Atividade de Direito Civil- Resumo do recurso especial versando sobre promessa de pagamento
Nome: Sara Rayanne dos santos Renildo
Semestre: 5° Semestre
Resumo
O referido recurso especial interposto pelo CFRJ em face da esposa, busca
demonstrar que houve violação de certos dispositivos legais, dando enfoque principalmente ao artigo 112 e 538 do atual Código Civil que deixa claro a ideia que nas declarações de vontade, se observará a intenção das partes envolvidas e que nos contratos de doação é imprescindível a beneficência e liberalidade dos atos. Reiterando os fatos, ambos fizeram um pacto antinupcial em 1997, onde além de reconhecem a união estável durante os anteriores nove anos que viveram juntos, o então recorrente prometeu doar, no prazo de 5 anos um imóvel a recorrida. Firmando ainda nova escritura pública, na qual o recorrente se comprometeu doar outros imóveis, a título de transação, em pagamento da obrigação existente no pacto ora realizado entre as partes. Passando-se alguns anos a recorrida notificou o recorrente, para que cumprisse a obrigação de fazer por ele assumida, contudo o mesmo contestou alegando que em tese não se poderia exigir coercitivamente a promessa de doação, onde estaria extinta o "animus donandi" pois as partes já não possuíam um relacionamento, inexistindo assim a obrigação original. Feito esse breve conhecer dos fatos, alguns pontos merecem ser discutidos e explanados sob maior enfoque, pois a interpretação dos fatos foram acolhidos de maneiras distintas na sentença; na apelação ao Tribunal de São Paulo e no Recurso Especial no STJ, pois duas correntes antagônicas se sobreporão tanto na jurisprudência quanto na doutrina, ao que se refere a possibilidade de exigir o cumprimento da doação, aos moldes de um contrato preliminar firmado, como define o artigo 463 e seguintes do Código Civil, onde quando concluído o contrato, desde que não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração em definitivo, entretanto a outra corrente nega essa vinculação, por considerarem o contrato de doação simples e pura a qual o doador não gravou encargo ao donatário, incompatível com a execução forçada, onde a exigência da promessa de doação constrangeria o então promitente-doador, discussão que é trazida inclusive pelo doutrinador Pablo Stolze, o qual entende ser contraditório a título de promessa precária, cujo cumprimento se daria diante de demonstrado prejuízo, estando o promitente responsabilizado a indenização em perdas e danos, exceto nas doações puras, principalmente por haver ausência de previsão legal na lei Brasileira, embora em outros Códigos, como o Alemão que expressa a admissibilidade de se exigir a execução de promessa de doação, sob exigível documentação. Assim, em sua maioria arrasadora o entendimento é no sentido que não houve uma liberalidade que é exigível no contrato de doação, mas sim um pacto e acordo entre as partes, onde sob a aquiescência de ambos, um se comprometeu em cumprir uma obrigação ao outro, para o acertamento do matrimônio, já que o regime escolhido foi o de separação total de bens. O STJ naquele momento entendia que a promessa de doação se vincularia a dissolução da sociedade conjugal, havendo não apenas a exigibilidade, mas a imposição ao acordado.
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O voto no recurso especial pelo Excelentíssimo Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, ora relator do referido processo, negou provimento ao pedido do recorrente sob os fundamentos de: ser evidente que, no caso em concreto, o que moveu o pacto entre partes não foi a simples liberalidade de doar, mas sim o pacto e a obrigação firmada entre as partes, levando em consideração a autonomia e o acordo de vontade entre os então nubentes, onde ambos cientes do matrimônio e do regime de bens, estabeleceram o pacto antenupcial, sob o compromisso de doação como uma forma de compensar os nove anos da união estável. Não sendo possível desconsiderar a expectativa depositada pela recorrida, a qual confiava veemente no cumprimento do pactuado, mesmo que futuramente houvesse a dissolução do casamento, pois no contrato preliminar, o recorrente se quer delineou cláusula de arrependimento, de uma superveniente perda de intenção em doar ou em caso de desfazimento do matrimônio, invocando ainda um dos princípios primordiais de qualquer contrato, o da boa-fé objetiva, que tem como escopo a lealdade e honestidade dos contratantes. Por sua vez o Ministro Moura Ribeiro, em seu voto, concluiu que estavam diante, não de um simples contrato de doação, por mera liberalidade, mas sim de uma promessa de doação(Pactum de Donando) de um fato futuro, que tem por objeto a obrigação de fazer um contrato definitivo, que teria o efeito de evitar futuros litígios, acerca da divisão de bens, pois de acordo com o regime escolhido, não haveria partilha do patrimônio . Sendo assim, o pacto surgiria como uma garantia para a esposa. Assim, o voto do então Ministro foi no sentido em negar provimento ao recurso especial. Por fim, a Excelentíssima Ministra Nancy Andrighi, votou sob os fundamentos de que o recorrente havia feito promessa sobre o primeiro bem (imóvel), o qual não era mais de sua propriedade , assim não sendo compatível com a promessa do bem originário, que compunha as características do contrato de doação, e por inexistência desse bem, não poderia, pois caracterizar a promessa de doação em outro bem que não o original, assim seu voto foi em provimento em favor ao recurso especial, afim de restaurar a sentença que julgou improcedente o pedido, da Ex esposa, por considerar que se tratava de promessa de doação, sendo portanto inexigível sua execução, onde a parte sequer pediu a resolução do contrato em indenização com perdas e danos. Diante do visto e explanado a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, após os fundamentos e votos dos Ministros, por maioria absoluta, o recurso especial do recorrente foi negado.