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Texto_Unidade 1-
Texto_Unidade 1-
UNIDADE
Feijão com Arroz
1 UNIDADE 2
Matérias-primas da
UNIDADE
Modos de Fazer
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da Nutrição Educação Alimentar Educação Alimentar
e Nutricional nas e Nutricional na
Escolas Minha Escola
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UNIDADE 1
FEIJÃO COM ARROZ DA NUTRIÇÃO
Como melhorar minha alimentação? Se eu contar o final no início estraga
a história? Lá vai: coma mais frutas, verduras e legumes, em pequenas
quantidades, e cozinhe mais. Parece que o segredo não mudou desde
a época das nossas bisavós e bisavôs. Ah, Michelle, o problema não é
saber, é fazer. Verdade. E por que parece tão difícil transformar essas
ideias em atitudes? Agora chegamos em um ponto legal da nossa con-
versa. Qual o modo de fazer desse prato bem preparado chamado ali-
mentação saudável? Vamos colocar a mão na massa? Comecemos com
o Feijão com arroz da Nutrição. Vem comigo.
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AULA 1 - Por que comemos?
ALGUMAS FUNÇÕES DA ALIMENTAÇÃO
Essa resposta parece meio óbvia, não é? Comemos porque essa é uma
necessidade biológica. Precisamos dos nutrientes. É verdade. Agora,
pense na sua alimentação. Qual a sua comida preferida? Por que você
gosta tanto dela? O que faz dessa comida algo especial? Geralmente, as
comidas preferidas estão ligadas às nossas histórias com outras pesso-
as: nossas mães, avós e outros familiares.
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Daí, já podemos começar a pensar sobre a pergunta que inicia essa aula:
por que comemos? Vou te dar mais um exemplo.
Imagine que essa comida que você pensou, como eu, foi uma pamonha. Nutriente, masc.:
componente químico
Agora, suponha que, ao invés da sua desejada pamonha acompanha-
necessário ao meta-
da com café quentinho, eu te ofereça uma cápsula contendo todos os bolismo humano que
nutrientes dessa refeição. Qual você escolheria? proporciona energia
ou contribui para o
crescimento, o desen-
volvimento e a manu-
tenção da saúde e da
vida. Normalmente, os
nutrientes são rece-
bidos pelo organismo
por meio da inges-
tão de alimentos. A
Falando em nutriente, você sabe que nutrientes entram na carência ou excesso de
constituição da comida que comemos? nutrientes pode provo-
car mudanças quími-
Macronutriente, masc.: nutriente que é necessário ao orga-
cas ou fisiológicas.
nismo em grande quantidade em relação aos micronutrientes.
Os macronutrientes são especificamente os carboidratos, as Fonte: Brasil (2013a)
gorduras e as proteínas, amplamente encontrados nos alimentos.
Micronutriente, masc.: nutriente necessário ao organismo
em pequenas quantidades (em miligramas ou microgramas)
em relação aos macronutrientes. As vitaminas (A, D, E, K, com-
plexo B, biotina, niacina e vitamina C) e os minerais (cálcio,
ferro, magnésio, manganês, fósforo, sódio, potássio, cobre e
zinco) são tipos de micronutrientes.
Caso você queira saber mais sobre a composição dos alimentos
que você consome, visite a Tabela Brasileira de Composição
de Alimentos (TACO), projeto da Universidade de Campinas,
disponível aqui.
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Com essa situação, fica fácil perceber que comemos não só para obter
nutrientes necessários ao funcionamento do organismo. Comemos para
conviver, para relembrar, para festejar e tantas outras coisas. Concorda?
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Um bom jeito de conhecer mais sobre as funções e deter-
minantes da comida no tempo e no espaço é aprender mais
sobre a História. Luís da Câmara Cascudo nos presenteou com
o uma obra que conta um pouco sobre a História da culinária
nacional, o livro História da Alimentação no Brasil, com mais
de 900 páginas. É um livro para ser petiscado aos bocadinhos.
Se sua fome não aguenta e o tempo é curto, aqui vai uma dica:
a série homônima produzida pela Heco Produções. História
da Alimentação no Brasil, a série, faz em 13 episódios, de 30
minutos cada, uma tradução visual do próprio tema do livro.
Você pode encontrar mais informações aqui neste link.
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AULA 2 - Por que e como
comer melhor?
Glossário
Doenças crônicas não transmissíveis, fem. pl. Sin. DCNT.:
grupo de doenças que se caracterizam por ter uma etiologia
incerta, múltiplos fatores de risco, longos períodos de latência,
curso prolongado e por estarem associadas a deficiências e
incapacidades funcionais. São exemplos de DCNT: doenças
cardiovasculares, doenças cerebrovasculares, doenças coro-
narianas, doenças isquêmicas do coração, diabetes, doenças
pulmonares obstrutivas crônicas. Essas doenças têm em comum
um conjunto de fatores de risco modificáveis e passíveis de
ações de promoção da saúde e prevenção, como tabagismo,
sedentarismo, alimentação inadequada, alcoolismo.
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DOS NUTRIENTES À COMIDA
Lembra da nossa conversa sobre a pamonha na nossa primeira aula? Eu
sugeri que, ao invés da sua desejada pamonha acompanhada com café
quentinho, você ingerisse uma cápsula contendo todos os nutrientes
equivalentes a essa refeição. Esse exemplo deixa claro a primeira coisa
que precisamos saber sobre o feijão com arroz da Nutrição: comida é
mais do que nutriente.
Com esse exemplo, fica fácil perceber que o alimento não é igual à soma
de seus nutrientes, apesar da ideia comum que circula em nossos dias
é de que a chave para compreender o alimento é o nutriente. Essa ideia
recebe o nome de nutricionismo, uma abordagem nada científica que
reduz o alimento a seus nutrientes. Você já ouviu falar sobre isso?
Quem primeiro propôs esse termo foi o Dr. Gyorgy Scrinis (2013), profes-
sor de Política Alimentar na Universidade de Melbourne. Qual o proble-
ma do nutricionismo? Bem, pelo que você já aprendeu até agora, essa
é uma forma reducionista de pensar o alimento. Posso dar pelo menos
dois exemplos para ilustrar essa ideia.
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O trabalho da Nutrição
deveria andar de mãos
dadas com o da Educação.
Glossário
Alimentação adequada e saudável, prática alimentar apro-
priada aos aspectos biológicos e socioculturais dos indivíduos,
bem como ao uso sustentável do meio ambiente. Ou seja, deve
estar em acordo com as necessidades de cada fase do curso da
vida e com as necessidades alimentares especiais; referenciada
pela cultura alimentar e pelas dimensões de gênero, raça e
etnia; acessível do ponto de vista físico e financeiro; harmônica
em quantidade e qualidade; baseada em práticas produtivas
adequadas e sustentáveis com quantidades mínimas de con-
taminantes físicos, químicos e biológicos.
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A ideia de Nietzsche, de que a escola deveria ensinar sobre alimentação,
é muito boa. Veja, nós comemos, em média, de três a seis vezes ao dia. E
poucas vezes fomos ensinados sobre como deveríamos fazer isso. Tudo
foi sendo feito de forma muito intuitiva e tida como natural. Em geral,
não somos educados para alimentação. Nisso, nós, professores e nutri-
cionistas, temos muito a fazer. Eu posso começar aqui mostrando uma
síntese daquele feijão com arroz da Nutrição. Vamos lá?
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8. Carnes e ovos: inclui carnes de gado, porco, cabrito e
cordeiro, carnes de aves, de pescados e ovos de galinha e de
outras aves.
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Estima-se que existam no mundo mais de 300.000 espécies de
plantas comestíveis. Ainda assim, mais da metade da energia
que consumimos advém de quatro vegetais: arroz, batatas,
trigo e milho (FAO, 2010b).
Divirta-se!
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limpeza, remoção de partes não comestíveis ou indesejáveis,
fracionamento, moagem, secagem, fermentação, pasteu-
rização, refrigeração, congelamento e processos similares
que não envolvam agregação de sal, açúcar, óleos, gorduras
ou outras substâncias ao alimento. Ou seja, caso eu pegue
aquela mesma espiga de milho in natura, debulhe e congele
os grãos, para aproveitar a safra depois, eu tenho um alimento
minimamente processado.
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Que habilidades culinárias básicas você acredita que sejam fundamen-
tais para serem ensinadas na escola? Fomos fazer essa pergunta para a
nutricionista Juliana Morais. Quer saber o que ela respondeu? Vai lá no
podcast “Bê-a-bá da culinária com Juliana Morais” e dá uma conferida.”
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AULA 3 - Por onde começar?
DEZ PASSOS PARA UMA ALIMENTAÇÃO
ADEQUADA E SAUDÁVEL
Você já ouviu falar no Guia alimentar para a população brasileira? Ele é uma
ferramenta elaborada pelo Ministério da Saúde, em parceria com o Nú-
cleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade
de São Paulo (Nupens/USP) e com o apoio da Organização Pan-Americana
da Saúde (Opas/Brasil), que visa apresentar “um conjunto de informações
e recomendações sobre alimentação que objetivam promover a saúde de
pessoas, famílias e comunidades e da sociedade brasileira como um todo,
hoje e no futuro”. (BRASIL, 2014, p. 11)
PREFIRA IN NATURA
DESCONFIE SEMPRE Fazer de alimentos in natura MODERE A MÃO
ou minimamente processados
Ser crítico quanto a informações, Óleos, gorduras, sal e açúcar
a base da alimentação.
orientações e mensagens em pequenas quantidades ao
sobre alimentação veiculadas temperar e cozinhar alimentos
em propagandas comerciais. e criar preparações culinárias.
PLANEJE O TEMPO
EVITE ULTRAPROCESSADOS
Planejar o uso do tempo para
Evitar o consumo de produtos
dar à alimentação a importância
ultraprocessados.
que ela merece.
Tempo acabado! Vamos conversar mais sobre isso na nossa última aula
dessa unidade?
Bem, vou começar falando que essa distância entre o desejo de mudar e
a impossibilidade de fazê-lo não é só questão de querer. Vou dar alguns
exemplos para ilustrar o que eu estou dizendo.
Você, por exemplo, até que gostaria de poder seguir nossa recomendação
de cozinhar mais, mas trabalha dois turnos e perde muito tempo no des-
locamento de sua casa para o trabalho. Em casa, as tarefas não são divi-
didas. Se você for mulher, tudo isso, muito provavelmente, sobraria para
você: comprar, limpar, preparar, servir, arrumar e recomeçar o ciclo. Ufa!
Consumir mais vegetais: “Hum, seria uma boa”, você pensa. A saída para
as compras toma muito tempo, sobretudo se você for frequentador de
supermercados. Comprando em feiras, além de economizar, você tem
acesso a produtos mais saudáveis, movimenta a economia local, retiran-
do o atravessador da relação entre produtor e consumidor. Resultado:
você paga menos e come melhor, e o produtor recebe uma remuneração
mais justa. “Ah, não há feiras livres no meu bairro”. Isso é um problema.
O seu acesso a espaços de comercialização de produtos saudáveis está
comprometido. Assim como o do produtor, que vira refém dos espaços
dos super e hipermercados para repassar sua mercadoria.
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Os desafios da vida moderna para a alimentação saudável.
Ou, caso você tenha filhos, até que seria mais fácil oferecer uma alimen-
tação mais saudável se na televisão e na internet as crianças e adolescen-
tes não fossem estimulados a consumir produtos tão danosos à saúde.
Geralmente, esses produtos vêm com propagandas de desenhos anima-
dos. Ainda que você não compre esses produtos, quando a criança chega
na escola vê seus colegas com o lanche daquele personagem super que-
rido. Você já sabe onde essa história termina, não é?
Esses exemplos servem para ilustrar o que mora entre o nosso desejo de
mudar e a mudança concreta rumo a uma alimentação mais saudável:
os determinantes sociais, ou seja, “fatores sociais, econômicos, culturais,
étnico-raciais, psicológicos, comportamentais e ambientais que influen-
ciam o processo saúde-doença”. (BRASIL, 2013, p. 21). Um preconceito
social que naturaliza o papel das mulheres no âmbito doméstico, jorna-
das de trabalho exaustivas, cidades mal planejadas, falta de regulação
na publicidade de alimentos dirigida a crianças e tantos outros. Viabilizar
uma mudança dessa natureza não depende só do nosso desejo, da nossa
força de vontade, como você já deve ter percebido. O que pode ser feito?
Uma das coisas é saber que lutar por uma alimentação mais saudável
é questão de cidadania. Chamamos de democracia alimentar um cená-
rio em que os cidadãos têm conhecimento e se envolvem ativamente
com as questões que perpassam o sistema alimentar no qual se inserem
(HASSANEIN, 2003). O fortalecimento da democracia alimentar ocorre
quando, por exemplo, os cidadãos têm participação ativa em Conse-
lhos de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), valorizam produ-
tos, produtores locais – além de espécies e saberes da biodiversidade
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local –, espaços públicos de comercialização de alimentos livres de atra-
vessadores, percebem o relevo da ação comunitária nos assuntos liga-
dos à alimentação, por exemplo, via construção de hortas comunitárias.
Olha quanta coisa!
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VENCENDO OBSTÁCULOS
Ufa! Chegamos ao fim desta unidade. Aposto que você já começou a fazer
algumas mudanças na sua alimentação. Agora que você já sabe um pou-
co sobre as funções da alimentação, retorne à autobiografia alimentar que
você escreveu durante esta aula.
• v
Acesse a avaliação desta unidade
disponível no AVASUS.
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