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Processo: 440/17.6T8PTL-A.G1
Relator: SANDRA MELO
Descritores: PROCESSO DE INSOLVÊNCIA
LEGITIMIDADE PARA REQUERER A DECLARAÇÃO DE INSOLVÊNCIA
PRESSUPOSTOS DA DECLARAÇÃO DE INSOLVÊNCIA
PREENCHIMENTO DOS PRESSUPOSTOS DA DECLARAÇÃO DE INSOLVÊNCIA
ABSOLVIÇÃO DO PEDIDO
Nº do Documento: RG
Data do Acordão: 02-11-2017
Votação: UNANIMIDADE
Texto Integral: S
Meio Processual: APELAÇÃO
Decisão: IMPROCEDENTE
Indicações Eventuais: 1.ª SECÇÃO CÍVEL
Sumário:
1- O CIRE define, no artigo 20º, quem tem legitimidade, para
além do devedor, para requerer a declaração de insolvência.
decisao
Foi proferida sentença que, fundando-se no disposto no art.
30.º, n.º 5, do CIRE, e face à não oposição do requerido,
considerou reconhecidos, e dessa forma provados, todos os
factos constantes da petição inicial apresentada, considerada
esta como expurgada de todos os factos conclusivos,
genéricos e que encerram conceitos jurídicos ou exposições
de direito – os quais, por economia processual, se deram por
integralmente reproduzidos, aplicando o direito e declarando a
insolvência do requerido.
curso
O presente recurso de apelação foi interposto pelo Requerido,
pugnando para que seja revogada a sentença e julgada a ação
improcedente.
conclusões
Apresenta as seguintes conclusões, que se sintetizam:
alegações,
A Requerente respondeu às alegações da recorrente nas quais
defendeu a improcedência do recuso, sustentando-se,
fundamentalmente, no seguinte:
1 -- da nulidade da sentença;
2 -- da ilegitimidade da Requerente da declaração de
insolvência;
3 -- das consequências da não oposição à insolvência por
parte do requerido (na determinação dos factos e do direito)
4-- verificação dos pressupostos para essa declaração.
1 -- da nulidade da sentença
Alegada a nulidade, devia o tribunal a quo pronunciar-se nos
termos do artigo 617º nº 1 do Código de Processo Civil, o que
não fez.
No entanto, face à simplicidade da questão, nos termos do nº
5 do mesmo artigo, entende-se dispensar a baixa do processo
para a sua apreciação.
O recorrente alega e conclui, para tanto, apenas o seguinte: “O
tribunal "a quo" não fez uma correta apreciação dos
pressupostos para requerer a insolvência em causa, o que
constitui a nulidade estatuída na al. b) do n° 1 do art. 615° do
C.P.C. que se invoca para os devidos efeitos”
A nulidade invocada, estatuída na alínea que o recorrente cita,
ocorre quando o tribunal não especifica os fundamentos de
facto e de direito em que funda a conclusão; afasta-se da
razão que o Recorrente invoca: a errónea apreciação do direito
pelo tribunal a quo.
Com efeito, só pode ocorrer nulidade da sentença por omissão
de pronúncia quando o juiz não toma posição sobre questão
colocada pelas partes, não emite decisão no sentido de não
poder dela tomar conhecimento, nem indica razões para
justificar essa abstenção de conhecimento, e da sentença
também não resulta, de forma expressa ou implícita, que esse
conhecimento tenha ficado prejudicado em face da solução
dada ao litígio; a mesma não é confundível com o erro de
julgamento na aplicação do direito, o qual ocorre quando o
decidido (e especificado na fundamentação, que não é omissa)
não corresponde à realidade normativa.
Enfim, é pacífico que a nulidade da sentença por falta de
fundamentação só ocorre quando não se encontram expressos
motivos para o decidido, não quando se entende que estes
são insuficientes.
Ora, no presente caso a sentença especificou a
fundamentação de facto por remissão, supra transcrita, de
acordo com a norma excecional que o permite nos casos sem
que opera a revelia do Réu e a causa é simples.
E quanto ao direito, é o próprio recorrente que invoca que foi
efetuada a sua apreciação, embora a considere errónea.
Enfim, é aqui aplicável a doutrina exposta no Acórdão do
Supremo Tribunal de Justiça de 02-06-2016, no processo
781/11.6TBMTJ.L1.S1, sendo este e todos os acórdãos
citados sem menção de fonte consultados no portal
www.dgsi.pt “II - Só a absoluta falta de fundamentação – e não
a sua insuficiência, mediocridade ou erroneidade – integra a
previsão da al. b) do n.º 1 do art. 615.º do NCPC, cabendo o
putativo desacerto da decisão no campo do erro de
julgamento”.
Dúvidas não há que não se verifica a nulidade invocada, que
assim se julga improcedente, passando-se de imediato à
apreciação do direito nos pontos objeto deste recurso.
V. Decisão:
Sandra Melo
Heitor Gonçalves
Amílcar Andrade