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Art. 233.

Na cisão com extinção da companhia cindida, as sociedades que absorverem


parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelas obrigações da companhia
extinta. A companhia cindida que subsistir e as que absorverem parcelas do seu
patrimônio responderão solidariamente pelas obrigações da primeira anteriores à cisão.

Parágrafo único. O ato de cisão parcial poderá estipular que as sociedades que absorverem
parcelas do patrimônio da companhia cindida serão responsáveis apenas pelas obrigações que
lhes forem transferidas, sem solidariedade entre si ou com a companhia cindida, mas, nesse
caso, qualquer credor anterior poderá se opor à estipulação, em relação ao seu crédito, desde
que notifique a sociedade no prazo de 90 (noventa) dias a contar da data da publicação dos
atos da cisão.

AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - DANO AMBIENTAL - ILEGITIMIDADE


PASSIVA - REJEITADA - RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SOLIDÁRIA DO NOVO E DO ANTIGO
PROPRIETÁRIO DA ÁREA DEGRADADA - RECURSO NÃO PROVIDO. A responsabilidade pelo dano
ambiental é objetiva, o que determina que o poluidor é obrigado a reparar os danos ao meio-
ambiente, mesmo sem culpa, conforme precedentes do STJ. A obrigação de reparar o dano
ambiental é propter rem, o que significa dizer que adere ao título e se transfere ao futuro
proprietário, mesmo que não seja de sua autoria a deflagração do dano ambiental, mas do
antigo proprietário ou possuidor do imóvel. No caso de cisão parcial, consoante dispõe artigo
233, caput, da Lei n. 6.404/76, a responsabilidade solidária entre a empresa cindida e a sua
sucessora é a regra, de sorte que ambas as empresas respondem, em tese, pelas obrigações
assumidas pela cindida e, posteriormente, transferidas àquela que da cisão resulta. O
parágrafo único do mesmo artigo indica, porém, uma exceção: a hipótese de constar do ato
de cisão parcial a inexistência de solidariedade, quando, então, a empresa que absorver
parte do patrimônio da cindida responderá, sozinha, pelas obrigações que lhe forem
transferidas. Não havendo nos autos comprovação de que a referida cisão excluía a
solidariedade, deve permanecer a legitimidade passiva da agravante. (TJMS. Agravo de
Instrumento n. 1402217-89.2021.8.12.0000,  Rio Negro,  1ª Câmara Cível, Relator (a):  Des.
Divoncir Schreiner Maran, j: 22/09/2021, p:  27/09/2021)

 AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE CONHECIMENTO. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM.


COBRANÇA. NOTA FISCAL. EMISSÃO EM NOME DE FILIAL DE SOCIEDADE EMPRESÁRIA. CISÃO
PARCIAL. CHAMAMENTO AO PROCESSO DA PESSOA JURÍDICA QUE ABSORVEU A FILIAL
CINDIDA. INVIABILIDADE. NEGÓCIO JURÍDICO ANTERIOR À CISÃO PARCIAL. RECURSO
PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA PARTE, DESPROVIDO. 1. Em observância ao disposto no
art. 1.015 do CPC, bem como à diretriz perfilhada pelo c. STJ no Tema n. 988, julgado sob o rito
dos recursos especiais repetitivos, não se revela cabível agravo de instrumento contra decisão
que rejeita preliminar de ilegitimidade passiva ad causam, a qual poderá ser suscitada por
ocasião da interposição de eventual recurso de apelação. Recurso parcialmente conhecido.   2.
Trata-se de recurso de agravo de instrumento interposto pela ré contra decisão que, nos autos
da ação de conhecimento, afastou a preliminar de ilegitimidade passiva ad causam suscitada
pela ora agravante e indeferiu o pedido de chamamento ao processo da sociedade empresária
Dona de Casa Supermercados Ltda. 3. Nos termos do art. 130, inciso III, do CPC, é cabível o
chamamento ao processo, requerido pelo réu, dos demais devedores solidários, quando o
credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum. 4. Na espécie, verifica-se que
os serviços e mercadorias objetos da nota fiscal objeto de cobrança nos autos foram
entregues, pela autora, ora agravada, em 21/3/2018 à filial da agravante. Anote-se que a cisão
parcial da filial da ré, ora agravante, firmada com a sociedade empresária Dona de Casa
Supermercados Ltda. apenas foi formalizada em 18/12/2018 perante a Junta Comercial do
Distrito Federal. 5. A par dessas constatações, é certo que não há falar em chamamento ao
processo da sociedade empresária Dona de Casa Supermercados Ltda., nos moldes do art. 130,
inciso III, do CPC, se esta pessoa jurídica cindenda somente incorporou a filial da parte
agravante em momento posterior ao fornecimento de produtos e serviços materializado pela
nota fiscal n. 10451. 6. Aliás, destaque-se que, nos termos do art. 233, parágrafo único, da Lei
n. 6.404/76, o ato de cisão parcial poderá estipular que as sociedades que absorverem
parcelas do patrimônio da companhia cindida serão responsáveis apenas pelas obrigações
que lhes forem transferidas, sem solidariedade entre si ou com a companhia cindida, o que,
a princípio, ocorreu na espécie, no esteio da cláusula quarta da sexta alteração contratual,
devidamente arquivada perante a Junta Comercial do Distrito Federal em 18/12/2018. Com
esses termos, afigura-se escorreita a r. decisão agravada, ao indeferir o pedido de
chamamento ao processo deduzido pela parte ré, ora agravante. 7. Recurso parcialmente
conhecido e, nessa parte, desprovido.     (TJDFT, Acórdão n.1364606, 07172820920218070000,
Relator(a): SANDRA REVES, 2ª Turma Cível, Julgado em: 18/08/2021, Publicado em:
16/09/2021)

 AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL. EMPRESARIAL. EXECUÇÃO DE TÍTULO


EXTRAJUDICIAL. CISÃO PARCIAL DA SOCIEDADE EXECUTADA. ATO DA CISÃO.
RESPONSABILIDADE DA SOCIEDADE CINDENDA APENAS PELAS OBRIGAÇÕES QUE LHES FORAM
TRANSFERIDAS. AUSÊNCIA DE SOLIDARIEDADE COM A SOCIEDADE CINDIDA. AVERBAÇÃO NA
MATRÍCULA DO IMÓVEL PENHORADO. REGISTRO DE PUBLICAÇÕES DO ATO DA CISÃO.
COMPROVAÇÃO DE PUBLICAÇÃO. ESTIPULAÇÃO DE AUSÊNCIA DE SOLIDARIEDADE. SOCIEDADE
CINDENDA EXCLUÍDA DO PROCESSO EXECUTIVO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. Nos
termos do art. 229, caput, da Lei n. 6.404/76, ?a cisão é a operação pela qual a companhia
transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse
fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu
patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão?. Tratando-se de cisão parcial, a
sociedade cindida subsiste, ocorrendo a versão de parte de seu patrimônio para a sociedade
cindenda. 2. A fim de resguardar os interesses dos credores, em regra, a sociedade cindida
que subsistir e a que absorver parcela do seu patrimônio (cindenda) respondem
solidariamente pelas obrigações da primeira anteriores à cisão, conforme preconiza o art.
233, caput, da Lei n. 6.404/76. Entretanto, conforme disposição do parágrafo único do
referido dispositivo legal, a regra da solidariedade pode ser excepcionada se for estipulado
no ato da cisão parcial que a sociedade cindenda será responsável apenas pelas obrigações
que lhes forem transferidas, sem solidariedade com a sociedade cindida, ressaltando-se que
nesse caso qualquer credor anterior poderá se opor à estipulação, em relação ao seu crédito,
desde que notifique a sociedade no prazo de 90 (noventa) dias a contar da data da
publicação dos atos da cisão. 3. Na hipótese, em 17/12/2012 foi ajuizada a ação de execução
de título extrajudicial, em 4/2/2013 foi determinada a citação da parte devedora para realizar
o pagamento da dívida e em 27/5/2013, foi efetuada a penhora de imóvel de propriedade da
executada. Consta da matrícula do bem penhorado que, em 30/11/2013, foi lavrada Ata de
Assembleia Geral Extraordinária de Cisão Parcial da sociedade executada e o imóvel foi
transferido à sociedade cindenda (Luziânia Shopping S.A.). 4. Extrai-se da certidão de matrícula
do imóvel penhorado que a Ata de Assembleia Geral Extraordinária de Cisão Parcial da
sociedade executada foi publicada no Diário Oficial do Estado de Goiás, no Diário Oficial da
União e no Diário da Manhã, em Goiânia/GO. Além de tais registros na matrícula do imóvel
gozarem de fé pública e presunção de legitimidade, verifica-se que foi apresentado nos autos
do agravo de instrumento n. 0720965-25.2019.8.07.0000 documento comprobatório da
publicação do ato de cisão no Diário Oficial da União em 7/3/2014. 5. Comprovada a
publicação do ato de cisão da sociedade executada posteriormente ao ajuizamento da ação de
execução de título extrajudicial, oportunizando-se à credora exequente, ora agravante, a
insurgência contra a estipulação que excepciona a solidariedade das sociedades cindida e
cindenda, afasta-se a responsabilidade patrimonial da sociedade cindenda, receptora de
parcela do patrimônio da executada, pelo débito exequendo. 6. A par de tal quadro, mantém-
se indene a r. decisão que determinou o prosseguimento dos atos de expropriação do imóvel,
pois a penhora ocorreu antes da cisão da sociedade executada, bem como reconheceu a falta
de legitimidade passiva da sociedade cindenda (Luziânia Shopping S.A.) para o feito executivo,
promovendo sua exclusão do processo. 7. Recurso conhecido e desprovido.   (TJDFT, Acórdão
n.1270523, 07123276620208070000, Relator(a): SANDRA REVES, 2ª Turma Cível, Julgado em:
29/07/2020, Publicado em: 13/08/2020)

RECURSO ESPECIAL - EMBARGOS À EXECUÇÃO MANEJADOS PELO BANCO BANERJ S/A CONTRA
EXECUÇÃO LASTREADA EM TÍTULO JUDICIAL NO QUAL CONDENADO O BANCO DO ESTADO DO
RIO DE JANEIRO S/A AO REEMBOLSO DE QUANTIA NO PERCENTUAL DE 30% ORIUNDA DE
RESCISÃO DE CONTRATO E COMPRA E VENDA DE TERRENO - INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS QUE
ASSEVERARAM A OCORRÊNCIA DE CISÃO PARCIAL DA FINANCEIRA E A EXPRESSA PREVISÃO NO
INSTRUMENTO CONTRATUAL DE COMPRA E VENDA DE ATIVOS, ASSUNÇÃO DE PASSIVOS E
OUTRAS AVENÇAS, DOS CRÉDITOS, DIREITOS, AÇÕES E OBRIGAÇÕES QUE NÃO SERIAM
TRANSFERIDOS E, CONSEQUENTEMENTE, ASSUMIDOS PELO COMPRADOR -
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ESTABELECIDA NA ORIGEM ANTE A APLICAÇÃO DO ART. 233,
IN FINE, DA LEI Nº 6.404/76 - IRRESIGNAÇÃO DA EMBARGANTE - RECURSO ESPECIAL
CONHECIDO EM PARTE E, NA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, PARA JULGAR
PROCEDENTE OS EMBARGOS À EXECUÇÃO, EXCLUINDO O BANCO BANERJ S/A DO PÓLO
PASSIVO DA EXECUÇÃO EM RAZÃO DA AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.
Hipótese: A controvérsia consiste em aferir a ocorrência de responsabilidade solidária do
Banco Banerj S/A por dívida oriunda de título executivo judicial transitado em julgado, no qual
condenado o Banco do Estado do Rio de Janeiro S/A à devolução (reembolso) de 30% do valor
adimplido, decorrente da resolução de contrato de promessa de compra e venda de imóvel.1.
Inocorrente a negativa de prestação jurisdicional quanto à ausência de análise de todas as
peculiaridades referentes à ilegitimidade da insurgente no que concerne à verificação do
"instrumento particular de compra e venda de ativos, assunção de passivos e outras avenças",
pois o Tribunal a quo examinou a controvérsia posta de modo exauriente, tal como
determinado por esta Corte Superior no âmbito do Resp nº 803.854/RJ.2. Inviável a análise das
apontadas violações aos artigos 31 da Lei 6.024/1974; 4º, § 1º, do Dec. 92.061/1985 e 6º da Lei
9.447/1997, cuja matéria de fundo refere-se à incidência do regime jurídico do PROER/PROES,
e sobre o atual patrimônio do Banco do Estado do Rio de Janeiro S/A, visto que as teses foram
alegadas apenas nos aclaratórios opostos contra o acórdão de fls. 963-970, não sendo
cognoscível a irresignação no ponto em razão da inovação recursal.3. A análise sistemática das
cláusulas contratuais procedida pela instância de origem revela que o Banco Banerj S/A não
sucedeu de forma universal o Banco do Estado do Rio de Janeiro S/A, tendo tão-somente
assumindo determinados créditos e dívidas explicitamente discriminados no ajuste avençado,
os quais não abarcam os bens imóveis, tampouco as ações e processos judiciais nos quais
figurasse o vendedor ou a PREVI-BANERJ no pólo ativo ou passivo. Inaplicabilidade dos óbices
das súmulas 5 e 7/STJ face a desnecessidade de revolvimento do acervo fático-probatório.4.
Na hipótese, considerando que a origem da dívida é a devolução de determinada quantia paga
para aquisição de um imóvel do Banco do Estado do Rio de Janeiro S/A, cuja discussão judicial
é anterior à cisão parcial, e não tendo a embargante assumido a obrigação referente a
créditos, direitos e obrigações relativas a bens imóveis, tampouco ações e processos judiciais
de natureza cível, resta afastada a responsabilidade solidária no caso vertente. 5.
Diversamente da conclusão alcançada pelo Tribunal Fluminense, afigura-se inaplicável a
solidariedade legal estabelecida no art. 233, in fine, da Lei 6.404/76, pois o parágrafo único
do mencionado normativo preceitua que o ato de cisão parcial pode estipular a inexistência
de solidariedade, respondendo cada sociedade apenas pelas obrigações transferidas na
cisão, exatamente como ficou estabelecido no contrato de compra e venda de ativos e
assunção de passivos do Banco do Estado do Rio de Janeiro S/A.6. Recurso especial
conhecido em parte e, na extensão, parcialmente provido, para julgar procedente os
embargos à execução, excluindo o Banco Banerj S/A do pólo passivo da execução. (STJ, REsp
1635572/RJ, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 08/02/2018, DJe
22/02/2018)

RECURSO ESPECIAL. DIREITO EMPRESARIAL. AÇÃO REGRESSIVA. CONDENAÇÃO AO


PAGAMENTO DE DIFERENÇA DE AÇÕES. DEBÊNTURES CONVERSÍVEIS EM AÇÃO PREFERENCIAL.
AUMENTO DE CAPITAL SOCIAL. CISÃO PARCIAL. DÍVIDAS PRÓPRIAS DE NATUREZA SOCIETÁRIA.
RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. Recurso especial em que se discute a possibilidade de ação de
regresso para ressarcimento de condenação suportada exclusivamente por empresa cindidida
contra a empresa que absorveu parcela de seu patrimônio líquido. 2. Para admissão da ação
de regresso não se discute a responsabilidade solidária por dívidas, mas tão somente a
titularidade da obrigação na condição de devedor. 3. A transmissão das obrigações da empresa
cindida é, em regra, objeto de livre contratação entre as empresas, desde que satisfeitas as
condições legais estabelecidas de forma distinta para as obrigações cíveis e aquelas de
natureza societária, interna corporis. 4. Inexistindo anuência de todos os acionistas, inclusive
aqueles sem direito a voto (art. 229, § 5º, da LSA) quanto à atribuição de proporção societária
diferenciada, a obrigação de emissão das ações decorrentes de opção de debenturistas é
obrigação eminentemente societária, a qual somente seria cumprida mediante a emissão de
ações correspondentes pelas empresas cindendas. 5. In casu, não houve a referida
deliberação, de modo que a empresa cindenda é devedora da obrigação, que foi convertida
em perdas e danos e suportada integralmente pela cindida, sendo, portanto, devida a
recomposição proporcional ao patrimônio líquido por ela absorvido. 6. Recurso especial
provido. (STJ - REsp: 1.642.118 SP, Relator: Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, Data de
Julgamento: 12/09/2017, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 20/02/2018)

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