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CESARIANA E FETOTOMIA

Bernardo Almeida¹, Guilherme Paladini¹, Ignácio Prudencio¹, Ricardo Serafim¹


Robson José Cesconeto²

¹Academicos do curso de Medicina Veterinária – UNISUL Campus Tubarão/SC


²Professor do curso de Medicina Veterinária – UNISUL Campus Tubarão/SC
CIRURGIA CESARIANA
• Incisão cirúrgica nas paredes abdominal e uterina que permite extrair o
feto do útero materno;

• Terapia emergencial ou eletiva;

• Visa garantir a saúde da progenitora e da progênie na maioria dos


casos;

• Indicações, complicações e pós-cirúrgicos dependem da espécie;


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CESARIANA EM ÉGUAS
• INDICAÇÕES DE ORIGEM MATERNA
• Deformidades pélvicas, torção uterina, defeitos na parede abdominal e atonia
uterina

Fonte: agrarianacademy.com Fonte: Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.71, n.5, p.1483-1487, 2019

• INDICAÇÕES DE ORIGEM FETAL


• Postura fetal anormal (não corrigível) e anormalidades estruturais

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Fonte: eagaspar.com.br Fonte: periódicos.ufpel.edu.br
CESARIANA EM ÉGUAS
• BAIXA FREQUÊNCIA
• Descolamento placentário rápido e anatomia pélvica favorável;

• BELGIAN DRAFT , PÔNEIS SHETLAND E PSI/PSA;

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CESARIANA EM ÉGUAS
• CONTRA INDICAÇÕES
• Distocias com correção clínica

• Fetos enfisematosos (histerectomia)

• Atonia uterina reversível por medicamentos

• Paciente de estado geral grave

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CESARIANA EM ÉGUAS
• TÉCNICA CIRÚRGICA PELO FLANCO
• Indica-se quando quer apenas a recuperação do potro - risco elevado

• TÉCNICA CIRÚRGICA PELA LINHA MÉDIA


• Indica-se quando se quer recuperação de ambos animais – feita em ambiente
hospitalar

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CESARIANA EM ÉGUAS
• CESARIANA PELA LINHA MÉDIA
• Anestesia:
• Sedação – Xilazina 1mg/kg IV
• Indução – Midazolan 0,05mg/kg + Cetamina 2,2mg/kg IV
• Manutenção – Isoflurano em O2 100%

• Tricotomia e assepsia de todo abdômen ventral


• Álcool 70% e Iodo 10%

• Incisão em linha média ventral

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CESARIANA EM ÉGUAS
• IDENTIFICAÇÃO DO CORNO GRAVÍDICO E INCISÃO
• Útero tracionado e isolado por meio de gases e panos
• Incisão em cima do membro do potro (Útero e placenta)
• Tração e ruptura do cordão umbilical

• INSPEÇÃO DE TODO ÚTERO E ANEXOS FETAIS


• Retirar os anexos ou não??
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CESARIANA EM ÉGUAS
• FECHAMENTO UTERINO
• Padrão continuo simples + lembert com fio absorvível 1

• FECHAMENTO DO PERITÔNIO + CAMADA MUSCULAR


• Padrão sultan com fio absorvível 2

• FECHAMENTO DO SUBCUTANEO + PELE


• Padrão continuo simples com fio absorvível 2-0
• Padrão isolado simples com fio nylon 1-0

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CESARIANA EM ÉGUAS
• PÓS CIRURGICO
• Terapia medicamentosa
• Penicilina 10000 UI/20 kg - IM SID – 7 Dias
• Gentamicina 4mg/kg diluída em soro – IV SID – 7 Dias
• Flunixim meglumine 1.1mg/kg – IV SID – 5 Dias
• Dimetilsufóxido (DMSO) 1g/kg diluído em soro – IV SID – 3 Dias

• Uso de bandagens e lavagens diárias


• Evitar contato com a cama e outros contaminantes

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CESARIANA EM ÉGUAS
• Problemas pós-cirúrgicos
• Deiscência de pontos
• Hérnia
• Cólica por compactação (diminuição de motilidade por dor)
• Laminite (endotoxemia, vasodilatação e vasoconstrição por medicamentos e
posicionamento na mesa)
• Ruptura uterina (manuseio bruto do útero)
• Hemorragia
• Peritonite
• Fertilidade futura com prognóstico reservado
• Involução uterina fica atrasada
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CESARIANA EM VACAS

• Cirúrgico;

• Emergência;

• Distocias;

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CESARIANA EM VACAS
• INDICAÇÕES:
• Assistência indevida;
• Correção e tração manual;
• Pelve juvenil;
• Inadequada dilatação cervical;
• Cesariana eletiva;
• Prolapso;

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CESARIANA EM VACAS
• INDICAÇÕES:
• Perosomus elumbis- parte cranial do corpo normal, mas a parte caudal revela
anquilose vertebral e dos membros;

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CESARIANA EM VACAS
• CONTRA- INDICAÇÃO:
• Tração e correção;
• Feto enfisematoso;
• Distúrbios gerais graves com sepse;
• Afecções sistêmicas irreversíveis;

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CESARIANA EM VACAS
• TÉCNICA CIRÚRGICA:
• Incisão pelo flanco (laparotomia);

• Incisão paramamária;

• Incisão oblíqua pelo flanco;

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CESARIANA EM VACAS
• TÉCNICA CIRÚRGICA:
• Laparotomia- a incisão pelo flanco esquerdo, com a vaca em decúbito lateral
direito;
• Última costela;
• 30 a 40 cm de comprimento;
• Três camadas musculares;
• Peritônio;

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CESARIANA EM VACAS
• COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS:
• Taxa de sobrevivência é alta;
• Aumento dos intervalos entre partos;
• Diminuição na produção de leite;
• Peritonite;

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CESARIANA EM OVELHAS
• OVINO:
• Supervisionados intensamente no momento do parto;
• Aproximadamente 3%;
• Intervenções clínico-cirúrgicas precoces;

• INDICAÇÕES:
• Anomalia;
• Dilatação incompleta;
• Tamanho dos fetos;
• Toxemia;
• Prolapso;
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CESARIANA EM OVELHAS
• TOXEMIA:
• Últimas 4 semanas de gestação;

• Gestações múltiplas;

• Balanço alimentar (ou energético) negativo;

• Peso corporal alto;

• Taxa de mortalidade do animal acometido é alta;

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CESARIANA EM OVELHAS
• TÉCNICA CIRÚRGICA:

• Via fossa para-lombar esquerda;

• Via para-mamária esquerda;

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CESARIANA EM OVELHAS
• COMPLICAÇÕES PÓS-PARTO:

• Limpeza e secagem;

• Aquecimento e fornecimento de colostro;

• Hipotermia;

• Hipoglicemia;

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CESARIANA EM SUÍNOS
• Uma intervenção relativamente difícil e rara ( <1%);
• Um procedimento de alto risco para matriz;
• A cesárea em suinocultura, normalmente é executada dentro de uma
baia de terminação;

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CESARIANA EM SUÍNOS
• INDICAÇÕES
• Animal apresentar Prolapso de vagina
• Casos em que a fêmea apresentar torção uterina;
• Inércia uterina: ambientes muito quentes
• Excesso de tecido adiposo no canal obstétrico: condição corporal excessiva;
• Gestação prolongada ( >116 dias);

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CESARIANA EM SUÍNOS
• CONTRA INDICAÇÕES
• Animal ter histórico de reações a anestésicos;

• Dores intensas provocadas pelo procedimento;

• Hemorragia elevada;

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CESARIANA EM SUÍNOS
• TÉCNICA CIRÚRGICA
• Incisão de 15-20 cm longitudinal através da parede do útero o mais próximo
possível da bifurcação uterina;
• Exteriorizar os leitões por uma única incisão se possível(diminui tempo
de cirurgia);
• Retirar a placenta se esta se encontrar solta;

• Medicação intra-uterina ( Antibiótico);

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CESARIANA EM SUÍNOS
• SUTURA UTERINA
• Fio absorvível: Catgut 1 -2 ;

• Poliglactyn910 (Vicryl) 1 - 2 ;

• Uso de agulha traumática;

• Sutura continua invertida: Cushing; Lembert;

• Sutura dupla em caso de risco de infecção;

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CESARIANA EM SUÍNOS
• SUTURA DA PAREDE ABDOMINAL
• Músculo e camada subcutânea, são fechados num só plano ;
• Sutura continua simples; Catgut crómico, material sintético absorvível;

• SUTURA DA PELE:
• Padrão de sutura:
• Ancorada ou de Ford;
• Sutura simples contínua;

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CESARIANA EM SUÍNOS
• PROBLEMAS PÓS-OPERATÓRIOS
• Nos suínos é muito comum encontrar problemas de não cicatrização;

• Problemas com a deiscência de pontos;

• Recuperação lenta;

• Trombose dos membros inferiores;

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CESARIANA EM PEQUENOS ANIMAIS
• A cesariana é relativamente comum na clínica de pequenos animais ;

• A histerotomia ou cesariana consiste-se na incisão ou corte do útero


para a retirada dos filhotes e seus anexos;

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CESARIANA EM PEQUENOS ANIMAIS
• INDICAÇÕES
• Mau posicionamento ou desenvolvimento fetal;
• Estreitamento do canal pélvico da fêmea;
• Inércia uterina ou putrefação fetal;
• Número pequeno ou grande número de filhotes;
• Fêmeas muito jovens ou senis;
• Antecedentes de partos difíceis (distócicos);
• Sofrimento fetal;
• Alterações que possam dificultar o parto, na falta de assistência veterinária,
durante a gestação.

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CESARIANA EM PEQUENOS ANIMAIS
• CONTRA INDICAÇÕES
• Idade do animal elevada;

• Animal ter um histórico de reações a anestésicos;

• Gata ou a cadela ter facilidade de apresentar sinais de hemorragia;

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CESARIANA EM PEQUENOS ANIMAIS
• TÉCNICA CIRÚRGICA
• A incisão na linha média ventral desde o umbigo até o púbis para acessar o
abdômen;
• O útero deve ser isolado com compressas estéreis;
• Cada um dos fetos deve ser deslocado até o local da incisão;
• O saco amniótico de cada neonato deve ser rompido e o cordão umbilical
pinçado;
• A placenta é expelida junto com os fetos, porém se esta não tiver se separando,
deve ser removida do endométrio;

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CESARIANA EM PEQUENOS ANIMAIS
• TÉCNICA CIRÚRGICA
• Uma vez que se tenha removido todos os fetos, inicia-se a sutura da incisão uterina com fio
absorvível, usando padrão de aposição contínuo simples em camada única;
• Fechamento de apresentação em camada dupla ou fechamento de aposição seguido por padrão
inverso na segunda camada, seguida por omentopexia;
• A parede abdominal deve ser aproximada com suturas interrompidas simples com fio
absorvível de tamanho apropriado para o animal;
• Em seguida, fecha-se o tecido subcutâneo com fio de sutura absorvível e sutura contínua, e a
pele com fio não absorvível;

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CESARIANA EM PEQUENOS ANIMAIS
• PROBLEMAS PÓS-CIRÚRGICOS
• Casos de sinus e piometra;

• Involução uterina pós-cesariana;

• Dores intensas;

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FETOTOMIA
• É a secção total ou parcial do feto para permitir a sua retirada.

Fonte: Domínio Público

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FETOTOMIA:
• INDICAÇÃO
• Feto morto.
• Distocias de correção impossível.
• Fetos enfisematosos.
• Monstruosidades fetais
• Mutilações nas tentativas de tração
• Casos de adiantada putrefação.

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FETOTOMIA
• VANTAGENS
• Redução do volume fetal
• Evita cesarianas
• Exige menor número de auxiliares
• É menos traumatizante para a fêmea
• Evita tração forçada

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FETOTOMIA
• DESVANTAGENS
• Contaminação para a fêmea e obstetra
• Operador paciência, técnica, habilidade e experiência
• Lacerações da mucosa vaginal e do anel cervical
• Pode haver infertilidade futura da parturiente
• Difícil passagem de pipeta após sua recuperação
• Edema de vagina e vulva
• Pontas ósseas cortantes
• Risco de perfuração uterina

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FETOTOMIA
• TIPOS DE FETOTOMIA
• TOTAL: secção do feto inteiro

• PARCIAL: seção de partes do feto


• Craniotomia
• Decapitação
• Amputação de membros.
• Achatamento de tórax.
• Evisceração.
• Destroncamentos.
• Sinfisiotomia púbica.

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MATERIAL

41
MATERIAL

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TÉCNICA

Fonte: Prestes

Fonte: Prestes
43
TÉCNICA

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Fonte: EAgaspar
TÉCNICA

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FETOTOMIA
• PÓS-OPERATÓRIO
• Hidratação
• Exame obstétrico
• Lavagem uterina
• Antibioticoterapia
• Tópico e sistêmico

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FETOTOMIA
• CONTRA INDICAÇÕES
• Ruptura uterina

• Graves lacerações vaginais

• Hemorragia profusa

• Feto vivo

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BIBLIOGRAFIA
• ARTHUR, GH; NOAKES, DE; PEARSON, H. Reprodução veterinária e obstetrícia (Theriogenology)
6.ed. Bailiere Tindall – Londres, 1989 641p.
• DERIVAUX , J. E ECTORS, F. Fisiopatologia de la gestacion y obstetricia veterinaria. Acribia – Saragoça
• GRUNERT, E.; BOVE, S.; STOPIGLIA, AV. Manual de obstetricia Veterinaria 1.ed. 1967-Livraria Sulina
– Porto Alegre – 164 p.
• PRESTES, N. C; LANDIM-ALVARENGA, F. C. Obstetrícia veterinária. 2. ed. Guanabara Koogan. 2017-
Rio de Janeiro/ RJ – 390 p.
• FERREIRA, M.M.G.; ROSA, B.R.; PEREIRA, D.M.; DIAS, L.G.G. Distocia em Grandes Animais. Revista
Científi ca Eletrônica de Medicina Veterinária, (12): 1-7, 2009.
• TURNER, A.S.; MCILWRAITH, C.W. Técnicas Cirúrgicas em Animais de Grande Porte. São Paulo,
Roco, p.177 a 179. 2002.
• JACKSON, P.G.G. Obstetrícia Veterinária, 2ª edição. Editora Rocca LTDA, 2009.

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