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BIBLIOTECA ESCOLAR: Espaço privilegiado no processo de ensino e aprendizagem e

incentivo à leitura

Zillanda Rodrigues Teixeira Rodrigues Stein (UNIR) - zillandateixeira@gmail.com Marcos Leandro Freitas Hubner
(UNIR) - marcos.hubner@unir.br

Resumo:

Este trabalho versa sobre a importância da biblioteca escolar no processo de ensino e aprendizagem, bem como sua
ação propulsora para uma leitura prazerosa, dinâmica e

produtiva. Para nortear a pesquisa, foi feito um levantamento bibliográfico com a intenção de buscar na literatura
fontes que nos possibilitem compreender os paradigmas que influenciam na reflexão acerca da biblioteca no espaço
escolar, os atores envolvidos e seu papel dinamizador do conhecimento. Considerando essa situação, o problema da
pesquisa teve como propósito investigar “como a biblioteca escolar está sendo utilizada para contribuir no processo de
ensino e aprendizagem dos educandos”. Os resultados são decorrentes da pesquisa realizada no segundo semestre de
2018, concretizada em quatro escolas municipais urbanas de Porto Velho – Rondônia. A metodologia utilizada teve
caráter descritivo com abordagem qualitativa. Os resultados apontam que os educadores e os responsáveis pela
biblioteca escolar reconhecem o papel e a missão da mesma no processo educativo, bem como sua contribuição nesse
processo. No entanto, é notória a ausência de propostas pedagógicas que fortaleçam o exercício do papel da biblioteca
escolar. A pesquisa possibilita maior visibilidade à importância da biblioteca escolar nas discussões em relação ao
ensino e aprendizagem, bem como ao incentivo à leitura, promovendo um diálogo que venha fortalecer a importância
do pedagogo estar atento a todos os ambientes necessários na instituição escolar como espaços privilegiados que
favoreçam e contribuam para a formação do educando.

Palavras-chave: Biblioteca escolar. Ensino e aprendizagem. Incentivo à leitura.

Eixo temático: Eixo 11: IV Fórum de Biblioteconomia Escolar: pesquisa e práticas rumo ao desenvolvimento humano
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RESUMO

Este trabalho versa sobre a importância da biblioteca escolar no processo de ensino e


aprendizagem, bem como sua ação propulsora para uma leitura prazerosa, dinâmica e
produtiva. Para nortear a pesquisa, foi feito um levantamento bibliográfico com a intenção de
buscar na literatura fontes que nos possibilitem compreender os paradigmas que influenciam
na reflexão acerca da biblioteca no espaço escolar, os atores envolvidos e seu papel
dinamizador do conhecimento. Considerando essa situação, o problema da pesquisa teve
como propósito investigar “como a biblioteca escolar está sendo utilizada para contribuir no
processo de ensino e aprendizagem dos educandos”. Os resultados são decorrentes da
pesquisa realizada no segundo semestre de 2018, concretizada em quatro escolas municipais
urbanas de Porto Velho – Rondônia. A metodologia utilizada teve caráter descritivo com
abordagem qualitativa. Os resultados apontam que os educadores e os responsáveis pela
biblioteca escolar reconhecem o papel e a missão da mesma no processo educativo, bem como
sua contribuição nesse processo. No entanto, é notória a ausência de propostas pedagógicas
que fortaleçam o exercício do papel da biblioteca escolar. A pesquisa possibilita maior
visibilidade à importância da biblioteca escolar nas discussões em relação ao ensino e
aprendizagem, bem como ao incentivo à leitura, promovendo um diálogo que venha fortalecer
a importância do pedagogo estar atento a todos os ambientes necessários na instituição escolar
como espaços privilegiados que favoreçam e contribuam para a formação do educando.

1 INTRODUÇÃO

No contexto de uma sociedade que está a todo o momento em transformação, a instituição


escolar precisa estar preparada para atender as demandas impostas pela sociedade e os
profissionais que nela atuam devem estar em constante atualização para que juntos possam
contribuir para o desenvolvimento das competências e habilidades fundamentais para a
construção do sujeito.
No que concerne aos espaços de aprendizagem em ambientes escolares, abordamos a
biblioteca escolar (BE) como um espaço privilegiado de aprendizagem que proporciona ao
educando e ao educador encontrar possíveis respostas às suas inquietações e alçar voos mais
altos em busca de conhecimento. A biblioteca tem a missão de desenvolver o senso crítico nos
educandos e transformá-los em cidadãos responsáveis (IFLA/UNESCO, 2006). No entanto,
para que esse caráter educativo da biblioteca escolar flua dentro das escolas, é necessário que
seja a mesma incluída e envolvida em um trabalho conjunto com propostas pedagógicas que
oportunizem um ensino de qualidade.
Pensar na biblioteca escolar como um espaço privilegiado, incentivador no processo de
aprendizagem, faz com que venhamos a refletir sobre o trabalho da escola e, principalmente,
sobre a atitude da equipe docente, indagando como e quais são suas escolhas para essa ação
conjunta entre sala de aula e biblioteca escolar.
A missão da biblioteca escolar vai muito além de guardar os diversos suportes de de leitura,
pois é também um espaço que possibilita ao educando sua formação no que se refere ao uso
das informações, oportunizando que o mesmo construa sua aprendizagem, já que a “biblioteca
escolar desenvolve nos estudantes, competências para a aprendizagem ao longo da vida [...]”
(IFLA/UNESCO, 2006, p. 04).
Durante a formação, percebemos diferentes situações que nos provocaram inquietação e a
reflexão em torno do processo de ensino e aprendizagem, colocando-nos diante de cenários
preocupantes e muitas vezes alarmantes no contexto escolar, que acabam minimizando a
aprendizagem, deixando à margem, ambientes e espaços que podem colaborar para o ensino.
Considerando essa situação, o problema da pesquisa visa a investigar “como a biblioteca
escolar está sendo utilizada para contribuir no processo de ensino e aprendizagem dos
educandos?”.
Diante das reflexões e práxis constantes durante a formação acadêmica e, por meio de
pesquisas de campo nas instituições escolares, percebemos a grande dificuldade em colocar a
leitura de forma espontânea, prazerosa, ao invés de leituras mecânicas sem muito significado,
indo ao encontro do que afirmam Ferrarezi Jr. e Carvalho (2017, p.23),

Quando a escola se preocupa em alfabetizar e ponto final, o processo mais amplo de


interação com os textos, tanto orais quanto escritos, deixa muito a desejar. Os alunos
avançam nas séries escolares sem desenvolver a competência leitora como um todo
[...] É a situação que vemos hoje na maior parte das escolas brasileiras.

A leitura é essencial para o processo de ensino e aprendizagem, pois, além de


fortalecer a criatividade e a imaginação, convida o educando a adentrar ao mundo letrado
como cidadão crítico, capaz de pensar e agir com propriedade na sociedade em que está
inserido. Como afirma Campello (2002, p. 11):
A biblioteca escolar é sem dúvida o espaço por excelência para promover
experiências criativas de uso de informação. Ao reproduzir o ambiente
informacional da sociedade contemporânea, a biblioteca pode, através de seu
programa, aproximar o aluno de uma realidade que ele vai vivenciar no seu dia-a-
dia, como profissional e como cidadão.

Segundo o Censo Escolar 2016, há no Brasil 116,3 mil escolas que oferecem os anos iniciais
do Ensino Fundamental e, desse quantitativo, cerca 49,2% possuem biblioteca ou salas de
leitura em seu espaço físico. Esse número teve um acréscimo nos últimos oito anos, pois em
2008, o quantitativo era de 35,3%. Em 2016, por intermédio do Grupo de Pesquisa da
Universidade Federal de Rondônia (UNIR) sobre estudos voltados à biblioteca escolar em
conjunto com a Secretaria Municipal de Educação (SEMED), foi levantado o quantitativo das
escolas municipais da zona urbana que comportam a biblioteca escolar em sua estrutura física.
Das 47 escolas existentes, 20 declararam ter biblioteca escolar. No entanto, de acordo com o
mapeamento levantado pelo grupo de pesquisa, verificou-se que o quantitativo de bibliotecas
era um total bem abaixo do que estava declarado, pois apenas 12 escolas apresentavam o
espaço físico das bibliotecas escolares e somente seis estavam em funcionamento.
A biblioteca escolar necessita ser mediadora, por meio de sua equipe, implantando ações em
conjunto com a escola para estimular o gosto pela leitura, além de auxiliar na aprendizagem.
Milanesi 2002 (p. 62), afirma que “se o responsável pela biblioteca oferecer outras
possibilidades para que o aluno possa ir além da mera reprodução, estará quebrando a prática
do saber empacotado [...]”. Paulo Freire, em seu livro Educação e Mudança (1979, p. 78), nos
traz a seguinte reflexão, “Até o momento em que uma realidade for vista como algo imutável,
superior às forças de resistência dos indivíduos que assim a veem, a tendência destes será
adotar uma postura fatalista e sem esperança”.

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

A metodologia utilizada caracterizou-se pelo cunho qualitativo, realizando a pesquisa


de campo e descritiva. De acordo com Marconi e Lakatos (2009), esse tipo de pesquisa incide
no delineamento das características dos acontecimentos e fenômenos que ocorrem durante a
coleta de dados no local em que se realizará. Foi realizado um levantamento bibliográfico com
o intuito de conhecer e compreender melhor os autores que versam sobre a biblioteca no
contexto escolar, de forma a subsidiar e sustentar o referencial teórico.
Foram investigadas quatro (04) escolas da rede pública municipal, com aplicação de
questionários mistos junto a professores, alunos e responsáveis pela biblioteca. Determinou-se
uma região específica do perímetro urbano de Porto Velho. Dentro dessa região, a escolha
recaiu sobre as duas (2) escolas que possuem os melhores índices na avaliação do Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e duas (02) com os índices mais baixos. No
momento da definição das escolas, optamos por escolher aquelas que estivessem localizadas
em de uma única região da cidade, pois são escolas que vivenciam a mesma rotina em relação
à sua localização e pertencem a uma mesma realidade. Ao todo, houve a participação de 34
pessoas em nossos questionários e entrevistas, sendo quatro responsáveis pela biblioteca
escolar, seis professores do 5ºano e 24 alunos do 5º ano.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nosso interesse em trazer os três atores - responsáveis pela biblioteca escolar,


professores e alunos - para a discussão, possibilitou-nos compreender como a biblioteca
escolar, no processo de ensino e aprendizagem, é vista por dimensões distintas e que juntas
buscam um mesmo objetivo. Com intuito de compreender como os agentes envolvidos
percebem a biblioteca escolar, com toda sua dimensão e papel dentro da escola, foi preciso
nos remeter a
um olhar mais crítico, sendo criteriosos em cada detalhe e informação.
Os resultados apontam que os educadores e os responsáveis pela biblioteca escolar
reconhecem seu papel e sua missão no processo educativo, mas é evidente a ausência de
propostas pedagógicas que fortaleçam o papel da biblioteca escolar no âmbito educacional.
Os resultados apontam, também, para a dificuldade das instituições em manter o espaço da
biblioteca em pleno funcionamento. Do total de escolas visitadas encontramos situações
inusitadas em relação ao papel conferido à biblioteca pelos atores envolvidos. Para cada
escola que visitamos, fazíamos um levantamento prévio de dados da instituição como notas do
IDEB, dependências físicas entre outros. Ao chegar às escolas para observar e levantar os
dados para a elaboração da pesquisa, começávamos a compreender os resultados pouco
produtivos, o que é decorrente de uma ausência do órgão público responsável.
A partir das análises, percebemos o envolvimento diferenciado que cada ator tem
estabelecido com a biblioteca escolar, sua maneira de agir e pensar sobre ela, bem como a
considera dentro da escola. Mesmo por relações distintas no processo educacional,
encontramos elementos que são análogos entre responsáveis, educadores e educandos. Tais
elementos são os que se destacam como obstáculos na relação que estabelecem com as
bibliotecas escolares de suas respectivas escolas. Percebemos, também, paradigmas que
influenciam de maneira a
empobrecer a biblioteca escolar no processo de ensino e aprendizagem.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Trabalhar e analisar a biblioteca escolar no processo de ensino e aprendizagem tornouse uma


atividade desafiadora, com caminhos preocupantes e alarmantes. Porém, a mesma contribuiu e
continuará contribuindo para nossa formação enquanto sujeitos ativos do processo de ensino e
aprendizagem.
Sem a biblioteca escolar, as instituições escolares também funcionam. Contudo, quando a
participação é ativa, a biblioteca escolar contribui diretamente para a aprendizagem, fato que é
perceptível nas avaliações externas, já que a escola que apresenta maior índice de
desenvolvimento é, também, a que possui a biblioteca escolar mais atuante.
Quando a biblioteca é viva e indispensável no processo de ensino e aprendizagem, tornase a
porta de entrada da instituição. E a aprendizagem se dá nessa troca recíproca em que a
biblioteca escolar e todos os profissionais envolvidos, inclusive os educandos, incorporam
seus reais papéis de ensinar e aprender.
Há ainda muitos avanços a serem feitos no que diz respeito à biblioteca escolar como espaço
de aprendizagem. Há que torná-la cada vez mais flexível, dinâmica e atrativa. Essa nova
roupagem de uma aprendizagem voltada para a compreensão e reflexão requer uma nova
postura por parte dos educadores e responsáveis pela biblioteca escolar em relação ao caráter
educativo da biblioteca escolar. E, como já nos afirmava Paulo Freire (2002), o processo de
ensino e aprendizagem é dialógico e necessário para que ocorra a construção de
aprendizagem.
Nossas inquietações acerca da biblioteca escolar no processo de ensino e
aprendizagem como um espaço de aprendizagem incentivador da leitura ainda persistem.
Compreendemos que nosso caminho está apenas iniciando e que, como pesquisadores,
precisamos estar sempre em busca de novos desafios e incertezas para poder desatar nós e
quebrar paradigmas. Esperamos contribuir para um olhar mais crítico em relação à nossa
educação e que essa pesquisa possa despertar possíveis soluções acerca da realidade vivida
pelas bibliotecas escolares de Porto Velho.

REFERÊNCIAS

CAMPELLO, Bernadete Santos. A competência informacional na educação para o século


XXI. In: A biblioteca escolar: temas para uma prática pedagógica. Belo Horizonte:
Autêntica, 2002. P. 9-11.

FERRAREZI JR., Celso; CARVALHO, Robson Santos de. De Alunos a Leitores: o ensino
da leitura na educação básica. São Paulo: Parábola Editorial, 2017.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes Necessários à Prática Educativa. São


Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Tradução Moacir Gadotti e Lílian Lopes Martin. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 1979. Coleção Educação e Comunicação, vol.1.

INEP/MEC. Censo Escolar da Educação Básica 2016, Notas Estatíticas. Brasília,


DF.2017http://download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/notas_estatisticas/2017/
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INEP/MEC. Censo Escolar 2015, Notas Estatísticas. Brasília, DF.


http://portal.mec.gov.br/index.php?
option=com_docman&view=download&alias=36521apresentacao-censo-escolar-divulgacao-
22032016-pdf&Itemid=30192 Acessado em 07 de Julho.
KUHLTHAU, Carol. Como usar a biblioteca na escola: um programa de atividades para o
ensino fundamental; trad. Por Bernadete Santos Campello et al. – 3. Ed. – Belo Horizonte:
Autêntica, 2009.

MARCONI, M. de A. e LAKATOS, E. M. Técnicas de Pesquisa. 6ª ed. São Paulo: Atlas,


2003.

MANIFESTO DA IFLA/UNESCO. Sobre bibliotecas públicas. Disponível em: <.


https://www.ifla.org/files/assets/school-libraries-resource-centers/publications/school-
libraryguidelines/school-library-guidelines-pt_br.pdf >. Acesso em 04 de novembro de 2018.

MILANESI, Luiz. Biblioteca. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2002.

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