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Direito objetivo é a dimensão do direito enquanto dado cultural objetivo, ou seja, enquanto

regras e instituições normativas genéricas que regem o comportamento humano de um certo


grupo social em um determinado momento histórico, autorizando o indivíduo a fazer ou não
algo.

Conforme aponta Tércio de Sampaio Ferraz (2003), o conceito de direito objetivo começou a
ser melhor desenvolvido a partir de juristas medievais, que utilizaram a expressão jus est norma
agendi para identificar o direito enquanto regra – em contraponto à noção do direito subjetivo
de jus est facultas agendi – isto é, a faculdade de agir derivada da regra jurídica, e que permite
ao titular realizar determinado ato.

Sendo o direito objetivo um dado cultural, sua origem relaciona-se com a necessidade de
objetivar estruturas sociais em torno de regras de conduta. Conforme afirma Tércio (2011),
conceitos como "objetivo" ou "objetivação" não significam, desde Kant, outra coisa senão
"posto" ou "posição" por parte de um sujeito; na perspectiva transcendental, portanto, a
ciência "é" sempre e tão somente a partir da atividade (intencional, como afirmaria mais tarde
a fenomenologia) de uma subjetividade constituinte”.

A objetivação do direito, portanto, resulta de uma atividade da experiência "reflexa", que "se
reflete" por sua vez no desenvolvimento histórico da cultura (Reale, 1992).

Como regra jurídica, o direito objetivo prescreve comportamentos e sanções em caso de


violação. Na visão de Goffredo da Silva Telles (2001), trata-se do conjunto de imperativos
autorizantes, ou seja, normas socialmente aceitas por determinada comunidade em
determinado período histórico e que autorizam ou não comportamentos individuais.

Para Fernanda Schaffear, o direito objetivo, são normas escritas e não escritas, que refletem o
momento social em que foram criadas sendo representados por modelos genéricos e abstratos.
(Lei,código...)
Diz respeito ao poder de exigir de maneira garantida, aquilo que as normas de direito atribuem
a alguém como próprio. É a permissão dada por meio de uma norma jurídica válida para fazer
ou não fazer alguma coisa, ter ou não ter algo ou exigir por meio dos órgãos competentes do
poder público.

É a possibilidade que a norma dá de um indivíduo exercer determinada conduta descrita na lei.

Fontes do direito do direito

O direito enquanto dado objetivo possui fontes materiais e formais. De acordo com Dimitri
Dimoulis (2006), fontes materiais são os fatores que criam o direito, dando origem aos
dispositivos válidos, sendo assim, todas as autoridades, pessoas, grupos e situações que
influenciam a criação do direito em determinada sociedade. Nesse sentido, por fonte material
indicam-se as razões últimas da existência de determinadas normas jurídicas ou mesmo do
próprio direito, sendo a busca de tais causas mais filosófica do que jurídica.

Diferente do sentido de fontes materiais, as fontes formais do direito servem para identificar o
modo como o direito se articula com os seus destinatários, ou seja, como o direito manifesta-
se. Segundo Dimitri Dimoulis (2006), o termo fontes formais indica os lugares nos quais se
encontram os dispositivos jurídicos e onde os destinatários das normas devem pesquisar
sempre que desejam tomar conhecimento de uma norma em vigor. A doutrina costuma
identificar como fontes do direito a lei, o costume, jurisprudência, equidade, princípios gerais
do direito, doutrina e as normas negociais – àquelas relacionadas à vontade autônoma das
pessoas (Bobbio, 1995; Tércio 2003; Venosa, 2004).
Relação com direito subjetivoEditar

A apresentação do direito em suas dimensões objetiva e subjetiva é também fruto de uma


limitação de linguagem: nos países de língua inglesa, o direito objetivo é apresentado como
Law, a passo que o direito subjetivo é traduzido como Right.

O direito se exterioriza sob as formas de direito objetivo e subjetivo. O direito objetivo traça as
normas de conduta que todos devem observar, a fim de que haja ordem e segurança nas
relações sociais. Os que obedecem essas normas e desenvolvem suas atividades dentro das
raias por elas traçadas, ficam sob a proteção do direito e podem utilizá-lo em seu interesse; o
direito torna-se assim seu direito. Tal poder conferido pelo direito para a realização de
interesses humanos é o que constitui o direito subjetivo.

Direito subjetivo, dessa forma, é a situação jurídica consagrada por uma determinada
comunidade em determinado período histórico, em que o titular tem direito a um determinado
ato ou situação jurídica. para o jusnaturalistas, o direito subjetivo é anterior ao direito objetivo,
cabendo a este garantir, pela coação, os direitos subjetivos. Em outras palavras, pode-se dizer
que para esta corrente o direito subjetivo independe do ordenamento jurídico positivo. Já o
juspositivistas, ao contrário, sustentam que os direitos subjetivos são criações do direito
objetivo; não há como haver entitlements sem que haja uma norma objetivo anterior que
conceda esta situação jurídica ou autorize determinado ato. Para Washington de Barros (2011),
o direito subjetivo deriva do direito objetivo; é uma faculdade reconhecida à pessoa pela lei e
que lhe permite realizar determinados atos (jus est facultas agendi). Deveras é inconcebível o
direito subjetivo desligado do objetivo ; o direito subjetivo constitui uma prerrogativa conferida
e disciplinada pelo direito objetivo.

Embora distintos quanto à sua natureza específica, o direito objetivo e o direito subjetivo,
contudo, juntam-se, formando uma unidade, que é a do próprio direito, em razão dos fins que
ambos tendem a realizar
Relação com direito positivoEditar

Há razoável divergência doutrinária a respeito da convergência entre os conceitos de direito


objetivo e direito positivo. Para Leoni Lopes de Oliveira (2006), ambos os conceitos são
sinônimos, enquanto Silvio Venosa (2004) vê ambos conceitos como equivalentes.

Para Jean Louis Bergel (2001) é usual identificar o direito objetivo com direito subjetivo, qual
seja, o conjunto de regras postas pelo ordenamento em determinada época. No entanto, a
extensão do direito objetivo é mais ampla, posto que o ordenamento de um país, em
determinada época, é apenas a expressão momentânea das múltiplas soluções possíveis,
suscetíveis de serem aplicadas nos inumeráveis campos em que o direito deve reger.

Goffredo da Silva Telles (2001) oferece uma definição mais clara, propondo uma relação de
gênero-espécie entre ambos: para este jurista, o direito objetivo é o gênero da qual o direito
positivo é uma espécie; as normas jurídicas nascidas da vontade autônoma das pessoas,
normas estas que constituem uma parte considerável do direito objetivo (normas negociais,
como contratos, convenções e tratados) não são parte do direito positivo. Em outras palavras, o
direito positivo é sempre direto objetivo, mas nem todo direito objetivo é direito positivo.

BibliografiaEditar

VENOSA, Silvio de Salvo, Introdução ao estudo do direito: primeiras linhas. São Paulo: Atlas,
2004. DINIZ, Maria Helena, Compêndio de introdução à ciência do direito, 18a ed. São Paulo:
Atlas, 2006. FERRAZ, Tercio Sampaio, Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão,
dominação, 4a ed. São Paulo: Atlas, 2003. FERRAZ, Tercio Sampaio, Algumas observações em
torno da cientificidade do direito segundo Miguel Reale. Revista Brasileira de Filosofia, vol. XIX,
São Paulo: 1969, pp. 220-230. OLIVEIRA, J.M. Leoni Lopes, Introdução ao Direito, 2a ed., Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2006. RODRIGUES, Silvio, Direito Civil, São Paulo: Saraiva, 1991. DIMITRI,
Dimoulis. Positivismo Jurídico: Introdução a uma teoria do direito e defesa do pragmatismo
jurídico-político. São Paulo: Método, 2006. REALE, Miguel, Lições Preliminares de Direito, 26a
ed., São Paulo: Saraiva, 2002. REAL, Miguel, O Direito Como Experiência, 2a ed. São Paulo:
Saraiva, 1992. TELLES JUNIOR, Goffredo, Iniciação na Ciência do Direito, São Paulo: Saraiva,
2001. BOBBIO, Norberto. Positivismo jurídico - lições de filosofia do direito. São Paulo: Ícone,
1995. BARROS, Washington de, Curso de Direito Civil, 43a ed.. São Paulo: Saraiva, 2011.
BERGEL, Jean Louis, Teoria Geral do Direito, 2a ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

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