE de 01/03/2010)

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Confiram-se os seguintes acórdãos deste tribunal em casos idênticos:


PREVIDENCIÁRIO - AGRAVO INTERNO DA AUTORA - DIB
26/1/1987 - APURAÇÃO DA RMI SEM A LIMITAÇÃO DO TETO
IMPOSTO PELA LEI 7787/89 - IMPOSSIBILIDADE DE O INSS
IMPOR A REFERIDA LIMITAÇÃO, QUE INEXISTIA À ÉPOCA
DA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA AUTORA - O FATO
ALEGADO NÃO FOI PROVADO - PRESUNÇÃO DE
LEGALIDADE E VERACIDADE DOS ATOS DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - AGRAVO INTERNO
DESPROVIDO.
I- A decisão monocrática agravada manteve a Sentença que julgou
improcedente o pedido de revisão da RMI, visando a não limitação
imposta pela Lei 7787/89.
II- Agravo Interno da Autora alegando que sempre contribuiu com
o teto máximo de contribuição, conforme documento de fls.9, sendo
certo que sua RMI foi fixada em desacordo com a lei vigente à
época da concessão de se benefício.
III- Não prosperam as alegações da Autora, pois a limitação da Lei
7.787/89 não poderia ter atingido o benefício em questão,
simplesmente, porque a referida lei foi criada muito tempo depois
da concessão do benefício da Autora; como foi demonstrado nos
autos, o cálculo da RMI, procedido pelo INSS, está correto.
IV- Agravo Interno da Autora desprovido.
(AC 200651015371463, Rel: Desembargador Federal Messod
Azulay Neto – 2ª Turma Especializada, DJU de 18/05/2009, pág.
30)

PREVIDENCIÁRIO - AGRAVO INTERNO – REVISÃO DA RENDA


MENSAL INICIAL - OTN/ORTN – CÁLCULOS DO CONTADOR
JUDICIAL E PARECER DA NUCON - INEXISTENCIA DE
DIFERENÇAS - IGP-DI – INAPLICABILIDADE – SÚMULA 08
TNU - REDUÇÃO DO TETO DE CONTRIBUIÇÃO.
(...)

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IV – A redução do teto previdenciário de 20 para 10 salários


mínimos foi estabelecida apenas com a entrada em vigor da Lei nº
7.787/89 e do Decreto nº 97.968/89. A partir daí, passou-se a
considerar o novo teto de recolhimento e, consequentemente, de
limitação da renda mensal inicial, sendo tal comando posterior à
data da apuração da RMI do beneficio do autor (01.11.1986).
IV Agravo Interno a que se nega provimento.
(AC 200351080016478, Rel: Juiz Federal Convocado Marcello
Ferreira de Souza Granado – 1ª Turma Especializada, E-DJF2R de
31/01/2011, pág. 9)

Pelo exposto, nego seguimento à apelação.

Decorrido o prazo legal sem interposição de recurso, baixem os autos à Vara


de origem, com as cautelas de praxe.
P.I.
Rio de Janeiro, 28 de outubro de 2011.

NIZETE ANTÔNIA LOBATO RODRIGUES CARMO


Desembargadora Federal
Relatora
GUI

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