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Resoluções das atividades HISTÓRIA 2

M
Ó 4 A construção do Estado – Política e economia no Primeiro Reinado; O Período Regencial e os grupos sociais em conflito na
D construção da nação » 1
U 5 Segundo Reinado – Estrutura política, economia e sociedade » 3
L 6 Segundo Reinado – Política externa e decadência » 6
O
S Atividades discursivas » 8

MÓDULO 4 A construção do Estado – Política e 05 D


economia no Primeiro Reinado; A questão aborda o agitado contexto político da década de
O Período Regencial e os grupos sociais 1830 no Brasil. Trata-se do Período Regencial, momento em
em conflito na construção da nação que as elites do Império se dividiram em três grupos políti-
cos para disputar o poder deixado vago pela abdicação de
ATIVIDADES
PARA SALA D. Pedro I. Esses grupos foram os liberais moderados, que
defendiam a centralização do Império no Rio de Janeiro,
mas com proeminência do Parlamento sobre o imperador,
01 D
os liberais exaltados, que defendiam a implementação do
A Constituição de 1824 foi imposta pelo imperador e reflete
programa liberal em sua versão radical, por meio do regime
a elitização política. Seu componente mais importante foi
o voto censitário, ou seja, baseado na renda do indivíduo. federalista, com grande autonomia das províncias, e os
Dessa forma, apenas àqueles que tivessem renda prove- restauradores ou caramurus, um grupo que durou menos
niente da terra – os fazendeiros – ou do comércio (geral- tempo, pois sua principal proposta política era a recondução
mente indivíduos de origem portuguesa) era garantido o de D. Pedro I ao trono − com a morte do antigo imperador,
direito político de votar. esse grupo se dispersou e a maioria de seus representantes
ingressou no partido liberal moderado.
02 B
A questão analisa a atuação de diferentes segmentos sociais 06 A
em um movimento de luta contra um poder centralizador
constituído. Trata-se da Confederação do Equador, em 1824, Considera-se o Ato Adicional uma medida liberal, que pro-
um movimento revolucionário de caráter emancipacionista moveu certa descentralização política no país, e um “divisor
e republicano ocorrido no nordeste do Brasil, em Pernam- de águas”, com a configuração mais explícita dos partidos
buco, e integrando Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Liberal e Conservador. A Regência Una substituiu a R
­ egência
O movimento representou a principal reação contra a ten- Trina, e o ex-ministro da Justiça, Diogo Antônio Feijó, foi o
dência absolutista e a política centralizadora do governo primeiro regente eleito, representando as tendências liberais.
de D. Pedro I (1822-1831), esboçada na Constituição de 1824.

PROPOSTAS
Participaram do movimento várias camadas sociais, mas logo
ATIVIDADES
os latifundiários abandonaram a causa diante da ameaça de
suspensão do tráfico negreiro.
01 E
03 B A manutenção da unidade político-territorial no pós-In-
A questão deve ser respondida com base na interpretação dependência foi garantida pelo fato de D. Pedro, então
das imagens fornecidas. Na primeira, D. Pedro I é retra- príncipe regente, ter comandado o processo independen-
tado durante a Proclamação da Independência rodeado tista e ter adotado a monarquia como forma de governo,
de brasileiros, em uma clara demonstração de liderança
dando início ao Primeiro Reinado. Não só as ordens polí-
popular, ainda que a independência não tenha sido um
tica e territorial foram mantidas: as ordens econômicas e
movimento de caráter popular. Na segunda imagem,
sociais também permaneceram as mesmas, mantendo a
D. Pedro II aparenta calma e tranquilidade, denotando a
escravidão em todo o território.
estabilidade política pela qual seu governo passava.

04 B 02 C
A questão problematiza as agitações políticas que se segui- A questão aponta para a participação dos africanos escra-
ram à abdicação de D. Pedro I em 1831. Dentre os vários vizados no processo de independência do Brasil, em espe-
tumultos citados no texto, a Revolução Farroupilha foi um cial na formação do “Partido Negro” na Bahia, em 1822 e
dos que se estendeu mesmo para além do Golpe da Maio- 1823. A elite branca brasileira tinha medo do “haitianismo”,
ridade e impôs algumas das dificuldades iniciais do reinado ou seja, na luta pela independência do Haiti, os africanos
de D. Pedro II. A Farroupilha foi uma insurreição liderada
escravizados aderiram ao movimento, porém imprimiram
pela elite pecuarista do Rio Grande do Sul, que estava des-
um caráter social muito forte tomando o poder e extermi-
contente com a política do governo central do Império para
os impostos de importação do charque platino. Sentindo-se nando muitos brancos que eram associados à exploração.
lesados pela política tributária do Rio de Janeiro, os líderes Dessa forma, na guerra de independência do Brasil, a par-
da elite gaúcha iniciaram uma revolta armada, que logo se ticipação dos africanos escravizados representava um risco
radicalizou em seu caráter separatista e republicano. aos interesses da elite.

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03 E 07 A
A influência de ideias liberais e o descontentamento local Ainda que menos conhecida pela história tradicional, a
Revolta dos Malês impactou fortemente as elites escravis-
com as políticas de D. Pedro I foram influenciados por
tas do Brasil oitocentista, disseminando um forte medo de
eventos internacionais, como as revoluções ocorridas na que poderia se dar um levante maciço de escravizados no
Europa no mesmo período. Aclamado como um herói Império − não muito diferente do que acontecera déca-
contrário ao Antigo Regime português, o imperador, em das antes no Haiti. A Revolta dos Malês foi uma insurreição
menos de dez anos, passou a ser identificado com as for- organizada por uma nação de escravizados africanos, os
ças da Restauração que, na Europa, tentavam implementar malês, que tinham laços culturais, políticos e identitários
muito fortes entre si. A maior solidariedade cultural deste
as diretrizes do Congresso de Viena e desfazer as transfor-
grupo, bem como algumas particularidades (como uma
mações da Revolução Francesa. elevada taxa de alfabetização em árabe dentre os escra-
D. Pedro cometera várias ações que permitiram essa crítica, vizados dessa nação), permitiram que o levante fosse pla-
de uma reaproximação com o absolutismo, como a disso- nejado e executado em suas primeiras fases. Ainda que os
lução da Constituinte de 1823 e a outorga de uma Consti- malês tenham se revoltado contra a imposição do catoli-
tuição autoritária em 1824, que lhe dava plenos poderes ao cismo, uma vez que sua identidade muçulmana não dei-
xava muito espaço para soluções sincréticas, como ocorria
encarregá-lo do Poder Moderador, além de sua intervenção
com as demais religiões africanas, o objetivo da Revolta
na disputa dinástica portuguesa, dentre outras. foi mais amplo: derrubar a escravidão e impor um governo
dos negros na cidade da Bahia. A Revolta foi rápida e
04 E cruelmente sufocada pelas autoridades senhoriais.
O Primeiro Reinado foi marcado pelo confronto entre
08 B
portugueses partidários do imperador, que governava de
A Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha eclodiu
forma autoritária e centralizada com base na Constituição
no Rio Grande do Sul devido à diminuição dos impostos
outorgada, e brasileiros, que faziam oposição ao monarca
para importação de charque da Argentina, o que preju-
e utilizavam diversas formas de pressão para retirar o dicava os produtores gaúchos. Entre as exigências dos
monarca do poder. revoltosos estava a separação de Brasil e Portugal.

05 C 09 A
A intervenção autoritária de D. Pedro I na Assembleia A questão problematiza a instituição da Guarda Nacional
Constituinte ocorreu na chamada Noite da Agonia, expres- durante o Período Regencial, questionando as razões para
sua permanência para muito além deste momento ini-
sando a grande insatisfação do monarca com os rumos
cial. Se a Guarda Nacional foi instituída para substituir as
tomados pelos deputados na elaboração da Carta Cons- antigas forças militares locais, que datavam da colônia e
titucional. Rompendo sua aliança com as elites das pro- tinham origem na organização portuguesa do militarismo,
víncias que apoiaram sua proclamação de independência, ela rapidamente se harmonizou às desigualdades sociais
D. Pedro buscou instalar um regime autoritário, mais pró- e políticas que conformavam a sociedade brasileira, ser-
ximo do absolutismo do que desejavam as elites liberais vindo de instrumento para a manutenção dessas desi-
do país. A partir de então, as críticas do Partido Brasileiro gualdades. Como afirmam as historiadoras Lília Schwarcz
e Heloísa Starling, a Guarda Nacional foi uma instituição
ao imperador apenas cresceriam, resultando, primeira-
conservadora, o que significa que ela servia aos interesses
mente, no movimento separatista no Norte, a Confedera- de conservação do status quo das elites locais, superando
ção do Equador, e, depois, na crise que desembocou na as divisões políticas nacionais momentâneas. Foi por essa
abdicação em 1831. razão, por servir de instrumento para conservação do
poder dos senhores locais de escravizados e de terras,
06 D que a Guarda Nacional foi preservada ao longo de todo o
século XIX, inclusive durante a República.
O quadro Independência ou morte, também conhecido
como O grito do Ipiranga, foi produzido pelo pintor bra- 10 E
sileiro Pedro Américo, em Florença, encomendado por Ao ler o texto, é necessário saber e lembrar que tais mudan-
D. Pedro II, e concluído em 1888. O imperador era visto ças foram realizadas pelo Ato Adicional, conjunto de leis de
como grande incentivador da cultura e das artes e, nesse 1834 que promoveu alterações na Constituição do país. Tais
momento, investia na construção do Museu do I­piranga, medidas pretendiam reduzir a centralização da estrutura
política e, para muitos historiadores, representaram uma
hoje denominado Museu Paulista. É um quadro simbó-
“experiência republicana”, pois garantiam alguma autono-
lico, que exalta um determinado evento, a P­ roclamação mia às províncias e estabeleciam a eleição do governante,
da Independência, destacando a figura do realizador no com mandato definido, em um modelo que se assemelhava
centro da tela. ao existente nos Estados Unidos.

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11 E 03 B
Apesar de a Guarda Nacional ser formada por cidadãos A questão remete ao Segundo Reinado (1840-1889) e ao
comuns, ela não expressava uma vontade popular. Sua cria- longo governo de D. Pedro II, que assumiu o trono com
ção e formação foram baseadas em uma vontade exclusiva 15 anos incompletos após o caos político e social do
do governo, partindo da necessidade de combater as amea- Período Regencial (1831-1840). O retorno da monarquia
ças locais no Período Regencial. A liderança era entregue à era visto por muitos como a possibilidade de restaurar
elite latifundiária, cujos líderes recebiam o título de coronel a ordem social. O jovem imperador consolidou a ordem
da Guarda Nacional e deviam combater rebeliões locais. aristocrática-latifundiária-escravista e criou o parlamen-
­
tarismo no Brasil, em 1847, inspirado no modelo inglês,
12 A para buscar a estabilidade política por meio da acomo-
O texto chama atenção para o forte caráter de insatisfação dação no poder de representantes dos partidos Liberal e
popular com os jogos de poder disputados pelas elites desde ­Conservador. Daí a sucessão de 36 gabinetes, um verda-
o processo de independência do país. A presença de um com- deiro rodízio político entre os dois partidos. Vale lembrar
ponente de mobilização popular em todas as muitas revoltas que estes apresentavam posicionamentos semelhantes,
do Período Regencial demonstra um sentimento generali- ou seja, não havia tantas diferenças ideológicas entre eles.
zado de desgosto com o modo como o Estado estava sendo
construído. Dentre as revoltas do período, algumas tiveram 04 C
um caráter popular mais acentuado do que outras. Elas foram A partir da vigência da Lei Eusébio de Queirós, em 1850,
a Cabanagem, no Pará, a Balaiada, no Maranhão, e a Revolta os cafeicultores brasileiros começaram a sofrer com a dimi-
dos Malês, em Salvador. Note-se que foram movimentos nuição da mão de obra escravizada africana no Império. O
desencadeados ou em regiões bastante periféricas do Impé- governo, então, decidiu subsidiar a vinda de trabalhado-
rio, com poucas possibilidades econômicas para a maioria da res imigrantes europeus para trabalharem nas lavouras de
população, ou foram reações diretas ao sistema escravista. café do Brasil.

MÓDULO 5 05 D
Segundo Reinado – Estrutura política,
economia e sociedade No Segundo Reinado, o capital político deste grupo não
correspondia ao seu capital econômico; quer dizer, não

PARA SALA
obstante a grande riqueza amealhada pelos cafeicultores
ATIVIDADES
de São Paulo, eles ainda não dispunham do poder polí-
tico, em nível nacional, que julgavam que lhe deveria cor-
01 A responder. Isso porque a aristocracia cafeicultora do vale
O historiador relatou uma crítica do escritor José de Alencar do Paraíba, com laços mais tradicionais de conexão com a
ao modo como as elites imperiais negociavam e decidiam Corte do Rio de Janeiro, impedia a ascensão política dos
as questões nacionais. Por meio da anedota sobre os senho- paulistas. Entre vários outros recursos, um dos que foram
res que devoravam chocolate, o escritor ressaltava como utilizados pelos paulistas nesse momento foi fazer um uso
os interesses particulares prevaleciam sobre os públicos e político exploratório de algumas passagens da história
nacionais nas preocupações dos representantes das elites. O da província de São Paulo, em particular do movimento
exemplo maior disso foram, nas palavras de José de Alencar, bandeirante. Assim, a elite paulista do século XIX voltou
as negociações para a efetuação do Golpe da Maioridade. seus olhos para seus antepassados seiscentistas e realizou
Aos políticos do Império, pouco interessava se o príncipe uma reescrita de sua história que produzisse capital sim-
tinha condições de assumir o trono e se passar o poder a bólico suficiente para adquirir maior influência política no
um adolescente seria prejudicial à nação. Para eles, impor- Império. Os sertanistas do século XVII foram reimaginados
tava somente a realização de um interesse político particular como senhores nobres, cujas supostas façanhas teriam sido
momentâneo, que, no caso, era encontrar alguma forma de cruciais para a história da nação brasileira. Deve-se lembrar
derrubar os regressistas do poder, mesmo que, para tanto, que, naquele momento de meados do século XIX, o Estado
fosse necessário passar por cima da legalidade. Uma tal rela- imperial se esforçava por criar uma história nacional para o
ção particularista e patrimonialista entre as elites nacionais e Brasil, dando base à identidade nacionalista moderna de
o Estado tem sido um traço constante das culturas políticas “brasileiro”, de modo que a estratégia paulista se integrou
brasileiras desde o Império e ao longo do século XX. bem à política imperial, angariando dividendos políticos e
simbólicos importantes para a elite paulista durante todo o
02 B restante do século XIX e mais além.
Como D. Pedro I renunciou quando Pedro de Alcântara
tinha apenas 5 anos, o futuro imperador precisou ser pre- 06 B
parado, desde cedo, para assumir o trono. Assim, uma das O café foi, durante todo o período retratado, o principal
estratégias adotadas para mostrar que ele tinha preparo produto de exportação e grande responsável pela entrada
para o futuro cargo era trabalhar sua imagem como a de de divisas no Brasil – mesmo nos períodos em que houve
um homem mais velho. déficit. O tráfico de escravizados foi abolido em 1850, não

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no final do século. A Tarifa Alves Branco, protecionista, difi- ainda durante a Regência, com a vitória dos regressistas, e,
cultou o ingresso de produtos estrangeiros no Brasil, fato depois, de modo mais acentuado, com o Golpe da Maio-
que não impediu a importação e não superou a situação ridade, a ascensão de D. Pedro II e sua política sagaz de
deficitária da época. No momento de gastos militares mais centralização do poder por meio da adoção do falso parla-
elevados – a Guerra do Paraguai, entre 1864 e 1870 –, o país mentarismo brasileiro. Daí que, em meados do século XIX, a
teve superávit. cidade do Rio de Janeiro consolidava-se como centro admi-
nistrativo, político e econômico do Império.
ATIVIDADES
PROPOSTAS 03 D
Enquanto o Partido Conservador era composto pela par-
01 C cela mais tradicional da elite proprietária, por magistrados
A Revolução Praieira de 1848 foi a última insurgência contra e a elite do funcionalismo público (logo, com profundos
o poder centralizado no Rio de Janeiro durante o período laços com o aparelho do Estado), além da elite econômica
imperial. Ela também manteve relações com os movimen- ligada ao grande comércio internacional, o Liberal era
tos revolucionários que, no mesmo ano, agitavam profunda- composto por setores secundários das elites agrárias (oli-
mente a Europa da Restauração, os quais ficaram conheci- garquias de regiões menos tradicionais e ainda desconec-
dos como Primavera dos Povos. Não obstante as conexões tadas do comércio internacional) e pela pequena classe
nacionais e internacionais da Praieira, não se pode com- média intelectualizada urbana, como profissionais liberais,
preender este movimento sem estudar-se a dinâmica polí- sacerdotes seculares e professores. Essas diferenças se
tica local da província de Pernambuco. Em 1842, alguns converteram em projetos políticos distintos. Para os con-
membros do Partido Liberal se rebelaram na província, fun- servadores, mais atrelados ao poder central, convinha a
dando o Partido Nacional de Pernambuco, também conhe- preservação e o fortalecimento do unitarismo, da unidade
cido como Partido da Praia, devido à localização do jornal nacional, centralizada em um governo imperial forte no Rio
Diário Novo, porta-voz desse novo partido mais radical. Em de Janeiro. Por outro lado, para os liberais, que buscavam
1848, o governo imperial destituiu da Presidência da Provín- a ascensão política e tomar o controle do Estado, interes-
cia um líder do Partido da Praia, que se opunha à tradicional sava mais um sistema político que concedesse maiores
aristocracia açucareira, afiliada ao Partido Conservador. Vale poderes às províncias (onde eles tinham mais força), enfra-
ressaltar que as principais lideranças do Partido da Praia quecendo e descentralizando o governo imperial. Por isso,
provinham de famílias recentemente enriquecidas, que não os liberais defendiam o federalismo. Porém, não se deve
dispunham do capital político da aristocracia tradicional e, esquecer que, para além destas diferenças maiores, na
por isso mesmo, disputavam o poder com ela. Ainda em prática política cotidiana, conservadores e liberais se asse-
1848, os conservadores iniciaram uma ofensiva contra os melhavam grandemente, pois todas as facções buscavam
praieiros, destituindo-os de seus cargos no governo provin- seus interesses particulares, pouco se preocupando com o
cial − o que acabou desencadeando uma resposta violenta interesse público e coletivo do Estado e da nação.
do Partido da Praia, iniciando o movimento insurrecional.
04 A
02 C
O imperador deveria ser consagrado como um referencial
O historiador José Murilo de Carvalho relaciona o cresci-
para os brasileiros, encaixando-se na estratégia elitista de
mento demográfico e econômico da cidade do Rio de
condução das massas, ou, ainda, na tentativa de se criar
Janeiro à consolidação de sua posição como centro político
um símbolo nacional, na condição de um rei que já nasce
e econômico do país. É verdade que a cidade se tornara
transportando tradições europeias, servindo evidente-
capital política e administrativa do Brasil ainda no século
mente à aristocracia como instrumento para manutenção
XVIII, portanto, ainda durante a Colônia, como parte de
de poderes e pacificação social.
uma estratégia da Coroa portuguesa para tentar coibir o
contrabando do ouro de Minar Gerais. Contudo, o prin-
cipal das atividades econômicas e a sede das elites mais 05 A
influentes ainda estavam nas capitanias do Norte, principal- No trecho presente na questão, a autora argumenta que a
mente Bahia e Pernambuco − dada a posição destacada construção da figura idealizada do indígena como símbolo
que o açúcar ainda mantinha na folha de exportações bra- do nacionalismo brasileiro, uma parte do projeto estético
sileiras. Essa situação só começou a mudar com a expansão romântico, foi também um instrumento político da monar-
da atividade cafeeira nas províncias do Centro-Sul, Rio de quia do Segundo Reinado e das elites cariocas a ela ligadas.
Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, seguindo a linha do Vale Na década de 1840, o Império ainda se recuperava da ins-
do Rio Paraíba. O crescimento vertiginoso das exportações tabilidade e das revoltas do período regencial; o medo da
de café para a Europa e para os Estados Unidos deslocou o fragmentação política e territorial era vívido para os grupos
eixo econômico do Império para as proximidades da capi- que dominavam o Estado. Assim, fez-se necessário tecer
tal. Paralelamente a esse processo, ocorria o fortalecimento políticas culturais capazes de fomentar um certo sentimento
político do governo central do Rio de Janeiro, inicialmente de identidade nacional vinculado ao projeto conservador,

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centralista e autoritário ligado ao Estado e às elites. Nesse 09 B


projeto de identidade nacional, era necessário suprimir os A questão trabalha as transformações econômicas e sociais
conflitos raciais, por mais agudos que fossem na sociedade sofridas pela sociedade brasileira durante o Segundo Rei-
escravista de então, e as identidades locais e regionais. A nado. Referindo-se principalmente aos modos de organi-
idealização do indígena mostrou-se um instrumento efi- zação da mão de obra urbana e rural no período, espe-
ciente na construção da identidade nacional brasileira nes- cialmente após 1850, marco do fim do tráfico atlântico de
ses termos, uma vez que era figura presente em todas as pessoas escravizadas e da promulgação da Lei de Terras,
regiões e, ao ser idealizado e ocidentalizado, era resgatado os documentos apresentados pontuam o processo de
da condição de pária social e emprestava ares de autentici- declínio do sistema escravista nas cidades e no campo. Por
dade e originalidade à cultura brasileira do período. meio das fotografias reproduzidas, percebe-se a existência
de trabalhadores livres e escravizados atuando lado a lado
06 E nas ruas do Rio de Janeiro, o que sinaliza também para o
crescimento da oferta de postos de trabalho assalariados
A xilogravura oitocentista e o texto da antropóloga Lília na capital, uma consequência do processo de moderniza-
Schwarcz mostram uma deliberada atitude política na ção experimentado pelas grandes cidades do país (espe-
confecção da representação do imperador D. Pedro II. cialmente aquelas ligadas à cafeicultura, como São Paulo e
Os elementos tropicais idealizados presentes na xilogra- a Corte). O ofício da Câmara Municipal de Três Pontas, por
vura, com destaque para o indígena que coroa o impe- sua vez, aponta a decadência da oferta de trabalhadores
rador (simbolizando a submissão das culturas nativas ao escravizados na zona rural, uma consequência do fim do
poder ocidentalizado do Império), buscam suscitar um tráfico e da maior atração das cidades. Os dois registros
sentimento nacionalista, em bases supostamente originais comprovam, portanto, a decadência do sistema escravista
brasileiras, com o fim de obscurecer a origem portuguesa, na sociedade imperial após 1850.
colonizadora, patriarcal e racista do Estado brasileiro e do 10 D
projeto de poder daqueles que o ocupavam no período.
A canção pretende expressar algo da sensibilidade dos
imigrantes italianos, alemães, espanhóis e portugueses
07 E que vieram ao Brasil com a esperança de “fazer a Amé-
Havia diversas atividades realizadas pelas pessoas escravizadas rica”. Este era o sonho de conseguir enriquecer rapida-
tanto no mundo rural quanto no urbano. Havia os escravi- mente no que pensavam ser uma terra com mais oportu-
zados de ganho e os escravizados de aluguel, e existia uma nidades que a Europa marcada por guerras e pela miséria
diferença entre essas duas modalidades de escravidão. da expansão capitalista. A realidade histórica brasileira, a
Escravizado de ganho era obrigado a dar boa parte do que partir de meados do século XIX, convidava a instalação de
arrecadava para seu dono, enquanto os escravizados de alu- imigrantes para trabalharem nas novas lavouras de café
que se espalhavam pelo Oeste da província de São Paulo,
guel eram alugados diretamente por seus senhores ou por
as quais procuravam substituir a mão de obra escravizada
intermédio de agências locadoras. Os escravizados de ganho
pela assalariada. Tanto que partiram da elite cafeicultora
poderiam juntar algum dinheiro para comprar sua carta de
de São Paulo as primeiras políticas públicas para subsidiar
manumissão ou alforria. a vinda de imigrantes europeus, mais tarde suplementadas
por políticas nacionais do governo central. Porém, poucos
08 A imigrantes realizariam o sonho de enriquecimento e de se
A fotografia utilizada na questão, de uma mulher negra tornarem proprietários de terra, pois a recém promulgada
escravizada que exercia o ofício de ama de leite no Brasil Lei de Terras colocou a propriedade fundiária muito além
de meados do século XIX, apresenta diversos indícios da das capacidades dos trabalhadores pobres, que se viram
posição ambígua ocupada por algumas pessoas escravi- submetidos a relações de trabalho análogas à escravidão
nas fazendas de café − o que acabou determinando a ins-
zadas naquela sociedade. A ambiguidade vem do exercí-
talação da maioria dos imigrantes nas maiores cidades do
cio de um ofício doméstico, particularmente do de ama
Império, especialmente São Paulo e o Rio de Janeiro.
de leite, o qual posicionava os escravizados no seio das
famílias proprietárias. Por estarem imersos na família, as 11 C
relações de violência e autoritarismo típicas da escravidão
Com a proibição definitiva do tráfico internacional de
se misturavam e confundiam com as relações afetivas e
africanos escravizados em 1850, com a Lei Eusébio de
paternalistas; portanto, comportando formas específicas Queirós, a questão servil se colocou como crucial para
de violência, inclusive sexual e de gênero, e autoritarismo, a economia cafeeira, então em fase de expansão para o
típicas das famílias tradicionais na cultura brasileira. Assim, Oeste da província de São Paulo. Para solucionar a crise
a proximidade entre a ama e o jovem senhor, presente na do escravismo, os cafeicultores paulistas, com apoio dos
foto, não esconde de todo a hierarquia social que os sepa- governos provincial e imperial, estimularam a imigração
rava e os distinguia, a qual fica implícita na fotografia. europeia, cujos trabalhadores brancos e pobres serviriam

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às lavouras de café, substituindo o braço escravo. Inicial- responsável pela guerra, isentando o lado brasileiro de res-
mente, os imigrantes europeus foram admitidos segundo o ponsabilidades pela violência. A segunda charge tem uma
sistema de parceria, dentro do qual ficavam imediatamente temática diferente, abordando uma das consequências
submetidos ao cafeicultor pela dívida que contraíram logo sociais da participação brasileira no conflito. Seu objetivo
de saída como ajuda de custo para a viagem da Europa ao era ressaltar a contradição social entre a grande participa-
Brasil. A dívida prendia os parceiros europeus às fazendas ção de soldados negros, africanos, descendentes de africa-
de café e os submetia a condições de trabalho análogas à nos, escravizados ou libertos, e a manutenção do sistema
escravidão – vale dizer que as dívidas dos imigrantes ten- escravista, obrigando os “heróis da pátria” a retornarem
diam só a aumentar, pois recebiam baixos salários e precisa- para suas famílias escravizadas ao fim do conflito. Assim, o
vam comprar produtos necessários à sua subsistência, e de objetivo da segunda charge era muito claramente estimular
sua família, em armazéns das fazendas, que também eram o debate abolicionista no país, contribuindo para o fim do
de propriedade do senhor. trabalho escravizado no Brasil.

12 A
04 B
A questão aponta para o surgimento das ferrovias no A Questão Religiosa, que envolveu o clero e o imperador,
século XIX vinculado à Revolução Industrial inglesa. Essas representou um momento de ruptura não radical entre o
ferrovias representavam o progresso, fundamental para Estado monárquico e a Igreja Católica. Desde então, os
transportar produtos e dispensar o transporte de animais membros da elite religiosa no Brasil se afastaram da polí-
como mulas e burros. No caso do Brasil, no século XIX, a tica imperial, sendo que muitos membros do baixo clero
expansão da economia cafeeira necessitava escoar a pro- teciam críticas abertas ao governo. A origem dessa indis-
dução do interior das fazendas para o Porto de ­Santos. Por posição entre Estado e clero está relacionada ao des-
parte da Inglaterra, pioneira na Revolução Industrial, havia cumprimento da Bula Syllabus, que proibia a presença de
o interesse no financiamento, com a exportação de bens maçons em cerimônias católicas, por parte de D. Pedro II.
de capital para diversos lugares do mundo.
05 B
MÓDULO 6 Segundo Reinado – Política externa e A letra da música reflete uma concepção tradicional da
decadência abolição da escravidão, segundo a qual a alforria foi uma
dádiva da princesa Isabel aos escravos. Valoriza um ato

PARA SALA
ATIVIDADES heroico e de bondade da governante, visão predominante
na historiografia tradicional. Nas últimas décadas, a aboli-
ção passou a ser entendida como parte da luta de escra-
01 E vos e abolicionistas e das contradições do próprio modelo
Na formação dos Voluntários da Pátria para compor o escravocrata no contexto de expansão do c­ apitalismo.
Exército brasileiro que lutaria na Guerra do Paraguai, mui-
tos senhores acabaram convencendo seus escravizados a
06 E
se alistarem em seus lugares em troca da alforria.
O texto presente no enunciado trata de algumas práti-
02 D cas culturais que fizeram parte da ampla campanha abo-
licionista durante o período final do Segundo Reinado.
Os dois textos divergem quanto aos motivos da guerra,
Tratava-se de realizar ações, no caso, um sarau literário,
pois o segundo texto apresenta uma crítica ao primeiro,
bastante comum no século XIX, que angariassem fundos
ao considerá-lo “ideológico” e sem base documental.
para promover a causa da abolição, identificada pelo obje-
É importante lembrar que, se a História é uma ciência
tivo expresso de que o dinheiro reunido seria usado para
humana, passível de interpretações diferentes, em que as
“comprar liberdades” e “convencer os donos de escravos
ideologias têm, naturalmente, visões distintas, ela deve ser
a fazerem alforrias gratuitamente”.
escrita com base documental.

PROPOSTAS
03 D
ATIVIDADES
As charges reproduzidas no enunciado foram veículos de
divulgação de dois discursos sobre a Guerra do Paraguai
e suas consequências para a sociedade brasileira. Com a
primeira delas, tratava-se de estimular o nacionalismo bra- 01 B
sileiro e o apoio da opinião pública à participação do Impé- A questão aborda o movimento de revisão da historiogra-
rio no conflito. Esse efeito era atingido pela representação fia brasileira que se deu a partir das últimas décadas do
de Solano López, o ditador paraguaio, em cores extrema- século XX. Um dos traços dessa revisão foi o questiona-
mente negativas, associando-o à violência e à mortandade. mento do culto aos supostos heróis da pátria consagrados
Desse modo, o líder paraguaio era representado como o pela historiografia tradicional. O trecho do hino a Caxias

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reproduzido no enunciado demonstra como a exaltação o Exército Brasileiro foi em grande parte improvisado,
ao duque era um dos elementos de um programa de quando a guerra estourou. É preciso lembrar que, desde
elaboração de uma identidade nacional conservadora e 1831, a força militar principal para as elites brasileiras era
autoritária. A historiografia crítica, ao contrário, procurou a Guarda Nacional, o que resultara na flagrante precariza-
ressaltar a participação popular na história, ouvindo as ção do Exército, que se tornara uma corporação de pouco
vozes dos sujeitos antes esquecidos e silenciados pela his- prestígio. Daí os soldados terem que ter sido recrutados
toriografia oficial. Desse ponto de vista, a figura de Caxias autoritariamente entre os grupos mais marginalizados da
perdeu importância frente aos soldados anônimos que sociedade, como prisioneiros, escravizados, indígenas, até
realmente combateram na Guerra do Paraguai. mesmo mulheres e crianças pobres, os quais não puderam
se defender de um recrutamento “voluntário” à força.
02 A
A charge de Agostini aponta para a situação de contra- 05 C
dição social evidente vivenciada pelos soldados africanos O historiador Francisco Doratioto trata das discussões his-
ou mestiços recrutados compulsoriamente para lutar na toriográficas a respeito das causas geopolíticas da Guerra
guerra nos batalhões dos Voluntários da Prata – os quais
do Paraguai. Enquanto uma historiografia de vertente mar-
não eram em nada voluntários, uma vez que a maioria era
xista afirmara, a partir da década de 1970, o papel pre-
de origem escrava. Esses soldados receberam a promessa
ponderante da Inglaterra como força subterrânea de estí-
da alforria ao fim do conflito, tendo sido essa a principal
razão para seu aceite de ir para a guerra. Todavia, a contra- mulo ao conflito, a historiografia revisionista das décadas
dição do sistema escravista se evidenciou com o retorno mais recentes teria tido uma percepção diferente. É pre-
desses soldados após o conflito, uma vez que seus familia- ciso, contudo, ter em mente que a historiografia marxista
res não se beneficiavam do direito de liberdade adquirido levantou sua hipótese em reação à historiografia oficial,
pelo recruta. Após terem participado de uma instituição de caráter positivista e militarista, que aceitava apenas a
ligada à ordem e ao poder imperial (as Forças Armadas), versão oficial do Estado brasileiro como explicação para o
os soldados não aceitaram a indignidade da escravidão conflito. Assim, na década de 1970, tratava-se de procurar
para parentes próximos. Como resultado, parcelas signifi- outras vias para a compreensão deste processo histórico.
cativas das Forças Armadas, após a Guerra do Paraguai, se Essa busca culminou nas propostas revisionistas que, a
colocaram contra a escravidão. partir de extensa pesquisa documental em um arcabouço
variado de fontes oitocentistas, levantou a hipótese mais
03 A provável de que as raízes da guerra deveriam ser busca-
A questão aborda uma das consequências da Guerra do das na história da dinâmica geopolítica da bacia do Rio
Paraguai para a ordem política brasileira. Como sugere o da Prata, retrocedendo as origens do conflito até o século
texto presente no enunciado, Solano López, o presidente XVIII e as disputas entre Portugal e Espanha pelo controle
paraguaio, dependia de uma vitória rápida e fulminante da região, a que sucederam as guerras entre Brasil, Argen-
contra os exércitos da Tríplice Aliança, especialmente con- tina, Uruguai e Paraguai pela demarcação das fronteiras
tra as forças de Argentina e Brasil. Comparados ao Paraguai, platinas e pelos direitos de navegação dos rios da região.
esses dois países assomavam como gigantes, não só pela
maior extensão territorial, como por possuírem economias 06 A
bastante mais fortes (embora ambos estivessem distantes
Além de a guerra ter durado mais do que o esperado, a
da posição de potências internacionais). Assim, o Paraguai
se lançou a uma campanha incisiva e agressiva, o que impôs adesão ao Corpo de Voluntários não foi tão grande quanto
desafios ao desorganizado e precário Exército Brasileiro. o governo imperial imaginava, o que o levou a adotar
Contudo, o prolongamento do conflito permitiu que as For- medidas de alistamento obrigatório e/ou forçado, com
ças Armadas brasileiras se organizassem, até certo ponto se escravizados, condenados e homens comuns sendo leva-
profissionalizassem e conquistassem, por fim, uma vitória dos à força para compor os batalhões.
sobre o Paraguai. Como consequência, o Exército Brasileiro
saiu da guerra muito maior do que entrara, não somente em 07 B
termos quantitativos, mas, principalmente, qualitativos − e A questão faz uma crítica ao Poder Moderador, instituído
com o prestígio em alta. Daí os generais e marechais bra- na Constituição brasileira de 1824. Resguardado por esse
sileiros terem pretendido desempenhar um protagonismo poder, o imperador poderia interferir nas demais esferas
político até então inédito na história do Brasil. públicas, ou seja, trata-se de perceber como o constitu-
cionalismo da monarquia era de fachada, sendo o abso-
04 D lutismo (presente no Poder Moderador) o ponto central
O relato do visconde de Taunay, um importante historia- do regime. Essa Constituição foi muito centralizadora,
dor do período imperial, mostra o caráter precário e anár- desagradando as elites locais. No mesmo ano em que a
quico do Exército Brasileiro durante a Guerra do Paraguai. Carta foi outorgada, ocorreu a Confederação do Equador
O retrato de soldados desorientados, ébrios, dispersos em Pernambuco, que possuía caráter separatista e repu-
e violentos sugere fortemente a não profissionalização blicano. Muitas críticas foram feitas a essa Constituição,
das tropas nacionais. Como sugere a alternativa correta, como sugere o Manifesto Republicano de 1870.

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08 D ATIVIDADES
A questão trata de uma doutrina política que foi muito forte
no Brasil a partir da segunda metade do século XIX: o repu-
blicanismo positivista. O positivismo foi uma corrente filo-
sófica criada pelo filósofo francês Auguste Comte, sendo
caracterizada por uma visão bastante ordeira da sociedade. Módulo 4
Pautado pelo método científico das ciências naturais,
01 a) A
 imprensa era uma novidade na década de 1820,
Comte pensava que a sociedade, em seu desenvolvimento
porque ela somente fora introduzida no Brasil com a
histórico, era guiada por leis naturais, tal como o era a natu-
transferência da Corte para o Rio de Janeiro em 1808,
reza. Em um espírito iluminista, o positivismo defendia que
essas leis que ordenam a sociedade a conduziriam, inevita- quando D. João instalou a imprensa régia e foi criada a
velmente, ao progresso. Assim, a historicidade das socie- Gazeta do Rio de Janeiro.
dades humanas era discernível à mente racional por meio b) Como dimensões de permanência da ordem colonial na
da compreensão de suas leis e do seu sentido histórico, nova nação brasileira (que se construía então), podem
isto é, da direção que tomava o desenvolvimento. Essa ser citados a manutenção da escravidão, a persistência
direção era rumo a um estágio positivo da humanidade, de uma economia agrária e direcionada aos mercados
um momento de plena liberdade e desenvolvimento eco- externos e o predomínio de uma elite senhorial con-
nômico, caracterizado politicamente pelo regime republi- centradora de terras. Porém, alguns fatores apontavam
cano. De modo que a monarquia era, para os positivistas, para mudanças, sendo o principal deles a conquista da
uma figura do passado da humanidade, destinada, pelas Independência política em relação a Portugal, o que
leis positivas da sociedade humana, a ser superada em permitiu uma inserção direta do Brasil no mercado
razão da ordem e do progresso da humanidade. internacional. Nas principais cidades, especialmente no
Rio de Janeiro, também se observavam transformações
09 D nos modos de vida, com maiores influências estrangei-
A questão aborda a existência de dois importantes qui- ras, principalmente inglesas. Assim, entre fortes perma-
lombos em épocas diferentes da história do Brasil. Trata-se nências e algumas transformações, a Ordem Nacional
do quilombo de Palmares, erguido no Período Colonial, e começou a ser construída no Primeiro Reinado, con-
do quilombo de Jabaquara, erguido durante o Segundo tudo, com forte instabilidade política, o que ocasionaria
Reinado. Como os textos afirmam, ambos os quilombos a abdicação de D. Pedro I em 1831.
resistiram às investidas do poder estatal, ainda que não
indefinidamente. Fica evidente, também, que no Segundo 02 O período regencial foi marcado por instabilidade política e
Reinado existia uma rede de quilombos ajudados por social em todo o Império. A ausência do imperador suprimia
defensores da causa abolicionista, como André Rebouças. o elemento de autoridade unificadora de todo o território e
dos vários grupos sociais e políticos rivais. Essa instabilidade
10 E foi reforçada pelas medidas descentralizadoras do início do
Os relatos evidenciam a participação da população Período Regencial, que deram maior autonomia às provín-
na formação do movimento abolicionista brasileiro. cias. Finalmente, a eclosão de várias revoltas – populares
Nessa participação, algumas lideranças se destacaram, e elitistas – em diversos pontos do território puseram em
e os textos evidenciam suas principais ideias, como a xeque a manutenção de um império continental unificado,
indignação com a segregação social e o inconformismo centralizado no Rio de Janeiro, e escravista.
ante o preconceito racial.
03 a) De acordo com o historiador José Murilo de C ­ arvalho,
11 E a Cabanagem contrastava com a Farroupilha porque
A antropóloga Lilia Moritz Schwarcz aponta, neste trecho, extrapolou os limites das elites, adquirindo forma de
para algumas ambiguidades do movimento abolicionista bra- uma revolta popular, em que os grupos pobres e margi-
sileiro. Embora os abolicionistas, que eram profissionais libe- nalizados (os cabanos, populações ribeirinhas do Pará)
rais, intelectualizados, membros das classes médias urbanas, tomaram a frente dos acontecimentos. Na Revolta dos
defendessem a libertação dos escravizados do cativeiro, eles Farrapos, não houve essa guinada popular nos acon-
mesmos tinham medo que os libertos, negros ou mestiços, tecimentos; a revolta manteve-se, todo o tempo, con-
liderassem uma revolução no país, subvertendo a ordem bur- trolada e protagonizada pelos estancieiros, os grandes
guesa e branca. Por isso, os abolicionistas defendiam o fim proprietários rurais e escravistas no Rio Grande do Sul.
lento e gradual da escravidão. b) A eclosão das várias revoltas provinciais pôs em risco
a continuidade da unidade política e territorial do
12 C Império brasileiro, uma vez que puseram em cena
­
A Conjuração Baiana inspirava-se na Revolução Francesa elementos e reivindicações locais por autonomia das
e nas ideias iluministas; além de defender a ruptura com províncias, opostas às demandas da Corte do Rio de
Portugal, pretendia realizar a implantação da República e Janeiro, chegando, em alguns casos, a proporem a
a abolição da escravidão, reforçando seu caráter popular. separação do Império. A derrota das revoltas contribuiu

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para a consolidação do projeto centralista do Império, 02 a) Castro Alves representou, violentamente, a persistência
comandado pelas elites latifundiárias e escravistas. da escravidão no Brasil imperial, denunciando a cruel-
c) A principal insatisfação das elites regionais era o centra- dade dessa instituição, em particular a violência da traves-
lismo, ao redor do Rio de Janeiro, da estrutura política sia do Atlântico e dos castigos físicos que os escravizados
imperial. Contra a submissão à Corte, defendiam a maior sofriam.
autonomia das províncias. A Revolta dos F ­ arrapos, espe- b) A denúncia de Castro Alves se insere no movimento
cificamente, ligou-se ao descontentamento dos estanciei- abolicionista que, nas últimas décadas do século XIX,
ros contra os altos impostos cobrados sobre o charque e lutou pelo fim da escravidão no Brasil. A abolição, con-
os demais produtos sul-rio-grandenses. tudo, foi um processo gradual, desencadeado na esfera
Módulo 5 jurídica pelo fim definitivo do tráfico de escravizados
em 1850, a que se seguiram várias leis que minavam a
01 a) Segundo o texto, no Brasil oitocentista, a fotografia continuidade do escravismo. O fim definitivo da escra-
contribuiu para a construção da imagem de um Império vidão se deu em 1888, contribuindo decisivamente para
moderno, mais ligado ao futuro que ao passado (cujas o fim da monarquia brasileira.
características coloniais as elites queriam superar).
Além disso, as imagens fotográficas proporcionaram às 03 a) A Independência de 1822 instaurou um sistema polí-
camadas populares o acesso a modos de representa- tico caracterizado pelo centralismo político-adminis-
ção de si, que, antes do advento e difusão dessa tecno- trativo em torno da Monarquia instalada no Rio de
logia, eram próprios das elites. Janeiro. A Constituição de 1824 reforçou o centra-
b) Os elementos coloniais mais óbvios, profundos e mar- lismo com a instituição do Poder Moderador, exercido
cantes do passado colonial ainda presentes no Império pelo imperador. No Segundo Reinado, o centralismo
eram o escravismo e a concentração fundiária. foi consolidado pelo arranjo político do parlamenta-
rismo às avessas, com o qual o imperador passou a
02 a) Durante o Império, a produção do café espalhou-se, a ter o poder para forçar a dissolução do Parlamento,
princípio, pelo Vale do Paraíba, no interior da provín- revezando os então tradicionais partidos Liberal e
cia do Rio de Janeiro, sendo esta a maior zona produ- ­Conservador no poder.
tora até as décadas finais do século XIX. Na segunda b) A segunda metade do século XIX observou o desen-
metade desse século, o café espalhou-se também pela volvimento da cafeicultura no Oeste paulista, o que
Zona da Mata de Minas Gerais e pelo Oeste paulista, propiciou o rápido enriquecimento dos cafeicultores
regiões que tomariam a dianteira na produção ao final paulistas, que se tornaram uma força de pressão à
do século, com a exaustão das terras do Paraíba. Monarquia. Ao mesmo tempo, a escravidão entrou em
b) Na Bahia, no Maranhão, em São Paulo e em Minas declínio com o crescimento do trabalho assalariado –
Gerais, as economias provinciais eram basicamente dinâmica em que São Paulo também tomou a dianteira,
agrárias. No Pará, predominava o extrativismo vegetal modernizando-se mais rapidamente que a região do
e, no Rio Grande do Sul, a pecuária extensiva. Vale do Paraíba, de onde provinha a elite cafeicultora
tradicional. Esses velhos barões do café começaram
03 Analisando o discurso de Bento, bem como suas ações em a perder terreno diante dos paulistas, o que também
relação às personagens escravizadas, fica evidente que, na enfraquecia a Monarquia, pois os barões eram sua prin-
visão do proprietário, os escravizados não eram pessoas, cipal base de apoio. Ao mesmo tempo, o início, ainda
antes eram propriedades, compunham o patrimônio familiar fraco e tentativo, da industrialização no Rio de Janeiro e
e tinham a função de aumentar as riquezas da família. A men- em São Paulo levou à maior urbanização, fortalecendo
ção aos apelidos ou sobrenomes de algumas pessoas escra- as classes médias, que também passaram a requerer
vizadas explicita suas origens africanas, bem como as regiões maior participação política e a transformação da estru-
de onde foram forçados a sair, como Benguela e Moçambi- tura política do país – vista cada vez mais como arcaica.
que. O trecho mostra quatro formas de exploração do traba-
lho escravo no período: os ­indivíduos ­escravizados poderiam
ser usados no trabalho agrícola (na roça), doméstico (na casa
do senhor), poderiam ser forçados a trabalhar nas ruas em
atividades diversas (escravizados de ganho) ou ser alugados
a terceiros (escravizados de aluguel).

Módulo 6
01 a) Brasil, Argentina e Uruguai.
b) Em 1865, o Brasil interveio no Uruguai contra o presi-
dente “blanco” Aguirre, aliado do ditador paraguaio
Francisco Solano López. No mesmo ano, Solano López
atacou o Brasil e a Argentina, dando início ao conflito.

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