Você está na página 1de 4

fls.

325

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2020.0000202913

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000604-30.2017.8.26.0007 e código 1028C5AF.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº


1000604-30.2017.8.26.0007, da Comarca de São Paulo, em que é apelante PRISCILA
CAJUI PESSOA (JUSTIÇA GRATUITA), é apelado CONDOMÍNIO GREVILEAS III.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 26ª Câmara de Direito Privado


do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram provimento ao
recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REINALDO FELIPE FERREIRA, liberado nos autos em 19/03/2020 às 17:02 .
O julgamento teve a participação dos Desembargadores FELIPE FERREIRA
(Presidente), ANTONIO NASCIMENTO E CARLOS DIAS MOTTA.

São Paulo, 19 de março de 2020.

FELIPE FERREIRA
Relator
Assinatura Eletrônica
fls. 326

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Comarca: Foro Regional de Itaquera - 2ª Vara Cível


Apte. : Priscila Cajuí Pessoa

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000604-30.2017.8.26.0007 e código 1028C5AF.
Apdo. : Condomínio Grevíleas III
Juiz de 1º grau: Antonio Marcelo Cunzolo Rimola
Distribuído(a) ao Relator Des. Felipe Ferreira em: 03/02/2020

VOTO Nº 45.946

EMENTA: CONDOMÍNIO. AÇÃO DE COBRANÇA. MULTA.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REINALDO FELIPE FERREIRA, liberado nos autos em 19/03/2020 às 17:02 .
1. Se a parte autora não faz prova boa e cabal do fato constitutivo
do seu direito o pedido improcede. Inteligência do art. 373, I, do
CPC. 2. A dúvida ou insuficiência de prova quanto a fato
constitutivo milita contra o autor. Sentença reformada. Recurso
provido para julgar a ação improcedente.

Trata-se de recurso de apelação contra respeitável


sentença de fls. 267/273 que julgou procedente o pedido para condenar a ré ao
pagamento da importância de R$ 1.024,91, com correção monetária a contar da
propositura da ação e juros de mora de 1% ao mês, desde a citação. Em razão
da sucumbência, arcará a vencida com as custas, despesas processuais e
honorários advocatícios arbitrados em 10% do valor da causa, devidamente
atualizado, observada a sua condição de beneficiária da gratuidade processual.

Interpostos embargos de declaração pela ré (fls.


276/291), foram estes rejeitados pela decisão de fls. 292/293.

Pleiteia a apelante a reforma do julgado alegando a


falsidade das alegações que lhe são imputadas. Sustenta que não danificou o
relógio medidor de água existente no condomínio. Assevera que seu cônjuge
apenas 'abriu o registro' para que o fornecimento fosse normalizado em seu
apartamento. Aduz que não tinha ciência da existência de débitos, sendo
indevida a cobrança realizada pelo apelado. Enfatiza que o laudo pericial não
evidenciou a ocorrência de fraude no hidrômetro. Argumenta, ainda, que segundo
o regulamento do condomínio, na hipótese de primeira infração o morador será
advertido por escrito para, posteriormente, ser aplicada uma multa.

Sem contrarrazões, subiram os autos a esta Corte de


Justiça.

Apelação Cível nº 1000604-30.2017.8.26.0007 -Voto nº 2


fls. 327

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

É o relatório.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000604-30.2017.8.26.0007 e código 1028C5AF.
Inicialmente, em que pese fosse caso de julgamento do
presente recurso pela via presencial, considerando o reconhecimento de
pandemia do novo coronavírus pela Organização Mundial de Saúde, como
Presidente desta E. Câmara determinei o cancelamento da sessão agendada
para o dia 26 de março de 2020.

Outrossim, observando o princípio da celeridade,


considerando que o resultado do julgado não traz prejuízos à parte a quem

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REINALDO FELIPE FERREIRA, liberado nos autos em 19/03/2020 às 17:02 .
interessaria o julgamento presencial, mostra-se prudente que este se faça por
meio virtual.

Trata-se de ação de cobrança de multa por violação do


lacre de hidrômetro cometido pelos condômina.

Respeitado o entendimento do ilustre magistrado


sentenciante, a prova produzida nos autos não se mostrou suficiente para
embasar a condenação imposta.

Isto porque inexistem elementos que corroborem a


versão do autor, uma vez que o laudo pericial é claro ao afirmar “... que não
houve cometimento de fraude/violação/furto de água por parte da requerida.” (fls.
238)

Na verdade, prossegue o perito: “A atitude tomada por


esta em conjunto com o morador vizinho pode se equivaler, do ponto de vista
técnico, a um arrombamento do local onde se encontram os hidrômetros, mas
não a fraudes de leitura/fornecimento”. (fls. 238)

Assim, não há prova da ocorrência de violação do


hidrômetro, isto é, da causa que justificou a imposição da penalidade à apelante.

Além disso, o que se tem, na verdade, é a inexistência


de indícios de que teria sido a autora (ou seu cônjuge) os responsáveis pelo
arrombamento do quadro de leitura (fotos de fls. 231, 232 e 233), o que seria
imprescindível para a sua responsabilização e cobrança da multa indicada na
exordial.

A mera apresentação de um Boletim de Ocorrência (fls.

Apelação Cível nº 1000604-30.2017.8.26.0007 -Voto nº 3


fls. 328

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

67/71) elaborado segundo a versão dos acontecimentos narrada pelo autor não
tem o condão de implicar na procedência da pretensão do demandante, pois não

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000604-30.2017.8.26.0007 e código 1028C5AF.
houve colheita de depoimentos na fase instrutória da ação.

Dessa forma, a pretensão deduzida pela parte autora


na inicial restou despida de sustentação probatória, incidindo o brocardo segundo
o qual, “allegare nihil et allegatum non probare paria sunt”, e a isto se refere o
artigo 373, I, do Código de Processo Civil, pois é ônus da parte autora provar o
fato constitutivo do seu direito.

Sobre tal dispositivo preleciona VICENTE GRECO

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REINALDO FELIPE FERREIRA, liberado nos autos em 19/03/2020 às 17:02 .
FILHO ("Direito Processual Civil Brasileiro", Saraiva, 13ª ed., 1999, p. 189), que:

"O autor, na inicial, afirma certos fatos porque deles pretende


determinada consequência de direito; esses são os fatos
constitutivos que lhe incumbe provar sob pena de perder a
demanda.

A dúvida ou insuficiência de prova quanto a fato constitutivo


milita contra o autor."

"O juiz julgará o pedido improcedente se o autor não provar


suficientemente o fato constitutivo de seu direito."

Assim, não evidenciada a responsabilidade da ré pelo


pagamento da multa condominial, era de rigor a improcedência da ação.

Ante o exposto, dou provimento ao apelo para julgar


improcedente a ação, condenando o autor ao pagamento das custas, despesas
processuais e honorários advocatícios arbitrados em R$ 500,00 (quinhentos
reais), já considerado o trabalho realizado nesta esfera recursal.

FELIPE FERREIRA
Relator
Assinatura Eletrônica

Apelação Cível nº 1000604-30.2017.8.26.0007 -Voto nº 4

Você também pode gostar