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AO MM.

JUÍZO DA 11ª VARA DO TRABALHO DE BRASÍLIA – DF

Processo nº.: 0000612-32.2022.5.10.0011

VALDECY FRANCISCO DE SOUZA, já devidamente qualificado nos autos do


processo em epígrafe, que move em face de GRUPO FARTURA DE HORTIFRUT
LTDA já qualificada nos autos vem à presença de Vossa Excelência, por meio dos
advogados do Nú cleo de Prá tica Jurídica do Centro Universitá rio de Brasília - NPJ
UNICEUB, apresentar

RÉPLICA À CONTESTAÇÃO

nos termos dos fatos e fundamentos a seguir aduzidos, com as quais se impugna a
contestaçã o e documentos juntados.

I) DO MÉRITO:
Desde já , o reclamante ratifica todos os pedidos formulados na peça
exordial, por expressarem a realidade dos fatos.
O reclamante afirma também que toda matéria que necessitar prova, e
sendo de sua competência, a tempo serã o apresentadas a este D. juízo.

II) DAS ALEGAÇÕES DO RECLAMADO E DA VERDADE DOS FATOS :

a) Da gratuidade de justiça

O reclamado contesta acerca do pedido de deferimento do benefício da


justiça gratuita. Destaca-se neste ponto que, nã o obstante o contido nos §§ 3º e 4º
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da CLT, com redaçã o dada pela Lei nº13.467/2017, ao considerar-se o CPC de
forma subsidiá ria, por expressa na CLT, em seu art. 8º, §1º, deve-se presumir
verdadeira a alegaçã o de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural
(art. 99, §3º, do CPC).
Assim, conforme art. 373, IV, do CPC, nã o dependem de prova os fatos que
estejam de acordo com a presunçã o legal da veracidade. Caberia assim, ao
reclamado o ô nus da prova de alegar o contrá rio do solicitado na exordial da
ausência de condiçã o de hipossuficiência emanada da declaraçã o.

b) Da impugnação dos documentos

O reclamado juntou documentos aos autos que nã o acrescentam ou


comprovam qualquer alegaçã o constante na contestaçã o, quais sejam, um email e o
currículo do reclamante.
Em relaçã o ao email juntado aos autos na fl. 79, observa-se que este foi
enviado em data posterior aos fatos e sem provar qualquer relaçã o direta com o
ocorrido, inclusive com a manifestaçã o da reclamada de ser “um singelo exemplo
das comunicaçõ es internas” (fl. 70). Deve, diante da ausência de força probató ria,
ser retirado dos autos, por nã o acrescentar à aná lise dos fatos.
Outro documento que se requer o mesmo tratamento é o currículo do
reclamante juntado à s fls. 80 e 81, expondo o autor sem qualquer informaçã o que
possa acrescentar ao discutido nos autos.
Desta forma, impugna-se os documentos juntados, requerendo-se a
respectiva retirada dos autos.

c) Do pedido de danos morais e materiais

Alega a reclamada que as comunicaçõ es ocorridas entre as partes


correspondem a mero processo seletivo e nã o à ocorrência de um pré-contrato,
sendo que a efetivaçã o dependeria de disponibilidade de vaga. Ocorre que sob a
ó tica da primazia da realidade dos fatos, a experiência comprova que nenhuma

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empresa requer exame admissional e apresentaçã o de documentos sem o interesse
em contrataçã o imediata.
Equivocadamente a reclamada cita a vulnerabilidade das relaçõ es de
consumo, contudo, na justiça trabalhista, deve-se observar a parte hipossuficiente
na relaçã o de emprego, a qual nã o detém os mesmos poderes de negociaçã o que o
empregador.
Esclarece-se ainda que o pleito corresponde aos pedidos de danos morais e
materiais, que possuem fundamentaçã o distinta, nã o devendo serem tratados de
forma equiparada como tenta induzir a reclamada ao contestar o valor de pedidos
de pouco mais do que 9 (nove) salá rios mínimos.
Argumenta a reclamada que a empresa vem sofrendo uma série de
intempéries do mercado sem contudo juntar aos autos qualquer documento que
comprove tal prejuízo financeiro que acarrete a suspensã o de qualquer
contrataçã o pela empresa. Ao juntar email exemplificativo a empresa, em data
posterior aos fatos, nã o comprova danos financeiros ou qualquer outro
impedimento de contrataçã o, somente uma possível escolha interna de gestã o
posterior ao início das tratativas. Este tipo de alegaçã o vaga e sem provas nã o
podem servir de excusas para a nã o aplicaçã o das normas trabalhistas.
O reclamante permaneceu sem explicaçõ es e orientaçõ es apó s a informaçã o
de que nã o seria efetivado, e nesta ó rbita, deve-se observar o art. 421, do Có digo
Civil, que informa que os contratantes devem observar os princípios da probidade
e da boa-fé, abarcando o período pré-contratual.
Observa-se que, ao contrá rio do que alegado em face de contestaçã o pela
reclamada, a participaçã o no processo seletivo e a apresentaçã o de documentos
para a efetivaçã o do contrato nã o sã o uma mera experiência de vida ao reclamante,
sã o a expectativa de uma vida melhor, digna, com emprego e comida para
alimentar a si e sua família, nã o devendo assim, ser esquecida a natureza alimentar
das verbas trabalhistas. Logo, as tratativas e conversas com a empresa
representaram uma expectativa real de emprego, devendo ser encaradas com
seriedade e respeito aos envolvidos.
Neste sentido, complementa-se a argumentaçã o com algumas
jurisprudências deste Egrégio Tribunal:

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“FASE PRÉ -CONTRATUAL. PROMESSA FRUSTRADA DE
CONTRATAÇÃ O. INDENIZAÇÃ O POR DANOS MORAIS.
Havendo séria proposta de contratação do
trabalhador pela reclamada, inclusive com a
realização de exame de saúde admissional e abertura
de conta-salário, impõe-se adotar o entendimento
segundo o qual a acionada já havia gerado para o
reclamante uma real expectativa de contratação,
situação que autoriza a condenação ao pagamento da
indenização postulada. Incidência do disposto nos
artigos 932, III, 933 e 422 do Có digo Civil, esse ú ltimo
segundo o qual "os contratantes sã o obrigados a guardar,
assim na conclusã o do contrato, como em sua execuçã o,
os ", ainda que a relaçã o entre as partes tenha se
princípios de probidade e boa-fé dado apenas na fase pré-
contratual. " (Desembargador Joã o Amílcar). [...]
Escudado em tais parâ metros, metade do importe fixado
encerra harmonia com os princípios da
proporcionalidade e razoabilidade. Recurso da reclamada
conhecido e parcialmente provido (Processo n. 0000760-
11.2020.5.10.0012, Redator Desembargador MÁ RIO
MACEDO FERNANDES CARON, publicado em
03/11/2021).

“DANO MORAL. EXPECTATIVA DE CONTRATAÇÃ O.


Demonstrado nos autos que a empresa agiu de modo a
gerar efetiva expectativa de admissão na empregada,
emitindo autorização para abertura de conta-salário
em entidade bancária de sua indicação, para, sem
qualquer justificativa, recuar na contratação, torna-se
imperioso reconhecer a ocorrência do dano moral,

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pois tal quadro fá tico demonstra o malferimento do art.
422 do Có digo Civil que preconiza a boa-fé objetiva a ser
observada nos contratos”. (Processo n. 0000567-
57.2019.5.10.0003, Relator Desembargador PEDRO LUÍS
VICENTIN FOLTRAN, publicado em 28/10/2020).

III) CONCLUSÃO

Requer desta forma, impugnada toda e qualquer fundamentaçã o e


documentos apresentados na defesa da Reclamada, pelo fato de que os argumentos
e documentos nã o estã o em consonâ ncia com a efetiva realidade dos fatos.
Diante de todo o exposto, pugna o Reclamante pela procedência de todos os
pedidos da Inicial.

Nestes Termos,
PEDE DEFERIMENTO.

Brasília, 10 de setembro de 2022.

LEONARDO BARROSO DE OLIVEIRA BORGES

Advogado NPJ/Ceub
OAB/DF 41.257

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