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Direito Fiscal
Direito Fiscal
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6. Imposto e a Taxa
O Imposto, é uma prestação obrigatória estabelecida pela lei a favor de entidades que exerçam
funções públicas e para satisfação de fins públicos que não constituam sanção de actos ilícitos.
No plano da economia financeira a separação entre imposto e taxa pode estabelecer-se com relativa
facilidade, na base do critério da divisibilidade ou indivisibilidade dos serviços públicos. As taxas, são
progressivas porque aumentam mais que proporcionalmente, há medida que o rendimento aumenta, taxa
progressiva, é a taxa que varia mais que proporcionalmente à variação do rendimento. O Estado e as
outras entidades públicas prestam serviços cuja utilidade não é divisível pelos cidadãos. A defesa
nacional e a diplomacia constituem exemplos nítidos de serviços públicos indivisíveis e,
consequentemente, suportados pelo imposto. De outros serviços públicos, porém, extraem os
particulares utilidades individualizáveis. É o caso dos serviços de instrução, de justiça e de muitos
outros, ora quando através dos serviços públicos se prestam utilidades particulares, individualizáveis,
quando esses serviços são divisíveis, em suma, há a possibilidade de realizar a sua cobertura financeira,
ou parte dela, através do pagamento de prestações exigíveis dos particulares que utilizam tais serviços.
Atendendo à diversidade de estruturação legal, o vínculo jurídico de taxa tem por causa a prestação por
uma entidade pública de utilidades individualizadas. Quer dizer que a taxa, como aliás o preço também
apresenta origem sinalagmática. É este aspecto precisamente que separa com nitidez a taxa de imposto.
Porque a taxa tem por causa a realização de uma utilidade individualizada, ela depende de outro vínculo
jurídico, o que não acontece com o imposto.
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e) Imposto de repartição:
São todos relativos aos quais a responsabilidade dos financiadores é igual, independentemente da sua
capacidade contributiva.
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12. A limitação pelo costume, pelos tratados e pelas leis constitucionais
Os limites da soberania fiscal do Estado dependem, pois, dos seus próprios fins, e do complexo de
princípios e instituições que dominem a vida do país considerado. Mas, além destes limites, aos quais
deve atribuir-se relevo não apenas moral e político, mas também jurídico, os poderes tributários do
Estado acham-se normalmente confinados dentro de fronteiras legais expressamente definidas.
A lei fundamental do Estado limita, embora transitoriamente, pelo tempo que a própria Constituição
vigorar, os poderes tributários estaduais, que embora são restringidos por costumes internacionais e por
tratados, enquanto o Estado que os celebrou, ou a eles aderiu, os não denunciar
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sobreposição poderá mesmo suscitar o problema de uma admissível inconstitucionalidade formal, por
inobservância de alguma ou mais regras da Constituição material.
Os princípios tributários fundamentais: nem sempre de ideia de costume constitucional permitirá o
enquadramento de princípios fundamentais, inclusivamente tributários, não enunciados pela
Constituição no sistema jurídico. Porque pode acontecer que alguns desses princípios nunca tenham sido
incluídos em qualquer lei constitucional.
Admite-se que determinados princípios e normas de Direito Fiscal, pelo enraizamento na
consciência dos povos, tenham assento supra-constitucional, que se imponha ao legislador, sem excluir
o próprio legislador constitucional. E, não pretendendo embora qualquer enumeração taxativa em tal
matéria, estariam nesse plano os citados princípios da legalidade e da anualidade do imposto, da
igualdade de tratamento na repartição dos encargos tributários e da capacidade contributiva como base
da incidência fiscal.
18. Decreto-lei
O Governo pode legislar, através de decretos-lei, sobre outras matérias tributárias, alheias àquela
zona reservada. E mesmo sobre as matérias pela Constituição reservadas à lei formal, poderá o Governo
legislar, também através de decretos-lei, na base de autorizações legislativas. Em tal caso, a Assembleia
da República limita-se a “definir o objecto, o sentido, a extensão e a duração da autorização”. Baseado
nessa definição, já o Governo poderá criar o imposto na mesma definição indicado, e formular as
respectivas normas de incidência, incluindo as que fixem taxas e estabelecem benefícios fiscais, assim
como legislar sobre garantias dos contribuintes.
19. Regulamento
Relativamente às matérias reservadas á lei pelo art. 103º CRP, só parecem admissíveis regulamentos
complementares, ou de execução. Em tais matérias não serão admissíveis regulamentos autónomos, ou
independentes. Poderá causar estranheza a afirmação de que os regulamentos complementares
contenham normas sobre matérias reservadas à lei pelo art. 103º CRP. Mas assim acontece com
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frequência. É corrente que em decretos regulamentares se incluam normas de incidência, se fixem taxas
tributárias, se definam benefícios fiscais e garantias dos contribuintes.
21. Costume
“Tacitus consensus populi longa cosutudine inveteratus” (prática reiterada e constante com
convicção de obrigatoriedade), há-de afirmar-se como fonte de Direito. Mas não parece que tal aconteça
no campo tributário, onde as normas não são criadas espontaneamente pelos destinatários. Não é o
princípio da legalidade do imposto que leva a afastar o costume daquele campo. Porquanto como se
sabe, esse princípio domina apenas alguns aspectos da tributação, especialmente o da incidência fiscal.
Mesmo assim, é difícil admitir que outros aspectos, como o lançamento, o da liquidação ou da cobrança,
possam conformar-se com a disciplina de normas consuetudinárias.
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quadros dentro dos quais se situam os poderes tributários do Estado são delimitados por normas
de soberania fiscal.
b) Normas de incidência: definem o plano de incidência, ou seja, o complexo de pressupostos de
cuja conjugação resulta o nascimento da obrigação de imposto, assim como os elementos da
mesma obrigação. Determinam quem é o sujeito activo da obrigação de imposto, quem são em
abstracto, os sujeitos passivos da mesma obrigação, qual a matéria colectável, isto é, a riqueza, os
valores económicos sobre que recai a tributação, qual a taxa do imposto, quota ou percentagem,
calculada sobre aquela matéria colectável para efeitos de fixação da colecta, da prestação
tributária a pagar e qual o facto dinamizante, gerador que, reunindo, pondo em contacto, os
pressupostos tributários, permitirá que nasça, se constitua, uma obrigação de imposto.
c) Normas de lançamento: consiste no conjunto de actos e operações pelos quais os serviços
fazendários, ou os contribuintes, nos casos de auto-lançamento, determinam, em concreto, os
elementos da obrigação de imposto.
d) Normas de liquidação: operações que consistem na aplicação da taxa de imposto à matéria
colectável, para determinação da colecta, do quantitativo da prestação tributária.
e) Normas de cobrança ou de pagamento: conforme a operação seja considerada do ponto de vista
do fisco ou do contribuinte, são todas aquelas que disciplinam a cobrança ou pagamento dos
impostos.
f) Normas de organização de serviços: são nitidamente de índole administrativa, não se podendo
razoavelmente atribuir-lhes natureza diversa daquela que corresponde às normas de organização
de outros quaisquer serviços do Estado.
g) Normas de fiscalização: entre estas à a distinguir duas espécies: umas respeitam à fiscalização dos
serviços e essas são nitidamente de natureza administrativa; outras respeitam à fiscalização dos
contribuintes e de terceiros, que se julgue disporem de elementos susceptíveis de possibilitar, ou
facilitar, as operações fiscais orientadas para uma regular percepção dos impostos.
h) Normas de sanção: destinam-se a penalizar os contribuintes e, por vezes, também terceiros, por
actos cometidos susceptíveis de comprometer as operações de lançamento, de liquidação ou de
cobrança dos impostos, participam da natureza das normas penais, ou seja, punitivas.
i) Normas de contencioso: as que se encontram no Código do Processo Tributário.
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retroactivamente quanto àquelas situações, àquelas relações constituídas antes da sua entrada em vigor.
Na segunda hipótese, observar-se-á o princípio da não retroactividade.
Em favor da não retroactividade das normas jurídicas em geral, é invocável um princípio de
segurança, de respeito da boa fé. Porquanto os regimes jurídicos aplicáveis deverão ser aqueles com os
quais os seus destinatários podiam razoavelmente contar, tendo em face deles estabelecido os seus
planos e realizados as suas opções.
Em homenagem a um princípio da certeza, de segurança, a norma nova deverá aplicar-se às relações
constituídas no domínio da norma anterior; pois, de outro modo, todas as razoáveis expectativas sobre as
consequências das opções dos membros de uma sociedade seriam fundadas.
Este mesmo princípio de segurança impôs ao legislador a consagração da regra da não
retroactividade das normas civis (art. 12º CC).
Os princípios da legalidade e da tipicidade do imposto podem servir de fundamento à tese de que
não são susceptíveis de aplicação retroactiva das normas fiscais respeitantes às matérias contempladas
pelo art. 103º/2/3 CRP. Mais frouxa parece ser a argumentação baseada num princípio de igualdade
tributária ou nas regras fundamentais do Estado de Direito, demasiado fugidias em muitos aspectos para
serem utilizadas por uma teoria da aplicação da lei no tempo. Também não parece consistente fazer
duvidar um princípio geral de não retroactividade das normas desfavoráveis aos cidadãos da “legalidade
democrática” e da submissão do Estado à lei constitucional (art. 3º CRP).
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tributários acessórios quando se verifique coincidência de sujeitos; mas já parece inconveniente nela
integrar tais vínculos quando sejam diversos os sujeitos. Não faz sentido uma relação jurídica incluindo,
não apenas poderes e deveres diversos, mas repartidos por sujeitos aos quais corresponderiam posições
de natureza muito variável também.
30. Conjugação dos “pressupostos tributários” como facto constitutivo da relação de imposto
O facto constitutivo, ou facto gerador da relação de imposto, será aquele facto que conjugou os
pressupostos previstos na lei tributária. É a realidade com vigor jurídico bastante, que lhe advém da lei,
para pôr em movimento, para combinar, os pressupostos tributários, considerados estes como aquelas
situações, pessoais e reais, previstas expressa ou tacitamente, pelas normas de incidência tributária.
Um pressuposto, em si mesmo, como tal, não é causa, não é facto constitutivo. É qualquer coisa sem
a qual a causa, o facto constitutivo, se não verifica, não actua.
O pressuposto de facto, no sentido global de conjunto de pressupostos é sempre indispensável para
que qualquer obrigação tributária se constitua.
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A personalidade jurídica sofre, limitações e cerceamentos, ditados pelas particularidades dos ramos
de Direito face aos quais não faria sentido, não teria causa, atribuir personalidade a determinadas
entidades. E acontece também, por vezes, que a personalidade jurídica é atribuível apenas como
susceptibilidade de certos direitos e deveres em determinados tipos de relações jurídicas.
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contribuintes, porque são sujeitos passivos a relação jurídica de imposto. Apenas não são sujeitos
passivos, nem contribuintes, nem devedores originários.
O sujeito tributário passivo pode sê-lo por um débito originário ou por um débito não originário. O
débito do sujeito tributário passivo é normalmente originário.
Mas também quanto ao carácter originário do débito tributário importa ter presente que aquele
carácter não coincide sempre e necessariamente com o desenvolvimento normal da relação jurídica de
imposto. Não serão sujeitos passivos não originários apenas as pessoas daquela relação. Há casos em
que a entidade obrigada a pagar na base de um desenvolvimento normal da relação de imposto é um
sujeito passivo não originário. Assim acontece com os substitutos de imposto, chamados a pagar a
prestação tributária normalmente, isto é, na base de um desenvolvimento normal da relação jurídica de
imposto. Mesmo assim, os substitutos de impostos são devedores, sujeitos passivos, não originários;
porquanto em relação a eles não se estabelece uma presunção de benefício que justifique a incidência
tributária.
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Pressuposto objectivo genérico, sem a verificação do qual nenhum vínculo jurídico-tributário se
constitui, é a matéria colectável. Não havendo riqueza, bens materiais, bens económicos, assim como
uma entidade à qual se atribua a usufruição dessa riqueza, não há também imposto. No entanto, é de
notar que essa riqueza pode ser presumida pelas leis fiscais. A constituição do vínculo tributário nem
sempre depende de uma produção, ou de uma circulação real, de riqueza, pode depender de factos que a
lei tenha definido como índices de tal produção ou dessa circulação, as quais se presumem. E embora as
últimas reformas tributárias portuguesas tenham afirmado o princípio da tributação dos rendimentos
reais, princípio recebido a nível constitucional quanto à tributação das empresas, os impostos continuam
a incidir, em larga medida, sobre presunções, o que, por vezes, determina injustiças menores do que
tributar, como se fossem reais, rendimentos cuja realidade não pode ser apreendida, por deficiências da
contabilização e outras razões ainda.
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ou de facto, mas sim, normalmente, de prestações pecuniárias. No entanto, algumas prestações
acessórias poderão ser exigidas pessoalmente do contribuinte.
A prestação tributária deverá ser realizada no prazo e no local estabelecidos e pela forma legalmente
prevista. Quanto ao prazo do cumprimento, ele é muitas vezes estabelecido directamente pela lei, que
tem definido um período de cobrança à “boca do cofre”, durante o qual os impostos podem ser pagos
sem juros de mora, um período de cobrança voluntária, durante o qual os impostos já só podem ser
pagos acrescidos dos respectivos juros de mora, e um período de cobrança coerciva, iniciado com o
relaxe das contribuições. Assim acontece com os impostos directos periódicos.
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48. Juros de mora e compensatórios como garantias tributárias
Se o imposto não for pago no prazo legalmente estabelecido, começam a vencer-se juros de mora, a
uma taxa mensal de 2%. Os juros de mora só serão devidos quando o cumprimento não tenha sido
pontual. Mas poderá não haver mora do contribuinte e, no entanto, o pagamento ser retardado por se ter
procedido tardiamente às operações de lançamento e liquidação. Se esse atraso não for imputável ao
contribuinte, este só terá que realizar a prestação tributária, não acrescida de quaisquer juros. Mas se tal
atraso lhe for atribuível, à prestação acrescerão juros de compensatórios, sem prejuízo das multas e
outras penas porventura aplicáveis.
Também as multas fiscais e outros meios compensatórios, poderão, em termos paralelos constituir
garantias de cumprimento da obrigação tributária.
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com as dos contribuintes, permitam confrontá-las, dando lugar a pedidos de esclarecimento e,
eventualmente a correcções.
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O processo executivo não tem por objecto uma definição de direito, que já se há-de achar definido.
Visa, sim, torná-lo efectivo, obter a prestação devida ao titular de direito. Essa prestação poderá
consistir, no processo executivo comum, na entrega de uma importância pecuniária, na entrega de uma
coisa certa ou na prestação de um facto. Mas não assim no processo executivo fiscal. Neste a prestação
exequenda consiste sempre numa importância pecuniária, certa, líquida e exigível.
O processo de execução fiscal, caracteriza-se, especialmente, pela simplicidade e pela celeridade.
Por isso, de todos os incidentes da instância só admite o da falsidade, estabelecendo-se, neste processo,
que a citação de herdeiros tenha lugar sem prévia habilitação, assim como a penhora sem despacho que a
ordene, a não suspensão da execução no caso da penhora de bens comuns, etc.
Sistema fiscal português, IRS, imposto pessoal único:
1- Incide sobre o rendimento das pessoas singulares;
2- Atendendo às características do agregado familiar.
APURAMENTO DO IRS
Bibliografia:
Martinez, Soares:
Direito Fiscal, Almedina
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