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Emelly Nascimento - Medicina/ Cesmac (2021.

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neutrófilos e, principalmente linfócitos T,


FEBRE REUMÁTICA gerando inflamação, destruição e necrose;
● Os nó­du­los de As­choff são conside­ra­dos
A febre reumática (FR) é uma complicação nao pa­tog­no­mô­ni­cos da doen­ça e exer­cem a fun­ção
supurativa da faringoamigdalite causada pelo de cé­lu­las apresenta­do­ras de an­tí­ge­no para as
Streptococcus pyogenes (estreptococo beta-hemolítico cé­lu­las T.
do grupo A) e decorre da resposta imune tardia em
populações geneticamente predisposta. PRINCIPAIS SINTOMAS:

É uma doença que está frequentemente associada à Artrite:


pobreza e às más condições de vida, sendo o Brasil um
dos principais países acometidos. Apesar das estratégias ● Manifestação mais comum (75%);
na prevenção e tratamento da faringoamigdalite ● Evolução autolimitada e sem sequelas;
estreptocócica, as ações se mostram insuficientes no ● Muitas vezes é o único critério maior presente;
país. ● Poliartrite migratória assimétrica de grandes
articulações;
Fatores ambientais e sociais contribuem para o ● Artrite x Artralgia:
aparecimento da doença, como alimentação ○ Artralgia: dor articular
inadequada, habitação em aglomerados e carência de ○ Artrite: Edema na articulação ou dor +
atendimento médico. Paralelamente, fatores genéticos limitação de movimentos.
de susceptibilidade estão diretamente relacionados. ● Tratamento: AAS (80-100 mg/kg/dia)
○ AINES
A FR afeta especialmente crianças e adultos jovens. A
principal manifestação é a cardite, que responde pelas Cardite:
sequelas crônicas, muitas vezes incapacitante.
● Manifestação mais grave da FR - pode deixar
ETIOPATOGENIA: sequelas e levar ao óbito;
● IC aguda: ocorre em 2-4 semanas após
● O desenvolvimento da FR está associado à
amigdalite estreptocócica;
infecção de orofaringe pelo EBGA;
○ Internação, tratamento da IC e
○ Proteína M: mimetismo molecular ➝
corticoterapia.
autoimunidade.
● As lesões valvares são responsáveis pelo quadro
Antígenos estreptocócicos clínico e pelo prognóstico (acometimento do
endocárdio): principalmente valva mitral e
Características imunogenéticas do hospedeiro aórtica.
Normal (97%) Peculiar (3%) Obs.: Caso o acometimento seja apenas na
Resposta imune normal Resposta imune anormal aórtico e em qualquer outra valva do coração
direto, podemos descartar a FR. Tem que ter
Cura da supuração Febre reumática acometimento da mitral.

● Resposta imune anormal ➝ autoimunidade: SE LIGA! Geralmente, uma vasculite aguda é


○ Humoral (Th2) - Fase inicial: característica de insuficiência valvar. No entanto, a
■ Artrite e Coreia de Sydenham. valvulite da FR costuma resultar em estenose mitral ou
○ Celular (Th1) - Agressão celular: dupla lesão em sua fase crônica.
■ Cardite, sequela valvar.
● Na cardite reumática, os anticorpos reativos ao Essa dupla lesão decorre do espessamento das
tecido cardíaco se fixam à parede do endotélio cúspides, que perdem sua mobilidade e sofrem
valvar e aumentam a expressão da molécula de retração.
adesão VCAM I, que atrai quimiocinas e
favorecem a infiltração celular por macrófagos,
Emelly Nascimento - Medicina/ Cesmac (2021.1)

CONCEITO! Estenose valvar consiste na obstrução da


valva decorrente do espessamento dos folhetos,
dificultando sua abertura e fechamento e,
consequentemente, a passagem do sangue. Já
insuficiência valvar consiste na incapacidade das valvas
atuarem no bombeamento do coração, uma vez que
elas não conseguem se fechar adequadamente e facilita
a regurgitação do sangue.
Manifestações cutâneas:
Exame físico:
● Nódulos subcutâneos:
● Valvulite = Sopros cardíacos: ○ Múltiplos, arredondados, de tamanhos
○ Insuficiência/regurgitação mitral ➝ variados (0,5-2 cm), firmes, móveis,
Sopro holossistólico (irradia para a indolores e recobertos por pele normal,
axila/dorso); sem características inflamatórias;
○ Estenose mitral ➝ Sopro diastólico ○ Ocorre tardiamente.
(sopro de Carey-Coombs) - semelhante
a um bater de asas;
○ Insuficiência aórtica ➝ Sopro
protodiastólico (mais audível no foco
aórtico acessório)

● Eritema marginatum:
○ Bordas nítidas, centro claro, contornos
arredondados ou irregulares. Lesões
múltiplas, indolores, não pruriginosas e
fugazes;
● Prolongamento do intervalo PR: BAV 1º grau ○ Ocorre na fase inicial e está associada à
cardite.
Coreia de Sydenham:

● Desordem neurológica caracterizada por


movimentos rápidos, involuntários e
incoordenados, que desaparecem durante o
sono e são acentuados em situações de
estresse;
● Ocorre principalmente em crianças e
adolescentes do sexo feminino;
● Quadro autolimitado (3-4 meses); EXAMES LABORATORIAIS:
● Normalmente ocorre tardiamente (7 meses - Inespecíficos, mas não suporte ao diagnóstico
após a infecção) clínico.
● Tratamento: Ácido valproico ou Haloperidol
Reagentes da fase aguda:

● PCR;
● VHS;
● Concentração de mucoproteína sérica: mais
específico dentre os outros dois (padrão-ouro
da fase aguda).
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Investigação da infecção estreptocócica: ● cardiopatia reumática crônica com sintomas


mais inespecíficos de FR OU
● Cultura de orofaringe: padrão-ouro; ● coreia de Sydenham isolada (é extremamente
● Teste rápido (mais rápido): diante de um rara sua etiologia que não seja reumática) OU
quadro clínico sugestivo e teste rápido negativo, ● cardite indolente (nas quais as manifestações
faz-se a cultura; clínicas são pouco expressivas com uma
● Sorologia: evolução prolongada do caso).
○ antiestreptolisina O (ASLO) padrão-ouro
○ anti-DNase B: melhor (níveis elevados No caso de coreia, cardite indolente e lesões valvares,
por mais tempo) não é necessário a evidência de infecção por EBGA.
○ anti-hialuronidase

DIAGNÓSTICO:

Quando suspeitar?

● Artrite
● Cardite
● Valvulopatias
● Febre
● Coreia
● EvidÊncia de infecção estreptocócica

Diagnóstico é exclusivamente clínico:

CRITÉRIOS DE JONES

Estenose mitral reumática

FR = 2 maiores OU 1 maior + 2 menores

+ evidências de infecção por estreptococos do grupo A


(titulação de ASLO, cultura positiva de orofaringe,
positividade em testes rápidos de detecção de
antígenos estreptocócicos).

SE LIGA! Em 2004, a OMS modificou os critérios de Fibrilação atrial: ausência de onda P, ritmo irregular
Jones para incluir o diagnóstico de FR de forma
diferencial em pacientes com:
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● Aumento da área cardíaca


● Sinal do duplo contorno: aumento do AE

TRATAMENTO - Cardite:

● BB: redução da FC (aumenta o tempo da


diástole)
● iECA ou BRA: se congestão
● Anticoagulante:

PREVENÇÃO:

Primária:

● Antibioticoprofilaxia: Penicilina G benzatina


dose única IM.
COMO PROSSEGUIR? ○ crianças e adolescentes com amigdalite.

Secundária (já teve FR):

● Penicilina G benzatina
● dois primeiros anos: 15/15 dias;
● após, 21/21 dias.

○ Se recorrência dos sintomas após


suspensão: voltar por mais 5 anos;
○ Contato ocupacional frequente (p. ex.
escolas): individualizar.

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