DESENVOLVIMENTO ATÍPICO DAS FUNÇÕES COGNITIVAS NA INFÂNCIA
RETARDO MENTAL (TRANSTORNO DE DESENVOLVIMENTO MENTAL)
• Definição de Retardo Mental:
o Refere-se a um funcionamento intelectual abaixo da média da população, manifestando-se durante o desenvolvimento até os 18 anos e associado a desadaptação no comportamento social. • Natureza Não Patológica: o Não é considerado uma doença, mas uma alteração cognitiva e comportamental com várias causas: ▪ Pré-natal • Alterações no Desenvolvimento Intrauterino: o Anormalidades morfogenéticas: predominância de alterações histológicas sem mudanças evidentes na configuração cerebral. o Malformações morfocinéticas: causam alterações claras na configuração cerebral, como falhas na fusão de partes do tubo neural. • Síndromes Relacionadas: o Hidrocefalia: alargamento do sistema ventricular devido à obstrução na circulação do líquido cefalorraquidiano. o Lisencefalia: ausência de sulcos corticais. o Agenesia do corpo caloso e do lóbulo temporal: frequentemente associadas ao retardo mental. ▪ metabólicas, • Desnutrição afeta o cérebro em desenvolvimento, podendo influenciar o aprendizado mesmo em crianças com inteligência normal. o Deficiência crônica de tiamina e niacina • incapacidade de metabolizar fenilalanina. ▪ infecciosas, • Pré-natal o Rubéola • Pós-natal o Meningites, o Abscessos o doenças virais ▪ Tóxico • Chumbo ▪ Cromossômicas •Síndrome de Down: o Trisomia do cromossomo 21: presença de um cromossomo extra no par 21. ▪ Epilepsia • As crises convulsivas promovem dano cerebral ▪ culturais. ▪ Sociais ▪ Transtorno • O retardo mental pode ser causado por lesão cerebral durante o parto, devido à: o Hipoxia: falta de oxigênio, causa lesões: ▪ núcleos basais ▪ hipocampo, ▪ cerebelo, o hipoglicemia ou o trauma físico direto. • Fatores Etiológicos: o Reconhecem-se dois tipos principais de fatores etiológicos: ▪ FAMILIAR E SOCIOCULTURAIS: • observado em filhos de pais com pouca inteligência e desenvolvidos em ambientes empobrecidos, constituindo 75% da população com retardo mental. ▪ ORGÂNICO • devido a fatores acidentais, como defeitos cromossômicos, infecções, traumas perinatais, afetando aproximadamente 25% da população com retardo mental.
• Classificação do Retardo Mental:
o Baseia-se em dois aspectos da definição: ▪ déficits cognitivos (dimensão intelectual, critério psicométrico) ▪ dificuldades adaptativas (dimensão comportamental, critério funcional). • Diagnóstico: o Requer o preenchimento de ambos os critérios (psicométrico e funcional). • Avaliação da Dimensão Intelectual: o Usa testes como a Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças e a Escala de Inteligência de Stanford-Binet. o Estabelece pontuações quantitativas e classifica crianças em três categorias com base no coeficiente intelectual (CI): ▪ CI entre 55 e 69: Retardo Mental Leve. ▪ CI no intervalo 40-54: Retardo Mental Moderado. ▪ CI no intervalo 25-39: Retardo Mental Severo. ▪ CI abaixo de 25: Retardo Mental Profundo. TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
• O autismo é caracterizado pela ausência de:
• respostas sociais, • graves alterações no linguagem • habilidades de comunicação, • respostas estereotipadas • isolamento social. • Três vezes mais comum em meninos do que em meninas. • O coeficiente intelectual de crianças autistas geralmente é baixo e está diretamente relacionado a defeitos linguísticos. • Aquelas com autismo exibem uma dissociação nos testes de inteligência: • Coeficiente intelectual verbal mais prejudicado. • As características da linguagem em crianças autistas variam amplamente, desde mutismo até fluência com conteúdo semântico incoerente. • O síndrome de Asperger representa um subgrupo de crianças autistas com desenvolvimento linguístico adequado. • Sugere-se que as causas do autismo infantil possam estar relacionadas a alterações na lateralização e dominância do hemisfério direito. • Frequência maior de crianças canhotas ou ambidestras em casos de autismo. • Explicações para o transtorno: • Sobreativação do hemisfério direito; • Alterações nos mecanismos inibitórios do hemisfério esquerdo; • Lateralização da linguagem oral no hemisfério direito na maioria das crianças autistas. • Aumento no volume das áreas de associação do hemisfério direito • O perfil neuropsicológico de crianças autistas: • Alterações nas funções executivas: • iniciativa, • rigidez e • perseveração, • Explicação: • Disfunção nos lóbulos frontais. DISLEXIA
• A dislexia é um tipo específico de transtorno de aprendizagem;
• Definição: um distúrbio constitucional que DIFICULTA APRENDER A LER, apesar de ter inteligência adequada e oportunidades socioeconômicas e instrução apropriadas. • Três pontos-chave da definição: • Dificuldade específica no aprendizado com inteligência normal; • Secundária a defeitos cognitivos, não comportamentais • De origem constitucional, com fatores genéticos observados na família. • Presença de dificuldades linguísticas que afetam o reconhecimento e a produção de palavras, assim como a capacidade de soletração. • A dislexia não é apenas um distúrbio específico da leitura, mas a incapacidade de ler é secundária a outros defeitos cognitivos. • As dificuldades observadas na dislexia podem ser classificadas em dois grupos: • Relacionadas ao processamento auditivo e análise fonema- grafema; • Secundárias a defeitos visoperceptuais no reconhecimento simultâneo de grafemas em palavras. • Galaburda e Kemper (1979) • encontraram anormalidades neurais, como defeitos na migração neuronal, em um paciente com dislexia, em regiões cerebrais conhecidas por participarem da leitura. • Disléxicos tendem a ter uma organização cerebral mais simétrica no que diz respeito à linguagem, • Lateralização para o hemisfério direito, ao contrário dos controles normais que lateralizam para o hemisfério esquerdo (Helland e Asbjornsen, 2001). • Leitores normais ativam a região temporoparietal esquerda ao realizar tarefas de reconhecimento fonológico (Rumsey et al., 1992). • Disléxicas não apresentam essa ativação na tarefa fonológica. • Disléxicos não têm uma ativação cortical normal no hemisfério esquerdo durante a realização de tarefas verbais: • memória verbal, • percepção auditiva • soletração de palavras. DISFASIA
• Disfasia de desenvolvimento é um distúrbio específico na aquisição
normal da LINGUAGEM, não atribuível a retardo mental, déficits sensoriais ou motores, privação ambiental ou alterações emocionais (Woods, 1985b). • O diagnóstico diferencial inclui: • hipoacusia, retardo mental, privação ambiental, alterações emocionais, defeitos adquiridos na linguagem ou afasias infantis, autismo e o síndrome de Landau-Kleffner. • Existem dois grandes grupos de disfasia de desenvolvimento: • Motora: associado a defeitos articulatórios, apraxia bucofacial e falhas sintáticas na linguagem • Maior frequência • Sensorial: relacionado a falhas na percepção auditiva do linguagem (agnosia auditiva). • Crianças com distúrbios específicos na aquisição da linguagem apresentam organização cerebral anômala: • Menor lateralização da linguagem DISCALCULIA
• A discalculia de desenvolvimento é uma dificuldade de
aprendizado para realizar operações aritméticas, afetando o desempenho escolar, apesar da capacidade intelectual normal. • Crianças com dificuldades específicas em matemática podem ter: • Distúrbios visoperceptuais • Atenção (Ronsenberger, 1989). • Análise tátil de objetos, • mão esquerda, • interpretação de expressões faciais e emocionais (Strang e Rourke, 1985; Rourke, 1987). • Imaturidade funcional do HEMISFÉRIO DIREITO • substrato estrutural subjacente na acalculia. • Os erros típicos das crianças com discalculia são classificados em sete categorias: • Erros na organização espacial • Erros em detalhes visuais; • Erros de procedimento; • Erros grafo motores; • Erros de julgamento e raciocínio; • Erros de memória; • Perseveração (Strang e Rourke, 1985). DISPRAXIA
• Dispraxia refere-se a uma dificuldade no aprendizado de movimentos
elaborados, sem um déficit motor ou sensorial explicativo. • Geralmente, há uma história familiar positiva, indicando que outros membros da família também apresentam uma espécie de torpeza motora, e o paciente exibe um desenvolvimento motor lento (Gubbay, 1985). • Em testes de inteligência, é comum que o coeficiente de inteligência verbal seja superior ao coeficiente de inteligência de execução. • Há atraso no aprendizado de movimentos elaborados, como andar de bicicleta ou subir em árvores, e desempenho fraco em atividades esportivas. • O aprendizado motor geralmente requer mais tempo e treinamento em comparação com crianças normais. • Ao contrário de outros atrasos mencionados, não é obrigatório que a criança consulte um médico ou psicólogo; a torpeza motora tende a melhorar com o tempo, embora nunca atinja uma execução completamente normal. DISPRAXIA
• A tartamudez, também conhecida como disfemia ou gagueira, é um
distúrbio da fluência da fala que se caracteriza por repetições involuntárias de sons, sílabas, palavras ou frases, além de prolongamentos ou bloqueios na produção da fala. • A tartamudez pode variar em gravidade e pode ser mais evidente em situações de estresse, ansiedade ou pressão para falar. • Embora muitas crianças possam experimentar uma fase transitória de gagueira durante o desenvolvimento da linguagem, em alguns casos, essa dificuldade persiste na idade adulta. • As causas da tartamudez podem ser complexas e incluir fatores genéticos, neurológicos, psicológicos e ambientais. • O tratamento pode envolver terapia da fala, terapia comportamental, abordagens psicológicas e técnicas para melhorar a fluência da fala. É importante abordar a tartamudez de maneira compreensiva, considerando os aspectos emocionais e sociais associados ao distúrbio. • Tartamudez ou disfemia é caracterizada por repetições (clônicas) ou prolongamentos (tônicos) de sons em sílabas ou palavras (Rosenfield e Boller, 1985). • Uma forma de tartamudez comum em crianças durante a aquisição da linguagem geralmente desaparece com a maturação e automatização da linguagem. • A tartamudez persistente na idade adulta está relacionada a um defeito no ritmo e na melodia na produção da linguagem. • Prevalência geral de tartamudez na população é de 1% a 2%, mas estima-se que seja de 4%. • As repetições e prolongamentos ocorrem mais frequentemente em elementos nominativos do que gramaticais, nas sílabas iniciais e estão relacionados a certos fonemas. Podem ser acompanhados por movimentos associados (sincinesias), dispneia e sinais autônomos de ansiedade (sudorese, taquicardia, etc.). • A intensidade da tartamudez diminui durante a conversação e pode desaparecer em alguns contextos, como quando o paciente está sozinho. • Cantar geralmente é realizado sem problemas por quem tartamudeia. • A tartamudez na população geral pode estar relacionada ao tipo de língua e, consequentemente, ao tipo de atividade fonoarticulatória utilizada. Em línguas tonais, esse problema é menor do que em línguas indoeuropeias.
Nação tarja preta: O que há por trás da conduta dos médicos, da dependência dos pacientes e da atuação da indústria farmacêutica (leia também Nação dopamina)