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SEPSE NEONATAL

. DEFINIÇÃO: Sepse neonatal é definida como precoce (de provável origem materna) quando a
evidência diagnóstica clínica, laboratorial e/ou microbiológica ocorre em até 48 horas
completas de vida, considerando que 60% a 80% dos casos apresenta manifestação clínica nas
primeiras 24 horas (ou 72h completas de vida). Relacionada diretamente a fatores gestacionais
e/ou do período periparto, sendo a idade gestacional um preditor importante.

. EPIDEMIOLOGIA: A incidência geral da sepse precoce é inversamente proporcional à idade


gestacional e ao peso de nascimento. Taxa de 0,5/1.000 NV para recém- -nascidos a termo,
1/1000 NV em RN de 34-36 semanas, 6/1000 NV com menos de 34 semanas, 20/1000 NV com
menos de 29 semanas e se eleva até 32/1000 NV em RN com idade gestacional de 22-24
semanas. A mortalidade associada à sepse precoce aumenta à medida que a idade gestacional
diminui.

. ETIOPATOGENIA: O feto pode ser colonizado ou infectado no ambiente intrauterino por via
hematogênica, ou por via ascendente principalmente quando ocorre rotura prematura de
membranas ou rotura prolongada de membranas, associada ou não à corioamnionite. Entre os
RNT a transmissão de infecção ocorre mais comumente por via ascendente, durante o trabalho
de parto, a partir da colonização e infecção do compartimento uterino pela flora
gastrointestinal e geniturinária materna, com subsequente colonização e infecção fetal e/ou
aspiração de líquido amniótico infectado pelo feto. Nos RNPT, a infecção intra-amniótica
acontece mais frequentemente antes do início do trabalho de parto e, em cerca de 25% dos
casos, é a causa do trabalho de parto prematuro e da rotura prematura de membranas,
particularmente quando ocorre em idades gestacionais mais baixas.

E. coli (36,6%) (+ pre-termo) e o estreptococo do grupo B (30,2%) (+ termo), que responderam


por cerca de 70% de todos os casos de sepse precoce. Listeria monocytogenes, também é uma
causa.

. FATORES DE RISCO:

Trabalho de parto antes de 37 semanas de gestação; Rotura de membranas por tempo igual ou
maior a 18 horas; Colonização pelo estreptococo do grupo B em gestante sem
antibioticoterapia profilática intraparto, quando indicada; Corioamnionite (infecção intra-
amniótica); Febre materna nas 48 horas que antecedem o parto; Cerclagem ou uso de pessário
na gestante; Procedimentos de medicina fetal nas últimas 72 horas antes do parto ou
nascimento; Infecção materna do trato urinário sem tratamento ou em tratamento a menos
de 72 horas.

O principal fator de risco para sepse precoce por estreptococo do grupo B é a colonização do
trato genitourinário e gastrointestinal, presente em 10% a 30% das mulheres.

Corioamnionite ou infecção intra-amniótica está fortemente associada à sepse precoce em


prematuros. a confirmação diagnóstica de corioamnionite é feita por resultado bacteriológico
positivo na coloração pelo Gram ou cultura do líquido amniótico ou pelo exame
histopatológico da placenta. Como esta informação diagnóstica raramente está disponível no
momento do parto, para fins de abordagem do RN é aceitável o critério de suspeita clínica de
corioamnionite, caracterizada por febre materna intraparto ≥ 39,0°C ou temperatura entre 38-
38,9°C que persiste por mais de 30 minutos associada a pelo menos um dos seguintes achados:
a) leucocitose materna (>15.000); b) drenagem cervical purulenta; c) taquicardia fetal (>160
bpm por 10 minutos ou mais).

. QUADRO CLÍNICO:

Instabilidade térmica: hipo ou hipertermia

Dificuldade respiratória: mais comum (90%)

Apnéia

Hipoatividade, hipotonia, convulsões, irritabilidade e letargia

Recusa alimentar, vômitos, resíduos gástricos, distensão abdominal, hepatomegalia e diarreia


(35-40%)

Palidez cutânea, má perfusão periférica, extremidades frias, redução do débito urinário e


letargia (sinais de choque)

Intolerância a glicose (hiperglicemia)

Ictericia

Sinais de sangramento que podem cursar com CIVD

RN com sinais de desconforto respiratório leve a moderado imediatamente após o nascimento


podem ser monitorados de perto, sem início de tratamento com antibiótico, exceto se os sinais
pioram ou persistam por mais de 6 horas.

RNPT tardio ou a termo com fator de risco para infecção precoce, porém sem sintomas de
infecção, a observação clínica seriada, sem triagem infecciosa e uso empírico de antibióticos, é
considerada atualmente uma boa prática no cuidado neonatal. Nesses RN, o exame físico
objetivo, sistematizado e seriado tem maior valor diagnóstico do que fatores de risco e exames
laboratoriais de triagem infecciosa.

Hmg e pcr isolados tem valor preditivo insatisfatório. Omais importante é o quadro clínica
associado as culturas. A hemocultura é o padrão ouro para o diagnóstico de sepse neonatal
precoce. Considerar como agente etiológico o crescimento de patógeno em hemocultura nas
primeiras 48 horas de incubação.

A análise do líquor inclui bacterioscopia, cultura, teste de sensibilidade aos antibióticos,


bioquímica, contagem total e diferencial de células

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