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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema:
Competência Comunicativa versus Competência Linguística

Delfim Paulo Chico,708215216

Licenciatura em Ensino de Língua Portuguesa


Linguística Geral
1º Ano, Turma: L
Docente: Antônio Tuzine

Maputo, Junho de 2022


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internacionais
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Referências edição em das 4.0
Bibliográficas citações e citações/referências
bibliografia bibliográficas
Índice

1. Introdução………………………….…………………………………………….2
1.1.Objectivos…………………………………………………………..………..2
1.2. Metodologia………………………………………...………………………2
2. Competência Linguística versus Competência Comunicativa………..…………3
2.1.Competência Comunicativa…………………………………………………3
2.2. A noção de competência comunicativa: Hymes (1979), Canale e Swain
(1980), Bachman (1990) e Almeida Filho (1992)………………...…………3
2.3.Competência Linguística………………………….…………………………7
3. Conclusão……………………………………………….……………………….9
4. Referências Bibliográficas………………………………………..…………….10
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1. Introdução

O presente trabalho surge no âmbito da orientação de uma pesquisa de campo na


disciplina de Linguística Geral. A fundamentação teórica desta pesquisa está centrada
na noção de competência comunicativa versus competência linguística baseada nas
concepções de diferentes autores, como Hymes (1979); Canale (1980); Canale e Swain
(1979); Bachman (1990); Almeida Filho (1992); entre outros.

É importante entender que, para existir a competência comunicativa, é antes preciso


existir competência linguística, metalinguística e a textual. Portanto, há aqui uma
relação dialéctica entre as competências.

1.1.Objectivos

Geral

- Desenvolver competências linguísticas e comunicativas, assim como de reflexão,


analíse e crítica sobre fenômenos linguístico-literário, à luz de diferentes teorias;

Específicos

- Discutir o conceito de competência comunicativa;

- Discutir o conceito de competência linguística;

- Distinguir competência linguística da competência comunicativa;

- Analisar o conceito de “competência comunicativa” na óptica de diferentes autores;

- Analisar o conceito de competência linguística na perspectiva de diferentes autores;

1.2.Metodologia

Para o alcance dos objetivos traçados e já apresentados, recorreu-se a consultas de vária


ordem que visavam no aprimoramento do tema em estudo, obras estas físicas assim
como electrónicas, citadas ao longo do trabalho e posteriormente referenciadas.
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2. Competência Linguística versus Competência Comunicativa


2.1.Competência Comunicativa

Segundo UCM-CED (2015, p.21), Quando se fala de competência comunicativa faz-se


referência à capacidade de usar a língua de acordo com a situação e local onde o falante
se encontra, variando o seu discurso consoante seja necessário para se fazer entender
através dos vários níveis de língua.

2.2.A noção de competência comunicativa: Hymes (1979), Canale e Swain


(1980), Bachman (1990) e Almeida Filho (1992)

Inicialmente, farei uma discussão prévia da noção de competência para a linguística


moderna, tomando como base os pressupostos de Hymes, Canale e Swain, Canale,
Bachman, e Almeida Filho. Passemos a esse ponto.

Antropólogo de formação, Hymes (1979) foi o primeiro a incorporar a dimensão social


ao conceito de competência. Ao acrescentar comunicativo ao termo competência,
demonstrou claramente estar preocupado com o uso da língua. Assim, para Hymes, não
é bastante que o indivíduo saiba e use a fonologia, a sintaxe e o léxico da língua para
caracterizá-lo como competente em termos comunicativos. É preciso que, além disso,
esse indivíduo saiba e use as regras do discurso específico da comunidade na qual se
insere. O indivíduo demonstra possuir competência se sabe quando falar, quando não
falar, e a quem falar, com quem, onde e de que maneira. Deve-se a Hymes (1978)
igualmente, a ampliação do conceito de competência para incluir a ideia de “capacidade
para usar”, unindo desta forma as noções de competência e desempenho que estavam
bem distintas na dicotomia proposta por Chomsky em 1965.
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Com base no postulado por Hymes e provavelmente inspirados por ele, vários autores
tentaram conceituar competência comunicativa. Canale e Swain (1980), por exemplo,
oferecem um arcabouço teórico para a descrição dos diferentes tipos de competência. O
modelo desses autores, revisado por Canale (1983), representou um grande avanço e
dominou a área de avaliação de ensino/aprendizagem de línguas estrangeiras durante
uma década. O modelo final desses autores inclui quatro tipos de competência, a saber:

a) Competência Gramatical: implica o domínio do código linguístico, a habilidade em


reconhecer as características linguísticas da língua e usá-las para formar palavras e
frases;

b) Competência Sociolinguística: implica o conhecimento das regras sociais que


norteiam o uso da língua, compreensão do contexto social no qual a língua é usada;

c) Competência Discursiva: diz respeito à conexão de uma série de orações e frases


com a finalidade de formar um todo significativo. Este conhecimento tem de ser
compartilhado pelo falante/escritor e ouvinte/leitor;

d) Competência Estratégica: sendo a competência comunicativa relativa, estratégias


de enfrentamento devem ser usadas para compensar qualquer imperfeição no
conhecimento das regras.

Para Canale e Swain (1980), os alunos só adquiririam competência comunicativa se


ficassem expostos, de maneira uniforme, a essas quatro formas de competência. O
objetivo desses dois autores foi o de transformar o conceito de Hymes, de natureza
essencialmente teórica, em unidades pedagogicamente manipuláveis, que pudessem
servir de base para uma estrutura curricular e prática de sala de aula.

A noção de desempenho embutida no conceito de Hymes através da expressão


“capacidade para usar” não aparece no modelo de competência comunicativa proposto
por Canale e Swain. A “capacidade para usar” de Hymes corresponde ao que esses
autores chamam de desempenho comunicativo, traduzido na realização e interação das
competências mencionadas em seu modelo, na produção e compreensão dos
enunciados.

Bachman afirma que a capacidade para usar uma língua de maneira comunicativa
envolve tanto o conhecimento da língua quanto a capacidade de implementar ou usar
esse conhecimento. Para Bachman, competência abarca conhecimentos específicos que
são usados na comunicação. O modelo que concebeu inicialmente compreendia os
seguintes conhecimentos:

a) competência linguística, subdividida em organizacional e pragmática;

b) competência estratégica, que tem a ver com o conhecimento sociocultural, o


conhecimento real do mundo; e

c) mecanismos psicofisiológicos, os quais dizem respeito aos processos neurológicos e


psicológicos na real produção da língua como um fenômeno físico.

Mais recentemente, no entanto, Bachman (1991: 683) reviu seu modelo e operou nele
algumas alterações. Primeiramente, o que chamava de competência passou a se
denominar “conhecimento”. Em nota de rodapé argumenta que o termo competência
traz consigo uma grande e desnecessária bagagem semântica, e por isso não é mais tão
útil como conceito. Assim sendo, saber usar uma língua tem a ver com “a capacidade
de utilizar o conhecimento da língua em sintonia com as características do contexto
para criar e interpretar significados.”
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Almeida Filho (1993, 1997, 1999) também se dedicou a essa questão na tentativa de
explicitar o que é gerado pelo trabalho comunicativo no ensino/aprendizagem de uma
nova língua. Ao definir comunicação como uma forma de interação social onde ocorrem
demonstrações de apresentação pessoal, conjugadas ou não a casos de construção de
conhecimento e troca de informações, esse autor concebe a comunicação verbal não
como um simples processo linguístico, mas como um processo mais complexo,
exigindo dos envolvidos uma competência comunicativa que, por sua vez, depende de
outras competências e conhecimentos. Essa competência comunicativa inclui o
desempenho do participante, desempenho este dependente do seu grau de acesso aos
conhecimentos disponíveis.

Ao conceituar competência comunicativa, Almeida Filho (1997: 56) retoma as


definições anteriores e as resume de maneira abarcadora e objetiva. A decisão de
englobar as noções de competência e desempenho sob a expressão competência
comunicativa é útil na medida em que o lugar que o desempenho deve ocupar fica, de
uma vez por todas, determinado. Abaixo, a definição do autor:

Um conhecimento abstrato subjacente e a habilidade de uso não só de regras


gramaticais (explícitas ou implícitas) como também de regras contextuais ou
pragmáticas (explícitas ou implícitas) na criação de discurso apropriado,
coeso e coerente. Esse conceito de competência comunicativa é para alguns
teóricos distinto do conceito de desempenho comunicativo (HYMES, 1972) mas
o tomamos aqui como englobando tanto competência como desempenho
efetivo.
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2.3.Competência Linguística

Para a realização das intenções comunicativas, os usuários da língua e os alunos


exercem suas capacidades gerais junto com uma competência comunicativa mais
especificamente relacionada com a língua. Neste sentido, a competência comunicativa
tem os seguintes componentes: 1) Competências linguísticas; 2) Competência
sociolinguística e 3) Competência pragmática.

Competências linguísticas segundo a classificação do Framework, que as subdivide em


competências léxica, gramatical, semântica, fonológica, ortográfica e ortoépica,
conforme vem a seguir:

I. Competências linguísticas

Competência léxica: conhecimento do vocabulário de uma língua e a capacidade de


empregá-lo. Formada por elementos gramaticais e lexicais.

Competência gramatical: conhecimento e capacidade de empregar os recursos


gramaticais de uma determinada língua. Formada por elementos morfológicos e
sintáticos.

Competência semântica: controle e consciência da organização do significado.


Compreende: semântica léxica, gramatical e pragmática.

Competência fonológica: conhecimento e habilidades relacionados tanto à percepção


como à produção dos sons.

Competência ortográfica: conhecimento e habilidade quanto à percepção e à produção


dos símbolos de que se compõem os textos escritos.

Competência ortoépica: conhecimento e habilidade em articular uma forma


corretamente a partir de sua representação escrita.
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II. Competência sociolinguística

Compreende o conhecimento e as habilidades necessárias para o uso da língua em uma


dimensão social e cultural.

III. Competência pragmática

Relaciona-se ao conhecimento que apresenta o aluno ou usuário de uma dada língua dos
princípios segundo os quais as mensagens se organizam, se estruturam e se ordenam
(competência discursiva); são empregadas para a realização de funções comunicativas
(competência funcional) e são sequenciadas conforme esquemas de interação e
transação (competência organizativa).

Por outro lado, a competência linguística refere-se à capacidade de usar


conscientemente as diversas estruturas da língua. Na óptica de CHOMSKY,
competência linguística é a capacidade que o falante tem de a partir de um número
finito de regras, produzir um número infinito de frases.

Em resumo podemos definir competência linguística como o conhecimento implícito


que o locutor tem da gramática da sua língua. Ela é estática nos indivíduos e permite
que cada um dos falantes de uma determinada língua reconheça se as frases são ou não
da nossa língua e se são gramaticais ou agramaticais.
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3. Conclusão

Após o levantamento e a discussão sobre a competência comunicativa versus


competência linguística, chegou-se a conclusão que o termo competência tem-se
constituído num dos mais confusos e controvertidos, tanto na Linguística quanto na
Linguística Aplicada. Um dos motivos da confusão em se definir o termo foi a tentativa
de diversos autores de adaptar o conceito de competência a seus próprios propósitos ou
a seu campo de atuação, como é possível notar neste trabalho.

Contudo, importa referir que a aquisição da competência linguística deve estar


articulada às demais competências comunicativas. E que há de se redimensionar o
tratamento dessa competência e a forma de potenciá-la, já que, ao a atingirmos ou ao a
favorecermos, haverá repercussões na aquisição da competência comunicativa, mas
amplamente entendida.
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4. Referências Bibliográficas

BACHMAN, L. (1990). Fundamental Considerations in Language Testing Oxford:


Oxford University Press.

CANALE, M. & SWAIN, M. (1980). Theoretical bases of communicative approaches


to second language teaching and testing. In: Applied Linguistics.

CHOMSKY, N. (1971). Aspects of the theory of syntax. USA: The M.I.T. Press.

FILHO, A. (1997). A Abordagem Orientadora da Ação do Professor. In: Parâmetros


Atuais para o Ensino de Português Língua Estrangeira”. Campinas: Pontes.

HYMES, D. H. (1979). On Communicative Competence. In: BRUMFIT, C. J. &


JOHNSON, K. The Communicative Approach to Language Te-aching. Oxford: Oxford
University Press.

UCM-CED. (2015). Linguística Geral, P0181. Beira, Moçambique.


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