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DIAGNÓSTICO E

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TRATAMENTO DA
PERIODONTITE APICAL

CAR LO S EST R E LA

INTRODUÇÃO

A inflamação periapical representa uma resposta biológica de defesa


natural, que tem como responsáveis vários agentes etiológicos (microbia-
nos, químicos, físicos e outros). O modelo da resposta inflamatória é se-
melhante ao de outras partes do organismo.
O caráter inflamatório e/ou infeccioso envolvido na alteração periapi-
cal modula o diagnóstico e a opção de tratamento. A agressão traumática
ou microbiana na polpa dentária é capaz de produzir conseqüências lesi-
vas na região periapical. A infecção da polpa dentária mobiliza microrga-
nismos a se desenvolverem em sentido apical, invadir e colonizar os teci-
dos periapicais. Embora possa ser viável a ocorrência de necrose asséptica,
o remanescente necrótico e o ambiente favorável, não mais protegido
pelas defesas orgânicas, possibilita uma possível infecção. É imprevisível o
período de tempo para ocorrer o processo de infecção. Os microrganismos
com distintas características (estruturais, metabólicas e patogênicas) quan-
do chegam à região periapical estimulam a resposta inflamatória e imuno-
lógica. As defesas orgânicas e o grau de virulência dos microrganismos
estabelecem diversos tipos de alterações periapicais.
176 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

BIOLOGIA PERIAPICAL lulas associadas a elementos neuromuscula-


res)25,40,121,151.
A região periapical é composta pelo cemen- O osso alveolar (lâmina dura composta de
to, ligamento periodontal e osso alveolar. O ce- osso compacto) reveste os alvéolos dentários,
mento constitui-se de tecido conjuntivo minera- sendo perfurado por inúmeros canais (canais de
lizado e avascular, que recobre a superfície radi- Volkman) que contêm vasos sanguíneos que su-
cular do dente. A espessura de cemento na re- prem o ligamento periodontal. Entre a lâmina
gião apical (150 a 200 µm) é maior que nas dura e o osso cortical (externo ao processo alveo-
regiões média e cervical (50 µm); apresenta-se com lar) encontra-se o osso esponjoso. O aspecto ra-
tipo celular (cementócitos), dado à capacidade diográfico compõe-se de linha radiopaca distri-
reparadora, mantendo o processo de deposição, buída sem interrupção25,40,121,151.
em que novas camadas podem substituir as en-
velhecidas. As fibras do ligamento periodontal
que penetram no cemento (fibras de Sharpey) NECROSE PULPAR
são produzidas pelos fibroblastos e são incorpo-
radas a esse cemento, à medida que ocorre o A reação periapical é observada por meio da
aumento em espessura. O ligamento periodontal extensão apical dos agentes agressores pulpares.
é formado por tecido conjuntivo (contendo célu- Com a progressão da inflamação do tecido pul-
las, fibras, substância fundamental, vasos e ner- par, pode-se observar a dissolução tecidual (au-
vos). O ligamento periodontal atua como ele- tólise de proteínas teciduais), a partir da ação de
mento de sustentação do dente, e apresenta o enzimas proteolíticas dos lisossomos. A infiltra-
fibroblasto como célula predominante (contém ção de polimorfonucleares (neutrófilos) favorece
ainda, osteoblastos e cementoblastos) e células a liquefação do tecido necrótico, pela ação con-
epiteliais próximas ao cemento (restos epiteliais junta da autólise e heterólise. A necrose de li-
de Malassez). A rede epitelial impede o osso al- quefação resulta da ação de enzimas hidrolíticas,
veolar de se unir à estrutura cementária. No fo- bacterianas e endógenas (neutrófilos). Outra si-
rame apical ele segue com a polpa dentária. O tuação ocorre quando há o desenvolvimento do
índice de renovação e remodelação do colágeno fenômeno da desnaturação protéica, predomi-
no ligamento periodontal é mais alto que em nando sobre o da autólise, impedindo a dissolu-
qualquer outra parte do corpo. O suprimento ção total de células. O tecido pulpar perde água
vascular do ligamento periodontal é abundante. sem se decompor, demonstrando consistência fir-
A rede de capilares é mais desenvolvida próxima me, a partir da coagulação, caracterizando outra
ao osso alveolar que próximo à superfície radicu- forma de necrose. Normalmente, observa-se essa
lar. A drenagem linfática segue o caminho dos forma de necrose nas lesões traumáticas, em que
vasos sangüíneos. Apresenta fibras nervosas mie- houve isquemia tecidual. Encontra-se ainda, ou-
línicas e amielínicas. Terminações nervosas pro- tra situação clínica em que a cavidade pulpar
prioceptivas, sensíveis à pressão (percussão), apresenta-se vazia. Provavelmente, houve necro-
também são encontradas. Destacam-se, entre as se de liquefação com perda adicional de líquido,
funções principais do ligamento periodontal, as permanecendo apenas restos39,87,220.
de suporte, sensorial, nutritiva, síntese e reabsor- Posterior à necrose pulpar, o ambiente da
ção. Este tecido encontra-se em estado contínuo cavidade pulpar torna-se propício e ideal aos fa-
de atividade fisiológica, o que promove a manu- tores que influenciam o crescimento e coloniza-
tenção e adaptação das estruturas de suporte. No ção microbiana (nutrientes, baixa tensão de oxi-
aspecto radiográfico, observa-se um espaço radio- gênio, gás carbônico e as interações existentes).
lúcido correspondente ao ligamento periodontal. Estes fatores estão vinculados às agressões e às
Neste local encontram-se células do tecido con- respostas, pois, relacionam-se com patogenicida-
juntivo (fibroblastos, cementoblastos e osteoblas- de e virulência microbiana73,87,119,120,131-150,161,176-200.
tos); restos epiteliais de Malassez (forma rede en- Evidencia-se, dessa maneira, a extensão dos
trelaçada no ligamento periodontal, instituindo o processos inflamatórios e/ou infecciosos da polpa
remanescente da bainha epitelial de Hertwig, dentária aos tecidos periapicais. Na cavidade pul-
que se distribui próximo ao cemento); células de par os microrganismos proliferam protegidos dos
defesa (macrófagos, mastócitos, eosinófilos e cé- elementos de defesa do organismo, que são con-
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 177

duzidos pelos vasos sangüíneos presentes na re- cidade de espécies individuais variam considera-
gião periapical (membrana periodontal). Quando velmente e podem ser afetadas por outros mi-
os microrganismos atravessam o forame apical, crorganismos. Embora, espécies isoladas da micro-
as células de defesa tentam bloquear o seu avan- biota endodôntica sejam de baixa virulência, em
ço. A resposta da batalha entre o agressor e a associação (dado à combinação de fatores) po-
defesa caracteriza o estágio patológico periapical. dem ser patogênicas. Entre os fatores, têm-se:
Assim, dois fatores devem ser considerados na interações com outros microrganismos no canal
natureza da lesão periapical: o grau de virulência radicular (sinergismo benéfico); liberação de en-
dos microrganismos e a resistência orgânica. dotoxinas; síntese de enzimas que danificam te-
cidos do hospedeiro; habilidade de interferir e
evadir das defesas do hospedeiro135. Sundqvist193
REAÇÃO PERIAPICAL AOS discute os fatores ecológicos (interações nutriti-
AGENTES AGRESSORES vas bacterianas) da microbiota endodôntica favo-
ráveis à manutenção da infecção endodôntica. O
A presença e distribuição de microrganismos intercâmbio na cadeia nutritiva (presença de
em canais radiculares infectados e sua influência substâncias similares ao soro, menadiona, peptí-
como expressivos precursores das reações infla- deos, succinato, vitamia K, hemina, e outros) fa-
matórias da polpa dentária e dos tecidos periapi- vorece o crescimento e a colonização da micro-
cais estabeceleram a importante associação de biota endodôntica (Esquema 6.1).
causa e efeito, definindo melhor alguns parâme- As agregações microbianas representam re-
tros de respostas a diferentes agentes agresso- curso valioso para a viabilidade de determinados
res61. A dinâmica existente entre microrganismo, microrganismos. No entanto, alguns microrga-
virulência e resposta orgânica incentivou o nismos apresentam capacidade de evitar as defe-
desenvolvimento de pesquisas que proporcio- sas do hospedeiro, bloqueando o primeiro im-
nam explicações e definições mais compreensí- portante passo da resposta inflamatória135,193,194.
veis e convincentes sobre a íntima relação entre O mecanismo de formação da lesão periapi-
microbiologia e patologia. Os microrganismos re- cal é complexo. Bactérias, como as anaeróbias
presentam importante papel no estabelecimento Gram-negativas, por apresentarem o lipopolissa-
da lesão periapical. Entre os mecanismos pato- carídio (LPS) como constituinte da parede celu-
gênicos bacterianos na doença periapical, encon- lar, desempenham importante papel nesse meca-
tram-se: invasão; produção de exotoxinas; cons- nismo 1-24,27-38,45-53,57-59,73-77,79-85,88-97,99-105,107-112,114-
164,166-226
tituintes celulares (endotoxinas, componentes de .
superfície, cápsulas); produção de enzimas (cola- O LPS apresenta a propriedade de incentivar
genase, hialuronidase, fosfatase ácida, fibrinolisi- os macrófagos a produzirem mediadores (poli-
na, coagulase, protease, enzima degradadora de peptídios ou glicoproteínas) denominados citoci-
fibronectina); produtos do metabolismo micro- nas. As citocinas são proteínas de baixo peso
biano (ácidos graxos – ácido propiônico, butírico, molecular, que atuam como mediadores interce-
acético; amônia, compostos sulfurados (H2S), in- lulares, produzidos por uma variedade de células
dol); evasão das respostas imunológicas do hos- hematopoiéticas e estruturais, com efeitos pleo-
pedeiro. A combinação dos efeitos bacterianos di- trópicos em células alvo na regulação da defesa
retos (enzimas, toxinas, produtos metabólicos) e imunológica, resposta inflamatória, crescimento
indiretos (estimulação da liberação de mediado- celular e diferenciação, remodelação e reparo te-
res, como os constituintes celulares – lipopolis- ciduais135. Estas citocinas foram insistentemente
sacarídio, peptidioglicano, ácido lipoteicóico) in- chamadas de linfocinas, antes que sua produção
fluencia as defesas do hospedeiro e determina a fosse reconhecida por outras células. Apresentam
resposta periapical. O trajeto mais freqüente de o papel de auxiliar na regulação e desenvolvi-
invasão microbiana no canal radicular e tecidos mento das células imunes efetivas, comunicação
periapicais é por meio da via coronária – cárie de célula a célula e funções efetivas diretas. As
dentária, debilidade no selamento coronário, etc.). citocinas eram denominadas em função das ati-
Os microrganismos ao infectarem o canal ra- vidades biológicas, como: fator de ativação dos
dicular apresentam o potencial de estimular a macrófagos, fator de inibição da migração de
inflamação periapical. A virulência e a patogeni- macrófagos, fator de atração de osteoclastos, lin-
178 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

fotoxinas, fator de necrose tumoral, fator de A reabsorção óssea na patologia inflamatória


transformação de crescimento – Interferon. A é atribuída à IL-1, ao fator de necrose tumoral.
maioria das citocinas recebeu o nome de inter- As interleucinas alfa e beta exercem seus efeitos
leucinas, em referência ao papel de comunicação em largo número de células. Além de suas pro-
entre os leucócitos. Entre várias interleucinas, a priedades ósseas reabsortivas, elas estimulam os
IL-1, IL-6 e IL-8 representam importância espe- linfócitos T e B, que atuam na fase aguda (pro-
cial na patogênese da periodontite apical 149. As- duzem febre, estimulam a produção de outros
sim, IL-1α e IL-1β representam citocinas pró-in- componentes, mediadores da inflamação, como a
flamatórias produzidas por macrófagos, com efei- bradicinina, a serotonina, produtos metabólicos
tos sistêmicos (idênticos aos observados no cho- do ácido araquidônico – prostaglandina E2, 5 –
que tóxico) e locais (aumento da adesão de leu- hidroxitriptamina). Além das citocinas, o hor-
cócitos às paredes endoteliais, estimulação de mônio cálciomobilizante da paratireóide tem
linfócitos, potencialização de neutrófilos, ativa- função ativadora sobre os osteoclastos. Estes os-
ção da produção de prostaglandinas e enzimas teoclastos estimulados liberam enzimas proteolí-
proteolíticas, aumento da reabsorção óssea e ini- ticas (fosfatase ácida e ácido lático) que promo-
bição da formação óssea. Citocina constitui um vem a hidrólise ácida do colágeno, despolimeri-
termo coletivo preferido para proteínas regula- zando os mucopolissacarídeos e/ou glicoproteí-
doras de células135. As citocinas são proteínas li- nas, além de dissolverem componentes minerais
beradas por células do sistema imune que atuam do osso. Os linfócitos também liberam citocinas
como mediadores intercelulares na promoção da (linfocinas e IL-2) que inibem tanto a síntese de
resposta imune46,47,74-76,149,214. colágeno como a ação neutrofílica, impedindo
Durante a infecção periapical, os neutrófilos assim, o processo reparacional165,188,189,214.
buscam atacar e destruir os microrganismos (li- Desta forma, componentes celulares das bac-
beram leucotrienos e prostaglandinas – dois im- térias Gram-positivas e Gram-negativas devem
portantes eicosanóides envolvidos na inflama- ser destacados na doença periapical como subs-
ção). Os primeiros (LTB4) atraem mais neutrófi- tâncias tóxicas, capazes de agredir de forma dire-
los e macrófagos para a área, e os últimos ativam ta ou indireta (ativa resposta do hospedeiro). O
os osteoclastos, favorecendo a reabsorção LPS, endotoxina presente na membrana externa
óssea135(Esquema 6.2). das bactérias Gram-negativas, é liberado quando
Assim, dentre os fatores locais que estimu- a célula morre e desintegra, ou a partir de vesí-
lam a osteoclasia destacam-se a IL-1, a IL-6, o culas das membranas. As endotoxinas e enzimas
fator de necrose tumoral α, produtos do ácido das bactérias exercem função primordial, sendo
araquidônico (leucotrienos e prostaglandinas) e responsáveis por reações que potencializam a in-
alguns fatores de crescimento. fecção, promovem a inibição da quimiotaxia dos
Esses mediadores locais e sistêmicos agem neutrófilos e fagocitose, garantem a migração de
mantendo a homeostasia. Em estado patológico enzimas lisossômicas, participam da resposta
como a inflamação, os mediadores locais apre- imunológica por ativação do sistema comple-
sentam-se aumentados em quantidade, levando mento (C3 e C5), induzem a produção de anticor-
à reabsorção óssea patológica215. pos, além de interferir com a sensibilidade anti-
O mecanismo bioquímico da reabsorção ós- biótica, resultando na permanência de lesões pe-
sea relaciona o paratormônio, a vitamina D3, a riapicais dolorosas33,45-52,70-77,122-130,134-150,188,189,191-200.
calcitonina e o estrógeno como os principais me- Outra forma de manutenção dos agressores
diadores sistêmicos da reabsorção. O PTH e a vi- pode ser observada no biofilme apical, que é
tamina D3 estimulam a osteoclasia, enquanto a uma placa microbiana dentária formada através
calcitonina e o estrógeno inibem a reabsorção. de interações bacterianas (físicas e fisiológicas)
No aspecto normal, o osso é um tecido dinâ- com o dente, entre diferentes espécies dentro de
mico, que apresenta células vitais que respon- uma massa microbiana. Os microrganismos da
dem a vários estímulos externos e internos. O placa são muito influenciados por fatores do
osso é continuamente remodelado pela ação meio ambiente que podem ser mediados pelo
conjunta de osteoclastos e osteoblastos, os quais hospedeiro. Os biofilmes são agregados de polis-
são regulados por fatores produzidos local e sis- sacarídeos extracelulares que além de recobri-
temicamente57. mento, servem como meio nutritivo137,209,210.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 179

Ribeiro & Consolaro162 analisaram os aspec- Na lesão inflamatória os microrganismos podem


tos morfológicos dos biofilmes microbianos na se localizar em áreas inacessíveis das estruturas
osteomielite crônica supurativa e as correlações ósseas. As colônias microbianas servem de estra-
endodônticas e parendodônticas. Pode-se evi- tégias à sobrevivência frente aos mecanismos de
denciar por meio da microscopia óptica (H.E. e defesa do hospedeiro.
Brown e Brenn) em vinte casos, bactérias O Quadro 6.1 demonstra a partir de repre-
Gram-positivas e Gram-negativas nas superfí- sentação esquemática os fatores de agressão mi-
cies ósseas nos osteoplastos, nos canais de Havers crobiana no desenvolvimento da periodontite
e de Volkmann e nos tecidos moles subjacentes. apical.

ESQUEMA 6.1
Interações nutritivas de bactérias do canal radicular (adaptado de Sundqvist193).

ESQUEMA 6.2
Representação simplificada de resposta do hospedeiro em periodontite apical (Adaptado de Nair135).
180 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

Quadro 6.1
REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE FATORES DE AGRESSÃO MICROBIANA IN FLUENTES NO
DESENVOLVIMENTO DA PERIODONTITE APICAL

AÇÃO DIRETA

MICRORGANISMOS
䉴 Ligamento Periodontal
䉴 Osso Alveolar

ENZIMAS
䉴 Colagenase
䉴 Hialuronidase
䉴 Fosfatase Ácida
䉴 Outras enzimas

TOXINAS
䉴 Lipopolissacarídio
䉴 Ác. Teicoico/ Ác. Lipoteicoico
䉴 Peptideoglicano

PRODUTOS METABÓLICOS
䉴 Ác. Graxos, ác. butírico, ác. acético, amônia, compostos sulfurados, indol etc.

AÇÃO INDIRETA

LIPOPOLISSACARÍDEO

CITOCINAS

䉴 Interleucina 1 α
䉴 Interleucina 1 β
䉴 Fator de Necrose Tumoral α
䉴 Fator de migração de macrófagos
䉴 Fator de ativação de osteoclastos
䉴 Produtos metabólicos do ácido aracdônico
䉴 Prostaglandina E 2

INFLUÊNCIA DOS
MICRORGANISMOS NA
PATOGÊNESE E MANUTENÇÃO
DA LESÃO PERIAPICAL

A importância dos microrganismos na forma- Embora o fator etiológico mais freqüente da


ção da lesão periapical, o papel determinante, as agressão pulpar seja a presença de microrganis-
interações entre espécies, a resposta inflamatória e mos que estabelece a infecção, na agressão por
imunológica, têm sido objeto de avançados estu- traumatismo (asséptica) a polpa torna-se mais
dos dentro da biologia celular e microbiologia1- sensível às bactérias infectantes que a polpa den-
24,27-38,45-53,57-59,73-77,79-85,88-97,99-105,107-112,114-164,166-226
. tária saudável.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 181

Shovelton173 analisou a presença e distribui- A relação do tecido necrótico não infectado


ção de microrganismos em dentes desvitalizados e os tecidos periapicais, e a influência na capaci-
de 97 pacientes, provenientes de processos cario- dade de induzir periodontite apical foi investiga-
sos ou traumáticos. Os resultados mostraram maior da por Möller et al.126. Foram utilizados 78 dentes
percentual de microrganismos na região cervical, de 9 macacos divididos em dois grupos, A e B.
quando comparado com os terços médio e apical Após abertura coronária de 26 dentes, houve o
da raiz. Os dentes portadores de processos crôni- seccionamento pulpar no limite de 1 mm, sendo
cos evidenciaram maior proporção de microrga- deixada no interior do canal radicular e os den-
nismos que aqueles com processos agudos. tes selados por um período de 6 a 7 meses, sem
O papel determinante do microrganismo no exposição a microrganismos, compondo o grupo
estabelecimento da necrose pulpar e da formação A. No grupo B, após o corte da polpa e sua ma-
da lesão periapical foi estudado por Kakehashi et nutenção no interior do canal radicular, foi dei-
al.101, que observaram o efeito de exposições ci- xada aberta à cavidade bucal, permanecendo
rúrgicas de polpas dentárias de ratos germ free e apenas uma bola de algodão no seu interior.
ratos com microbiota oral indígena. Posterior às Após 6 a 7 dias expostos aos microrganismos da
exposições mecânicas da polpa dentária de mola- cavidade bucal, os dentes foram selados em perío-
res e sua exposição à cavidade bucal, no grupo dos idênticos, de 6 a 7 meses. Coletas microbia-
em que estava presente a microbiota nativa, nas foram realizadas após os primeiros 6 e 7 dias
houve presença de destruição pulpar e formação e após 6 a 7 meses. Os resultados mostraram que
de lesão periapical. No grupo de animais germ free no grupo não infectado (A), nenhum dente pro-
não se observou o desenvolvimento de lesão pe- porcionou coleta positiva, nem na fase inicial
riapical, mas sim, tentativa de reparação pulpar nem na final. Os 24 dentes foram analisados his-
com formação de pontes de osteodentina, de- tologicamente, todos apresentavam região apical
monstrando o potencial de reparação pulpar na com normalidade e sem presença de reabsorção.
ausência de infecção. Nos dentes do grupo infectado (B), verificou-se
A microbiota em dentes necrosados foi estu- culturas positivas, presença de 8 a 15 cepas de
dada por Sundqvist192, em 32 dentes originários microrganismos. As mais comuns, isoladas tanto
de traumatismos dentários, sendo 19 com lesão nas amostras iniciais como finais, foram bactérias
periapical com diâmetros variados (2 a 10mm). O anaeróbias facultativas, como por exemplo o
período entre o traumatismo dentário e o início Streptococcus ∝ hemoliticus, Enterococcus e Colifor-
era conhecido em 28 dentes; em 18, o tempo foi mes, bactérias estritas como os Bacteroides, Eubac-
de até 1 ano (8 dentes apresentavam lesão peria- terium, Propionibacterium, Peptococcus e Peptostrep-
pical). Microrganismos foram isolados de 18 dos tococcus. Algumas bactérias que não foram isola-
19 dentes com lesão periapical, e nenhum micror- das na coleta inicial foram na final, como o Bac-
ganismo foi encontrado em dentes sem lesão peri- teroides, Eubacterium e Propionibacterium que, em
apical. Um total de 88 cepas bacterianas foram outros canais foram isoladas em grande núme-
isoladas, sendo que, quanto maior a lesão periapi- ro. Desses 52 dentes, 12 apresentaram, no tem-
cal maior o número de microrganismos encontra- po final, sinais clínicos como pus no canal radi-
dos. Observou-se presença de dor periapical em 7 cular, abscesso e/ou formação de fístula; 47
pacientes durante o tratamento, sendo isoladas 6 dentes denotaram lesão periapical ao exame ra-
ou mais cepas. Nos dentes assintomáticos, menos diográfico. O exame histológico de 10 dentes
cepas foram isoladas durante o tratamento. Nos desse grupo mostrou reação inflamatória na re-
dentes com quadros agudos havia maior número gião periapical e formação de abscessos com in-
de bactérias que nos outros casos. A identificação filtração de granulócitos, neutrófilos e células
dos microrganismos, numa segunda parte do tra- redondas, linfócitos e células plasmáticas. Reab-
balho, evidenciou as seguintes presenças: Eubacte- sorção do osso adjacente foi achado consistente
rium alactolyticum, Propioniacterium acne, Bacteroides nos dentes desse grupo. Os autores afirmam
melaninogenicus, Campylobacter, Fusobacterium nucle- que as reações nos tecidos periapicais são indu-
atum, Veillonela parvulla, Arachnia propionica, Peptos- zidas por microrganismos que se estabelecem
treptococcus anaerobius e Peptostreptococcus micros. O em polpas necróticas e que o tecido necrótico,
Bacteroides melaninogenicus esteve presente em to- não contaminado, não é capaz de produzir alte-
dos os casos em que houve processo agudo. rações periapicais.
182 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

Fabricius et al.175 estudaram a capacidade de Com o objetivo de verificar se a imunização


11 cepas bacterianas, puras e em diferentes ativa poderia influenciar o número ou a propor-
combinações, induzirem lesão periapical em ção de microrganismos homólogos, inoculados
macacos (Macaca fascicularis). Setenta e cinco no canal radicular, e se anticorpos específicos
dentes tiveram suas polpas desvitalizadas meca- humorais, influenciariam reduzindo ou aumen-
nicamente, nas quais cepas bacterianas puras tando o desenvolvimento de lesão periapical,
ou em combinações foram inoculadas nos ca- Dahlén et al.50 analisaram infecções experimen-
nais radiculares e as câmaras pulpares seladas tais com Streptococcus faecalis, Linquefaciens, Acti-
por 6 meses. As cepas bacterianas empregadas nomyces bovis e Bacteroides oralis em macacos
foram Bacteroides oralis, Fusobacterium necropho- imunizados e não imunizados. Em 56 canais ra-
lum, Fusobacterium nucleatum, Streptococcus milleri, diculares dos animais imunizados e em 60 dos
Streptococcus faecalis, Peptostreptococcus anaerobius, não-imunizados, células viáveis das três cepas
Actinomyces bovis, Propionibacterium acnes, Bacte- bacterianas foram seladas em igual quantidade
roides fragili e Bacteroides melaninogenicus ss., B. e em várias combinações. Após 6 meses, amos-
Intermedium. Completado 6 meses, os dentes fo- tras dos canais radiculares foram submetidas à
ram examinados radiograficamente e, após ex- análise qualitativa e quantitativa e a área peria-
posição asséptica da câmara pulpar, suspensão pical radiografada e analisada histologicamente.
de VMG I foi introduzida no canal radicular e Os resultados não mostraram diferença signifi-
levada ao terço apical, para obter uma suspen- cativa entre os dois grupos de macacos, embora
são mista, a qual, era absorvida com pontas de o número de bactérias tenha sido ligeiramente
papel e transferida para o meio de transporte superior na maioria dos canais radiculares dos
VMG II. Nenhum sinal clínico de processo agu- macacos não-imunizados. A proporção de cepas
do foi verificado nos dentes em estudo. As cepas dentro de diferentes combinações bacterianas
bacterianas usadas em várias combinações para foi igual nos canais de ambos os grupos. Exames
inoculação nos canais radiculares foram origi- radiográficos e histológicos não revelaram dife-
nalmente isoladas de infecções endógenas de renças significativas entre os grupos, apesar do
canais radiculares de macacos e as culturas pu- número de dentes com lesão periapical. O exa-
ras foram obtidas em laboratório. Ao término me radiográfico mostrou maior limitação do
do experimento, quando do desenvolvimento processo periapical nos macacos imunizados
de lesão periapical, elas foram reisoladas dos que nos não-imunizados. Histologicamente, as
canais radiculares e identificadas. Todas as bac- lesões foram mais encapsuladas que nos não-
térias reisoladas e inoculadas foram capazes de imunizados. Nesses, as células inflamatórias fre-
manter a sua capacidade de sobreviver dentro qüentemente estavam infiltradas no osso. Obvia-
do canal, o que é um pré-requisito para sua mente, os anticorpos circulantes não tiveram
influência patológica nos tecidos periapicais. maior influência sobre a microbiota normal e
Isto confirma que essas bactérias têm capacida- nas bactérias dentro do canal radicular. O pre-
de maior de sobreviver e multiplicar-se nos ca- sente estudo mostrou também que a inoculação
nais radiculares do que outras. As cepas de Bac- combinada de bactérias possui a capacidade de
teroides foram dominantes em todos os dentes, induzir lesões radiográficas e alterações teci-
mas quando inoculadas separadamente (puras), duais histológicas na maioria dos casos. Entretan-
essas foram incapazes de sobreviver no canal to, quando o Streptococcus faecalis foi inoculado
radicular. Por outro lado, quando em combina- separadamente, registrou-se menor freqüência
ções com outras bactérias, o Bacteroides sobrevi- de lesões no tecido duro. Este fato confirma a
veu na maioria dos canais radiculares e, nesses, observação prévia de que a habilidade de sobre-
reações periapicais foram identificadas. Embora vivência de certas bactérias dentro do canal ra-
15 das 18 cepas de Streptococcus tenham sobrevi- dicular, não é relacionada com a capacidade de
vido separadamente no canal radicular, 6 não afetar os tecidos duros e que infecções mistas
induziram destruição periapical visível. Os auto- de certas bactérias possuem um potencial maior
res concluíram que certas combinações são po- para causar reações inflamatórias do que infec-
tentes em induzir a lesão periapical e que há ções simples.
correspondência significativa de bactérias anae- A estrutura da microbiota de dentes huma-
róbias em infecções crônicas. nos com lesão periapical, sua relação com as
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 183

paredes dentinárias, os aspectos morfológicos da jos exames radiográficos, realizados de 4 a 10


interação entre as diferentes espécies e natureza anos após o tratamento mostravam evidências
dinâmica da resposta inflamatória do hospedei- de patologia periapical. Os ápices foram removi-
ro no periápice foi analisada por Nair et al.133. dos cirurgicamente, em blocos retangulares
Trinta e uma lesões periapicais de canais contendo a porção apical da raiz e a lesão, com
radiculares de dentes humanos sem tratamento uma fina lâmina de osso adjacente. Analisados
endodôntico foram obtidas por extração, e pro- sob a luz da microscopia óptica e eletrônica
cessados para análise em microscopia óptica e após processamento adequado, seis dos nove
eletrônica. Trinta tratavam-se de granulomas e espécimes revelaram a presença de microrganis-
apenas um era cisto radicular. Os 31 canais ra- mos na porção apical; quatro continham uma
diculares revelaram a presença de microbiota ou mais espécies de bactérias, e dois revelaram
mista. Apesar da maioria dos casos, a microbio- a presença de leveduras. Dos quatro casos em
ta ser restrita ao canal radicular, bactérias foram que bactérias puderam ser observadas, somente
observadas dentro do corpo de 4 granulomas e em 1 biópsia foram detectadas pela microscopia
do cisto. A microbiota constitui-se basicamente óptica. Nos outros 3 casos, sua presença foi con-
de cocos, bacilos, filamentos e espiroquetas, firmada pela microscopia eletrônica. Dos três
sendo que, de modo geral, os bacilos eram casos em que os microrganismos não foram en-
Gram-negativos. Formavam aglomerados de co- contrados, um deles mostrou aspecto histológi-
lônias auto agregadas, de um tipo distinto, ou co que sugeria a presença de células gigantes
comunidades microbianas complexas, promo- tipo corpo estranho. Tais resultados foram su-
vendo relação simbiótica. Por meio de micros- gestivos de que, na maioria dos dentes huma-
cópio eletrônico foi identificada uma camada nos com lesões periapicais resistentes ao trata-
bacteriana na parede dentinária do canal radi- mento endodôntico, os microrganismos podem
cular que, sob luz da microscopia óptica, revela- persistir e ter um papel importante no sucesso
va estrutura em paliçada de placa bacteriana do tratamento. Nos casos em que agentes infec-
aderida às superfícies dentárias, embora não ciosos estão ausentes, as lesões periapicais pós-
houvesse qualquer relato sobre a formação de endodônticas podem ser mantidas por fatores
placa bacteriana na parede dentinária pela mi- imunológicos, decorrentes do envolvimento de
crobiota do canal radicular. Entretanto, sepa- células gigantes tipo corpo estranho, como res-
rando a microbiota da lesão periapical havia posta ao hospedeiro no periápice de dentes tra-
uma densa parede de neutrófilos ou um tampão tados endodonticamente.
epitelial no forame apical. A presença da parede Com o objetivo de caracterizar a microbiota
de neutrófilos encontrada na maioria dos casos, de dentes com lesões periapicais de acordo com
tem explicação na resposta quimiotática às bac- as espécies e sua freqüência, e analisar as asso-
térias invasoras ou seus subprodutos metabóli- ciações entre bactérias, Sundqvist 191 avaliou
cos, ou ainda, produtos de decomposição inva- amostras obtidas de 65 canais radiculares de
dindo a área periapical. Os neutrófilos revela- dentes humanos unirradiculares com polpa ne-
vam uma membrana que delimitava os fagosso- crótica e lesão periapical. Em presença de exsu-
mas contendo bactérias e os neutrófilos. A ca- dação no canal radicular, amostras foram toma-
mada eletrodensa na superfície das bactérias, das introduzindo-se pontas de papel absorvente
observada em alguns neutrófilos parecia ser esterilizadas e, a seguir, transferidas para um
produto de uma reação imune específica, que tubo com 5 ml de PYG. Na ausência de exsuda-
ocorre entre a bactéria e o anticorpo homólogo to, o canal radicular era inundado com solução
específico. Sua presença é forte evidência contra fisiológica e instrumentado até que um cone
a possibilidade de que as bactérias tenham al- pudesse ser introduzido a 1 mm aquém do vér-
cançado a área apical por contaminação, suge- tice radiográfico para coleta de material e sua
rindo tecido invasor, que no decorrer de longo transferência para o meio de cultura. Todos os
período de tempo provocou resposta imune do canais radiculares denotaram crescimento bac-
hospedeiro na região periapical. teriano com um total de 353 cepas isoladas,
A infecção extra-radicular de dentes resis- sendo 90% anaeróbios. O Fusobacterium nuclea-
tentes à terapia endodôntica também foi estu- tum foi a espécie mais freqüentemente isolada
dada por Nair et al.142 em 9 dentes humanos cu- (48%), seguido das espécies, Prevotella interme-
184 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

dia, Peptostreptococcus micros, Peptostreptococcus cavidade aberta observa-se a presença de bacté-


anaerobios, Eubacterium alactolyticum, Eubacterium rias facultativas, enquanto que na fechada o
lentume e Wolinella recta. As associações entre as predomínio é de anaeróbios. Quando da pre-
bactérias foram estudadas de acordo com os ín- sença de lesão periapical, o número de micror-
dices de probabilidade propostos na literatura. ganismos apresenta-se elevado quando de sua
Associações fortemente positivas foram obser- ausência. Em casos de cárie dentária, na micro-
vadas entre Fusobacterium nucleatum e Peptostrep- biota encontrada no canal observa-se a presen-
tococcus micros, Porphyromonas endodontalis, Sele- ça de Streptococcus, Actinomyces, Lactobacillus, Pro-
nomonas sputigena e Wolinella recta. Também fo- pionibacterium, Eubacterium, Veillonella e Peptos-
ram verificadas associações positivas entre Pre- treptococcus97. Nos canais radiculares sintomáti-
votella intermedia e Peptostreptococcus micros, Pep- cos (com presença de dor) encontra-se Peptos-
tostreptococcus anaerobios e Eubacteria. Espécies de treptococcus spp., Prevotella e Porphyromonas226. A
Streptococcus, Propionibacterium propionica, Capno- microbiota de dentes que não foram submetidos
cytophaga e Ocharacea e Veillonella parvula mos- à endodontia para os que foram obturados e
traram associações negativas ou ausentes com apresentam-se como insucessos, são distintas,
outras bactérias. Os resultados confirmam a sendo que os microrganismos predominantes
presença de uma microbiota característica den- neste último caso são Gram-positivos, perten-
tro do canal radicular e mostraram que no cur- centes aos gêneros Actinomyces, Enterococcus e
so da infecção há o desenvolvimento de fortes Propionibacterium88,131,135,136,178-180,191-193. A Candida
inter-relações entre diferentes espécies microbia- albicans é um microrganismo também encontra-
nas e mudanças populacionais. Sundqvist193 en- do nestas situações de insucessos com periodon-
fatiza os fatores relacionados nas inter-relações tite apical172,193,194,196,197,217,218. O Enterococcus faeca-
entre os microrganismos e o ambiente do canal lis têm sido bem analisado, pois, normalmente,
radicular. está associado a infecções secundárias (situações
Nair131 analisou a dinâmica encontrada en- de insucessos endodônticos)19,34,58,72,131,135,136,179,
180,196,197,209,210
tre a infecção do canal radicular e a resposta do . Esta bactéria tem se mostrado re-
hospedeiro frente à patogênese e manutenção sistente ao emprego de medicação intracanal34.
da periodontite apical. A presença de fatores Molander et al.123 analisaram as causas das dife-
microbianos, materiais obturadores de canais renças nas microbiotas endodônticas em casos
radiculares que contenham substâncias irritan- que respondem bem ao tratamento para os que
tes podem evocar reação tipo corpo estranho na não respondem e persistem a periodontite api-
região periapical, causando o desenvolvimento cal. A presença de anaeróbios facultativos pre-
de lesão periapical assintomática, que pode per- sentes, que podem se manter em fase latente,
manecer refratária ao tratamento endodôntico com baixa atividade metabólica, ocorre devido
por longo tempo. Destacam-se diferentes mi- ao isolamento absoluto imperfeito, a infiltração
crorganismos de importância nas infecções en- microbiana coronária ou nas condições em que
dodônticas, como demonstra o Quadro 6.2. A o canal foi aberto para a drenagem, o que pode
microbiota endodôntica na região apical do ca- favorecer seu crescimento.
nal radicular de dente humano com periodonti- O Enterococcus faecalis é uma bactéria facul-
te apical pode ser observada na Figura 6.1. A tativa que tem se mostrado resistente em ambien-
Figura 6.2 destaca os fatores etiológicos na pa- tes de pH alcalino34,72,110,111.
togênese e manutenção de periodontite apical Nair et al.142, estudando as causas de fracas-
em dente humano. A Figura 6.3 demonstra a sos endodônticos, destacaram os fatores de ori-
estrutura de um abscesso periapical. gem microbiana (infecção intrarradicular – bac-
Torna-se oportuno considerar a participação térias e fungos; e extrarradicular – Actinomices
especial de determinados microrganismos em israelli) - e os de origem não microbiana (exóge-
distintas situações clínicas. Em infecções pre- nos – material de obturação, pontas de papel;
sentes nas necroses pulpares, a microbiota en- endógenos – cisto, cristais de colesterol).
dodôntica que predomina em mais de 90% é de Todavia, deve-se enaltecer as diferentes con-
bactérias anaeróbias, dos gêneros Fusobacterium, dições clínicas durante o tratamento endodônti-
Porphyromonas, Prevotella, Eubacterium e Peptos- co, quanto à microbiota presente. Nas infecções
treptococcus12-17,88,131,135,136,191-200,224. Na presença de primárias (iniciais), presentes em necroses pul-
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 185

pares (com ou sem lesão periapical) não subme- tralizar o poderio bélico microbiano. A anti-sep-
tidas a tratamento, ocorre predomínio de infec- sia austera e local (exercida no ato da modela-
ção polimicrobiana com anaeróbios Gram-nega- gem), muitas vezes permanece aquém do ponto
tivos. Nas infecções secundárias (em que o dente de satisfação. Alguns obstáculos parecem deixar
foi submetido a tratamento, e o resultado final essa primeira linha de combate microbiano vul-
indica insucesso e necessita de retratamento) nerável, como a dificuldade de acesso da cânula
ocorre predomínio de bactérias Gram-positivas irrigadora e, conseqüentemente, da substância
(destaque aos facultativos, como o Enterococcus irrigante neutralizadora – assim como o não es-
faecalis). tabelecimento do limite apropriado para a lim-
Os sinalizadores naturais da presença mi- peza. Outro aspecto negativo, diz respeito à se-
crobiana (expressos por condições sintomáticas leção e emprego inadequado da solução irrigan-
ou por manutenção de infecção pós-tratamento te, da técnica de preparo e da medicação intra-
endodôntico) incentivaram muitos estudos que canal.
buscaram as reais causas que influenciaram, de Por conseguinte, o esvaziamento e o alarga-
modo negativo, o processo de cura21-24,46-52,74- mento do canal radicular, auxiliado pelo empre-
77,122-127,131-150,152,166,178-183,191-200,226
. O controle da go de uma efetiva solução irrigante (como por
infecção endodôntica, primeira atitude regula- exemplo o hipoclorito de sódio), e uma medica-
dora, deve privilegiar o esvaziamento e alarga- ção intracanal (como o hidróxido de cálcio),
mento do canal radicular, o que permite neu- têm conduzido a percentual de sucesso elevado.

Quadro 6.2
MICRORGANISMOS DE IMPORTÂNCIA NAS I NFECÇÕES ENDODÔNTICAS

Anaeróbios Aero-Micro-Facultativos**

Cocos Gram + Peptostreptococcus Cocos Gram + Streptococcus


Enterococcus

Actinomyces Actinomyces
Bastonetes Gram + Eubacterium Bastonetes Gram + Lactobacillus
Propionibacterium Corynebacterium

Cocos Gram – Veillonella Cocos Gram – Neisseria

Porphyromonas Bastonetes Gram – Capnocytophaga


Prevotella Eikenella
Bastonetes Gram – Fusobacterium
Selenomonas
Campylobacter

Espiroquetas Treponema
Levedura Cândida

* Adaptado de Nair131
** Aerotolerantes-Microaerófilos-Facultativos
186 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

FIG. 6.1
Microbiota endodôntica no terço apical do canal radicular de dente humano com periodontite apical (GR). As
áreas entre as duas setas superiores e as duas inferiores em “a” são ampliadas em “b e c”, respectivamente. Observe os
densos agregados bacterianos (BA) aderidos (b) à parede dentinária (D) e também suspensos entre os neutrófilos (NG).
Os neutrófilos parecem formar uma parede defensiva frente a proliferação bacteriana. Vista através de microscopia
eletrônica de transmissão (d) da interface dentinopulpar mostra a condensação bacteriana na superfície da parede
dentinária formando uma espessa placa (d). Aumento- a: X46; b: X600; c: X370; d: X2350. (Permissão, De: Nair
PNR131 Periodontolgy 2000, 1997; 13:121-148).
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 187

FIG. 6.2
Fungo como potencial agente etiológico na patogênese e manutenção de periodontite apical em dente humano.
a - Vista de um dente sobreobturado (RF) com lesão periapical (GR) resistente ao tratamento. As áreas demarcadas
pelo retângulo em “a e d” apresentam maior aumento em “d e b”, respectivamente. Observe duas colônias microbianas
(entre as setas em “b”). Elas estão mais ampliadas em “c”. A região oval em “d” é uma vista de microscopia eletrônica
de transmissão de microrganismos. Eles apresentam de 3 a 4 µm de diâmetro e revelam uma parede celular (CW),
núcleo (N) e forma germinada (BU). Aumento - a: X35; b: X130; c: X330; d: X60; região oval: X3400. (Permissão,
De: Nair PNR131 Periodontolgy 2000, 1997; 13:121-148).
188 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

FIG. 6.3
Estrutura de um abscesso periapical. a - Vista ampliada da área demarcada da lesão mostrada na Figura 6.2b. A
área abscedada (AB) contém focos de neutrófilos (NG) em “a”. Observe a bactéria fagocitada em um dos neutrófilos
que está ampliado na área demarcada em “b”. O abscesso periapical é formado por bactérias (BA) na área oval,
provenientes do terço apical do canal radicular (RC). Evoluindo para periodontite apical crônica (b). Observe a necrose
tecidual na região foraminal e as bactérias no corpo da lesão, (setas na região demarcada inferior). (D- dentina, BV-
vaso sangüíneo), Aumento- a: X 130; b: X I 00; região oval: X400, destaque em a: X2680, destaque superior em b:
X4900, e destaque inferior em b: X250 (Permissão, De: Nair PNR131 Periodontolgy 2000, 1997; 13:121-148).
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 189

INFLAMAÇÃO PERIAPICAL mais de vinte enzimas, sendo três proteolíticas


com maior potencial de destruição, a elastase, a
A inflamação periapical é conseqüência da colagenase e a gelastase. Os tecidos contêm anti-
extensão da inflamação pulpar, capaz de desen- proteínas (inibidor α 1 proteinase) que limitam
volver em fase anterior à necrose pulpar. A inva- as atividades das enzimas proteolíticas dos neu-
são periapical de microrganismos provenientes trófilos. Assim, a destruição dos componentes da
da necrose pulpar estabelece a inflamação em matriz extracelular pelas enzimas proteolíticas
nível de ligamento periodontal. A influência do pode ser controlada. É importante lembrar que
grau de patogenicidade dos microrganismos (to- as enzimas proteolíticas têm importante papel na
xinas, enzimas, produtos metabólicos, constituin- digestão de substâncias e que também atuam
tes celulares, mediadores inflamatórios) e as res- como estímulos inflamatórios214.
postas orgânicas do hospedeiro determinam os Enquanto os neutrófilos são os primeiros a
diferentes aspectos da periodontite apical. atuarem na área de lesão, os macrófagos são
A fagocitose é o mecanismo de defesa celular mais lentos e têm vida mais duradoura, apresen-
que objetiva englobar e destruir os agentes tando-se em maior número nos estágios finais da
agressores (microrganismos). Na primeira linha inflamação. Entre as funções dos macrófagos,
de defesa aparecem os neutrófilos (polimorfonu- encontram-se:
cleares), que sobrevivem por algumas horas; a
seguir, aparecem os macrófagos (monócitos) - 1. Remoção de células mortas ou que estão morrendo;
que associados aos neutrófilos, atuam no proces- 2. Remoção dos tecidos danificados (limpeza) - prepara
so de fagocitose. o caminho para os fibroblastos e novos capilares no
A morte dos microrganismos envolve dois reparo da ferida;
sistemas: oxigênio-dependente, no qual a ativi- 3. Remoção de grandes partículas nas reações de corpo
dade respiratória resulta em produção de radicais estranho;
livres derivados do oxigênio (ânion superóxido, 4. Primeira linha de defesa contra certos microrga-
peróxido de hidrogênio, ácido hipocloroso) que nismos.
pode matar bactérias e fungos; e, oxigênio-inde-
pendente, o qual envolve degranulação com li- A ação dos macrófagos é um evento muito
beração do conteúdo dos grânulos (proteínas importante a favor do hospedeiro.
catiônicas, ácido lático, lactoferrina, lisosima, en- Na inflamação aguda há a predominância de
zimas proteolíticas)214. reações exudativas, observadas por meio da saída
No processo inflamatório, tanto os neutrófi- de células do plasma da corrente sanguínea para
los quanto os macrófagos, funcionam como fagó- os tecidos, enquanto que, a inflamação crônica
citos. Este processo envolve três fases175: se caracteriza por reação proliferativa, em que as
células são estimuladas à multiplicação (prolife-
1a fase - Ligação do fagócito à célula alvo ou antígeno ração de fibroblastos, elementos vasculares, infil-
(isto é mais facilitado pela associação IgG, IgM tração de macrófagos e linfócitos).
ou C3b ); Normalmente, o processo inflamatório agu-
2a fase - Ingestão da célula ou antígeno. Uma extensão do periapical (periodontite apical sintomática ou
da membrana celular envolve o material anti- o abscesso periapical sem fístula) acontece quan-
gênico opsonizado, formando um fagossomo que do os microrganismos se mostram muito viru-
se funde aos lisossomos citoplasmáticos, e libera lentos, quando as defesas orgânicas estão
enzimas digestivas (degranulação); diminuídas, ou ainda, quando ocorrem essas
a
3 fase - Decomposição das bactérias ou antígenos por duas condições ao mesmo tempo. Ao contrário,
enzimas hidrolíticas, pH ácido no vacúolo, pro- quando a virulência dos microrganismos é baixa
teínas catiônicas, lactoferrina, superóxido, pe- ou o organismo é resistente, observa-se um pro-
róxido de hidrogênio, peróxido halóidemielo- cesso crônico, com lenta evolução, como aconte-
peroxidase. Este processo de fagocitose inclui a ce na periodontite apical assintomática. O pro-
ligação, a ingestão e a destruição das bactérias. cesso inflamatório pode sofrer exacerbação e
passar ao estado agudo, desde que haja aumento
A principal função dos neutrófilos é destruir da virulência microbiana ou queda da defesa or-
os agentes infecciosos. Seus grânulos contêm gânica. Da mesma forma, o processo agudo pode
190 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

se transformar em crônico pela redução da in- inflamatórios crônicos justifica-se pelo fato de
tensidade de irritação ou aumento das defesas que muitos agentes etiológicos são antigênicos, o
orgânicas. que demonstra a importância do sistema imune
Além da resposta inflamatória crônica, os no processo crônico. As células mais importantes
macrófagos e linfócitos provocam uma resposta da inflamação crônica são os macrófagos e linfó-
imune. O sistema imunológico objetiva neutrali- citos T. Os macrófagos podem se tornar células
zar, inativar ou destruir um estímulo (antígeno gigantes multinucleadas. Nas lesões ósseas, os
ou microrganismo), e pode ser realizado pela: a) osteoblastos podem ser ativados por mediadores,
neutralização direta do estímulo pela ligação ao como: a interleucina-1 e fator de necrose tumo-
anticorpo e/ou destruição do estímulo pelos lin- ral, levando à reabsorção óssea214.
fócitos sensibilizados; b) ativação dos sistemas Microscopicamente a lesão crônica se carac-
mediadores bioquímicos e celulares que possam teriza por predominância de linfócitos, plasmó-
destruir o antígeno175. citos e macrófagos cercados por cápsula fibrosa,
No processo inflamatório crônico observa-se composta de colágeno, fibroblastos e novos ca-
persistência dos fatores etiológicos que o organis- pilares. Esta lesão não é de natureza simples-
mo apresenta dificuldade para eliminação. Entre mente crônica, pois células polimorfonucleadas
estes, destacam-se: agentes infecciosos, remanes- podem ser encontradas por toda a lesão. O
centes de microrganismos mortos, corpos estra- Quadro 6.3 demonstra a seqüência de eventos
nhos, produtos do metabolismo e reações imu- patológicos pulpares e periapicais, que origina-
nes, etc. A presença de linfócitos nos processos ram de microrganismos da cárie dentária.

Quadro 6.3
SEQÜÊNCIA DE EVENTOS PATOLÓGICOS, PULPARES E PERIAPICAIS

Microrganismos

CÁRIE

Pulpalgia Hiper-reativa

Pulpite Pulpite
Sintomática Assintomática

Necrose Pulpar

Periodontite Periodontite
Apical Sintomática Apical Assintomática

Celulite Abscesso Granuloma Cisto


Periapical
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 191

PATOLOGIAS INFLAMATÓRIAS No entanto, deve-se atentar para o fato que


DO PERIÁPICE esses microrganismos, além de patogênicos aos teci-
dos periapicais, podem invadir e agredir outras re-
As patologias inflamatórias da região periapical giões. As infecções odontogênicas podem se disse-
são influenciadas pelas características patogênicas, minar para espaços faciais, tornando mais proble-
pelo número de microrganismos agressores (dotado máticas as alternativas de tratamento e exigindo
de seus respectivos arsenais de virulências) que inva- uma maior atenção e cuidado especial no manuseio
dem essa área, em conjunção com a dinâmica das do paciente. As Figuras 6.4 e 6.5 mostram por meio
respostas do hospedeiro. Esta interação entre os mi- de representação esquemática, as vias de entrada
crorganismos e as respostas do hospedeiro determina dos microrganismos na cavidade pulpar, enquanto
os diferentes tipos de alterações periapicais. Observa- as Figuras 6.6 e 6.7 expressam as vias de dissemina-
se freqüentemente, lesões inflamatórias de natureza ção mais freqüentes das infecções odontogênicas. As
crônica acompanhadas ou não da presença de sinto- Figuras 6.8 a 6.11 mostram aspectos radiográficos
ma (dor periapical à palpação, percussão, edema lo- de dentes com periodontite periapical assintomática.
calizado). A presença de polimorfonucleares (neutró- A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE223 classifica a
filos) e células mononucleares (macrófagos) pode ser inflamação periapical em cinco categorias: perio-
observada. Clinicamente, a relação da ocorrência de dontite apical aguda (K04.4), periodontite apical
inflamação de natureza aguda e/ou crônica nessa re- crônica (K04.5), abscesso periapical sem fístula
gião é imprecisa. O profissional ao tentar a associação (K04.7), abscesso periapical com fístula (K04.6) e
das características sintomatológicas (presença ou au- cisto periapical (K04.8).
sência de dor) com observações microscópicas, pode- O diagnóstico clínico das alterações periapicais
se equivocar, pois pode haver presença de neutrófilos deve ser estruturado de acordo com o tratamento.
e não haver sintomatologia. Tanto a fase aguda como Por conseguinte, o diagnóstico clínico adotado no
a crônica da inflamação na região periapical pode presente Capítulo, utiliza-se da classificação clínica,
envolver reabsorção óssea periapical. como exibido no Quadro 6.4.

6.4 6.5

FIGS. 6.4 e 6.5


Mostram por meio de representação esquemática as vias de entrada dos microrganismos na cavidade pulpar.
192 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

6.6

6.7

FIGS. 6.6 e 6.7


Representação esquemática das vias de dissemina-
ção mais freqüentes nas infecções odontogênicas.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 193

6.8 6.9

6.10 6.11

FIGS. 6.8 a 6.11


Aspectos radiográficos de dentes com periodontite apical assintomática.
194 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

Quadro 6.4
CLASSIFICAÇÃO CLÍN ICA DAS IN FLAMAÇÕES PERIAPICAIS

Classificação Clínica das Inflamações Periapicais

Periodontite Apical Sintomática


䉴 Traumática
䉴 Infecciosa
Periodontite Apical Assintomática
Abscesso Periapical Sem Fístula
䉴 Fase I – Inicial
䉴 Fase II – Em Evolução
䉴 Fase III – Evoluído
Abscesso Periapical Com Fístula

PERIODONTITE APICAL traumáticas ocorrem focos de hemorragia. A dor


SINTOMÁTICA está presente e é patognomônica, pois, a pressão
externa comprime fibras nervosas, o que man-
A periodontite apical sintomática é uma in- tém dolorido o dente até que o osso sofra reab-
flamação que ocorre no periodonto apical em sorção e possa acomodar o edema. Na situação
conseqüência de irritações traumáticas (trauma de infecção com agressão severa, o resultado fi-
oclusal, sobre-instrumentação), químicas (sobre- nal pode ser a formação de abscesso periapical.
irrigação, sobre-medicação), físicas (sobre-obtu- Desta forma, pode-se estabelecer duas subdi-
rações ou restos de materiais que são extruídos) visões: a periodontite apical sintomática de natu-
e microbianas (invasão de microrganismos, dis- reza traumática (em que presume a ausência de
seminação de toxinas e enzimas, produtos meta- microrganismos) e a periodontite apical sintomá-
bólicos, componentes celulares), as quais deter- tica de natureza infecciosa (em que presume a
minam reações inflamatórias e imunológicas. presença de microrganismos) (Esquemas 6.3 e
Esta inflamação localizada no ligamento pe- 6.4). A primeira é observada posterior ao trata-
riodontal apical caracteriza-se por reação exsu- mento de dente com polpa vital, enquanto que,
dativa aguda, composta de células polimorfonu- a segunda com polpa necrosada. Em decorrência
cleares, leucócitos e algumas células mononuclea- da caracterização dos fatores etiológicos não é
res dispersas. Além do edema, nessas situações difícil distinguí-las e nem identificá-las.

ESQUEMA 6.3 ESQUEMA 6.4


Representação esquemática de Periodontite Apical Representação esquemática Periodontite Apical Sin-
Sintomática Traumática. tomática Infecciosa.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 195

PERIODONTITE APICAL têm sido empregadas, porém, são dados subjeti-


SINTOMÁTICA TRAUMÁTICA vos, mas aceitáveis, pois, no momento é com o
que se pode contar65.
Aspectos Clínicos e Terapêuticos Durante o tratamento endodôntico é com-
plexo e difícil distinguir integralmente o agente
A periodontite apical sintomática traumática agressor responsável pela dor pós-operatória,
é uma manifestação inflamatória que pode ocor- uma vez que há um somatório de fatores desen-
rer tanto após a realização de uma restauração, cadeantes do processo inflamatório (técnica de
em que permanece contato prematuro, como instrumentação, limite apical, substância quími-
após a instrumentação e obturação de um dente ca, medicação intracanal, condição sistêmica as-
com vitalidade pulpar. O processo normalmente sociada).
evolui para a cura com a remoção do agente Estrela et al.69 estudaram a influência da
etiológico. substância química, do cimento obturador e do
O aparecimento da dor após o tratamento número de sessões na prevalência de periodonti-
endodôntico em dentes portadores de vitalidade te apical sintomática (traumática). Foram anali-
pulpar ocorre em conseqüência da instalação de sados 160 dentes com vitalidade pulpar indica-
processo inflamatório no ligamento periodontal. dos para tratamento endodôntico radical. Poste-
A dor periapical é uma realidade presente e ex- rior ao diagnóstico, procedeu-se a anestesia,
perimentada pelo paciente, que busca a solução isolamento absoluto e abertura coronária. O li-
com o tratamento endodôntico (alivio da dor, mite apical de instrumentação adotado foi de 1 a
das seqüelas do processo inflamatório e o reesta- 1,5 mm aquém do vértice apical radiográfico.
belecimento do dente em questão). Diferentes Para os canais amplos, a pulpectomia foi realiza-
fatores etiológicos podem ser responsáveis pela da por meio da excisão pulpar, empregando-se
agressão presente, como: o ato da pulpectomia, o uma lima Hedströem modificada, enquanto que,
limite apical de instrumentação, a substância para os canais atresiados foi realizado paralela-
química irrigadora, a medicação intracanal, o mente ao preparo (fragmentação). O preparo do
material obturador, a técnica de instrumentação, canal radicular foi feito utilizando-se dos princí-
dentre outras. A correta execução das etapas pios da técnica de preparo cervical. O limite late-
operatórias, dos princípios biológicos e mecâni- ral mínimo de ampliação adotado foi o seguinte:
cos do preparo e obturação do canal radicular dentes unirradiculares – lima no 35, raízes mesi-
deve conduzir a elevado número de sucesso no ais de molares inferiores e vestibulares de mola-
tratamento, identificado tanto pela ausência da res superiores – lima no 30, raízes distais de mo-
sintomatologia pós-operatória, como através da lares inferiores e palatinas de molares superiores
reparação tecidual. – lima no 40. Durante o preparo do canal radicu-
Crump44 salienta que apesar do preparo e da lar realizou-se a cada troca de lima farta irriga-
obturação do canal radicular aparentemente ção-aspiração com hipoclorito de sódio a 1%.
mostrarem-se satisfatórios (obedecidos o adequa- Nas duas últimas limas empregadas, o canal radi-
do diagnóstico e técnica operatória), podem per- cular foi secado e preenchido completamente
sistir sinais e sintomas clínicos que caracterizam com EDTA trissódico a 17%, pH 7,2, mantido
possíveis falhas no tratamento executado. A aná- por um período de 3 minutos, seguido de irriga-
lise de fatores sistêmicos é importante durante a ção-aspiração com hipoclorito de sódio a 1%.
anamnese e o exame clínico, pois, a diminuição Dos 160 dentes utilizados no presente estudo, 82
da resistência orgânica faz com que seja possível foram obturados em sessão única e 78 em duas
que as alterações provocadas pela enfermidade sessões. Os dentes tratados em duas sessões per-
excedam o potencial de reparação do hospedei- maneceram com hidróxido de cálcio associado à
ro, mantendo-se persistente o quadro doloroso. solução fisiológica, cuja pasta apresentou-se na
O estabelecimento de critérios para a men- consistência de creme dental, preenchendo-se
suração de respostas de dor, na análise compara- totalmente o canal preparado. Para as manobras
tiva de agentes empregados no tratamento endo- de obturação, valeu-se da técnica de condensa-
dôntico é questionável, devido às dificuldades na ção lateral ativa de guta-percha. Em 84 dentes,
reprodução e quantificação dos valores obtidos. empregou-se o cimento Sealapex, enquanto que,
Várias escalas de respostas e avaliações da dor em 76 empregou-se o cimento à base de óxido
196 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

de zinco e eugenol (FillCanal). Decorridas 24 uma ou duas sessões foi de 85,7% e 82,3%,
horas da execução do tratamento definitivo, os respectivamente. Em todos os grupos empre-
pacientes retornaram para a avaliação do pós- gou-se o hipoclorito de sódio a 1%, alternado
operatório, quando foi registrada a presença ou nas duas irrigações finais com EDTA (trissódico,
ausência de dor pós-operatória, de acordo com 17%, pH neutro) e instrumentados com a técni-
os seguintes critérios: ausente, quando o pacien- ca de preparo cervical. Os Gráficos 6.1 e 6.2
te não relatou nenhuma sintomatologia; leve a demonstram a prevalência de dor pós-operató-
moderada, quando o paciente relatou uso não ria em dentes tratados em sessão única e duas
constante de analgésico para o alívio da dor; e sessões, tendo como influência final o cimento
severa, quando o emprego do analgésico foi obturador. Frente à análise do número de ses-
constante pelo paciente e a dor não foi aliviada. sões, nota-se elevado percentual de ausência de
Os dentes obturados com Sealapex mostraram dor pós-operatória, independente do número
um percentual de 87,5% e 88,6% de ausência de de sessões, uma ou duas, havendo ausências de
dor após o tratamento endodôntico, realizado diferenças significativas entre si. Deve-se consi-
em uma e duas sessões, respectivamente. Quan- derar, além do número de sessões, a influência
do o cimento utilizado foi o FillCanal, o percen- dos fatores inerentes à terapêutica propriamen-
tual de ausência de dor com o tratamento em te dita.

GRÁFICO 6.1
Prevalência (%) de dor pós-operatória de dentes tratados em sessão única (influência do cimento obturador –
Sealapex/Fillcanal)
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 197

GRÁFICO 6.2
Prevalência (%) de dor pós-operatória de dentes tratados em duas sessões (influência do cimento obturador –
Sealapex/Fillcanal)

O número de sessões (uma ou duas) para a em 80% dos canais obturados com Sealapex (Figura
realização do tratamento endodôntico, histologica- 6.13 e 6.14) e 40% com óxido de zinco e eugenol
mente parece não demonstrar diferenças expressi- (Figura 6.15 e 6.16);
vas, desde que se adote uma técnica de preparo do 3. Usando hidróxido de cálcio como medicação, não fo-
canal radicular atraumática, e se empregue um ram observadas diferenças em relação aos pequenos
material obturador biologicamente compatível. canais acessórios entre os dois cimentos obturadores;
Frente a situações de periodontite apical 4. Quando a medicação foi o Otosporin, os canais aces-
traumática, Holland et al.98 analisaram em dentes sórios mostraram alta incidência de fechamento
de cães os efeitos biológicos do hidróxido de cál- quando o material obturador foi o Sealapex;
cio e do corticosteróide-antibiótico (Otosporin), 5. Quando partículas do Sealapex alcançaram o li-
como medicação intracanal em pulpectomias, gamento periodontal, elas causaram suave reação in-
após sobre-instrumentação, empregando dois flamatória, caracterizada principalmente pela reação
materiais obturadores – o óxido de zinco e euge- macrofágica. Na ausência do fechamento biológico o
nol e o Sealapex. Posterior à 180 dias, as óxido de zinco e eugenol freqüentemente produziu su-
interpretações dos resultados permitiram chegar ave reação inflamatória crônica.
às seguintes conclusões (Gráfico 6.3):
As vantagens para a realização do tratamen-
1. Usando o Otosporin como medicação intracanal, o fe- to endodôntico em dentes com vitalidade pulpar
chamento biológico do forame apical principal foi ob- em sessão única são obtidas com a diminuição
servado em 73,35% dos casos quando o material ob- das possibilidades de contaminação entre as con-
turador foi o Sealapex (Figura 6.12) e 20% com o sultas, com as vantagens técnicas do profissional,
óxido de zinco e eugenol; observadas com a familiarização da anatomia e
2. Usando o hidróxido de cálcio como medicação o fe- em decorrência de fatores econômicos envolvi-
chamento biológico do forame apical foi observado dos no número de consultas.
198 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

GRÁFICO 6.3 FIG. 6.12


Fechamento biológico observado nos grupos experi- Otosporin - Sealapex - Fechamento biológico do
mentais (Holland et al.98, 1998). forame principal. H.E. 100X (Holland et al.98, 1998).

FIG. 6.13 FIG. 6.14


Ca(OH) 2-Sealapex - Fechamento biológico do Ca(OH) 2-Sealapex - Fechamento biológico do
forame principal. H.E. 100X (Holland et al.98, 1998). forame principal. H.E. 100X (Holland et al.98, 1998).

FIG. 6.15 FIG. 6.16


Ca(OH)2-Óxido de zinco e eugenol. Neoformação Ca(OH)2-Óxido de zinco e eugenol. Presença de
cementária. H.E. 100X (Holland et al.98, 1998). raspas de dentina. Fechamento biológico do forame
principal. H.E. 100X (Holland et al.98, 1998.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 199

A prevalência de periodontite apical sinto- par, em que se presume ausência de microrganis-


mática, de origem traumática, depende não ape- mos. Quando o caso for realizado pelo próprio
nas da habilidade profissional, mas também, ad- profissional, em que a opção foi o tratamento em
mite-se a possibilidade de sofrer influências da sessão única, ou em duas sessões (desde que man-
substância química, do cimento obturador, do tida medicação intracanal à base hidróxido de cál-
número de sessões e das condições sistêmicas do cio), conduzidos de forma bem orientada, aguarda-
paciente (Figuras 6.17 a 6.20). se o controle pós-operatório da medicação sistêmi-
O emprego do hipoclorito de sódio 1% du- ca prescrita (medicação antiinflamatória). Quando
rante o preparo do canal radicular, associado ao o caso foi realizado por outro profissional, em ses-
EDTA trissódico nas irrigações finais, em conjun- são única, avalia-se o tratamento endodôntico,
to com o emprego de uma instrumentação sendo que, quando considerado satisfatório, man-
atraumática, conduz a baixos índices de dor pós- tenha-o e aguarda-se o efeito da medicação sistê-
operatória nos tratamentos endodônticos de mica (medicação antiinflamatória). Caso houver
dentes com vitalidade pulpar. continuidade do processo de dor e/ou na dúvida da
Algumas características clínicas colaboram qualidade do tratamento, opta-se pelo retratamen-
para o estabelecimento do diagnóstico da perio- to (esvaziamento do canal, colocação de medicação
dontite apical sintomática traumática, entre as intracanal), e aguarda-se pelo desaparecimento da
quais: condição sintomática para nova obturação. Nos ca-
sos de tratamento em duas sessões em que não se
1. dor posterior ao preparo do canal radicular com polpa sabe quais foram as condições do preparo do canal
vital (inflamada ou sadia); radicular, a substância química e a medicação in-
2. presença de dor à palpação e percussão; tracanal utilizada, abre-se novamente o dente, es-
3. sensação do dente ocluir prematuramente, com dor ao vazia-se o canal radicular, coloca-se medicação (à
toque; base de hidróxido de cálcio), aguarda-se o controle
4. contato prematuro. da dor e o efeito da medicação local e sistêmica,
para a finalização do tratamento endodôntico. As
O aspecto radiográfico não é fator determi- Figuras 6.17 a 6.20 exibem um caso clínico de
nante, pois, o espaço correspondente à membrana pulpite sintomática, realizado em sessão única, que
periodontal pode variar de normal a um pequeno posterior ao tratamento endodôntico, desenvolveu
espessamento. um quadro de periodontite apical sintomática trau-
O tratamento da periodontite apical sintomáti- mática. A terapêutica adotada, considerando como
ca traumática normalmente é direcionado à elimi- possível agente etiológico um traumatismo decor-
nação do agente etiológico (remoção do contato rente das manobras clínicas, foi apenas medicação
prematuro) ou à adoção de medida sistêmica como sistêmica (antiinflamatório). O Quadro 6.5 apre-
a prescrição de antiinflamatório. O agente etiológi- senta, de forma resumida, as características clínicas,
co é decorrente de uma agressão química, física ou os aspectos radiográficos e as alternativas terapêuti-
traumática, em situação clínica de vitalidade pul- cas da perodontite apical sintomática traumática.

Quadro 6.5
PERIODONTITE APICAL SINTOMÁTICA TRAUMÁTICA

Características Clínicas Aspectos Radiográficos Alternativas Terapêuticas

䉴 Agressão periodontal ocorrida durante o 䉴 Espaço periodontal normal, 䉴 Alívio oclusal;


tratamento endodôntico em polpa viva; aumentado, ou com discreta 䉴 Antiinflamatório sistêmico;
䉴 Contato prematuro, traumatismo dentário; rarefação óssea periapical. 䉴 Nos casos em que a dor
䉴 Dor pós-operatória, provocada, espontânea, persiste por determinado tempo
palpação, percussão; após as condutas adotadas, e
䉴 Ausência ou discreta mobilidade dentária; não se tem controle de
䉴 Agressão traumática (presume-se “ausência qualidade do tratamento
de microrganismos”); realizado, procede-se o
䉴 O traumatismo pode ser devido à pressão esvaziamento do canal e
do grampo em tratamentos prolongados. manutenção de medicação
intracanal, permanecendo até
o alívio do quadro, para
posterior obturação.
200 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

FIG. 6.17 FIG. 6.18


Pulpite sintomática. Pulpite sintomática.

FIG. 6.19 FIG. 6.20


Pulpite sintomática. Periodontite apical sintomática traumática.

PERIODONTITE APICAL infecciosa apresenta-se próximo ao do quadro de


SINTOMÁTICA INFECCIOSA abscesso periapical sem fístula na fase inicial
(fase 1). O limite entre um e outro, muitas vezes
Aspectos Clínicos e Terapêuticos é impreciso, porém, microscopicamente observa-
se no abscesso periapical a presença de coleção
A invasão de microrganismos na região peri- purulenta, o que pode implicar em edema e mo-
apical, provenientes da extensão da infecção do bilidade dentária.
canal radicular (ou a extrusão de microrganis- As bactérias predominantes nas infecções
mos durante a instrumentação) permite o desen- mistas do canal radicular, anaeróbias Gram-ne-
cadeamento da inflamação. A periodontite apical gativas, exercem efeitos de ativação biológica da
sintomática infecciosa caracteriza-se clinicamen- defesa orgânica, e resulta no aumento da respos-
te pela presença de dor contínua após o preparo ta inflamatória com a presença de lesões periapi-
de dentes com polpa necrosada, dor à palpação e cais dolorosas.
percussão, discreta sensação de dente extruído, e Vários estudos 4-7,10,16,17,23,29-32,48,62,63,82-85,92-
96,99,106,112,115,123,124,128-130,170,171,176,177,191-193,195,198,205-
dor independente de tratamento prévio. O as-
207,219,226
pecto radiográfico pode mostrar-se de normal, demonstraram a íntima correlação entre
alargamento do espaço correspondente à mem- bactérias presentes em canais radiculares infecta-
brana periodontal e rarefação óssea periapical. O dos e sintomas clínicos presentes nas inflamações
quadro clínico de periodontite apical sintomática periapicais.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 201

Sundqvist192 observou bactérias anaeróbias rarefação circunscrita. O restante variou de dor


em polpas dentárias necrosadas, sendo que, nas leve a moderada. Após a abertura coronária, reali-
exacerbações agudas do periápice, foi isolado o zou-se cuidadosa penetração desinfetante, empre-
Bacteroides meleninogenicus combinado com outras gando-se o hipoclorito de sódio a 1 % como solu-
bactérias (Peptostreptococcus, Fusobacterium, Lacto- ção irrigadora. O limite apical de esvaziamento foi
bacillus e outros). Griffee et al.85, também encon- o vértice apical radiográfico, sendo ampliado até a
traram o Bacteroides meleninogenicus em necroses lima de no 20 (esvaziamento total do canal radicu-
pulpares associadas a sintomas clínicos. Yoshida lar). Detectou-se em alguns casos sintomáticos a
et al.226, avaliando a correlação entre sintomas clí- presença de exsudato, em que, inicialmente,
nicos e microrganismos isolados de canais radi- estabeleceu-se a drenagem. Em seguida, realizou-
culares de dentes com patologia periapical, con- se o completo preparo do canal radicular, nessa
cluíram que a mistura de potentes bactérias ana- mesma sessão, a 1 mm aquém do vértice apical
eróbias (Bacteroides e espécies de Peptococcus) está radiográfico, valendo-se dos princípios adotados
vigorosamente relacionada à presença desses sin- pela técnica do preparo cervical66. O limite lateral
tomas clínicos. mínimo de ampliação, adotado durante o preparo
Outros trabalhos1-59,62-65,69,73-97,99-226 mostraram dos diferentes grupos foi: dentes unirradiculares,
vários fatores que podem estar envolvidos na lima no 35; raízes mesiais de molares inferiores e
prevalência de dor que caracteriza a inflamação pe- vestibulares de molares superiores, no 30, raízes
riapical durante e após o tratamento endodôntico. distais de molares inferiores e palatinas de mola-
Entre os fatores etiológicos das manifesta- res superiores, lima no 40. Ao término do preparo,
ções agudas antes e durante o tratamento endo- o canal radicular foi secado e preenchido com
dôntico, Seltzer & Naidorf170 destacaram: altera- EDTA trissódico a 17%, mantido por 5 minutos.
ção da síndrome de adaptação local, mudanças Houve recapitulação com a lima de no 20 até o
na pressão tecidual periapical, fatores microbia- vértice apical radiográfico, seguida de nova irriga-
nos, efeitos de mediadores químicos, manifesta- ção-aspiração com hipoclorito de sódio a 1%. Se-
ções nos nucleotídeos cíclicos, fenômenos imu- cado novamente o canal, preencheu-se com pasta
nológicos e fatores psicológicos. de hidróxido de cálcio e solução fisiológica. Nas
Todavia, a inflamação periapical crônica situações de dentes sintomáticos, com dor mode-
(periodontite apical assintomática) pode sofrer rada, prescrevia-se o ácido acetil salicílico 500 mg
indução à exacerbação sintomática, principal- ou acetoaminofeno 500 mg (3 a 4 vezes ao dia);
mente com o aumento da virulência de micror- nas de dor severa, administrava-se paracetamol
ganismos, acrescido à diminuição das defesas or- (Tylex 30 mg) (3 a 4 vezes ao dia). Decorridas 48
gânicas. Este fato pode ser notado a partir da horas, todos os pacientes retomaram para a se-
extrusão, pelo forame apical, de bactérias e seus gunda consulta, em que se registrou a presença
subprodutos, de raspas dentinárias contaminadas ou ausência de dor pós-operatória, de acordo com
e de certas medicações. os seguintes critérios: ausente, leve-moderada e
Estrela et al.63 avaliaram a prevalência de dor severa. Nos casos de dor severa a segunda consul-
frente ao tratamento da inflamação periapical ta requereu antecipação para 24 horas, quando se
aguda e crônica. Foram avaliados no estudo, 176 instituiu a antibioticoterapia (penicilina, cefalos-
dentes portadores de necrose pulpar, que ao exa- porina). Nas demais situações, após o desapareci-
me radiográfico apresentaram ausência de rarefa- mento completo da sintomatologia, removeu-se a
ção óssea periapical, rarefação óssea difusa ou ra- medicação intracanal e procedeu-se a obturação
refação óssea circunscrita. Destes dentes analisa- definitiva. Os Gráficos 6.4 e 6.5 demonstram a
dos, 62 apresentaram-se sintomáticos (dor leve, prevalência de dor pós-operatória nos dentes com
moderada ou severa), sem edema aparente, e 114 necrose pulpar, cujo aspecto radiográfico mostra
assintomáticos (ausência total de dor). A dor foi ausência de rarefação, rarefação difusa e circuns-
considerada leve, quando o paciente não relatava crita. Desta forma, perante os resultados obtidos,
o uso de analgésico; moderada, uso não constan- observou-se que nas situações de necrose pulpar
te; e severa, quando o emprego foi constante. Dos com rarefação difusa e circunscrita apresentando
casos sintomáticos, 23 foram avaliados como dor sintomatologia prévia, houve ausência total de
severa, 6 com necrose sem rarefação óssea, 7 por- dor pós-operatória em 64,3%, 68,2% e 61,5%,
tadores de necrose com rarefação difusa e 10 com respectivamente. Quando o pré-operatório foi as-
202 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

sintomático, a manutenção do pós-operatório as- Tomando-se como referencial o estudo apre-


sintomático foi de 87%, 82,4% e 84%. O apareci- sentado, Estrela et al.62 verificaram a prevalência
mento de dor severa apresentou-se com percen- de dor pós-operatória em 184 dentes que neces-
tual de 2%, 13,6% e 15,4%; respectivamente de sitavam de retratamento endodôntico. A ausên-
acordo com os aspectos radiográficos. Pode-se cia de dor pós-operatória nos retratamentos en-
concluir mediante os resultados que: dodônticos dos dentes assintomáticos foi elevada,
83,3%, 82,8% e 82%, de acordo com o aspecto
1. Nos casos clínicos com necrose pulpar (sintomática, radiográfico presente, ausência de rarefação ós-
assintomática), independentemente do aspecto sea periapical, rarefação óssea difusa e circunscri-
radiográfico, pode-se realizar na primeira sessão o ta, respectivamente. Nas situações clínicas em
completo preparo do canal radicular, preenchimento que o processo inflamatório periapical estava em
do canal radicular com pasta de hidróxido de cálcio e desenvolvimento (situações sintomáticas) a au-
o selamento coronário; sência de dor pós-operatória foi de 59%, 50% e
2. A prevalência de periodontite apical de origem in- 54,5%, correspondendo respectivamente aos as-
fecciosa foi baixa, sendo que, em ordem decrescente pectos radiográficos anteriormente descritos. Os
tem-se: necrose com rarefação difusa - 8,0%, necrose Gráficos 6.6 e 6.7 demonstram a prevalência de
pulpar sem rarefação - 6,5% e necrose com rarefação dor pós-operatória nos retratamentos endodônti-
circunscrita - 6,0%. cos.

GRÁFICO 6.4
Prevalência de dor pós-operatória –
dentes sintomáticos.

GRÁFICO 6.5
Prevalência de dor pós-operatória –
dentes assintomáticos.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 203

GRÁFICO 6.6
Prevalência de dor pós-operatória nos retratamentos
endodônticos - dentes sintomáticos.

GRÁFICO 6.7
Prevalência de dor pós-operatória nos retratamentos
endodônticos - dentes assintomáticos.
204 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

A dor proveniente da infecção periapical, pos- mento dos defensores que deixam dentes fecha-
terior à exacerbação aguda frente ao tratamento dos em necroses pulpares associados a dor, e a
de processo inflamatório crônico e assintomático, diminuição no uso do monoclorofenol canforado,
coloca em risco a reputação do profissional res- com aumento do uso do hidróxido de cálcio.
ponsável. Nestas situações, a lesão inflamatória De outra parte, em relação à administração
crônica pode estar adaptada ao irritante, e quando profilática de penicilina, com vistas a prevenir o
o tratamento é realizado, novos agentes agresso- flare-up ou outras seqüelas indesejáveis após o tra-
res (microrganismos, dentina infectada, medica- tamento de canais radiculares infectados, Walton
mentos, soluções irrigantes, proteínas teciduais & Chiappinelli219 relataram que, após estudo em
alteradas quimicamente) podem ser introduzidos 80 pacientes com diagnóstico de necrose pulpar e
dentro da lesão, promovendo reação violenta, periodontite apical assintomática, seu emprego
constituindo uma alteração de adaptação local. não foi relacionado à incidência da severidade dos
Além do exposto, uma baixa na resistência orgâ- sintomas pós-operatórios. Argumentaram, toda-
nica do hospedeiro pode representar o início do via, contra a prescrição profilática de antibióticos
processo sintomático. A exteriorização de uma nas situações descritas, visto sua inefetividade
fase assintomática subclínica é imprevisível. Por para a contaminação pré-existente.
esse motivo, o paciente deve sempre ser esclareci- O perfeito esvaziamento com o completo pre-
do e informado de um possível quadro de pós- paro na primeira sessão, em canal radicular com
operatório sintomático, impossível de se prever. necrose pulpar associado ou não à presença de
Sundqvist et al.195 analisaram a capacidade de dor, não favorece o aumento das chances de exa-
bactérias provenientes de necroses pulpares indu- cerbação aguda. Ao contrário, a eliminação da mi-
zirem infecções purulentas. Advogaram, contudo, crobiota endodôntica presente, com a remoção de
que certas exacerbações agudas são causadas por vários fatores de virulência bacteriana (endo-
infecções polimicrobianas, nas quais importantes toxinas, substratos, possíveis interações destes
microrganismos tornam-se patogênicos por ação microrganismos) constitui, certamente, conduta
sinérgica, o que pode explicar porque não ocor- muito promissora, decorrente da própria limpeza
rem com mais freqüência. e sanificação do canal radicular infectado. Outro
Notoriamente, a dor pós-operatória, constitui ponto favorável é o combate local e direto aos
um sério problema ao bom andamento do trata- microrganismos ali sediados, por meio da ação das
mento endodôntico. A completa limpeza e mode- substâncias químicas (hipoclorito de sódio,
lagem do canal radicular na primeira sessão cons- hidróxido de cálcio), em função do efeito antimi-
titui uma boa opção terapêutica frente à elimina- crobiano, da ação biológica, e ainda por atuar
ção do agente agressor responsável pela dor, mui- como selador temporário (preenchimento físico
to embora, possa também ocorrer quadro indese- do canal radicular, como observado com a pasta
jável de dor. de hidróxido de cálcio)60-71.
Balaban et al.7 não encontraram diferenças O fato da manutenção do dente fechado só
estatísticas comparando a incidência de exacerba- tem a contribuir no controle de possível superin-
ções agudas frente a essas duas opções de trata- fecção, que absolutamente conduz a conseqüências
mento: pré-medicação ou limpeza completa na desagradáveis. Assim, estas medidas locais e a pos-
primeira sessão. sível adoção de procedimentos gerais, como o em-
Trope212, comparando o efeito de três medica- prego de medicação sistêmica, contribuem de for-
ções intracanais (Formocresol, Ledermix e hidró- ma eficaz nos resultados do pós-operatório de den-
xido de cálcio), na incidência de flare-up pós-ins- tes sintomáticos com necrose pulpar, cujos canais
trumentação, relata que sua incidência independe radiculares são instrumentados na primeira sessão.
da medicação utilizada, e que ocorreram nos den- Entretanto, ao estabelecer o tratamento clíni-
tes com sinais radiográficos de periodontite apical. co, há os defensores da pré-medicação (aldeídos,
Gatewood et al.80, verificando mudanças nas derivados fenólicos) e os defensores da completa
condutas clínicas no tratamento de emergência limpeza e modelagem na primeira sessão, objeti-
endodôntica nos Estados Unidos, de 1977 para vando minimizar a incidência de exacerbações
1988, observaram que houve aumento nos defen- agudas após o tratamento inicial destes dentes
sores da instrumentação completa, indiferente à com polpas necrosadas e patologias periapicais.
condição de emergência. Notou-se também, au- Outra polêmica é percebida diante da conduta de
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 205

se manter o dente aberto ou fechado no trata- do-se em duas condições de aparecimento: fase
mento de inflamações periapicais agudas (perio- prévia assintomática ou sintomática.
dontite apical sintomática infecciosa e abscesso Na primeira situação, pode-se caracterizar a
apical sem fístula). fase prévia que apresenta-se assintomática (necro-
Embora, ainda hoje haja defensores da pré- se pulpar ou periodontite apical assintomática) e
medicação, acredita-se que para a eliminação de ocorreu o desencadeamento da periodontite api-
qualquer agente agressor, especialmente de ori- cal sintomática infecciosa durante o tratamento.
gem microbiana, a primeira conduta seja direcio- No tratamento endodôntico inicial foi realizada
nada no sentido de promover sua completa des- penetração desinfetante, com o esvaziamento do
truição, que ocorre por meio da penetração canal radicular até o vértice apical radiográfico, o
desinfetante, esvaziamento e preparo do canal preparo do canal 1mm aquém, a colocação da
radicular, quando também se observa a ação das medicação intracanal (hidróxido de cálcio) e o se-
substâncias químicas irrigadoras, dotadas de ex- lamento coronário. O paciente ao retomar com
celentes propriedades antimicrobianas. A manu- quadro álgico (dor no dente em tratamento),
tenção do controle microbiano ocorre paralela- deve-se avaliar as condutas realizadas e, na certe-
mente quando da permanência da medicação in- za de se ter obedecido todos os procedimentos
tracanal. Quando a situação clínica mostra-se condizentes com a moderna terapêutica endodôn-
sintomática e está associada à presença de infec- tica, realizado pelo mesmo profissional, mantém-
ção, além das condutas locais, deve-se adotar se o dente fechado e prescreve-se medicação sistê-
medidas gerais, como o controle microbiano sis- mica, analgésico e antibiótico. Caso persista o
têmico, pelo emprego de antimicrobianos. Desta quadro sintomatológico, abre-se o dente, esvazia-
forma, pode-se minimizar a evolução de um se o canal radicular, avalia-se a presença ou au-
quadro infeccioso indesejável. sência de exsudato e, coloca-se novamente a me-
Tem sido relatado também bacteremia asso- dicação intracanal (hidróxido de cálcio) e man-
ciada ao tratamento endodôntico. Debelian et tém-se o dente fechado. O emprego do hidróxido
al.56, analisando a bacteremia durante e após o de cálcio fica condicionado ao alargamento do ca-
tratamento endodôntico em dentes com perio- nal radicular, fato que nem sempre é possível.
dontite apical assintomática, compararam mi- Considerando essa impossibilidade, e levando-se
crorganismos isolados a partir do canal radicular em conta as características antimicrobianas da clo-
e do sangue por meio de diferentes característi- rexidina (especialemnte frente a alguns microrga-
cas fenotípicas. A partir de testes bioquímicos e nismos, como Staphylococcus aureus), pode-se optar
sensibilidade antimicrobiana dos microrganismos por sua utilização (clorexidina 2%).
isolados dos canais radiculares e do sangue, que Na segunda situação, o paciente procura
mostraram-se os mesmos perfis, foi possível su- atendimento de urgência com sintomatologia, em
gerir que os microrganismos isolados do sangue que o diagnóstico foi periodontite apical sintomá-
tiveram como fonte de origem o canal radicular. tica infecciosa (em que já está instalado o quadro
Quanto à seleção da medicação intracanal, o de dor). No quadro anterior, o tratamento prévio
hidróxido de cálcio tem sido a melhor opção, foi feito pelo próprio profissional. Nesta situação,
devido às excelentes propriedades antimicrobia- o paciente chegou com infecção e presença de
nas (inativação de enzimas bacterianas) e bioló- dor, ou foi previamente atendido por outro profis-
gicas (ativação de enzimas teciduais )60-67,69- sional e chegou para o novo atendimento com
71,98,187
. Porém, existem situações que a impossibi- queixa de dor. Deve-se abrir o dente, promover
lidade de ampliação do canal radicular impede seu esvaziamento associado à penetração desinfe-
sua colocação. Em outros momentos, pode-se tante. Pode-se deparar com presença ou ausência
notar até impedimento da adoção de medidas de exsudato, sendo pouco comum nesta fase.
locais, como no abscesso periapical sem fístula Deve-se esvaziar o canal radicular até o instru-
(na presença de trismo). Deve-se entender que o mento de no 20 (nos molares), ou até o de no 25
tratamento aqui desenvolvido ocorre em caráter (nos dentes anteriores). Caso seja acrescentados
de urgência, uma ação especial para o alívio da mais 2 ou 3 instrumentos, de calibres superiores,
dor e controle de infecção odontogênica. praticamente conclui-se o preparo do canal radi-
O tratamento da periodontite apical sinto- cular; desde que haja a possibilidade deve-se optar
mática infecciosa pode ser estabelecido basean- pela conclusão do preparo do canal radicular. Ao
206 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

término, quando possível, coloca-se a medicação do eventual conteúdo da cavidade pulpar


intracanal (hidróxido de cálcio), mantém-se o com curetas de intermediário longo;
dente fechado. Como medida sistêmica, prescre- 04. Preenchimento da câmara coronária com hi-
ve-se antibiótico e analgésico. Caso haja manu- poclorito de sódio 1 a 2,5%;
tenção do quadro álgico, repete-se a conduta de 05. Introdução de instrumento de pequeno cali-
abrir novamente o dente e avaliá-lo após novo bre (lima tipo K-file no 08 a 15), dependendo
esvaziamento. Pode-se inclusive realizar, se possí- do diâmetro do canal radicular, com movi-
vel, uma coleta para análise microbiológica. As mento progressivo de penetração e remoção
medidas sistêmicas são mantidas, como a prescri- (vaivém), descola-se os remanescentes orgâ-
ção de antibiótico e analgésico. Deve-se conside- nicos, seguidos de sua neutralização com o
rar sempre a especificidade do microrganismo, o hipoclorito de sódio – 1 a 2,5%. Observa-se a
espectro de ação do antibiótico administrado e a remoção completa de todo o teto da câmara
resistência orgânica. Algumas doenças de ordem coronária por meio de explorador e, se neces-
geral favorecem a manutenção do quadro infla- sário, complementa-se a abertura coronária;
matório/infeccioso, havendo necessidade de in- 06. A neutralização do conteúdo séptico é reali-
vestigá-las, diagnosticá-las e, também, tratá-las ou zada por etapas, trabalhando em pequenas
encaminhá-las para tratamento, favorecendo as- amplitudes longitudinais, possibilitando ação
sim, a resolução do problema. conjunta da substância química (hipoclorito
Deve-se realçar que estas condutas são espe- de sódio) com o desprendimento de possí-
ciais, constituindo tratamentos que requerem ur- veis remanescentes necróticos das paredes
gências nos alívios das dores e dos processos in- dos canais radiculares por meio da ação me-
fecciosos. Nem todos os locais de atendimento de cânica das limas;
saúde pública têm condições materiais e profis- 07. Na exploração inicial do canal radicular, o
sionais especializados para se intervir localmente, comprimento de trabalho provisório baseia-
o que faz com que apenas as medidas gerais (ou se em uma odontometria realizada somente
sistêmicas) sejam adotadas; ou simplesmente o com o auxílio da radiografia inicial e do
dente seja aberto para possível alívio da dor ou comprimento médio do dente – o completo
o abscesso seja drenado. esvaziamento e a penetração desinfetante
É claro que quando houver possibilidade de são executados posterior ao preparo do orifí-
se adotar uma terapêutica ideal (mais efetiva) cio de entrada dos canais, o preparo do terço
esta deve constituir a opção desejada. Outro cervical e a odontometria;
ponto complexo é o emprego de uma medicação 08. Posterior à realização destes passos operató-
intracanal. Quando não se concluir o preparo do rios, completa-se a penetração desinfetante,
canal, ou sua ampliação não for suficiente para a e esvazia-se até o vértice apical radiográfico.
adequada colocação da medicação intracanal, Abundante irrigação-aspiração com hipoclo-
não se conseguirá os efeitos desejados, uma vez rito de sódio – 1 a 2,5% deve ser realizada
que a medicação não entrará em contato ou não freqüentemente, removendo os possíveis
preencherá todo o canal. O importante nesta restos necróticos presentes, e/ou automati-
intervenção local de urgências é o esvaziamento camente, promove-se sua neutralização;
do canal, neutralizando os agentes agressores. 09. Posterior à penetração desinfetante realiza-
A seqüência da técnica da penetração desin- se o preparo do canal radicular e coloca-se a
fetante está descrita a seguir. medicação intracanal (pasta de hidróxido de
cálcio).
Técnica da Penetração As Figuras 6.21 a 6.28 demonstram por
Desinfetante meio de representação esquemática, a seqüência
da técnica de penetração desinfetante. O Qua-
01. Anestesia, isolamento absoluto e antissepsia dro 6.6 apresenta, de modo resumido, as carac-
do campo operatório; terísticas clínicas, os aspectos radiográficos e as
02. Abertura coronária, com remoção completa alternativas terapêuticas da periodontite apical
do teto da câmara pulpar; sintomática infecciosa. O Quadro 6.7 descreve
03. Abundante irrigação-aspiração com hipoclo- opções terapêuticas de analgésicos, antiinflama-
rito de sódio – 1 a 2,5%, seguido da remoção tórios e antibióticos.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 207

6.21 6.22

FIGS. 6.21 e 6.22


Representação esquemática da técnica de penetração desinfetante.

6.23 6.24

FIGS. 6.23 e 6.24


Representação esquemática da técnica de penetração desinfetante.

6.25 6.26

FIGS. 6.25 e 6.26


Representação esquemática da técnica de penetração desinfetante.
208 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

6.27

6.28

FIGS 6.27 e 6.28


Representação esquemática da técnica de penetração desinfetante.

Quadro 6.6
PERIODONTITE APICAL SINTOMÁTICA INFECCIOSA

Características Clínicas Aspectos Radiográficos Alternativas Terapêuticas

䉴 Desencadeamento de dor após tratamento 䉴 Espaço periodontal normal, 䉴 Abertura coronária;


endodôntico de necrose pulpar, ou aumentado, ou rarefação 䉴 Penetração desinfetante;
perodontite apical assintomática; óssea periapical. 䉴 Medicação intracanal;
䉴 Dor espontânea, à palpação, à percussão; 䉴 Medicação sistêmica
䉴 Ausência ou discreta mobilidade dentária; (antibiótico e analgésico).
䉴 Agressão infecciosa (“presença de
microrganismos”).
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 209

Quadro 6.7
OPÇÕES TERAPÊUTICAS DE ANALGÉSICOS, ANTIINFLAMATÓRIOS E ANTIMICROBIANOS

ANALGÉSICOS
NOME GENÉRICO NOME COMERCIAL POSOLOGIA (ADULTO)

Paracetamol Tylenol 䉴 500 mg de paracetamol 䉴 1 comp. a cada 6 h


750 mg de paracetamol
䉴 Cada mL: solução de 䉴 30 gotas a cada 6 h
200 mg de paracetamol

Paracetamol/ Tylex 䉴 7,5 mg = 500 mg de 䉴 1 comp. a cada 6 h


Fosfato de codeína paracetamol e 7,5 mg de
codeína
䉴 30 mg = 500 mg de
paracetamol e 30 mg de codeína

Dipirona sódica Novalgina 䉴 500 mg 䉴 1 comp. a cada 4-6 h


䉴 solução oral 20 mL 䉴 20-40 gts – 6 h

ANTIINFLAMATÓRIOS
NOME GENÉRICO NOME COMERCIAL POSOLOGIA (ADULTO)

Nimesulida Scaflan, Nimesulida 䉴 100 mg 䉴 1 comp. a cada 12 h


䉴 1 supositório a cada 12 h.

Meloxican Movatec 䉴 7,5 / 15 mg 䉴 1 comp. ao dia

Celecoxib Celebra 䉴 100 mg 䉴 1 comp. a cada 12 h

Rofecoxib Vioxx 䉴 12,5/25 mg 䉴 2 comp. ao dia

Ibuprofeno Ibuprofeno, Motrin 䉴 300 e 600 mg de Ibuprofeno 䉴 1 comp. dg a cada 8 h

Diclofenaco Sódico Voltaren 䉴 50 mg 䉴 1 comp. a cada 6 h


䉴 ampola 3 mL: 75 mg 䉴 1 amp. ao dia

Diclofenaco Potássico Cataflan 䉴 50 mg 䉴 1 dg. a cada 6 h


䉴 ampola 3 mL: 75 mg 䉴 1 amp. ao dia

ANTIBIÓTICOS
NOME GENÉRICO NOME COMERCIAL POSOLOGIA (ADULTO)

Penicilina G Benzatina Benzetacil / Benzilpenicilina benzatina


䉴 1.200.000 Unidades 䉴 1 amp. a cada 3 dias
䉴 2.400.000 Unidades 䉴 1 amp. a cada 7 dias

Penicilina (amoxicilina) Amoxil 䉴 500 mg 䉴 1 cap. a cada 8 h

Cefalosporina Keflex, Cefalexina 䉴 500 mg 䉴 1 cap. a cada 8 h


(cefalexina)

Amoxicilina/ Clavulin 䉴 500 mg de amoxicilina e 125 mg 䉴 1 comp. a cada 8 h


Clavulanato de potássio de clavulanato de potássio
䉴 Ampola com 500 mg e 1 g 䉴 1 amp. ao dia
de ácido clavulânico

Ciprofloxacina Cipro 䉴 250 mg e 500 mg 䉴 1 comp. a cada 12 h


䉴 1 comp. a cada 12 h

Metronidazol Flagyl 400 䉴 400 mg 䉴 1 comp. a cada 8 h

Cloridrato de Dalacin C 䉴 300 mg 䉴 1 cap. a cada 12 h


clindamicina

Estolato de Eritromicina Eritromicina 䉴 500 mg 䉴 1 comp. a cada 8 h

(DEF - Dicionário de Especialidades Farmacêuticas – Jornal Brasileiro de Medicina, 2002-2003)


* estas representam apenas algumas opções terapêuticas, pois existem outras.
210 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

PERIODONTITE APICAL diadores bioquímicos e celulares que atuam des-


ASSINTOMÁTICA truindo o antígeno174-175.
Nair et al.137 determinaram os tipos e inci-
A periodontite apical assintomática caracte- dências de lesões periapicais obtidas de 156 den-
riza-se por inflamação crônica, de longa dura- tes humanos extraídos. Observou-se que das 256
ção, em que o aspecto radiográfico varia de lesões analisadas, 127 (50%) eram granulomas,
pequeno alargamento do espaço da membrana pe- 69 (55%) não epiteliados e 58 (45%) epiteliados.
riodontal à reabsorção da lâmina dura e do osso Um total de 39 (15%) de cistos periapicais, 24
periapical. Esta alteração foi denominada de (61 %) de cistos verdadeiros e 15 (39%) cisto
forma equivocada, clinicamente, de granuloma periapical em bolsa (lúmem pequeno e aparência
ou cisto periapical. Todavia, o meio mais seguro de uma extensão do espaço do canal radicular na
para diferenciar o granuloma do cisto periapi- região periapial). Os autores discutem a partir
cal, com aspectos radiográficos semelhantes, é desses achados, que a prevalência de cisto entre
por meio do exame histopatológico (análise mi- outras lesões periapicais observadas por outros
croscópica). autores, denotava que quase a metade era cisto,
O granuloma periapical constitui-se de teci- e que a incidência variava de 6% a 55%. A dis-
do inflamatório, com predomínio de infiltrado de crepância entre as incidências reportadas de cis-
macrófagos, linfócitos, plasmócitos, polimorfo- tos periapicais deve-se às diferenças de interpre-
nucleares e células gigantes. Apresenta-se com tações microscópicas, que caracterizaram inapro-
inúmeros capilares, fibroblastos, fibras conjunti- priadamente certas lesões periapicais como cis-
vas, e pode ser epiteliado e não epiteliado. O gra- tos. Esta possibilidade está fortemente apoiada
nuloma representa a primeira tentativa do orga- pela informação contida no Quadro 6.8, que
nismo no sentido da cicatrização e cura do proces- mostra que 52% das lesões eram epiteliadas e
so patológico. que somente 15% eram verdadeiramente cistos
A formação do cisto periapical ocorre a par- periapicais. A Figura 6.29 evidencia os tipos de
tir de estímulos inflamatórios sobre os restos epi- lesões periapicais por meio de análise histopato-
teliais de Malassez113, que proliferam, aumentam lógica.
de tamanho e formam uma ilhota epitelial no Simon174, analisando a incidência de cisto
interior do granuloma. O espessamento do epité- periapical, relatou que esta é baixa para cistos
lio faz com que as células mais centralmente si- verdadeiros (8,6%). O autor define o granuloma
tuadas se distanciem das fontes de nutrição, loca- epiteliado como lesão inflamatória apical prolife-
lizadas no tecido de granulação, o que resulta na rativa, com presença de epitélio, mas ausência de
sua degeneração e cavitação central. Com a cavidade discernível; cisto em bolsa como lesão
liquefação das células necrosadas, forma-se a ca- inflamatória apical com parede epitelial em cavi-
vidade e o líquido cístico26,43,204. dade, mas, interrompido pelo ápice dentário
Além desta teoria da formação do cisto, exis- projetado dentro da cavidade; cisto verdadeiro
tem outras. Campos39 relata que o cisto verdadei- como lesão inflamatória apical com parede epite-
ro apresenta três elementos constantes: o epitélio lial completa e cavidade fechada sem conexão
de revestimento interno, uma cápsula de tecido com o forame apical ou canal radicular. Observa-
conjuntivo fibroso, que serve de tecido de sus- se que o cisto verdadeiro é independente do sis-
tentação e de fonte de nutrição ao epitélio, e o tema de canais radiculares, sendo que, a terapia
conteúdo, que pode ser líquido ou semilíquido endodôntica não teria efeito sobre o mesmo.
(contendo células epiteliais descamadas, células Estes trabalhos sustentam a idéia de que a
inflamatórias, cristais de colesterol). elevada taxa de sucesso (85 a 90%) alcançado
Na reação inflamatória crônica (macrófagos, exclusivamente com o tratamento endodôntico
linfócitos, plasmócitos) observa-se também res- de dentes portadores de lesões periapicais seja
posta imunológica, apresentando-se com o obje- devido à prevalência de cistos verdadeiros ser
tivo de neutralizar, inativar ou destruir o estímu- provavelmente inferior a 10% como de-
lo (antígeno ou microrganismos). A neutraliza- monstrado por Simon174 e Nair et al.137.
ção pode ser direta, do estímulo pela ligação ao Souza et al.187 observaram que o tratamento
anticorpo, e/ou destruição do estímulo pelos lin- não cirúrgico de dentes portadores de lesões pe-
fócitos sensibilizados, ou pela ativação de me- riapicais, empregando como medicação intraca-
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 211

nal pasta de hidróxido de cálcio, conduziu ao mais específicos e uniformes, que certamente en-
percentual de 94% de sucesso com acompanha- contram-se na superfície das células, ou como
mento clínico-radiográfico por período mínimo constituinte da membrana celular das próprias cé-
de 1 ano após a obturação definitiva. lulas epiteliais. Em indivíduo que apresenta o sis-
A relação de dentes tratados ou não endo- tema imunológico eficiente, a regressão não cirúr-
donticamente, com a regressão não cirúrgica, de gica pode ocorrer. Quando houver alteração desse
cistos periodontais apicais foi estudada através sistema, ou o caso se apresente precário, a evolu-
de microscopia e imunohistoquímica por Rocha164. ção natural da lesão cística acontece.
Posterior à eliminação dessa fonte antigênica, o As Figuras 6.30 a 6.33 mostram aspectos
organismo tem condições de reestimular o sistema radiográficos de tratamento endodôntico de peri-
imunológico para direcioná-lo não mais para uma odontite periapical assintomática, com regressão
variedade de antígeno, mas sim, para antígenos da lesão periapical.

Quadro 6.8
INCI DÊNCIA (%) DE CISTOS RADICULARES EM LESÕES PERIAPICAIS

REFERÊNCIA CISTOS GRANULOMAS OUTROS TOTAL DE CASOS

Sommer 6 84 10 170

Block et al. 6 94 - 230

Sonnabend & Oh 6 93 - 237

Winstock 8 83 9 9804

Linenberg et al. 9 80 11 110

Wais 14 84 2 50

Patterson et al. 14 84 2 510

Simon 17 54 23 35

Stockdale & Chandler 17 77 6 1108

Lin et al. 19 - 81 150

Nobuhara & Del Rio 22 59 19 150

Baumann & Rossman 26 74 - 121

Mortensen et al. 41 59 - 396

Bhaskar 42 48 10 2308

Spatafora et al. 42 52 6 1659

Lalonde & leubke 44 45 11 800

Seltzer et al. 51 45 4 87

Priebe et al. 55 46 - 101

(Nair et al.137)
212 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

FIG. 6.29
A periodontite apical mediante análise histopatológica pode ser classificada em abscesso (AB, “a, b”), granuloma
(GR; “c, d”), e cisto (“e, f”). Dependendo da presença ou ausência de epitélio (EP), o granuloma pode ser dividido em
lesão epiteliada (“b e d”) e não epiteliada (“a, c”). Os cistos podem ser diferenciados em cisto periapical verdadeiro (“e”)
e com lúmem completo (LU) e cisto periapical em bolsa (“f”) com cavidades abertas ao canal radicular (RC). Aumento
- a-c, e: X15; d: X23; f: X20 (Permissão, De: Nair PNR131 Periodontolgy 2000, 1997; 13:121-148).
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 213

6.30 6.31

6.32 6.33

FIGS. 6.30 a 6.33


Aspecto radiográfico de tratamento endodôntico de dente com periodontite apical assintomática com regressão de
lesão periapical.
214 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

Estrela et al.64, discutindo diferentes conside- após o período de 8 a 10 anos de tratamento,


rações sobre a periodontite apical assintomática encontraram em relação ao estado pré-operató-
com extensa rarefação óssea, salientaram que a rio da polpa e dos tecidos periapicais, 96% de
eliminação dos microrganismos de canais radicu- sucesso quando não havia lesão periapical, 86%
lares infectados contribui de forma expressiva de sucesso quando da presença de lesão periapi-
para a regressão não cirúrgica. É importante para cal, 98% de sucesso nos casos de retratamento
o controle microbiano a execução correta dos sem lesão periapical e 62% de sucesso nos casos
procedimentos de sanificação e modelagem. O de retratamento que apresentavam lesão periapi-
emprego do hidróxido de cálcio como medicação cal. Nos dentes com periodontite apical pré-ope-
intracanal, em decorrência de suas propriedades ratória, quando a instrumentação e obturação do
antimicrobiana e mineralizadora, favorece o pro- canal ficavam até 2mm aquém do ápice, o prog-
cesso de sanificação do canal radicular, além de nóstico era significativamente melhor que nos
estimular o processo de reparação. O sucesso de- casos de sobreobturação, ou quando a obturação
finitivo do tratamento endodôntico deve ser con- estava mais de 2mm do ápice.
siderado somente após o controle clínico e radio- Nair et al.143 observaram que na ausência de
gráfico, por período superior a 2 anos. fatores microbianos, materiais obturadores do
Frente aos trabalhos discutidos e às contro- canal radicular que contêm substâncias irritantes
vérsias existentes, e sabendo-se que, clinica e ra- podem evocar reação tipo corpo estranho na re-
diograficamente não há como se diferenciar o gião periapical, levando ao desenvolvimento de
granuloma do cisto periapical, pode-se observar lesões periapicais assintomáticas que podem per-
que a primeira opção clínica terapêutica nas situ- manecer refratárias à terapia endodôntica.
ações de periodontite apical assintomática é o As Figuras 6.34 a 6.37 demonstram aspec-
tratamento endodôntico não cirúrgico. O contro- tos histopatológicos de processo inflamatório
le clínico-radiográfico por período superior a 2 crônico, granuloma sem epitélio, granuloma epi-
anos é que pode determinar o resultado final do teliado e cisto periapical.
tratamento realizado, necessitando ou não de O Quadro 6.9 apresenta, de modo resumi-
uma complementação cirúrgica. do, as características clínicas, os aspectos radio-
Sjögren et al.180, verificando os fatores que gráficos e as alternativas terapêuticas da perio-
afetam o resultado do tratamento endodôntico, dontite apical assintomática.

FIG. 6.34 FIG. 6.35


Infiltrado inflamatório crônico (Permissão da discipli- Granuloma não epiteliado (Permissão da disciplina
na de Patologia geral e bucodental da FO-UFG). de Patologia geral e bucodental da FO-UFG).
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 215

FIG. 6.36 FIG. 6.37


Granuloma epiteliado (Permissão da disciplina de Cisto periapical, cavidade cística com revestimento
Patologia geral e bucodental da FO-UFG). epitelial e tecido conjuntivo subjacente com infiltrado in-
flamatório crônico (Permissão da disciplina de Patologia
geral e bucodental da FO- UFG).

Quadro 6.9
PERIODONTITE APICAL ASSI NTOMÁTICA

Características Clínicas Aspectos Radiográficos Alternativa Terapêutica

䉴 Evolução natural da 䉴 Espaço periodontal aumentado, ou 䉴 Esvaziamento do canal,


necrose pulpar; rarefação óssea periapical; penetração desinfetante,
䉴 Ausência de sintomas. 䉴 O diagnóstico definitivo de granuloma medicação intracanal,
ou cisto periapical vincula-se ao exame tratamento endodôntico.
microscópico. 䉴 Controle clínico e radiográfico.

ABSCESSO PERIAPICAL SEM Brook et al.31 analisaram a microbiota anae-


FÍSTULA róbia e aeróbia do abscesso periapical. Foram
analisadas 39 amostras coletadas de abscessos
O abscesso periapical sem fístula constitui periapicais, processadas e analisadas com meto-
uma alteração inflamatória periapical associada à dologia apropriada. Destes casos coletados, recu-
coleção purulenta, composta pela desintegração peraram microrganismos em 32 casos. Um total
tecidual e caracterizada pela presença de exsuda- de 78 bactérias isoladas (55 anaeróbias e 23 ae-
to no interior da lesão. Esta alteração aparece róbias e facultativas) foram encontradas. As bac-
quando ocorre baixa da resistência orgânica do térias isoladas que predominaram foram Bacteroi-
hospedeiro, concomitante ao aumento do núme- des sp. (23 isoladas, 13 Bacteroides melaninogeni-
ro e virulência dos microrganismos, o que deno- cus), coccus anaeróbios (18 isolados) e Fusobacte-
ta a intensidade do processo inflamatório. rium sp. (9 isolados). A produção de Beta-lacta-
O conhecimento da microbiota do abscesso mase foi detectada em 8 bactérias isoladas (Bacte-
periapical torna-se importante a partir do mo- roides fragilis, Bacteroides melaninogenicus, Bacteroi-
mento que se necessita instituir um tratamento des intermedius, Bacteroides asaccharolyticcus e Sta-
local e sistêmico. No Quadro 6.10, estão reuni- phyloccus aureus). A resistência das bactérias Sta-
das informações relacionadas por Dahlén & Möl- phylococcus aureus e Bacteroides fragilis a bastante
ler52 em diferentes estudos sobre a microbiota da tempo é reconhecida. Os autores salientaram
infecção odontogênica. que, embora a terapia de drenagem cirúrgica seja
216 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

uma primeira conduta clínica, a administração evolução da cárie dentária resultaram na necrose
da terapêutica antibiótica é parte essencial do pulpar, que posteriormente evolui para periodon-
manejo do paciente com abscessos periapicais e tite apical infecciosa. Outras manobras durante o
suas complicações. preparo do canal radicular de dentes com necrose
De modo geral, o aspecto histológico como pulpar podem conduzir microrganismos para esta
resposta aguda (de caráter exsudativo), evidencia região, com aumento do número e virulência, fa-
a presença de leucócitos polimorfonucleares, cilitado pelas interações microbianas e debilidade
neutrófilos, que a partir da liberação de enzimas na resistência orgânica. Da mesma maneira, a pe-
lisossômicas no espaço tecidual e sua degrada- riodontite apical assintomática pode sofrer agude-
ção, surge o abscesso. Na região central com li- cimento e caminhar para o abscesso periapical.
quefação encontram-se neutrófilos degradados, Entre os aspectos clínicos característicos, en-
restos celulares circundados por macrófagos, lin- contram-se a presença de dor intensa, localizada,
fócitos e alguns plasmócitos. A pressão do exsu- dor à palpação, percussão e mobilidade dentária.
dato sobre a lâmina dura e osso esponjoso pode O acúmulo de exsudato no espaço do ligamento
resultar em reabsorção óssea periapical. No en- periodontal promove compressão da lâmina dura,
tanto, nem sempre o aspecto radiográfico da re- determinando a extrusão dentária, a compressão
gião periapical evidencia destruição óssea visível. de fibras nervosas, além da ação de vários media-
Em algumas situações observa-se alargamento dores, intensificando o quadro de dor. O grau de
do espaço da membrana periodontal embora, tumefação é variável, dependendo da extensão,
possa ocorrer interrupção da lâmina dura alveo- evolução e difusão do abscesso. Além da dor e do
lar. No processo crônico, observa-se radioluscên- edema, pode aparecer febre e debilidade. O abs-
cia apical difusa ou circunscrita. cesso periapical pode ser avaliado em 3 diferentes
Os fatores etiológicos responsáveis pelo fases de evolução (abscesso inicial, abscesso em
aparecimento do abscesso periapical estão comu- evolução e abscesso evoluído), o que caracteriza
mente envolvidos com microrganismos, que pela melhor o diagnóstico e favorece o tratamento.

Quadro 6.10
DISTRIBUIÇÃO DE GÊNEROS BACTERIANOS DE 289 ABSCESSOS PERIAPICAIS

GRUPO BACTERIANO % GRUPO BACTERIANO %

Aeróbios Anaeróbios
Streptococcus a-Hemolitic 13.9 Streptococcus 7.6
Streptococcu b-Hemolitic 2.0 Peptostreptococcus 18.0
Enterococcus 1.1 Veillonella 8.0
Staphylococcus aureus 1.0 Propionibacterium 1.1
Staphylococcus epidermidis 1.5 Actinomyces 2.7
Neisseria 0.6 Arachnia 0.1
Corynebacterium 0.6 Eubacterium 3.8
Eikenella corrodens 0.4 Lactobacillus 3.5
Haemophilus 0.6 Bifidobacterium 0.9
Enterobacterium 0.1 Prevotella or Porphyromonas 26.0
Capnocytophaga 0.9 24.0 Fusobacterium 4.5
Spirochetes 0.7 76.0

(Informações de diferentes estudos - Dahlén & Möller)52

ABSCESSO PERIAPICAL SEM localizada; dor à palpação apical e percussão;


FÍSTULA (FASE INICIAL) sensação de dente crescido; resposta negativa ao
exame de vitalidade pulpar. Considerando que
As características clínico-radiográficas do nesse momento a coleção purulenta está confi-
abscesso em fase inicial podem ser agrupadas nada no espaço do ligamento periodontal, pro-
em: dor intensa, espontânea, pulsátil, contínua e movendo compressão do ápice dentário e da lâ-
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 217

mina dura alveolar, é comum a mobilidade den- file), dependendo do dente, sendo ultrapas-
tária. O aspecto radiográfico de destruição peria- sado em 1mm;
pical é pouco evidente, variando da normalidade 6. Considerando que com mais 2 ou 3 instru-
ao aumento do espaço do ligamento periodontal. mentos, pode-se concluir o preparo do ca-
A conduta terapêutica adotada nessa fase inicial nal, e se assim o fizer, mais efetiva será a
é dividida em local e sistêmica. penetração desinfetante e fácil a inserção da
Novamente, deve ser realçado que as condu- medicação intracanal. Concluído o preparo
tas para esta situação clínica são especiais e de do canal radicular, retoma-se o último ins-
urgência para o alívio da dor e controle do pro- trumento utilizado no esvaziamento e
cesso infeccioso. Nem sempre a oportunidade procede-se a recapitulação. Em alguns casos
permite a melhor opção de tratamento local, o devido ao grau de dor, mobilidade e o inco-
que impõe um controle geral (sistêmico). modo e resistência do paciente, esta conduta
é praticamente impossível;
Terapêutica Local e Sistêmica 7. Frente a esses procedimentos, analisa-se a
(Fase 1) ocorrência ou não de drenagem. Quando
presente, muitas vezes, é desprezível;
1. Anestesia, isolamento absoluto e profilaxia 8. Nos casos em que ocorre drenagem é co-
do campo operatório. Nos casos em que não mum o alívio da dor imediatamente. Inde-
surtir efeito a anestesia, a abertura coronária pendente do afloramento do exsudato, des-
pode ser realizada mantendo-se o dente o de que o canal radicular esteja seco, é con-
mais firme possível, apoiando-o com os de- veniente que o dente permaneça fechado e
dos do profissional, sendo que, o paciente com medicação intracanal;
relata alívio de dor no momento da abertura 9. Com a terapêutica local descrita, presume-se
ou do alargamento foraminal seguido de que o problema não mais esteja situado no
drenagem; âmbito do canal radicular, o que impera o
2. Alívio oclusal; emprego da terapêutica sistêmica, com anti-
3. Abertura coronária; microbiano e analgésico;
4. Farta irrigação-aspiração com hipoclorito de 10. Deve-se dar atenção especial e constante ao
sódio-1 a 2,5%; paciente até o término de todo o quadro de
5. Esvaziamento do conteúdo do canal radicu- urgência.
lar, com conseqüente penetração desinfetan- O Quadro 6.11 apresenta, de modo resumi-
te, auxiliado por instrumento de calibre fino do, as características clínicas, os aspectos radio-
e hipoclorito de sódio a 1%. O forame apical gráficos e as alternativas terapêuticas do abscesso
é ampliado até a lima de no 20-25 (tipo K- periapical sem fístula (fase inicial).

Quadro 6.11
ABSCESSO PERIAPICAL SEM FÍSTULA (FASE 1 – INICIAL)

Características Clínicas Aspecto Radiográfico Alternativa Terapêutica

䉴 Evolução da periodontite apical 䉴 Espaço periodontal 䉴 Alívio oclusal;


sintomática infecciosa; ou normal ou aumentado; 䉴 Abertura coronária;
Periodontite apical assintomática; rarefação óssea 䉴 Penetração desinfetante;
䉴 Dor intensa, espontânea, pulsátil, periapical 䉴 Ampliação foraminal;
localizada, dor à palpação apical 䉴 Analisa-se a presença ou não de drenagem;
e a percussão, sensação de dente 䉴 Medicação intracanal;
crescido; 䉴 Terapêutica sistêmica (Antimicrobiano e
䉴 TVP negativo; Analgésico);
䉴 Coleção purulenta confinada ao 䉴 Atenção especial e assistência completa
espaço da membrana periodontal; ao paciente até o término do quadro de urgência.
218 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

ABSCESSO PERIAPICAL SEM 5. Esvaziamento do conteúdo do canal radicu-


FÍSTULA (FASE EM EVOLUÇÃO) lar, com conseqüente penetração desinfetan-
te auxiliado por instrumento de calibre fino
e hipoclorito de sódio a 1%. O forame apical
As características clínico-radiográficas do é ampliado até a lima de no 20-25 (tipo K-
abscesso em evolução englobam: dor espontâ- file), dependendo do dente, sendo ultrapas-
nea, com menor intensidade que na fase inicial, sado em 1 mm;
pulsátil, localizada, edema evidente sem ponto 6. Com a ampliação do forame apical e a
de flutuação e aumento volumétrico da área ultrapassagem em 1 mm da lima, espera-se a
agredida, resposta negativa ao exame de vitali- drenagem, porém, nem sempre ocorre dre-
dade pulpar. O aspecto radiográfico apesar de nagem via canal. Muitas vezes, esta é discre-
não ser apreciável, em algumas situações carac- ta ou ausente, da mesma forma que no abs-
teriza por alargamento do espaço periodontal cesso periapical em fase inicial;
apical. A coleção purulenta atravessou a lâmina 7. Analisa-se a presença ou ausência de drena-
dura alveolar, invadiu os espaços medulares gem do abscesso via canal, sendo difícil sua
(trabéculas ósseas) alcançando a região de eliminação via forame apical. Nas situações
subperiósteo. Pode-se observar situações de in- em que houver drenagem, o processo cami-
flamação com edema sem formação momentâ- nha mais rapidamente para a involução. É
nea de expressiva coleção purulenta, promo- conveniente que, entre as sessões, o dente
vendo tumefação e assimetria facial. Em algu- permaneça fechado e, preferencialmente,
mas situações de abscessos em evolução, à me- com medicação intracanal.
dida que aumenta o edema facial, diminui-se a 8. Algumas situações podem estar associadas
sintomatologia. Nesta fase, algumas característi- nesse momento do abscesso, requerendo vi-
cas clínicas devem ser bem analisadas, entre as gilância especial e constante, como casos de
quais: consistência do edema (encapsulado, debilidade, febre, presença de trismo, absces-
duro), tratamento prévio com antibiótico e in- so encapsulado (lenhoso), em que o pacien-
terrupção (mas não involuído), trismo e febre. te foi submetido a terapêutica prévia com
Deve-se considerar esta fase como uma das antibiótico. No caso do trismo, as medidas
mais críticas dos abscessos, e requer vigilância locais são difíceis de serem executadas, po-
segura e constante do paciente, principalmente, rém, deve-se aplicar na região bolsa de água
quando ocorre a presença de febre. O Quadro morna, bochecho com água morna e sal,
6.12 apresenta, de modo resumido, as caracte- medicação sistêmica com antiinflamatório
rísticas clínicas, os aspectos radiográficos e as (relaxante muscular) e antibiótico. Para o
alternativas terapêuticas do abscesso periapical paciente com abscesso endurecido (lenhoso)
sem fístula (em evolução). As Figuras 6.38 a em que foi feita medicação antibiótica pré-
6.47 demonstram caso clínico de abscesso peria- via, realizam-se as medidas locais descritas
pical sem fístula. anteriormente, quando possível, acrescidas a
prescrição de antiinflamatório e antibiótico.
Terapêutica Local e Sistêmica O paciente em estado febril merece cuidado
(Fase 2) especial, requerendo controle da febre (anti-
térmico) e antibioticoterapia. A tentativa de
1. Anestesia, isolamento absoluto e profilaxia drenagem cirúrgica nessa fase é complicada
do campo operatório; e dolorida, quando não se acha o foco da
2. Alívio oclusal; coleção purulenta;
3. Abertura coronária; 9. Atenção especial e assistência completa ao
4. Farta irrigação-aspiração com hipoclorito de paciente até o término de todo o quadro de
sódio-1 a 2,5%; urgência.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 219

Quadro 6.12
ABSCESSO PERIAPICAL SEM FÍSTULA (FASE 2 – EM EVOLUÇÃO)

Características Clínicas Aspectos Radiográficos Alternativa Terapêutica

䉴 Dor espontânea, menor intensidade 䉴 Espaço periodontal 䉴 Alívio oclusal;


que a da Fase 1, pulsátil, localizada; normal ou aumentado, 䉴 Abertura coronária;
䉴 Edema evidente sem ponto de podendo aparecer 䉴 Penetração desinfetante;
flutuação; área de rarefação difusa. 䉴 Ampliação foraminal;
䉴 TVP negativo; 䉴 Analisa-se a presença ou não de
䉴 Edema e coleção purulenta invadiu drenagem;
espaço medular, alcançou a região 䉴 Medicação intracanal;
do subperiósteo. 䉴 Trismo: Aplicar bolsa de água morna,
bochecho de água morna e sal e
antiinflamatório e antibiótico;
䉴 Abscesso endurecido (lenhoso):
antiinflamatório e antibiótico;
䉴 Atenção especial e assistência completa
ao paciente até o término do quadro de
urgência.

FIG. 6.38 FIG. 6.39


Edema facial na região de molares inferiores. Aspecto radiográfico de cárie na região mesial do
dente 46, e rarefação óssea periapical difusa.

FIG. 6.40 FIG. 6.41


Aspecto clínico de drenagem coronária do dente Esvaziamento e preparo dos canais radiculares do
46. dente 46.
220 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

FIG. 6.42 FIG. 6.43


Alívio oclusal do dente 46. Alívio oclusal do dente 46.

FIG. 6.44 FIG. 6.45


7 dias após o atendimento, desaparecimento do Obturação do canal após 30 dias, sendo o dente
edema facial. mantido com pasta de Ca(OH)2 .

6.46 6.47

FIGS. 6.46 e 6.47


Controle clínico e radiográfico no período de 3 a 6 meses. Aspecto radiográfico com características de desapare-
cimento da rarefação periapical difusa.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 221

ABSCESSO PERIAPICAL SEM e hipoclorito de sódio a 1%. O forame é


FÍSTULA (EVOLUÍDO) ampliado até a lima de no 20-25 (tipo K-file),
dependendo do dente, sendo ultrapassado
As características clínico-radiográficas do em 1 mm;
abscesso evoluído, que caracteriza o estágio final, 6. Com a ampliação do forame apical e a ultra-
englobam: dor espontânea, com menor intensi- passagem em 1 mm da lima, nem sempre
dade que na fase inicial, pulsátil, localizada, ede- ocorre drenagem via canal. Muitas vezes,
ma evidente com ponto de flutuação e aumento esta é discreta, da mesma forma que no abs-
volumétrico da área agredida, resposta negativa cesso periapical em fase inicial. É difícil a
ao exame de vitalidade pulpar. A área de tume- coleção purulenta retornar completamente
fação mostra certa consistência, porém, cedendo para a drenagem via canal radicular;
com pouca resistência (local da coleção purulen- 7. A dor é perturbadora e constante, fazendo
ta). O aspecto radiográfico apesar de não ser com que seja estabelecida o mais rapidamen-
apreciável, em algumas situações caracteriza te possível, a abertura de um trajeto para a
alargamento do espaço periodontal apical e rare- drenagem do pus formado. Cuidado especial
fação óssea periapical difusa. A coleção purulen- com paciente em estado febril, com debilida-
ta atravessou a lâmina dura alveolar, invadiu os de avançada;
espaços medulares (trabéculas ósseas), venceu a 8. Neste momento, estabelece-se a drenagem
região de subperiósteo e instalou-se na região intrabucal, próximo à região do dente, e
submucosa. Tumefação e assimetria facial são co- ponto de flutuação. De posse de um bisturi
mumentemente observados, além da região sobre o ponto de flutuação, realiza-se a inci-
mostrar-se avermelhada. É comum o paciente são na superfície, e com tesoura de ponta
mostrar-se com debilidade, e até a presença de fina faz-se a divulsão, atingindo a área de
febre. O Quadro 6.13 apresenta, de modo resu- necrose e pus, permitindo seu extrava-
mido, as características clínicas, os aspectos radio- samento. Pode-se ainda pressionar a região
gráficos e as alternativas terapêuticas do abscesso edemaciada com compressa de gaze favore-
periapical sem fístula (evoluído). As Figuras cendo maior drenagem. A drenagem extra-
6.48 a 6.53 demonstram com representação es- bucal feita com bisturi na região de flutuação
quemática a necrose pulpar, a periodontite apical da pele, deve ser direcionada acompanhan-
sintomática e assintomática, e as evoluções do do as linhas anatômicas, evitando-se, assim,
abscesso periapical. As Figuras 6.54 e 6.55 exi- a formação de futura cicatriz. Uma vez
bem casos de abscesso periapical sem fístula evo- determinada a drenagem da coleção puru-
luído. As Figuras 6.56 a 6.61 mostram um caso lenta, prepara-se um dreno favorecendo a
de drenagem extrabucal de abscesso periapical manutenção da abertura da incisão, manten-
sem fístula evoluído. do-se por período maior a drenagem. Este
dreno pode ser feito com uma parte do pró-
Terapêutica Local e Sistêmica prio lençol de borracha, em forma de T,
(Fase 3) mantido por período médio de 48 a 72 ho-
ras;
1. Anestesia, isolamento absoluto e profilaxia 9. A área da incisão pode ser protegida com a
do campo operatório; aplicação de pomada antisséptica (Hipoglós),
2. Alívio oclusal; auxiliando no controle microbiano, e na fácil
3. Abertura coronária; remoção do dreno e gaze protetora;
4. Farta irrigação-aspiração com hipoclorito de 10. Como medida sistêmica é importante a utili-
sódio-1 a 2,5%; zação de antiinflamatório e antibiótico;
5. Esvaziamento do conteúdo do canal radicu- 11. Atenção especial e assistência completa ao
lar, com conseqüente penetração desinfetan- paciente até o término de todo o quadro de
te auxiliado por instrumento de calibre fino urgência.
222 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

Quadro 6.13
ABSCESSO PERIAPICAL SEM FÍSTULA (FASE 3 – EVOLUÍDO)

Características Clínicas Aspectos Radiográficos Terapêutica Aplicada

䉴 Dor espontânea, menor intensidade 䉴 Espaço periodontal aumentado, 䉴 Alívio oclusal;


que a da Fase inicial, pulsátil, pode envolver área de 䉴 Abertura coronária;
localizada; rarefação óssea difusa, ou 䉴 Penetração desinfetante;
䉴 Edema evidente com ponto de circunscrita. 䉴 Penetração desinfetante;
flutuação, aumento volumétrico da 䉴 Ampliação foraminal;
área agredida; 䉴 Analisa-se a presença ou não
䉴 TVP negativo; de drenagem intracanal;
䉴 Coleção purulenta invadiu espaço 䉴 Drenagem intrabucal ou extrabucal,
medular, alcançou a região do próxima ao ponto de flutuação;
subperiósteo e submucosa. 䉴 Antiinflamatório e antibiótico;
䉴 Atenção especial e assistência
completa ao paciente até o término
do quadro de urgência.

FIGS. 6.48 A 6.53


Representações esquemáticas da evolução de uma necrose pulpar, abscesso periapical e periodontite apical.

FIG. 6.48
Necrose Pulpar.

FIG. 6.49
Periodontite Apical Sintomática Infecciosa.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 223

FIG. 6.50 FIG. 6.51


Abscesso Periapical Sem Fístula - Inicial. Abscesso Periapical Sem Fístula - Em Evolução.

FIG. 6.52 FIG. 6.53


Abscesso Peripical Sem Fístula - Evoluído. Periodontite Apical Assintomática.

FIG. 6.54 FIG. 6.55


Abscesso periapical sem fístula (evoluído) (Leles & Abscesso periapical sem fístula (evoluído) (Leles &
Estrela106. Dor como complicação pós-cirúrgica. In: Estrela Estrela106).
C. Dor Odontogênica. São Paulo: Artes Médicas, 2001.).
224 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

FIG. 6.56 FIG. 6.57


Abscesso no espaço submandibular (Leles & Estre- Incisão cutânea paralelamente às linhas de menor
la106. Dor como complicação pós-cirúrgica.In: Estrela C. tensão.
Dor Odontogênica. São Paulo: Artes Médicas, 2001.).

FIG. 6.58 FIG. 6.59


106
Divulsão dos planos profundos (Leles & Estrela . Drenagem.
Dor como complicação pós-cirúrgica.In: Estrela C.Dor
Odontogênica. São Paulo: Artes Médicas, 2001.)
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PERIODONTITE APICAL 225

FIG. 6.60 FIG. 6.61


Instalação do dreno de latex (Leles & Estrela106. Dor Curativo.
como complicação pós-cirúrgica.In: Estrela C. Dor
Odontogênica. São Paulo: Artes Médicas, 2001.).

ABSCESSO PERIAPICAL COM de presença de fístula cujo tratamento deve ser


FÍSTULA muito bem orientado e conduzido. Deve-se con-
siderar que o tratamento de dentes com fístula,
O abscesso periapical com fístula pode se de- decorrente de falha no tratamento endodôntico
senvolver a partir da periodontite apical sinto- inicial não deve ser encarado como um caso sim-
mática (aguda) infecciosa, periodontite apical as- ples e e de fácil resolução. As Figuras 6.62 a
sintomática (crônica), abscesso periapical sem 6.63 demonstram casos clínicos de abscesso pe-
fístula, originários do processo de infecção do riapical com fístula.
canal radicular. Este abscesso pode ser caracteri-
zado como processo inflamatório crônico prolife- OSTEÍTE CONDENSANTE
rativo, apresentando foco de supuração localiza-
do próximo à região periapical, e com nutrição O grau de virulência dos microrganismos as-
proveniente do canal radicular com polpa necro- sociado à resistência do hospedeiro determina o
sada. A população celular mostra-se representa- tipo de lesão periapical. A agressão de pequena
da por neutrófilos, linfócitos, plasmócitos e ma- intensidade, longa duração pode determinar
crófagos. A quantidade de células mononuclea- uma inflamação periapical crônica, denominada
res é sempre maior que no processo de natureza osteíte condensante. Entre as características ge-
aguda. Nesta fase crônica, o abscesso mostra áre- ralmente encontradas, observa-se a síntese ex-
as de reabsorção óssea variando do aspecto difu- cessiva de osso periapical, localizado ao redor dos
so ao circunscrito, podendo ser mapeado radio- ápices dentários, o que demonstra, mediante ao
graficamente pela introdução de cone de guta- aspecto radiográfico – o aumento da densidade
percha pela fístula e radiografado, possibilitando óssea (opacidade e evidenciação acentuada das
identificar o ápice dentário responsável pela in- trabéculas ósseas, circunscrita por osteoblastos
fecção. O processo é assintomático e, normal- em atividade), ao invés da transparência do osso
mente, o correto tratamento endodôntico é sufi- reabsorvido. O sinal patognomônico é a área ra-
ciente para desaparecer este quadro. É claro que diopaca circunscrita à volta de uma ou de todas
não se pode descartar as lesões refratárias. A fís- as raízes do dente. Clinicamente, o dente está
tula pode representar uma via de entrada de mi- assintomático e, posterior ao tratamento endo-
crorganismos da cavidade bucal para tecidos in- dôntico, normalmente, as alterações radiopacas
ternos, especialmente fungos. A fratura vertical, retornam ao normal. As Figuras 6.64 e 6.65 de-
fratura radicular por pressão de retentor intra- monstram aspectos radiográficos característicos
radicular, envolvimento endoperiodontal, infec- de osteíte condensante, na região periapical de
ções secundárias constituem situações comuns molares.
226 CIÊNCIA EN DODÔNTICA

FIG. 6.62 FIG. 6.63


Abscesso Periapical com fístula. Abscesso Periapical com fístula.

FIG. 6.64 FIG. 6.65


Osteíte condensante. Aspecto radiográfico de Osteíte condensante. Aspecto radiográfico de rare-
osteíte condensante na raiz mesial do dente 46. fação periapical na raiz mesial, e osteíte condensante na
raiz distal do dente 36.

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