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EXCELENTÍSSIMO JUIZ DA ___ VARA DO JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA

PÚBLICA DA COMARCA DE PORTO VELHO / RO.

Assunto: Licença Prêmio

CHARLES DOUGLAS DA SILVA DIAS, brasileiro, servidor público,


portadora da cédula de identidade nº 603480 SSP/RO, inscrita no CPF sob o nº
512.417.572-91 residente e domiciliado sito à Rua Severino Ozias nº 5505, Bairro:
Flodoaldo Pontes Pinto, CEP: 76820562, nesta cidade de Porto Velho, Estado de
Rondônia, por meio de seus advogado devidamente constituído, PEDRO
HENRIQUE PAMPLONA RODRIGUES, inscrito na OAB/RO sob o Nº 9624, com
Procuração, anexa, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, propor

AÇÃO DE COBRANÇA - LICENÇA PRÊMIO EM PECÚNIA

ESTADO DE RONDÔNIA, pessoa jurídica de direito público interno,

inscrita no CNPJ sob o n. 00.394.585/0001-71, Av. Farquar, 2986 - Pedrinhas, Porto

Velho - RO, 76801-470, pelos motivos de fato de direito a seguir aduzidos:

DOS FATOS

A Requerente é servidor(a) público estadual, admitido no quadro de

servidores públicos efetivos do Requerido em 18/05/2006, exercendo o cargo de

Policial Penal, e número de funcionário: 300065910, conforme consta no documento

anexo.

Desta forma, há de se observar que há vínculo jurídico existente entre

as partes, posto que a Requerente é regido pela lei complementar estadual de nº

68/1992, lei esta que dispõe sobre o Regime Jurídicos dos Servidores Públicos Civis
do Estado de Rondônia, cuja lei prevê o direito a gozo de licença prêmio por

assiduidade a cada 05 anos de trabalho.

Assim, em tese, o Requerente teria adquirido o direito a 03 licenças

prêmios (2006-2024), todavia não gozou de suas licenças nem as recebeu em

pecúnia.

Destarte, objetivando o recebimento de suas licenças-prêmios não

gozadas vem ao judiciário requerer o que é por direito.

DO DIREITO

LICENÇA PRÊMIO

Do Direito à Licença Prêmio por assiduidade em Pecúnia como

mencionado, o Requerente teria adquirido 03 (2006-2024) licenças prêmio,

concernente ao seu período de serviços prestados perante o Requerido. No entanto,

o Requerente não recebeu suas licenças Prêmio em pecúnia. Ao passo que restam

todos os períodos a serem indenizados, em pecúnia, (ou outros quinquênios a

serem reconhecidos no mapa de apuração).

A licença prêmio é um direito do servidor público estadual previsto no

art. da Lei Complementar Estadual nº 68/92, vejamos:

Art. 123 - Após cada quinquênio ininterrupto de efetivo serviço

prestado ao Estado de Rondônia, o servidor fará jus a 3 (três) meses de licença, a

título de prêmio por assiduidade com remuneração integral do cargo e função que

exercia

Em 2012, o Estado aprovou Lei a Complementar nº 694/2012 que

acrescentou o §4º ao art. 123 da Lei Complementar nº 68/92, no qual passou a


prever a possibilidade do pagamento de uma licença prêmio em pecúnia, caso o

servidor tenha duas ou mais licenças vencidas, vejamos:

Art. 123 - Após cada quinquênio ininterrupto de efetivo serviço

prestado ao Estado de Rondônia, o servidor fará jus a 3 (três) meses de licença, a

título de prêmio por assiduidade com remuneração integral do cargo e função que

exercia.

[...]

§4º - Sempre que o servidor na ativa completar dois ou mais períodos

de licença prêmio não gozados, poderá optar pela conversão de um do período em

pecúnia. Igualmente em caso de falecimento os beneficiários receberão em pecúnia

tantos quantos períodos de licença prêmio adquiridos e não gozados em vida,

benefício este segurado aos servidores quando ingressarem na inatividade (...)

Destarte, a Requerente faz jus a receber as licenças em pecúnia, cujo

valor deve ser pago considerando o valor total bruto da remuneração deste,

conforme consta no último contracheque pago pelo Estado (03/2024), ou seja, R$

26.625,18 (vinte seis mil seiscentos e vinte e cinco reais e dezoito centavos).

Logo, considerando que a licença prêmio a ser gozada são 03 meses

por quinquênio, e que o Requerente possui conhecimento de 03 licenças vencidas,

requerendo a receber 1 (uma) pecúnia, no valor a ser pago de R$ 26.625,18 (vinte

seis mil seiscentos e vinte e cinco reais e dezoito centavos). devendo ser acrescidos

de juros e correção monetária.

DO DESNECESSÁRIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO


O STJ firmou tese de que é desnecessário o requerimento

administrativo para a conversão da licença prêmio em pecúnia, em obediência ao

princípio da vedação ao enriquecimento sem causa.

Observe-se que tal precedente tem sido relacionado pela Turma

Recursal deste e. TJRO na reforma das decisões deste juízo. Neste sentido:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO.

ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART. 535 DO CPC/1973 FEITA

DE FORMA GENÉRICA. SÚMULA 284/STF. SERVIDOR

PÚBLICO. CONVERSÃO EM PECÚNIA DA

LICENÇA-PRÊMIO NÃO GOZADA. REQUERIMENTO

ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE. PRINCÍPIO QUE

VEDA O ENRIQUECIMENTO ILÍCITO DA ADMINISTRAÇÃO.

1. É deficiente a fundamentação do Recurso Especial em que

a alegação de ofensa ao art. 535 do CPC/1973 se faz de forma

genérica, sem a demonstração exata dos pontos pelos quais o

acórdão se fez omisso, contraditório ou obscuro. Aplica-se, na

hipótese, o óbice da Súmula 284 do STF. 2. A orientação do

Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que é cabível a

conversão em pecúnia da licença-prêmio e/ou férias não

gozadas, independentemente de requerimento administrativo,

sob pena de configuração do enriquecimento ilícito da

Administração. 3. Recurso Especial parcialmente conhecido e,

nessa parte, provido, para anular o acórdão recorrido e

restabelecer a sentença de 1º grau. (STJ – REsp: 1662749 SE

2017/0064537-4, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, j.

16/05/2017, T2 – SEGUNDA TURMA, DJe 16/06/2017).


PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO.

OFENSA AOS ARTS. 489 E 1.022 DO CPC/2015 NÃO

CARACTERIZADA. SERVIDOR PÚBLICO. CONVERSÃO EM

PECÚNIA DA LICENÇA-PRÊMIO NÃO GOZADA.

REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE.

PRINCÍPIO QUE VEDA O ENRIQUECIMENTO ILÍCITO DA

ADMINISTRAÇÃO. 1. Inexiste a alegada violação aos arts. 489

e 1.022 do CPC/2015, visto que a Corte de origem julgou

integralmente a lide e solucionou, de maneira clara e

amplamente fundamentada, a controvérsia, em conformidade

com o que lhe foi apresentado, não podendo ser considerado

nulo tão somente porque contrário aos interesses da parte. 2.

A orientação do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de

que é cabível a conversão em pecúnia da licença-prêmio e/ou

férias não gozadas, independentemente de requerimento

administrativo, sob pena de configuração do enriquecimento

ilícito da Administração. 3. Agravo Interno não provido. (STJ –

AgInt no REsp: 1901702 AM 2020/0273935-0, Relator: Ministro

HERMAN BENJAMIN, j. 24/02/2021, T2 – SEGUNDA TURMA,

DJe 01/03/2021).

O FUNCIONÁRIO PÚBLICO COM DIREITO À

LICENÇA-PRÊMIO ADQUIRIDO ANTES DE SUA

APOSENTADORIA, FAZ JUS À CONVERSÃO EM PECÚNIA.

(RECURSO INOMINADO CÍVEL, Processo nº

7012277-68.2022.822.0001, Tribunal de Justiça do Estado de


Rondônia, Turma Recursal, Relator(a) do Acórdão: Juiz Arlen

Jose Silva de Souza, Data de julgamento: 10/10/2022)

Quanto ao direito de concessão, trata-se de ato vinculado e direito

potestativo do servidor, merecendo ser indenizado por ausência de gozo, veja-se:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. SERVIDOR

PÚBLICO MUNICIPAL. APOSENTADORIA. REQUISITOS

VERIFICADOS. DIREITO POTESTATIVO E ATO VINCULADO.

IMPOSSIBILIDADE DE CONDICIONAR O SERVIDOR AO

GOZO PRÉVIO DE LICENÇAS PRÊMIO. O direito à

aposentadoria voluntária, após preenchidos os requisitos

legais, caracteriza direito potestativo do servidor, subordinado

única e exclusivamente à vontade deste, uma vez que o ato

administrativo de concessão do benefício é vinculado. O

administrador não tem a discricionariedade de alterar o

momento da aposentação ou condicionar a prática do ato a

qualquer outra providência, incluído o gozo de licenças-prêmio.

Recurso a que se dá provimento. (TJ/RO, AGRAVO DE

INSTRUMENTO, Processo nº 0801291- 23.2017.822.0000,

Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, 2ª Câmara

Especial, Relator(a) do Acórdão: Des. Walter Waltenberg Silva

Junior, Data de julgamento: 31/08/2017).

Com efeito, de pronto se verifica que o pleito autoral possui

embasamento legal e jurisprudencial merecendo portanto prosperar, devendo,

porém, serem observados os requisitos para o pagamento.


VI – DOS PEDIDOS

Ao exposto e por tudo mais que dos autos consta, requer a Vossa

Excelência:

a) A citação do Requerido, para querendo conteste a ação, sob pena

de sujeitar-se aos efeitos da revelia, bem como a citação do órgão de representação

do Requerido;

b) Que seja determinado que o Requerido apresente mapa de

apuração de licença prêmio, para que o Requerente fique ciente sobre demais

licenças não gozadas, vez que o Requerido coloca empecilhos em fornecer o citado

documento;

c) A condenação do Requerido a conceder (01) licença prêmio em

pecúnia sobre o anos de 18/05/2006 a 18/05/2024, correspondente ao valor de R$

26.625,18 (vinte seis mil seiscentos e vinte e cinco reais e dezoito centavos), bem

como, a converter as demais que venham a constar no mapa de apuração a ser

apresentado, devendo o valor ser acrescido com juros e correção monetária,

conforme prevê o art. 123, §4º da Lei Estadual nº 68/92, alterada pela Lei nº

694/2012;

d) Requer-se os benefícios da justiça gratuita, para fins de eventual

necessidade de interposição de recurso, vez que seus vencimentos atuais são de

pequena monta, destinado unicamente a subsistência familiar, não possuindo a

Requerente condições financeiras de arcar com as custas e demais despesas

processuais, sem que lhe cause prejuízos.

DAS PROVAS
Protesta-se provar todo o alegado por todos os meios de provas em

direito admitidos, documental e as que se fizerem necessárias para o deslinde do

presente feito. (Art. 369 do CPC/15). No ensejo da oportunidade, formula

requerimento visando apresentação, por parte do Requerido, dos documentos

funcionais do servidor, especialmente mapa de apuração de licença prêmio, ficha

funcional e registro de frequência, todos devidamente atualizados.

DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$ 26.625,18 (vinte seis mil seiscentos e

vinte e cinco reais e dezoito centavos).

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

Porto Velho/RO, 30 de março de 2024.

PEDRO HENRIQUE PAMPLONA RODRIGUES


OAB/RO 9624

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