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O que é a filosofia?

Correção do teste 6
«O Sentimento dum Ocidental»
e Os Lusíadas
Grupo I – Parte A
1. A cidade é descrita com o contributo de:
– sensações visuais («iluminam-se os andares», v. 1; «Alastram
em lençol os seus reflexos brancos», v. 3; «Sombrios e
espectrais recolhem os soldados», v. 19; «Inflama-se um
palácio em face de um casebre», v. 2; «Aos lampiões
distantes, / Enlutam-me, alvejando, as tuas elegantes», vv. 26-
27);
– sensações auditivas («os sinos de um tanger monástico e
devoto», v. 12);
– sensações táteis («a capital, que esfria», v. 24).
A representação sensorial da cidade coloca em evidência a sua
dimensão pouco acolhedora, ao início da noite, e realça os
Grupo I – Parte A
2. Perante a imagem de uma cidade «Triste» (v. 25), espaço
físico caracterizado pelas «construções retas, iguais, crescidas»
(v. 10) e pelo toque dos sinos (v. 12) e espaço social em que
contrastam os «corpos enfezados» (v. 18) com as «elegantes, /
Curvadas a sorrir às montras dos ourives», vv. 27-28), o sujeito
poético manifesta desconforto e uma sensação de
aprisionamento («Muram-me», v. 10, «Afrontam-me», v. 11).
Entristece-se perante as desigualdades sociais («Enlutam-me»,
v. 27) e face à lembrança do tempo simbolicamente
representado pelo «épico de outrora» (v. 16).
Grupo I – Parte A
A estátua de Camões, o «épico de outrora» (v. 16), colocada
3.
«num recinto público e vulgar» (v. 13), «Com bancos de namoro e
exíguas pimenteiras» (v. 14), marca simbolicamente o contraste
entre o presente e o passado glorioso para que o autor de Os
Lusíadas remete. O facto de o épico surgir caracterizado como
«Brônzeo, monumental, de proporções guerreiras» (v. 15) instaura
a diferença face aos «corpos enfezados» (v. 18), «Sombrios e
espetrais» (v. 19), que povoam a cidade, em que se destacam
também, depreciativamente, as «elegantes» (v. 27).
Deste modo, a alusão a Camões, enquanto símbolo da força e
do poder nacionais, acentua a perspetiva crítica do sujeito poético
relativamente à Lisboa do final do século XIX.
Grupo I – Parte A
4. a) 2;
b) 1;
c) 3.
Grupo I – Parte B
5. Na estância 87 do Canto VII de Os Lusíadas, o Poeta manifesta
o propósito de exaltar («direi», v. 1) os que, tendo morrido ao
serviço de Deus ou da Pátria, desse modo garantiram a
imortalidade. Para que ele mesmo contribua, através do canto,
para assegurar a imortalidade merecida por meio de grandes
«obras» (v. 4), conta com a inspiração – a «fúria» (v. 6) – de
«Apolo e as Musas» (v. 5) para assegurar a sublimidade do
canto, consentâneo com a grandiosidade dos feitos registados.
Grupo I – Parte B
Se Camões elege como heróis e merecedores do seu canto todos
6.
os que, conforme anuncia na Proposição de Os Lusíadas, «se vão
da lei da morte libertando» através de grandes feitos, ideia que
retoma nos versos 1 a 4 da estância transcrita, Cesário Verde, por
seu turno, faz ascender ao estatuto de protagonistas do seu
poema narrativo os que, circulando pela Lisboa finissecular,
evidenciam o estado de morbidez em que se encontra a capital, no
momento em que se assinalava o tricentenário da morte de
Camões. Assim, confere destaque aos «corpos enfezados» (v. 18),
aos «soldados», «Sombrios e espetrais» (v. 19) e às «elegantes» (v.
27), subvertendo o perfil de herói forte, robusto, útil e prestável,
ao serviço do país, valorizado por Camões.
Grupo I – Parte C
7. Resposta pessoal. Tópicos de resposta:
O imaginário épico em «O Sentimento dum Ocidental»:
▪ Poema longo – 44 quadras, distribuídas em quatro partes
(com 11 estrofes cada uma).
▪ Estruturação narrativa do poema, segundo uma
progressão cronológica.
▪ Integração de pequenos episódios ilustrativos do
ambiente da capital.
▪ Alusões a Camões e a Os Lusíadas (símbolos de um
passado glorioso).
(continua)
Grupo I – Parte C
7. (continuação)
▪ A subversão da memória épica:
– o Poeta-cantor da realidade do seu tempo: a visão antiépica
da cidade onde «a Dor humana busca os amplos horizontes»,
em contraste com o espírito épico de Camões e recordando
as notações disfóricas das críticas e conselhos aos
portugueses nas reflexões do poeta em Os Lusíadas;
– a viagem pelas «marés, de fel» da cidade, opondo o
«sinistro mar» do século XIX aos «mares nunca dantes
navegados» evocados em Os Lusíadas;
(continua)
Grupo I – Parte C
7. (continuação)
– as personagens representativas dos contrastes sociais e os
«heróis» desfavorecidos – intenção crítica e depreciativa
face à atualidade;
– denúncia da realidade decadente e antiépica do final do
século XIX;
– desfasamento entre realidade desejada (imaginário épico
camoniano) e realidade efetiva.
Grupo II

1. (D) 5. (B)

2. (C) 6. a. Coesão gramatical referencial.


b. Coesão gramatical temporal.
3. (B)
7. a) 2;
(C) b) 2;
4.
c) 3.

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