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Modelos

Comportamentalistas
e Cognitivistas
ANO LETIVO 2020/2021 Marisa Matias
O paradigma do
autocontrolo
Conteúdos
 Introdução
 Pressupostos dos modelos de auto-controlo
 Modelos de auto-controlo
 Auto-controlo (Thoresen & Mahoney)
 Auto-administração (Kanfer)
 Auto-regulação (Bandura)
 Conceitos fundamentais
 Estratégias para Intervenção Psicológica
 Auto-observação/auto-monitorização
 Controlo dos estímulos
 Controlo das consequências.
Modelos de Auto-controlo
 Devolve o poder à pessoa

 Determinismo recíproco entre comportamento, pessoa e


meio

 Reconhecimento da existência de processos internos

 Mudança passa pela alteração tanto do meio exterior, como


do interior

 Ultrapassa a dicotomia controlo interno versus controlo


externo

 Crítica às conceções sobre causalidade interna exclusiva e


às conceções deterministas ambientais
Autocontrolo

O autocontrolo é revelado quando uma pessoa


manifesta um comportamento que é
previamente menos provável que outros
comportamentos à sua disposição.
Condições necessárias

 Existam 2 ou mais respostas alternativas;

 As consequências das alternativas sejam conflituais;

 As respostas de autocontrolo sejam mantidas por


consequências externas a longo prazo, partam da
iniciativa individual;

 A pessoa percecione que tem capacidade para exercer


o controlo do comportamento (auto-eficácia)
Modelos de Auto-controlo
- Relevância
 Maioria da mudança não é possível, a menos que a
iniciativa parta do próprio;

 Maioria da mudança é difícil e desagradável;

 Maioria dos comportamentos problemáticos está


associada a reações e processos internos (pensamentos
ou imaginação);

 Em termos terapêuticos, fornecer competências de


coping e de generalização é mais importante do que a
mera remoção de sintomas.
Modelos de Auto-controlo
Dimensões partilhadas
Um indivíduo que controla (sujeito) e outro que é controlado
(objeto): pessoa é simultaneamente sujeito e objeto do
processo de mudança.

Desenvolvimento de respostas de controlo nos clientes:

Consequências a longo prazo são as principais


reguladoras do comportamento

Auto-referenciação e papel das cognições


Modelos de auto-controlo
MODELO DE AUTO-CONTROLO DE THORESEN & MAHONEY;

MODELO DE AUTO-ADMINISTRAÇÃO DE KANFER;

MODELO DE AUTO-REGULAÇÃO DE BANDURA.


Modelos de Auto-control -
Pressupostos comuns
1. Pressuposto do auto-controlo: A capacidade da pessoa para
regular o próprio comportamento depende do seu conhecimento
e controlo das contingências do meio

2. Pressuposto da auto-mediação: Comportamentos problemáticos


estão associados a auto-reações e processos cognitivos internos e
as estratégias de intervenção devem ser definidas tendo em conta
estes processos.

3. Pressuposto da dinâmica “controlar/controlado”: As pessoas são


simultaneamente sujeito e objeto do processo de auto-controlo
Modelo de auto-controlo de
Thorensen & Mahoney (1974)
a) Os estímulos antecedentes ou iniciadores são aqueles que
precedem as respostas controladas;

b) As respostas controladas podem ser positivas (cuja


probabilidade se pretende aumentar) ou negativas (cuja
probabilidade se pretende diminuir);

c) Relação entre estímulos antecedentes e respostas


controladas:
a) Se for explícita é fruto de uma decisão consciente e a mudança
baseia-se nesta decisão.
b) O controlo é feito através de programação comportamental
(autorreforço e autopunição) ou controlo ambiental (controlo do
estimulo, auto-regulação da exposição, auto-instrução)
Modelo de auto-administração
de Kanfer(1970)
 Auto-controlo: processos cognitivos e atribucionais adotados
pelo sujeito para alterar a probabilidade de uma resposta, na
ausência de constrangimentos externos imediatos.

 Este processo é adotado quando a pessoa percebe que o seu


comportamento atual não está a produzir as consequências
desejadas.

 3 estádios:
 Auto-monitorização
 Auto-avaliação. Atribuições
causais
 Auto-reforço
Modelo de regulação de
Bandura
Auto-observação/auto-monitorização

Diagnóstico e motivação

Auto-avaliação/auto-julgamento
Referências sociais Valorização da
Padrões pessoais Atribuição causal
de execução atividade

Auto-reação
Avaliativas Tangíveis Ausentes
Modelo de regulação de
Bandura
Auto-observação/auto-monitorização

 Elemento imprescindível para acionar o processo de


mudança.

 2 funções:
 aquisição de informação útil para o estabelecimento de
critérios comportamentais (diagnóstico)
 avaliação das mudanças comportamentais (motivacional).

 Dimensões: qualidade, quantidade, proporção,


originalidade, sociabilidade, moralidade, desviância.
Modelo de regulação de
Bandura
Auto-avaliação ou auto-julgamento

 Processos cognitivos que permitem o juízo sobre os dados da


auto-observação:
 padrões pessoais (grau de desafio, proximidade,
generalidade, …)
 referências sociais de execução (padrões de normas,
comparações sociais, pessoais e coletivas).
 valorização da atividade: alta, média ou baixa vai determinar
os esforços investidos.
 Atribuições causais da execução: internas ou externas vão
determinar os esforços e avaliação da auto-regulação.
Modelo de regulação de
Bandura
Auto-reação

Processo da atribuição de consequências:

 Auto-reações avaliativas: valência negativa ou positiva, conforme


sejam ou não atingidos determinados padrões comportamentais;

 Auto-atribuições tangíveis: ou auto-administração de


consequências positivas ou negativas, decorrentes da obtenção
de determinados critérios comportamentais;

 Ausência de quaisquer auto-avaliações ou auto-reações.


Sub-processos do processo de
auto-controlo: Constâncias nos 3
modelos

 Auto-observação ou auto-monitorização;

 Auto-avaliação ou auto-julgamento;

 Auto-atribuição das consequências, auto-


reação ou auto-reforço.
Conceitos Fundamentais

Auto-observação/ Auto-avaliação/
Resposta controlada
auto-monitorização auto-julgamento

Respostas de auto-
controlo/ Controlo do estímulo/
auto-administração das planeamento
consequências/ ambiental
auto-reação
Implicações
terapêuticas
Estratégias de Estratégias de Estratégias de
auto- controlo de controlo das
observação estímulos consequências
Estratégias de auto-
observação
 Registo sistemático do comportamento efetuado pelo
próprio
 Reatividade – o próprio processo de auto-observação
interfere com a execução das respostas a observar

Implicações terapêuticas importantes

 O processo de registo interrompe a automaticidade do


comportamento das pessoas permitindo levar a maior
consciência das características dos seus comportamentos e
respetivas contingências
 Ajuda a estabelecer espontaneamente objetivos de
transformação.
Estratégias de auto-
observação

Auto-observação como instrumento


diagnóstico
• Interromper automaticidade dos comportamentos
• Próprio conhecer o seu reportório comportamental
e a as contingências (ABC)

Auto-observação como instrumento


automotivacional
• Próprio estabelece objetivos de mudança
Estratégias de auto-
observação

• Cliente tem de ser capaz de identificar,


Discriminação discriminar e definir operacionalmente as
respostas a observar

•Mais imediato possível - ABC


•Estímulos – pistas dos comportamentos
(Auto) Registo •Respostas – expressão motora, fisiológica. Emocional e
cognitiva
•Consequências

Avaliação e
•Identificar relações funcionais
estabelecimento de •Estabelecer objetivos de mudança
objetivos
Exemplo de grelha de auto-registo

Antecedentes Comportamento Consequências


(estímulos discriminativos) (controlado positivo ou Positivas ou negativas,
negativo. Motor, fisiológico, cobertas ou abertas,
emocional, cognitivo…) atitudinais ou tangíveis
Estratégias de controlo
dos estímulos

Alterações no contexto físico

Alterações no contexto social

Alteração nas funções discriminativas dos


estímulos
Estratégias de controlo
dos estímulos
Alterações no contexto físico

 Modificação do ambiente físico de modo a


impossibilitar ou dificultar a ocorrência de uma
resposta controlada negativa e/ou a promover
uma resposta controlada positiva.

 Ex. deixar de ir a locais onde se possa fumar


Estratégias de controlo
dos estímulos
Alterações no contexto social

 Restrição da exposição aos contextos sociais


discriminativos de comportamentos controlados
negativos, substituindo-os por estímulos sociais
associados a comportamentos controlados positivos.

 Ex. substituir os hábitos alimentares e de bebida em


excesso socializando com outros amigos com padrões
de alimentação, saúde e exercício físico mais
adequado
Estratégias de controlo
dos estímulos
Alteração na função discriminativa dos estímulos

 Aumento da associação entre um comportamento e um


determinado estímulo ambiental, fazendo que o
comportamento passe para o controlo de determinado
estímulo discriminativo
 Diminuir os estímulos associados a um comportamento- problema
 Fortalecer uma resposta controlada positiva e um estimulo
 Estabelecer custo de resposta controlada negativa - a execução
se torne mais custosa, difícil e impraticável
 Associar o comportamento alvo com a determinados estímulos
fisiológicos
Estratégias de controlo
das consequências
 Auto-administração ou auto-retirada de consequências
positivas ou negativas, cobertas ou abertas
(e.g. auto-reforço positivo, negativo, auto-estimulação
aversiva, auto-time-out ou exclusão temporária, auto-custo
de resposta)

4 requisitos:
 seleção das consequências apropriadas;
 definição das contingências;
 implementação do programa;
 procedimentos de verificação e revisão.
Estratégias de controlo
das consequências
Seleção das consequências apropriadas

 Avaliação das práticas habituais, idiossincráticas de


auto-reforço e auto-punição, simbólicas ou reais
(consequências materiais, auto-verbalizações
estimulantes ou desencorajadoras).
 Quais as consequência mais motivadoras ou aversivas?
 Que tipo de auto-verbalizações são estimulantes ou
desencorajadoras?
 Rearranjar de forma a ser contingente às respostas
controladas negativas e positiva
Estratégias de controlo
das consequências
Definição das contingências

 A pessoa é encorajada a construir planos


contingenciais onde constem as
consequências a serem estabelecidas para
determinados critérios de execução dum
comportamento a controlar. Devem ser
realistas, proporcionais e com relação
funcional ou semântica.
Estratégias de controlo
das consequências
Aplicação do programa

 Sempre que possível, deverá ser antecedida de alguns


exercícios de simulação ou ensaio da auto-
administração de consequências.
Estratégias de controlo
das consequências
Procedimentos de verificação e revisão

 O cliente deverá ser aconselhado a manter uma


cuidadosa monitorização do seu comportamento,
registando os comportamentos relevantes bem como o
processo de auto-administração das consequências.

 Estes registos são revistos e discutidos na consulta, onde


se poderá modelar programas de auto-administração de
consequências.
Aplicações e
limites
Aplicações e limites
 Problemas académicos e sociais
 Tabaco
 Drogas
 Alcoolismo
 Desordens Alimentares
 Técnicas de estudo
 Depressão
 Ansiedade
 Insónia

 Falta avaliar efeitos a longo prazo e quais os


clientes mais adequados para este tipo de
programa terapêutico.
Bibliografia

 Bandura, A. (1991). Social cognitive theory of self-regulation.


Organizational Behavior and Human Decision Processes, 50,
248-287. https://doi.org/10.1016/0749-5978(91)90022-L.
(texto no moodle)

 Gonçalves, Ó. F. (1994). Terapias cognitivas: Teorias e


práticas . Porto: Afrontamento.

 Rehm, L. P. & Rokke, P. (2001). Self-management therapies. In


K. S. Dobson (Ed.). Handbook of cognitive-behavioral
therapies (pp. 173-210). New York: Guilford Press.
(texto no moodle)

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