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Carla Morais
que haver regras que têm que ser de actividades que permitiriam que
instituídas no grupo, seja sobre a se ocupassem a aprender, enquanto
utilização dos materiais, seja sobre a educadora teria tempo para apoiar
as deslocações na sala, sobre o uso quem precisasse. Expliquei-lhes que
da palavra, etc. Estas regras têm enquanto grupo teríamos que
que ser claramente negociadas e partilhar responsabilidades e tarefas
explicadas. para que a sala funcionasse bem. O
Elaboramos e colocamos educador funciona, neste momento,
também registos facilitadores que as como um mediador, estimulador e
pudessem ajudar na utilização de harmonizador. Vai circulando pelas
forma autónoma: por exemplo os várias oficinas, vai escrevendo textos
inventários e a lotação das áreas. que as crianças dizem, as
Para além destas áreas de trabalho descobertas que fazem, desafia
organizadas tínhamos também uma novas descobertas, etc.
zona com os instrumentos de Depois organizamos a
pilotagem. distribuição do tempo que se
relaciona directamente com a
organização do espaço. A utilização
do tempo depende das experiências
e oportunidades educativas propor-
cionadas pelos espaços. Prever o que
se vai fazer, tomar consciência do
que foi realizado são condições da
organização democrática do grupo e
também o suporte da aprendizagem
nas diferentes áreas do conteúdo.
Todos estes espaços e
Tanto o espaço como o tempo foram
instrumentos foram construídos em
adequados às características do
pequenos grupos e posteriormente
grupo e às necessidades de cada
feita a comunicação ao grande
criança.
grupo, como algo que se destinava a
Também foi importante criar
facilitar a organização do trabalho na
um bom clima social e afectivo,
sala, nomeadamente no T.E.A. Aqui
tendo sempre por base as relações
poderiam realizar um leque variado
pessoais entre aluno e educador. No
factos acima descritos ou por não manta que era o único local onde
haver crianças de 5 anos, ou outros conseguíamos estar todos juntos. No
motivos, que o primeiro projecto de fim de Setembro alterei a estrutura
produção só aconteceu no final de da sala, mudei a manta para outro
Outubro. Ao rever o meu diário local e aproximei as mesas dos
(onde relato episódios da minha instrumentos de pilotagem. Este
prática) percebi que perdi muitas aspecto pouco se alterou pois o
oportunidades para os “provocar”. único local onde conseguíamos estar
Decorrente de algumas todos juntos era na manta. Contudo
dificuldades já enunciadas, penso também era e é aqui, onde o grupo
que foi a falta de tempo para apoiar está mais desatento e conversador.
aqueles que sentiam mais dificul- As mesas, por serem redondas, não
dades, bem como o medo que tinha nos permitiam isso e quando
em deixar errar as crianças. Muitas acontecia, não havia lugar para
vezes, nós educadores e professores todos.
preocupamo-nos pouco com a forma Tenho consciência de que
como podemos conseguir que as tenho que criar condições para que
crianças aprendam a superar dificul- os alunos aprendam efectivamente,
dades que enfrentam e a ajudá-las a o que implica também a utilização de
identificar e corrigir os erros que estratégias de diferenciação. Para
cometem. Estamos muito habituados haver acesso à Autonomia é funda-
e é muito mais fácil dizer-lhes como mental que se equipe o espaço com
fazer e esquecemo-nos que lhes “dispositivos pedagógicos” que pro-
estamos a vedar o acesso ao movam aprendizagens. Temos que
entendimento de saber porque é que romper com a ideia da “mesma lição
se enganaram. É necessário ajudar a e os mesmos exercícios para todos”.
criança a entender as razões pelas Uma pedagogia diferenciada é onde
quais cometeu esse erro e a tomar os alunos aprendem segundo os
consciência de que só o pode corrigir seus próprios percursos de
quem o cometeu. apropriação de saberes ou de saber
O mobiliário da sala também fazer.
se revelou um grande obstáculo.
Havia muitas mesas redondas,
cadeiras que não encaixavam e uma
Muitas vezes, talvez devido à minha contributos dos outros. É preciso que
ansiedade em que aparecesse o o adulto esteja presente para
primeiro projecto, pensei na facilitar as aprendizagens. Para isso
possibilidade de ser eu a escolher pode utilizar algumas estratégias
um tema. Mas depressa pus essa como: decidir sobre a arrumação e
ideia de lado. Porque é algo a que o organização das produções e
sujeito que o realiza se deve sentir recolhas; manter todo o material e
ligado, com o qual se deve identificar equipamentos sempre prontos a
e através do qual se pode propor utilizar; registar o que a criança
aprender e que permite a pede e os comentários; ajudar com a
aprendizagem a todos os outros sua experiência no progresso das
elementos do grupo. Se fosse eu a aprendizagens do grupo; apoiar nos
fazê-lo, isso nunca aconteceria. É em momentos de síntese e avaliação das
conselho que se regulam os actividades; facilitar as relações
projectos, que se escolhem parceiros interpessoais e a negociação na
para trabalhar, que se decide toda a tomada de decisões do grupo.
vida do grupo. O educador tem como A maioria das actividades
tarefa ajudar na concretização dos ligadas aos projectos pode ser
planos que as crianças fazem, realizadas nas áreas de trabalho da
mesmo que pareçam impossíveis de sala. Quando isso não é possível,
realizar. Vamos escrevendo em criam-se novos espaços ou utilizam-
grupo para que elas não se se outros. Há sempre o cuidado e a
esqueçam o que se combinou e para preocupação de encontrar o espaço
que se lembrem o que há a mais adequado às actividades. O
concretizar. Por vezes os planos têm espaço e as rotinas não têm uma
que ser discutidos e negociados para organização rígida. Podem ser
haver uma possibilidade real de alteradas desde que essa alteração
serem desenvolvidos. O educador seja fruto de uma decisão colectiva,
deve simplesmente apoiar, esti- negociada em conjunto.
mular, envolver-se discretamente Como já referi o primeiro
nas decisões. Os momentos de projecto de produção só aconteceu
trabalho em grupo permitem uma no final de Outubro. Nestes
interacção rica entre alunos, bene- primeiros, senti que foram muito
ficiando cada um com as trocas e os atrás da minha orientação, daquilo
Materiais:
Bibliografia
Como vamos
apresentar?
algo daquele género que eu
Data de Início
pretendia mas como era para o
Data do Fim
pré-escolar teria que ser de fácil
Data da
implementação. Assim criei o
comunicação
Fig. 5 - Registo dos projectos nº2. registo nº3 de auto-avaliação de
competências no trabalho em
projecto.
Foi no fim de cada projecto e a partir
da auto-avaliação oral de cada
criança que achei que devia registar
tudo o que diziam sobre o trabalho
efectuado e que me permitisse
simultaneamente saber como a Fig. nº6 - Auto-avaliação de
criança se sentiu, o que aprendeu, Competências no Trabalho em
mas tudo de uma forma simples pois Projecto
tinha que ser prática. Não podia ser
mais um obstáculo. Quando lia Os resultados foram magníficos.
atentamente o artigo do Luís Mestre Nunca pensei que tivessem tanta
(2008, p. 18) observei como ele percepção e tanta consciência do
Algumas considerações
finais…
Referências bibliográficas: