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2.

Gerenciando a necessidade de estoques

2.1 A natureza da previsão dos estoques

A previsão da necessidade de recursos materiais das organizações impacta na


necessidade de guarda, preservação e armazenagem desses itens em estoques.

Esses itens, sejam eles mercadorias para transação, produtos para consumo ou insumos
de produção, são considerados consumidos na visão dos estoques sempre que entregues aos
demandantes ou clientes.

Podem se tratar dos mais diversos itens como os que formam os estoques de matérias-
primas, de insumos, de produtos acabados, recursos de almoxarifado, etc.

A natureza e o objetivo da gestão de estoques é garantir que a atividade da organização


ocorra de maneira fluída, sem interrupções, atenuando eventuais oscilações dos fluxos de
recebimento, fornecimento, que por ventura possam vir a ocorrer, evitando que rupturas ou
quebras de estoque venham a ocorrer.

Rupturas do estoque também são conhecidas pela expressão stockout, que indicam o
esvaziamento completo de um estoque, de modo a não se poder atender a pedidos internos da
produção ou de clientes externos, pela falta de itens, produtos ou insumos, que podem ser
consequências ou resultado de diversas causas, como perecimento, deterioração, furto, roubo,
extravio.

2.2 Métodos de dimensionamento da necessidade de estoques

De forma geral, os estoques podem e devem ser determinados de acordo com as bases
de informação disponíveis.

Essa determinação é relativa à forma com que a organização trata a questão da previsão
sobre suas operações e suas práticas operacionais. Ainda cabe ressaltar as questões relativas à
sua cultura interna, que também podem influenciar.

Nessa determinação, as informações que permitem decidir a necessidade do uso de


recursos para a organização, para um período de tempo qualquer, podem ser divididas em duas
categorias, que podem ser de bases quantitativas ou de bases qualitativas.

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Tabela 1 – Bases de definição

2.2.1 Métodos qualitativos

Os métodos qualitativos de previsão são aqueles onde há pouca ou nenhuma influência


de bases quantitativas, onde são usadas bases ou informações de maior peso subjetivo, sendo
usadas em situações ou momentos onde não há a disponibilidade de dados que permitam outras
abordagens. São normalmente baseados na intuição, julgamento, percepção ou entendimento
de pessoas sobre um determinado problema, questão, condição ou situação. Assim, a seleção
das fontes, ou seja, das pessoas a serem consultadas ou a serem consideradas no processo de
coleta dessas opiniões ganha ainda mais relevância, importância.

Projetar cenários futuros usando como base opiniões de pessoas é uma tarefa que
envolve um elevado grau de imprecisão, por isso mesmo, sendo alvo de críticas, desconfianças
e incertezas.

Em muitos casos, as únicas opiniões disponíveis podem ser poucas, mas assim mesmo
precisam ser consideradas e as ações de previsão devem considerar as tendencias das opiniões
dos grupos referenciados. Normalmente são consultados gestores, pessoal de operações,
vendas, clientes e fornecedores. Nesse sentido, processos de coleta por pesquisas podem ser
realizadas, contudo, nem sempre é possível atingir uma amostra que gere segurança estatística,
com margens de erro medidas e controladas

2.2.1.1 Método Delphi

Uma técnica que qualitativa estrutura da que pode ser utilizada é o método Delphi.
Trata-se de uma técnica onde se usa um painel, ou seja, um grupo de cinco a dez especialistas,
que de forma independente e autônoma analisam e emitem sua opinião sobre uma
determinada questão ou sobre determinado tema complexo.

Juntamente com um grupo de apoio, preparam, distribuem, coletam e sintetizam as


respostas dos questionários onde os especialistas exprimiram suas opiniões e análises. Os
especialistas não interagem, a fim de aumentar a confiabilidade de suas opiniões.

O processo é composto basicamente, de forma simplificada, por 4 etapas:

1. Definição de objetivos;
2. Seleção de especialistas;
3. Elaboração e distribuição de questionários; e,
4. Identificação de resultados.

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As respostas são sintetizadas por meio de análise do conteúdo das respostas ou por
respostas quantitativas levantadas nos questionários. A premissa dessa técnica é a de que ao
reunir um grupo de especialistas que permanecerão anônimos, uma opinião mais extremada ou
tendenciosa de um acaba sendo ajustada pela opinião grupo. O processo colhe, dessa forma,
uma opinião média do grupo de especialistas.

Como principais vantagens do suo dessa técnica tem-se a coleta de pensamentos de


pessoas referenciadas, se evitam conflitos e confrontos e a possibilidade de coletar um conjunto
de análises variadas com diversos pontos de vista sobre um mesmo problema ou questão.
Contudo, como desvantagens, é um processo quando bem realizado logo e muitas vezes
demorado e ainda sujeito a interferências a influências diversas.

2.2.1.2 Juri de Executivos

Em alguns casos é importante coletar a percepção de executivos de uma empresa ou


organização, envolvendo suas percepções relativas às suas respetivas áreas de atuação, como
vendas, produção, finanças.

Esses executivos são reunidos e formam uma espécie de júri e valiam um determinada
situação ou questão que lhes é apresentada, como uma previsão de futuro. Assim, cada membro
do júri de executivos deve não apenas expressar suas impressões, mas deve compartilhar a
forma de como seu pensamento foi construído, que elementos ou fatore foram levados em
consideração em suas análises e perspectivas.

A final, deve ser elaborada uma avaliação conjunta, que expresse o fruto trabalho, com
as avaliações e os resultados.

2.2.1.3 Pesquisa de vendas e pesquisa com clientes

Trata da coleta de percepções e avaliações da equipe ou da área responsável pelo


contato e interação com os clientes, com pessoal ou equipes de vendas ou de atendimento.

A percepção da equipe de vendas representa a expetativas ou estimativas das operações


da empresa. Contudo devem ser evitados e filtrados vieses de otimismo exagerado que podem
contaminar a avaliação, devendo ser buscadas reflexões, análises, isentas e fundamentadas.

Para tanto, podem ser usadas interações diversas formas

Por outro lado, interações diretamente com os clientes também se mostram assertivas
e relevantes no processo de precisão. Podem ser realizadas interações e levantamentos com
grupos de clientes a fim de detectar tendencias de demanda futura, suas expectativas, condições
e até limites, como tolerância a preços e condições de atendimento, por exemplo.

Ao pesquisar os elementos de contato com o mercado, sob as duas vertentes interna e


externa à organização, há uma tendencia de levantar dados e impressões mais amplas e
adequadas sobre a previsão de futuro e suas condições.

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