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lidvina Horr1
RESUMO ABSTRACT
Aborda-se a importância e a necessidade de serviços This study approaches how important is a nursing or-
de Enfermagem organizados para que se tornem eficientes ganized service to achieve effectiveness. The author propo-
e eficazes. Propõe-se um modelo de organização do Servi- ses a Nursing service organization modei containing items
ço de ·Enfermagem tendo como integrantes gerais, a filoso- such as: philosophy, goals, internai regiment and policies,
fia, os objetivos, o regimento interno e as políticas, subdivi- divided in directive structure, budget human and material re-
didas em estrutural-diretiva, orçamentária, de recursos hu- sources, teaching, research and nursing assistance.
manos, de recursos materiais, de ensino, de pesquisa e as-
sistencial.
UNITERMOS: organização, organização do serviço de KEY WORDS: organization, nursing service organization,
enfermagem, modelo. model.
conferindo identidade aos indivfduos e a organização e fo- portante, não garante o espaço que lhe é devido; não de-
mentar a satisfação no trabalho. marca os limites de sua autoridade e, conseqüentemente, a
"Para que as organizações funcionem adequadamen- sua área de decisão.
te, elas precisam ser organizadas, isto é, estruturadas para A organização formai dos Serviços de Enfermagem é
que sejam eficientes e eficazes. A eficiência está relaciona- um dos grandes desafios que a própria enfermagem preci-
da com os meios, isto é, com os métodos e maneiras de se sa enfrentar para, buscar o seu espaço, definir os limites de
fazer as coisas. A eficiência implica fazer as coisas correta- sua área de ação e a área de interdependência com os de-
mente, da melhor maneira posslvel. A eficácia está relacio- mais serviços. É através de sua organização formal que o
nada com os fins, isto é, com os objetivos a serem alcan- Serviço de Enfermagem conseguirá expressar e visualizar o
çados. A eficácia implica fazer o que for necessário ou cor- seu todo em função de seus objetivos e das estratégias es-
reto para o alcance dos objetivos ou resultados" (Chiavena- tabelecidas para o alcance dos mesmos. Organizar implica,
to, 1989, p.7,8). Assim, a eficiência indica o grau em que os pois, em reunir, agrupar, estruturar os recursos (humanos,
recursos são racionalmente utilizados numa relação de cus- materiais, tecnológicos, financeiros, de ensino, de pesquisa,
to/beneffclo enquanto que a eficácia indica o grau de atin- assistenciais, etc.) e os órgãos, estabelecendo, como já foi
gimento dos objetivos pretendidos. explicado, uma relação entre recursos e órgãos, bem como
As organizações, para atingirem a eficiência e a eficá- definindo suas competências e atribuições para, sobretudo,
cia, precisam ser organizadas (estruturadas, ordenadas) atingir os objetivos do Serviço de Enfermagem.
atendendo a certos prindpios de organização que, na opi- É importante lembrar que a organização formal deve
nião de Chiavenato (1989, p.9), "devem ser utilizados com levar à eficiência e à eficácia do serviço, deve, portanto, ser
flexibilidade e elasticidade, porque muitas vezes, a apli- equilibrada. Se, de um lado, a escassez de formalização le-
cação de um prindpio pode prejudicar a aplicação de ou- va a desordem, de outro lado, o excesso conduz a "robotí-
tro"; precisam ser bem conjugados entre si para não causa- zaçáo", a " rotinização", à rigidez demasiada, ao autorita-
rem distorções dentro da organização. O autor descreve rismo.
cinco principias que são: Os Serviços de Enfermagem do País estão organiza-
• toda organização deve basear-se na especialização "das dos? A organização dos serviços tem sido alvo de preocu-
pessoas e órgãos, ou seja, na divisão do trabalho para pação dos enfermeiros? Como conquistar espaços sem um
incrementar a quantidade e a qualidade do trabalho". Este mínimo de organização interna, formal dos Serviços de En-
principio possibilita que cada pessoa ocupe um cargo e fermagem? Como atingir os objetivos (o fim) se os meios (a
cada órgão seja individualizado dentro da organização; organização) para por em prática o planejamento, a direção
• segundo o princípio de definição funcional, "o trabalho e o controle não estão estabelecidos? A quem compete a
de cada pessoa e a atividade de cada órgtw devem ser organização dos Serviços de Enfermagem das instituições?
claramente definidos por escrito, para que não haja a me- Ribeiro (1973, p.121), ao se reportar ao diagnóstico da
nor dúvida a respeito, através do organograma, da des- situação de enfermagem de 1970, realizado pela Comissão
crição de cargos e do Manual de Organização"; Especial da Associação Brasileira de Enfermagem, aponta
• o principio da paridade da autoridade e responsabili- como problemas relativos ao próprio Serviço de Enferma-
dade determina que a autoridade e a responsabilidade gem: - inexistência de modelos organizacionais do Serviço
atribufdas a cada pessoa ou órgão devem ser corres- de Enfermagem; - inexistência de padrões brasileiros para
pondentes e equivalente entre si. Assim, "a cada res- cálculo de necessidade de pessoal de enfermagem; - ine-
ponsabilidade deve corresponder uma autoridade que xistência de métodos de assistência para a prática; - ine-
permita realizá-la, e a cada autoridade deve corresponder xistência de modelos para supervisão e avaliação do traba-
uma responsabilidade que lhe dê conteúdo"; lho das diferentes categorias de enfermagem; - inexistência
• "cada ·pessoa deve saber exatamente que são seus su- de padrões mínimos para a prestação da assistência de en-
bordinados (sobre os quais exerce autoridade) e a quem fermagem a certos tipos de pacientes; - deficiência numéri-
deve se subordinar (a quem presta responsabilidade) , de- ca de enfermeiros qualificados para a realização de pesqui-
termina o princípio escalar. "(...) refere-se às relações de sas de enfermagem.
autoridade entre chefes e subordinados dentro da organi- Passados 21 anos desde a constatação diagnóstica
zação(...)"; em 1970, é evidente que a enfermagem brasileira conquis-
• a distinção entre as funções de linha e de staff é o rela- tou espaços pela sua competência, avançado enquanto
cionamento direto ou indireto com os objetivos; as profissão, mas parece também evidente que muito existe
funções de linha são aquelas diretamente relacionadas por ser feito e em especial no que se refere a organização
com os objetivos da empresa ou serviço, sendo que as dos seus serviços.
funções de staff são as que se relacionam indiretamente A Lei n° 7.498/86, art. 11°, letra b e o Decreto n°
com os mesmos. 94.406/87, art. 8°, letra b, atribuem ao enfermeiro, a com-
petência de organizar o Serviço de Enfermagem. A legis-
2 O SERVIÇO DE ENFERMAGEM lação, apenas, oficializou o que sempre esteve a cargo dos
enfermeiros. Observa-se que enquanto chefias do Serviço
O Serviço de Enfermagem é aqui considerado uma de Enfermagem queixam-se da falta de autoridade, da falta
entidade social que como tal precisa ser organizado, levan-
de autonomia, da falta de oportunidade de participar das
do em consideração as diretrizes básicas e princípios fun-
decisões gerais, nos serviços que dirigem, independente de
damentais de organização e da administração.
serem recentemente criados ou antigos, a organização pra-
O Serviço de Enfermagem das instituições, tem-se ca-
racterizado pela sua organização informal que embora im- ticamente inexiste e, em alguns casos, o serviço de enfer-
magem não aparece no organograma das instituições. viço de Enfermagem. O modelo em discussão, constitui-se,
assim, em um sistema dinâmico e não estático, que conti-
3 MODELO ORGANIZACIONAL DOS SERVIÇOS nuamente está exposto à influências do ambiente externo e
DE ENFERMAGEM do próprio ambiente interno, focalizadas pela Teoria Con-
tingencial da Administração. É por isso que os elementos
O modelo proposto tem como integrantes gerais: a fi- integrantes do modelo devem sofrer avaliações periódicas
losofia do Serviço de Enfermagem, os objetivos, o regimen- para que, no caso, o Serviço de Enfermagem, acompanhe
to interno e as políticas, subdivididas em: estrutural-diretiva, a evolução das ciências, seja da Administração, da Socio-
de recursos humanos, de recursos materiais, de ensino, de logia, da própria Enfermagem, etc.
pesquisa, assistencial e orçamentária.
O modelo apresentado não pretende ser a única ou a
melhor forma de organização dos Serviços de Enfermagem.
Constitui-se, apenas, em uma das formas. Não se exclui a
possibilidade de serem inclufdos outros integrantes, po-
dendo o número ser ampliado ou ser reduzido. A questão
da tecnologia utilizada pelo Serviço de Enfermagem, por
exemplo, não está em evidência no modelo apresentado,
podendo ser desenvolvida em cada uma das polfticas indi-
cadas. Contudo, de acordo com a importância que se quer
atribuir ao aspecto tecnológico, poderá constituir-se em
uma política.
Para possibilitar a comparação, apresenta-se na figura
2, um modelo de organização de uma instituição de saúde.
Ao se examinar a figura 3 que mostra o modelo de organi-
zação do Serviço de Enfermagem, observa-se perfeita iden-
tidade. Note-se, porém, que a organização à nível institu-
cional, deve abranger todas as áreas, enquanto a organi-
zação do Serviço de Enfermagem deve restringir-se a sua,
embora os componentes sejam os mesmos.
Sugere-se como integrantes desta política, a determi- 3.1. 7 Componentes da política assistencial
nação dos seguintes elementos:
• filosofia; Compreendem a política assistencial que necessitam
• objetivos; de definição, elementos como:
• perfil das categorias de enfermagem; • filosofia;
• processos de recrutamento, seleção, admissão, de- • objetivos;
missão, elogios e punições; • método de assistência;
• jornada de trabalho; • padrões de assistência (padrões de cuidado e padrões
• provimento de pessoal (quantídade e qualidade); de registro);
• atribuições por categoria e local de trabalho; • descrição dos procedimentos, normas e rotinas assisten-
• educação em serviço - programas de orientação, treina- ciais;
mento e atualização; • avaliação da assistência de enfermagem (auditoria do
• condições de trabalho; processo);
• atenção à saúde; • avaliação da política assistencial.
• critérios para participação de eventos;
• plano de cargos e salários; 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
• processo de supervisão;
• processo de avaliação do desempenho; Entende-se que embora a presente proposta de mo-
• avaliação da política de recursos humanos. delo organizacional do Serviço de Enfermagem se atenha
apenas aos aspectos gerais, pode subsidiar a muitos en-
3.1.4 Componentes da política de recursos materiais fermeiros comprometidos com a enfermagem, a caminho
da organização dos seus serviços.
São, a priori, elementos da polftica de recursos mate- A competência da enfermagem ficará evidenciada, no
riais que precisam ser definidos: presente caso, através da organização dos seus serviços,
• filosofia; cuja eficiência e eficácia trarão como conseqüência, o res-
• objetivos; peito, o reconhecimento, a autonomia e a autoridade cor-
• previsão das necessidades; respondente à carga de responsabilidade que a enferma-
• solicitação, especificação e parecer técnico; gem tem suportado.
• organização, padronização, distribuição e controle;
• avaliação da política de recursos materiais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
3.1.5 Componentes da política de ensino
ARNDT, Clara; HUCKABAY, Loucine M. Daderian. Adminis·
O ensino, através da Educação em Serviço, está con- tração em enfermagem. Rio de Janeiro: lnteramericana,
templado na política de recursos humanos. A política de 1983. p.59-75.
2 BRASIL. Leis, Decretos, etc. Decreto n° 94.406 de 8 de junho
ensino refere-se aquele ministrado em instituições que re-
de 1987. Regulamenta a Lei n° 7.498 de 25 de junho de
Gebem, sistemática ou periodicamente, alunos ou profissio- 1986, que dispõe sobre o exercício da enfermagem, e dá
nais de enfermagem para estágio. Sugere-se os seguintes outras providências.
integrantes a serem determinados: 3 . Lei n° 7.498 de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a
• filosofia;
regulamentação do exercício da enfermagem e dá outras 11 RIBEIRO, Circe de Melo. Organização de serviço de enferma-
providências. gem. Revista Brasileira de Enfermagem. v.26, n.3, 121-147,
4 CHIAVENATO, ldalberto. Administração de empresas: uma abr/mai/jun 1973.
abordagem contingencial. São Paulo: McGraw-Hill, 1987.
p.271-274.
5 . Administração de recursos humanos. São Paulo:
Atlas, 1981. p.170-178. v.1.
6 . Iniciação à organização e controle. São Paulo: Mc-
Graw-Hill, 1989. p.1-11. Endereço do autor: Lidvina Horr
7 . Introdução à teoria geral da administração. 3.ed. Author's address: Rua Deputado Antonio Edu Vieira, 80
São Paulo: McGraw-Hill, 1983, p.551-579. Bl. 3, apto. 102
8 HERSEY, Paul; BLANCHARD, Kenneth, H. Psicologia para 88.040-000 - Pantanal - Florianópolis - SC
administradores - a teoria e as técnicas da liderança situa-
cional. São Paulo: EPU, 1986, p.S-10.
9 MARRINER, Ann. Manual para administracion de enfermaria.
México: lnteramericana, 1983. p.45-77. Trabalho recebido em: 20/12/91
10 OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Sistemas, organização Solicitado reformulações aos autores em: 24/04/92
e métodos - uma abordagem gerencial. 2.ed. São Paulo: Data de retorno em: 12/05/92
Atlas, 1988. p.74-101. Aprovação final em: 18/05/92