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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

A Ginástica no Contexto das Aulas de Educação Física Escolar

Sárdio dos Santos Ramalho, Código: 708220853

Curso de Licenciatura em Ensino de Educação


Física e Desportos

Cadeira: Didáctica de Ginástica

Ano de Frequência: 3°

Turma: A

Nampula, Março 2024


Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

A Ginástica no Contexto das Aulas de Educação Física Escolar

Trabalho de Carácter Avaliativo da Cadeira de


Didáctica de Ginástica a ser entregue no Instituto de
Educação à Distância-Nampula

Tutor: M.s.C João Monteiro

Sárdio dos Santos Ramalho, Código: 708220853

Nampula, Março 2024

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 Capa 0.5
 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura
organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
 Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao objecto 2.0
do trabalho
 Articulação e
domínio do discurso
académico
2.0
Conteúdo (expressão escrita
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e  Revisão
discussão bibliográfica
nacional e
2.
internacionais
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos
2.0
dados
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA 6ª  Rigor e coerência
Referências edição em das
4.0
Bibliográficas citações e citações/referências
bibliografia bibliográficas

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Folha para recomendações de melhoria:A ser preenchida pelo tutor

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Índice
1. Introdução............................................................................................................................1

1.1. Objectivos do Trabalho....................................................................................................2

1.1.1. Objectivo Geral............................................................................................................2

1.1.2. Objectivos Específicos.................................................................................................2

1.2. Metodologias....................................................................................................................2

2. Revisão de Literatura...........................................................................................................3

2.1. Conceito do Processo/Procedimento Administrativo......................................................3

2.1.1. Conceito do Direito Administrativo.............................................................................4

2.1.2. Espécies do Procedimento Administrativo..................................................................6

2.2. Actuação da Administração Pública sem Respeito as Formas Legais do Procedimento:


Estado de Urgência e de Necessidade.........................................................................................8

2.2.1. Estado de Urgência.......................................................................................................8

2.2.2. Estado de Necessidade.................................................................................................8

3. Considerações Finais.........................................................................................................10

4. Referências Bibliográficas.................................................................................................11

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1. Introdução

É recomendável a instauração de procedimento administrativo adequado, como


mais adiante se verá, toda vez que seja verificada a ocorrência, mesmo em tese, de
uma falta disciplinar.

Por tanto a providência documenta que o órgão superior não está inerte, que
não coonesta eventual quebra de deveres funcionais de seus subordinados; documenta,
enfim, que o órgão superior busca a moralidade administrativa.

Essa providência demonstra que a Administração Pública está vigilante sobre


as actividades dos seus órgãos inferiores, exercendo uma fiscalização constante, ou
seja, a fiscalização ordinária, como factor fundamental de harmonia no funcionamento
da Administração.

Enfim, faz retomar a confiança que o administrado deve ter da Administração


Pública, como factor de inequívoco equilíbrio social. Há, como sabido,
descontentamento popular, quando não mais acreditam, não confiam nas autoridades
públicas que, com paternalismo ou não, procuram acobertar seus servidores que se
envolvem em actos menos dignos, com evidente quebra de deveres funcionais.

Não pode-se esquecer que o cumprimento normal e corrente dos deveres


corresponde à rotina funcional desenvolvida pelos servidores públicos em geral. Há,
porém, aqueles que se mostram exemplares no cumprimento de seus deveres
funcionais. Destacam-se, positivamente, porque desempenham ditos deveres com
consciência e à-vontade, procurando melhorar os métodos de trabalho, para melhor
alcançar os objectivos comuns da sua repartição. Quem assim se houver é digno de
recompensas, como louvores, elogios, medalhas, prémios pecuniários, promoção por
merecimento, etc.

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1.1. Objectivos do Trabalho

O sucesso de qualquer trabalho de pesquisa depende em parte da clareza na


definição dos objectivos que se pretendem alcançar. Para o presente trabalho definem-
se os seguintes objectivos:

1.1.1. Objectivo Geral


 O objectivo geral deste trabalho de pesquisa é conhecer o procedimento
administrativo.
1.1.2. Objectivos Específicos

Como objectivos específicos cabem destacar três principais a serem tratados no


presente trabalho de pesquisa:

 Apresentar o conceito do direito administrativo;


 Identificar as espécies do processo administrativo;
 Dizer acerca da actuação da administração pública sem respeito as formas legais do
procedimento: Estado de Urgência e de necessidade.
1.2. Metodologias

A metodologia aplicada a esta pesquisa foi bibliográfica com abordagem da


revisão sistemática deu os determinados critérios que a compõem. Assim, a pesquisa
sistemática, “como o nome sugere, tais revisões são sistemáticas na abordagem e usam
métodos explícitos e rigorosos para identificar textos, fazer apreciação crítica e
sintetizar estudos relevantes” (Lopes & Fracolli 2008, p.2).

Toda pesquisa necessita de procedimentos adequados para uma investigação


planeada, desenvolvida de acordo com as normas técnicas, quanto aos fins, meios e
tipo de pesquisa. Nesse sentido, o método utilizado foi a pesquisa bibliográfica, por ter
sua relevância para este estudo:

Como a pesquisa bibliográfica tem sido um procedimento bastante utilizado nos


trabalhos de carácter exploratório descritivo, reafirma-se a importância de definir e de
expor com clareza o método e os procedimentos metodológicos (tipo de pesquisa,
vi
universo delimitado, instrumento de colecta de dados) que envolverão a sua execução,
detalhando as fontes, de modo a apresentar as lentes que guiaram todo o processo de
investigação e de análise da proposta (Lima & Mioto, 2007, p.3).

2. Revisão de Literatura
2.1. Conceito do Processo/Procedimento Administrativo

A Administração Pública, segundo Hely Lopes Meirelles (1993, p.584) para


registo de seus actos, controlo da conduta de seus agentes e solução de controvérsias
dos Administrados, utiliza-se de diversos procedimentos, que recebem a denominação
comum de processo administrativo.

Segundo Hely Lopes Meirelles (1996) cuidando da questão, atesta ter sido
Aldo M. Sandulli, no seu Il Procedimento Administrativo, o sistematizador da “teoria
do procedimento administrativo”, lembrando também que “os autores de língua
castelhana ora empregam a palavra ‘procedimento’ no sentido de processo
administrativo, ora no de procedimento administrativo propriamente dito, o que exige
do leitor a devida atenção para fazer a distinção necessária, uma vez que para nós
processo e procedimento tem significado jurídico diverso.

Por sua vez, José Cretella Júnior (1989. p.565) salienta que “processo designa
entidade que, em natureza, ontologicamente, nada difere da que for procedimento,
podendo-se, quando muito, quantitativamente, empregar aquele para mostrar o
conjunto de todos os actos, e este para designar cada um desses actos: processo é o
todo, procedimento as diferentes operações que integram esse todo”.

Bem por isso, Edmir Netto Araújo (1994. p. 127) afirma que José Cretella
Júnior:

Não atribui maior importância à distinção entre ‘processo’ e ‘procedimento’”, e, após


examinar o tema, deu a sua posição no sentido de que, no “campo específico do ilícito
administrativo e seu processo, e em sentido estrito, preferimos denominar processo
aquele procedimento que prevê, em sua estrutura, o diálogo manifestado pelo
contraditório, que é a bilateralidade de audiência, ou a ciência bilateral dos actos do
processo e a possibilidade de impugná-los. Por sua vez, seriam procedimentos as
formalizações de passos escalados em sequência lógica, em direcção ao objectivo
formal (produto formal, provimento formal) visado, sem a previsão do contraditório

vii
na respectiva estrutura. Como se vê concluiu Edmir Netto de Araújo, esse sentido
estrito de processo administrativo enquadra quase que somente o processo
administrativo disciplinar (ou funcional), pelo qual são apresentados os ilícitos
administrativos de maior gravidade, constituindo simples procedimentos os demais
meios de verificação (Edmir Netto Araújo, 1994. p. 128).

Professor Paulo Ferreira da Cunha (1987) define procedimento administrativo


como a sequência juridicamente ordenada de actos e formalidades tendentes á
preparação da prática de um acto da administração ou a sua execução. Sendo esta
definição que mais se enquadra ao presente estudo.

Por outra, De Andrade (2011) vêm procedimento administrativo como a


tramitação temporal e substancial, constituindo uma sequência ordenada em que há
tipicamente um ou mais actos subordinados, desempenhando cada um deles um papel
específico embora dirigido à finalidade última do procedimento.

2.1.1. Conceito do Direito Administrativo

O Direito Administrativo pode ser conceituado sobre diversos óbices. Mello


(2015, p. 27) classifica o Direito Administrativo como um ramo do Direito Público.
Nohara (2020, p.3) por sua vez, complementa este entendimento quando discorre que
“o Direito Administrativo faz parte do direito público por excelência, uma vez que
contém uma série de determinações estabelecidas no interesse da colectividade”.

Segundo Horvath (2011, p. 1) faz alusão a existência de uma divisão histórica


entre o Direito Público e o Direito Privado, indispensável ao estudo do Direito
Administrativo, oriunda desde o período Romano. Para Nohara (2020, p. 3):

O direito público diz respeito ao estado da República; e o direito privado refere-se à


utilidade dos particulares, afirmando-se, ainda, que existem assuntos que são afectos
às coisas públicas, diferentemente dos de utilidade privada.

Conforme verifica-se, o Direito Público “trata da relação do Estado com os


cidadãos, numa perspectiva vertical e que pode ser impositiva” (Nohara, 2020, p. 3)
subdividindo-se no Direito Administrativo, Tributário, Constitucional, Eleitoral,
Penal, Urbanístico, Ambiental, Económico, Financeiro, Internacional Público, Privado
e os Processos Civil, Penal e Trabalhista (Mazza, 2021, p. 21).

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Por outro lado, o Direito privado é aquele encarregado por regular a interacção
entre os particulares através da aplicação da autonomia da vontade, enquanto o Direito
Público visa atender os interesses de uma sociedade, suprimindo a autonomia
supracitada pelo dever de estabelecer e garantir o bem-estar público (Mello, 2015,
p.27).

É através da concepção de que o Direito Administrativo é parte integrante do


Direito Público, que se torna possível compreender-se a íntima indispensabilidade de
seu tratamento autónomo. O Estado tem o dever de controlar a sociedade, aplicar a
legalidade no que for cabível e garantir o asseguramento da separação dos poderes,
através da protecção de direitos individuais nas relações particulares e entre o próprio
Estado (Pietro, 2021, p. 31).

Embora indiscutível a indispensabilidade da existência do Direito


Administrativo na regulação da função administrativa, nem sempre se considerou este
ramo do Direito Público de forma autónoma. De acordo com Pietro, (2021, p. 31):

O Direito Administrativo, como ramo autónomo, nasceu em fins do século XVIII e


início do século XIX, o que não significa que inexistissem anteriormente normas
administrativas, pois onde quer que exista o Estado existem órgãos encarregados do
exercício de funções administrativas. O que ocorre é que tais normas se enquadravam
no jus civile, da mesma forma que nele se inseriam as demais, hoje pertencentes a
outros ramos do direito.

Através da acepção de que o Direito Administrativo é parte interligada ao ramo


do Direito Público torna-se possível embaçar sua indispensabilidade para a
manutenção da sociedade, principalmente porque, é através de seu uso que se pode
conhecer as expectativas comuns da colectividade, a fim de garantir seu eficaz
cumprimento.

Logo, subentende-se o Direito Administrativo como o instituto responsável por


regular o exercício da actividade estatal e da função administrativa, estipulando
princípios e regras de direito e a fixação de limites para a gestão pública e do interesse
público (Mazza, 2021, p. 21-22). Segundo Nohara, (2020, p. 5) em igual análise,
conceitua Direito Administrativo como o:

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Ramo do direito público que trata de princípios e regras que disciplinam a função
administrativa e que abrange entes, órgãos, agentes e actividades desempenhadas pela
Administração Pública na consecução do interesse público.

Segundo Couto (2020, p.47) ainda conceitua o Direito Administrativo sob a


análise da óptica subjectiva e objectiva, sendo que:

O Direito Administrativo é, segundo a óptica subjectiva, um conjunto de normas,


regras e princípios que regem as relações internas da Administração Pública e as
relações externas que são travadas entre ela e os administrados. Sob a óptica objectiva,
o Direito Administrativo é o conjunto de normas que regulamentam e regulam a
actividade da Administração Pública de atendimento ao interesse Público.

Outrossim, Aragão, (2013a, p. 21) é bastante esclarecedor quando descreve


que:

O Direito Administrativo como o ramo do Direito Público que tem por objecto as
regras e princípios que regem as actividades administrativas do Estado, entendidas
estas como as que não são jurisdicionais ou legislativas, seus meios, prerrogativas,
deveres, limites e controlos.

Concluinte, pois, dizer então que, o Direito Administrativo é o resultado da


soma de regras e princípios de Direito Público que infere nas relações internas e
externas da Administração Pública, com a finalidade de satisfazer o interesse público
(Couto 2020, p. 47).

2.1.2. Espécies do Procedimento Administrativo

É lugar-comum no direito administrativo dizer que as classificações não são


certas ou erradas, mas úteis ou inúteis. É por essa razão que não há unanimidade
quanto a classificação dos processos administrativos. Cada autor classifica os
processos administrativos de acordo com um critério que deseja ressaltar (Ferraz &
Dallari, 2001).

A classificação adoptada pelo autor é fundada no conteúdo do processo. Há


seis espécies de processo administrativo: expediente, gestão, outorga, restritivo de
direitos, sancionatório e de controlo. Os processos de expediente são extremamente
simples e são inerentes à rotina burocrática da administração. Os processos de gestão

x
são mais complexos que os de expediente e destinam-se a instrumentalizar decisões
administrativas de gestão da coisa pública (Ferraz & Dallari, 2001).

Os processos de outorga são aqueles por intermédio dos quais a administração


pública confere um direito a um cidadão. Podem ser simples ou de concorrência. Serão
simples quando um número ilimitado de outorgas puder ser realizado. Um exemplo
desse tipo de processo é a outorga do direito de construir. Serão de concorrência
quando somente um número limitado de outorgas puder ser realizado. Um exemplo
desse tipo de processo é a licitação, onde diversos interessados concorrem ao direito
de vender um bem ou prestar um serviço para a administração (Ferraz & Dallari,
2001).

Nos processos restritivos de direito são impostos gravames ou suprimidos


direitos. Por intermédio deles são impostas obrigações de fazer ou não fazer aos
cidadãos (Ferraz & Dallari, 2001).

Os processos sancionadores são aqueles onde se impõe ao cidadão uma sanção


decorrente da prática de um ato ilícito. São os processos por intermédio dos quais se
aplicam penalidades. Muitas vezes a aplicação de sanções se dá juntamente com a
restrição de direitos. Nesse caso, haverá uma espécie mista de processo (Ferraz &
Dallari, 2001).

A última espécie é os processos de controlo. São processos nos quais se analisa


a correção da conduta de um agente público. Exemplos desse tipo de processo são os
iniciados pelas controladoras internas ou pelos tribunais de contas. No curso do
controlo um acto ilícito pode ser identificado e, a partir desse momento, inicia-se um
processo sancionador (Ferraz & Dallari, 2001).

Por outro, segundo Pietro Virga (2014) afirma que dentre as espécies de
procedimento pode-se ressaltar:

Os procedimentos internos, que se desenrolam no seio da Administração; os


procedimentos externos que participam os administrados; os procedimentos
recursais ou revisionais; os procedimentos contenciosos que são manifestados para
resguardar interesse de terceiros como, por exemplo, o registo de marcas e patentes;
procedimentos restritivos ou ablativos, nos casos de cassação de concessões de
serviços; procedimento em vista de actos ampliativos, para a concessão de patentes
xi
e permissões; e ainda os procedimentos concorrenciais utilizados nas promoções de
licitações de serviço ou concursos para provimento de cargo público (Pietro Virga,
2014).

O procedimento ampliativo pode ser dividido em duas funções diferentes: De


iniciativa própria do interessado, como pedido de permissão; e de iniciativa da
administração pública como, por exemplo, aquisição de bem público (Pietro Virga,
2014).

Os procedimentos restritivos também são divididos entre meramente restritivos, por


exemplo, publicações de sanções; e sancionadores, que preordenam a aplicação de
uma sanção (Pietro Virga, 2014).

2.2. Actuação da Administração Pública sem Respeito as Formas Legais do


Procedimento: Estado de Urgência e de Necessidade
2.2.1. Estado de Urgência

Segundo Ávila (2009) relata que todas as situações da vida real em que, pela
sua especial gravidade ou perigosidade, a Administração Pública tem o poder legal de
efectuar uma intervenção imediata, sob pena de, se for mais demorada, se frustrar a
possibilidade de atingir os fins de interesse público postos por lei a seu cargo. A
urgência é uma realidade ordinária, ainda que eventual da acção da administração
pública, visto que está prevista na lei para situações em que ocorra um perigo actual e
iminente que ameace a satisfação de um interesse público legalmente protegido e
imponha uma actuação imediata e inadiável, mas apenas tem lugar quando se
verifiquem situações de perigo (Ávila, 2009).

Por outro lado, os procedimentos em urgência traduzem formas simplificadas


de agir (ex. 26º/2 CPA) e a actuação administrativa urgente está em qualquer caso
prevista na lei é uma actuação legal especial, e não uma actuação excepcional. Tanto a
urgência como o estado de necessidade se mostram enquadrados na ideia de exigência
pública de acção imediata da Administração e importam a legitimação de actuações
que, à luz das normas consagradas, seriam inválidas. A urgência e o estado de
necessidade são, no entanto, figuras distintas: existem situações de estado de
necessidade que não dão lugar a intervenções urgentes e existem situações de urgência
que não ocorrem em estados de necessidade (Ávila, 2009).

xii
Noutro sentido, a actuação em estado de necessidade tem como finalidade
primária a reposição da situação de normalidade legal ou de facto, enquanto a
actuação urgente tem como finalidade primeira o agir sem delongas para a satisfação
de finalidades específicas definidas pela lei. A determinação dos pressupostos de
verificação do estado de necessidade é mais rigorosa que a actuação urgente, pois a
administração passa a ter poderes extraordinários, devendo estes ser utilizados na
medida exacta do necessário para restabelecer a posição (na urgência a lei é que
determina os poderes especiais e tendo como finalidade satisfazer de modo imediato o
interesse público, há menos restrição quanto à actuação) (Ávila, 2009).

2.2.2. Estado de Necessidade

O estado de necessidade administrativa é um princípio constitucional implícito


que permite a Administração ir além ou até contra a lei a fim de superar uma situação
de crise, iminente, real e actual que ameace interesses colectivos e cuja superação seria
ineficiente e insuficiente, caso fossem utilizadas as regras de direito ordinário. Em
outras palavras:

O estado de necessidade administrativa é uma espécie de cláusula habilitadora, com


efeitos derrogatórios, suspensivos ou até criativos, de uma actuação da Administração
Pública interventiva e ordenadora na sociedade, não prevista em lei ou contrária a esta,
integrando o conceito de legalidade alternativa, sem prescindir da constatação de
circunstâncias excepcionais que clamam por uma acção urgente e necessária, posto o
resguardo do interesse maior sopesado e ponderado (Miranda, 2010, p. 116).

Reconhece-se que, por meio do estado de necessidade administrativa, é


possível a realização do interesse público essencial sob a preterição da legalidade
ordinária nas situações de crise. Esse interesse público essencial pode ser enaltecido
em três grandes grupos: a continuidade da vida do Estado, a manutenção da ordem
pública e a continuidade dos serviços públicos (Miranda, 2010, p. 116).

A necessidade pública surge quando a Administração depara-se com um


problema inadiável e premente que não pode ser postergado, nem removido, nem
procrastinado, para cuja solução é indispensável o sacrifício de interesses particulares
ou colectivos, pois é fato que todos os Estados, por mais prósperos que sejam, passam

xiii
por circunstâncias excepcionais, que exigem uma reestruturação a fim de superar ou
suplantar essa situação crítica (Miranda, 2010, p. 116).

O estado de necessidade administrativa surge da insuficiência do ordenamento


jurídico e com a crise do próprio princípio de legalidade do qual estamos
doutrinariamente acostumados de que a Administração somente age ou actua se há
uma regra legal expressa. Essa legalidade estrita tem como próprio limite a
necessidade da Administração e seu fim supremo, como o atendimento das
necessidades públicas, pois é impossível a previsibilidade completa de todos os
eventos relevantes (Miranda, 2010, p. 116).

A necessidade administrativa possibilita a adaptação do Direito à realidade


social, muitas vezes de criação ou de produção de um “direito de excepcionalidade”
que busca o equilíbrio da situação de facto e do interesse essencial a se preservar. A
necessidade administrativa trata-se de um correctivo quase essencial às regras de
direito (Miranda, 2010, p. 116).

3. Considerações Finais

Proponho-me, ao final deste trabalho de cunho científico, escrever algumas


considerações que são importantes para uma melhor fixação dos termos e temas
tratados durante este itinerário do Direito Administrativo.

Permitam-me que utilize de modo intencional o termo “considerações finais”:


minha intenção é não de concluir este trabalho, no sentido literal desta palavra, como
sendo algo perfeitamente terminado, sem que nada possa ser inserido ao longo do
tempo; pelo contrário, procurarei deixar um sentimento de que muito ainda precisa ser
aprofundado, que o caminho a trilhar é longo e reflexivo.

Assim sendo, da análise, leituras feitas nas referências bibliográficas e outras


consultas a materiais encontrados, conclui-se que os trabalhos da Administração
Pública, conforme relatado, se mostram essenciais à manutenção dos assuntos que
envolvem o Estado.

xiv
Os administrados precisam de segurança para exercer suas rotinas e ainda o
Estado tem que preservar a confiabilidade de suas acções e das informações de sua
competência. Analisando cada acto da administração consegue-se captar a evolução do
sistema público se tratando de preservar e garantir todos os direitos que envolvem a
administração.

Para terminar, de uma forma sintética se não o bastante já fosse garantir os


interesses dos administrados também está garantido os direitos entes externos que
confiam seus dados ao ente público. Portanto é altamente necessário que seja respeito
cada requisito deste processo que garante a integridade e a confiabilidade das
provisões da administração.

4. Referências Bibliográficas

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