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TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Registro: 2021.0000480736

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 2076389-60.2021.8.26.0000 e código 15D2E80F.
ACÓRDÃO

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CARLOS ALBERTO DE CAMPOS MENDES PEREIRA, liberado nos autos em 22/06/2021 às 19:14 .
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº
2076389-60.2021.8.26.0000, da Comarca de Sertãozinho, em que são agravantes
ORLEI APARECIDO BERNUZZI e EQUIPALCOOL SISTEMAS LTDA., é
agravado FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITÓRIOS NÃO
PADRONIZADOS ALTERNATIVE ASSETS I.

ACORDAM, em 15ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de


Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Revogaram o efeito suspensivo
então concedido, negaram provimento ao agravo de instrumento e não conheceram
do agravo interno, por prejudicado. V.U.", de conformidade com o voto do Relator,
que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores


ACHILE ALESINA (Presidente sem voto), RAMON MATEO JÚNIOR E ELÓI
ESTEVÃO TROLY.

São Paulo, 22 de junho de 2021.

MENDES PEREIRA

RELATOR

Assinatura Eletrônica
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Voto nº 24671
Agravo de instrumento nº 2076389-60.2021.8.26.0000

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Agravantes: Orlei Aparecido Bernuzzi e Outro
Agravado: Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Não Padronizados
Alternative Assets

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CARLOS ALBERTO DE CAMPOS MENDES PEREIRA, liberado nos autos em 22/06/2021 às 19:14 .
Comarca: Sertãozinho
Órgão julgador: 15ª Câmara de Direito Privado

AGRAVO DE INSTRUMENTO - Laudo pericial que


indicou elementos utilizados para elaboração do trabalho
avaliativo de imóveis para subsidiar alienação por leilão -
Esclarecimentos prestados pela perita que elucidam os
questionamentos formulados pelos executados - Críticas
feitas por quem não tem qualificação técnica na elaboração
de laudos periciais com base em normativos da ABNT -
Para controverter as conclusões da perita, caberia a
apresentação de demonstração técnica do erro, o que
poderia se dar mediante parecer de seu assistente técnico,
indemonstrado que a matéria não esteja suficientemente
esclarecida a teor do disposto no artigo 480, caput, do CPC
- Ausência, inclusive, de indicação de assistente técnico por
parte dos agravantes - Precedentes - Agravo interno
interposto pelo exequente com vista a reformar decisão que
concedeu efeito suspensivo parcial ao recurso para impedir
a alienação dos imóveis - Recurso prejudicado ante o
julgamento do principal - Agravo de instrumento
desprovido e não conhecido o agravo interno, por
prejudicado.

Trata-se de agravo de instrumento interposto em face da r. decisão


copiada às fls. 27/28 que, dentre outros comandos, homologou o laudo pericial de
fls. 1562/1660, notadamente a conclusão de fls. 1575, no que toca aos imóveis
objeto das matrículas nº 78067 e 78525 e determinou providências para a realização
dos leilões.

Inconformados buscam os executados, ora agravantes, a reforma


do decisum. Para tanto aduzem que o laudo de avaliação teria omissões, não
realizados os esclarecimentos feitos à perita, o que acabou por subvalorizar os
imóveis. Dizem que os apontados valores de R$ 275.000,00 e R$ 400.000,00 seriam
inferiores aos preços de mercado, uma vez que os bens paradigmas teriam
características muito divergentes dos avaliados, o que foi objeto de quesitos
complementares. Contudo, a perita teria deixado de se manifestar, cuja homologação
dos laudos teria sido providência equivocada. Os imóveis apresentados pela perita
para comparação, identificados pelos nº 1, 4, 13, 18 e 19 teriam valor de mercado
muito superior aos atribuídos aos penhorados, cujas características seriam similares
entre eles. O bem matriculado sob o nº 78525 teria sido avaliado de R$ 5.000,00 a
R$ 105.000,00 abaixo de outro imóvel situado no mesmo prédio, enquanto o de nº

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78067 teria tido seu preço fixado em menos R$ 20.000,00 a R$ 80.000,00, sem as
devidas explicações pela expert. O valor médio do metro quadrado de apartamento

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no centro da cidade de Sertãozinho seria de R$ 4.766,28 e não o apontado de R$
3.731,08, enquanto o referente ao bem no bairro Jardim Recreio teria valor de R$
5.738,11 e não de R$ 4.239,15. Apontam que a alienação pelas quantia indicadas

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nos laudos se daria por valor ínfimo, cujas praças pretendem evitar, tudo a
corroborar o pedido de provimento do recurso para homologação dos valores de R$
350.416,90 para o imóvel de matrícula nº 78525 e de R$ 541.189,84 para o de
matrícula 78067 (fls. 1/25). Documentos às fls. 26/311.

Às fls. 313 foi deferia em parte medida liminar para suspender o


leilão até decisão da Colenda Turma Julgadora a respeito da questão, após
instauração do contraditório.

As partes se opuseram ao julgamento virtual às fls. 317/319.

Vieram as contrarrazões do exequente às fls. 321/335, por meio


das quais defendeu a manutenção da decisão recorrida tal como prolatada. Diz que o
recurso seria manifestamente protelatório, ausente elementos que dessem suporte às
alegadas divergências nos valores dos bens penhorados. Seria a segunda vez que os
bens são avaliados, sendo que na primeira, feita por oficial de justiça, os apontados
valores de mercado pelos executados restaram superados por esta avaliação técnica
ora impugnada. Os quesitos teriam sido respondidos pela perita, não sendo possível
aceitar meros anúncios de internet como critério fidedigno.

O agravado interpôs agravo interno às fls. 1/15 do incidente


/50000 por meio do qual reiterou os argumentos expendidos por ocasião das
contrarrazões e sustentou que ausentes os vícios apontados nos laudos, haveria que
se indeferir o efeito suspensivo ao agravo de instrumento, bem como não se poderia
suspender todo o leilão enquanto apenas dois imóveis pertenceriam aos executados
ora agravados.

Às fls. 17 do agravo interno foi indeferido o efeito suspensivo,


determinada a abertura de prazo para contraminuta e a vinda de ambos os agravos
conclusos na mesma ocasião para julgamento conjunto.

Veio a contraminuta ao agravo interno às fls. 20/33 do incidente


/50000, pela qual os executados pedem o desprovimento daquele recurso por
estarem presentes os requisitos para concessão do efeito suspensivo tal como
apreciado pelo relator e repetiu os mesmo argumentos feitos por ocasião do agravo
de instrumento.

É o relatório.

Anota-se que ambos os recursos são objeto de julgamento


conjunto.

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Por meio da presente irresignação, os executados Orlei e

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Equipalcool pretendem a desconsideração do laudo pericial de fls. 132/230 pelo qual
os imóveis objeto de penhora e matriculados sob os nºs 78525 e 78067 foram
valorados, respectivamente, em R$ 275.000,00 e R$ 400.000,00, cujos

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esclarecimentos foram realizados às fls. 262/268, segundo os quais revela-se curial
as seguintes transcrições:

“5. Queira a Sra. Perita detalhar, pormenorizadamente, a espécie,


qualidade e condições da mobília constante nos dois apartamentos avaliados, bem
como o valor total atribuído aos móveis. Resposta: Como já explicado, mobília não
é benfeitoria e não integra o valor do imóvel.
(...)
8. Queira a Sra. Perita confirmar se o imóvel de nº 11 apontado
na amostragem é um apartamento localizado no mesmo prédio do imóvel de
matrícula nº 78525 e se possui exatamente as mesmas características deste.
Resposta: Embora os apartamentos se localizem no mesmo prédio, o imóvel
avaliando possui acabamento simples, sem reformas que agregam valor. Em
contrapartida o elemento comparativo passou por melhorias.
(...)
11. Queira a Sra. Perita esclarecer se, com a utilização dos
imóveis apresentados pelo executado como paradigmas (docs. 01, 02, 03, 04 e 05),
com características muito similares às dos imóveis avaliados, teria influenciado no
cálculo final do imóvel avaliado. Respostas: Quanto aos Docs. 01, 02, 03, 04 e 05
juntados pelos executados (fls. 1828/1844), tratam-se de anúncios que não podem
ser tomados como valores absolutos. As informações contidas em anúncios devem
ser checadas junto à fonte e, após, as características devem ser estudadas e
tratadas por comparação através de análise de fatores ou de inferência estatística
para saber a influência de cada variável no valor de mercado do imóvel avaliando”.

À vista de tais esclarecimentos, verifica-se que o laudo pericial


encontra-se devidamente fundamentado, ausente elementos técnicos que pudessem
infirmar as conclusões apontadas pela expert que bem desenvolveu seu múnus nos
autos de origem.

A bem da verdade, o esforço argumentativo apresentado pelos


executados, ora agravantes, mais se assemelha à críticas feitas por quem não detém
qualificação técnica na elaboração de laudos periciais com base em normativos da
ABNT, órgão responsável pela fixação de regras técnicas voltadas ao
desenvolvimento de trabalhos científicos.

Para controverter as conclusões da perita o que caberia é a


apresentação de demonstração técnica do erro, o que poderia se dar mediante parecer
de seu assistente técnico, indemonstrado que a matéria não esteja suficientemente
esclarecida a teor do disposto no artigo 480, caput, do Código de Processo Civil.

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Nota-se, inclusive, a ausência de indicação de assistente técnico


por parte dos agravantes que pudesse contrapor o laudo referenciado em elementos

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pertinentes à área de atuação em engenharia e/ou corretagem de imóveis, não
servindo a tanto questionamentos formulados com base em anúncios retirados da
rede mundial de computadores sem confirmação dos dados ali presentes.

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“Só ao juiz cabe avaliar a necessidade de nova perícia (STJ-3ª T.,
REsp 1.070.772, Min. Nancy Andrighi, j. 22.6.10, DJ 3.8.10; RT 829/245; 887/230:
TJSP, AP 333.342.4/0; JTJ 142/220, 197/90, 238/222). Assim: “Sem que a parte
interessada tenha impugnado oportunamente a qualificação do perito ou nomeado
assistente técnico, não pode impor ao juiz a realização de nova perícia, apenas
porque a primeira lhe foi desfavorável” (STJ-3ª T., REsp 217.847, Min. Castro
Filho, j. 4.5.04, DJU 17.5.04)1”.

Neste sentido já decidiu esta Corte:

“Demanda ordinária de cobrança de saldo devedor de contrato de


prestação de serviços de entrega de encomendas expressas e reconvenção de
indenização de danos materiais, com pedido subsidiário de abatimento de valores.
Procedência parcial da ação principal e da reconvenção decretadas em 1º grau.
Decisão mantida. 1. questão preliminar de apelação. necessidade de realização de
nova perícia não demonstrada. rejeição. 2. cerceamento de defesa não configurado.
Hipótese em que a prova dos autos é suficiente ao deslinde da controvérsia. 3.
Impugnação contra a existência de crédito que só foi reconhecida no bojo da
fundamentação da sentença. falta de interesse recursal caracterizada, já que os
fundamentos da sentença não fazem coisa julgada. inteligência da norma prevista
no art. 504, I e II, do C.P.C. não conhecimento. 4. saldo devedor discriminado na
inicial da demanda comprovado, ainda que não na extensão pretendida pela autora
reconvinda. Hipótese em que, no que diz respeito ao saldo devedor que restou
reconhecido, a ré reconvinte não logrou êxito em demostrar a existência de fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito alegado na inicial da demanda (art.
373, II, do C.P.C.). 5. pretensão à repetição em dobro de valor. não acolhimento, à
míngua de comprovação do efetivo pagamento. Recurso desprovido, na parte
conhecida” (TJSP; Apelação Cível 1002925-83.2016.8.26.0068; Relator: Campos
Mello; 22ª Câmara de Direito Privado; Foro de Barueri - 5ª Vara Cível; j.
15/07/2020);

“AGRAVO DE INSTRUMENTO: Ação de revisão de contrato c.c.


repetição de indébito, em fase de liquidação de sentença - Rejeição de impugnação
ao laudo pericial, com homologação do trabalho realizado pelo expert nomeado -
Alegada ocorrência de equívocos nos critérios utilizados pelo perito para a
confecção do cálculo - Correção do cálculo do vistor judicial verificada - Decisão
mantida - Agravo improvido” (TJSP; Agravo de Instrumento
1
Código de Processo Civil e legislação processual em vigor / Theotônio Negrão, José Roberto F.
Gouvêa, Luis Guilherme A. Bondioli, João Francisco N. da Fonseca. 50. ed. São Paulo : Saraiva
Educação, 2019. p. 499.

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2234871-14.2018.8.26.0000; Relator: Correia Lima; 20ª Câmara de Direito Privado;


Foro de Guararapes - 2ª Vara; j. 04/02/2019);

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“DISSOLUÇÃO DE SOCIEDADE EMPRESÁRIA. Alegação
genérica de inadequação da prova pericial, que não teria analisado os documentos

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e alegações do agravante. Irregularidade que não se constata. Conclusões do laudo
que são coerentes com a metodologia e o critério de análise eleitos pela Perita.
Laudo, ademais, que é detalhado e foi elaborado de maneira fundamentada. Perícia
que, embora seja uma prova relevante, não vincula o julgador de forma absoluta,
devendo ser procedida à valoração com os demais elementos constantes dos autos.
Mera discordância com as conclusões técnicas que não é causa de nulidade da
prova. Decisão mantida. Recurso desprovido” (TJSP; Agravo de Instrumento
2014301-59.2016.8.26.0000; Relator: Teixeira Leite; 4ª Câmara de Direito Privado;
Foro Central Cível - 37ª Vara Cível; j. 28/04/2016).

Ademais, imóveis ofertados à venda podem ser alienados por valor


menor, após negociação do comprador.

Portanto, entende-se que as críticas levantadas em desfavor do


trabalho realizado pela perita são infundadas, não havendo evidência de qualquer
mácula que possa invalidar a prova produzida nos autos apta a ensejar a alienação
dos imóveis matriculados sob os números 78525 e 78067 com base nos apontados
valores de mercado.

Com o julgamento do agravo de instrumento, resta prejudicado o


do agravo interno cadastrado como incidente /50000.

Ante o exposto, revoga-se o efeito suspensivo então concedido,


nega-se provimento ao agravo de instrumento e não se conhece do agravo interno,
por prejudicado.

MENDES PEREIRA
Relator

Agravo de Instrumento nº 2076389-60.2021.8.26.0000 -Voto nº 24671 – Sertãozinho - AC 6

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