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Língua Portuguesa

QUEBRANDO
A BANCA
pós-edital
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DO
EDITAL
Domínio da ortografia oficial.
Emprego da acentuação gráfica.
Emprego dos sinais de pontuação.
Emprego do sinal indicativo de crase.
Flexão nominal e verbal.
Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação.
Domínio dos mecanismos de coesão textual.
Emprego de tempos e modos verbais.
Vozes do verbo.
Concordância nominal e verbal.
Regência nominal e verbal.
Morfossintaxe.
Redação (confronto e reconhecimento de frases corretas e incorretas).
Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados.
Reconhecimento de tipos e gêneros textuais.
Figuras de linguagem.
Discurso direto, indireto e indireto livre.
Adequação da linguagem ao tipo de documento.
ÍNDICE

1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados.


2. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais.
3. Discurso direto, indireto e indireto livre.
4. Adequação da linguagem ao tipo de documento.
5. Figuras de linguagem.
6. Domínio da ortografia oficial.
7. Emprego da acentuação gráfica.
8. Morfossintaxe.
9. Flexão nominal e verbal.
10. Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação.
11. Domínio dos mecanismos de coesão textual.
12. Emprego de tempos e modos verbais.
13. Vozes do verbo.
14. Concordância nominal e verbal.
15. Regência nominal e verbal.
16. Emprego do sinal indicativo de crase.
17. Emprego dos sinais de pontuação.
18. Redação (confronto e reconhecimento de frases corretas e incorretas).
Boas-vindas

Olá, concurseiro!

Você tem em mãos o material que vai facilitar os seus estudos de Língua Portuguesa para a
prova do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), que acontecerá no dia 23 de julho de 2023.

Neste material, você encontrará toda a teoria referente aos assuntos que estão presentes no
edital do seu concurso de maneira resumida e facilitada para que você consiga estudar todo o
conteúdo sozinho, sem a necessidade de ter um professor ao seu lado.

Nas duas páginas anteriores, você percebeu que há o conteúdo programático, da forma como ele
foi apresentado no edital, e o índice, o qual apresenta os mesmos assuntos do conteúdo
programático em uma ordem diferente. Certamente, você está se perguntando o porquê disso. Eu
vou te explicar ...

A banca examinadora lista os assuntos de forma aleatória. Ela não se preocupa em apresentá-
los aos candidatos de forma didática, de maneira que facilite os estudos. Esse é o meu papel e,
por isso, eu reordenei os assuntos de acordo com a ordem que você deve estudá-los a fim de
facilitar o seu aprendizado e a sua compreensão dos assuntos. Só para você entender isso na
prática, eu vou te dar um exemplo: A FCC colocou o assunto "Emprego do sinal indicativo de
crase" antes do assunto "Regência nominal e verbal", mas para saber quando você deve usar o
acento indicativo de crase, você precisa entender e aplicar as regras de regência. Por isso, eu
reordenei os assuntos que aparecem no edital do seu concurso, certo?

Além deste material supercompleto, você ganhou um bônus, que contempla o acesso ao ebook de
questões comentadas da banca FCC com questões bastante atuais que foram cobradas nos
concursos mais recentes da banca organizadora. Esse bônus estará disponível após o prazo de
garantia, que é de 7 dias, a contar da data da sua compra.

Desejo a você bons estudos e uma excelente prova!

Um abraço,
Professora Carol Souza
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE
TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS
A banca FCC não costuma pesar a mão na parte de interpretação textual, mas
sempre encontraremos algumas questões de interpretação nas suas provas. E o
que você precisa saber referente a este tema?

Para começar, eu preciso que você entenda o seguinte:

Se você quer melhorar o seu desempenho em língua portuguesa, é fundamental


que você tenha um contato intenso com a leitura.

Nas provas anteriores da banca, ela costuma usar textos variados, pertencentes
a diferentes gêneros. Para que você consiga entender os textos e identificar o
que as questões de interpretação estão pedindo, esse contato intenso com a
leitura é indispensável.

É claro que você não vai (caso não goste) necessariamente ler os livros clássicos
para o concurso por conta do pouco tempo, mas leia textos que podem te
ajudar, por exemplo, na hora da sua prova. Observe os textos (e os autores) que
caíram nas últimas provas da FCC. Também é importante ler textos informativos
sobre possíveis temas de redação, temas da atualidade que podem te munir de
elementos e argumentos para que você produza um bom texto.
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE
TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS
Em relação a este tópico do conteúdo programático, quero falar sobre 4 pontos
importantes com você!

A diferença entre COMPREENSÃO e INTERPRETAÇÃO.

A banca não vai te perguntar qual a diferença entre essas palavras, mas, me
parece importante, que você, candidato, entenda que elas possuem significados
diferentes. Enquanto a compreensão envolve a decodificação das palavras, um
processo meramente metódico, a interpretação envolve a atribuição de sentido
aos textos lidos. Esta te dá a possibilidade de inferir e concluir a partir da leitura
do texto.

O que é um texto?

Texto é qualquer mensagem comunicativa, seja ela verbal, não verbal ou


híbrida/mista.

Agora que você já sabe o que é um texto, é importante saber que ele pode ser
classificado de 3 formas, de acordo com o tipo de linguagem utilizada:

a) TEXTO VERBAL: é aquele que se centra na linguagem verbal, é aquele que usa
apenas as palavras para se comunicar (independente da enunciação ser oral ou
escrita).

Argumentos infantis

— Se brigar comigo mando Deus matar você.


— Como assim? Manda Deus me matar?
— Mando Deus matar você.
— Você manda em Deus?
— Todo mundo manda em Deus!
— Mesmo? Como assim?
— Todos falam: Deus te abençoa. Dorme com Deus. Vai com Deus. Deus te
acompanhe. Não vê? Todos mandam nele!

Elizabeth Abreu Caldeira Brito


COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE
TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS
b) TEXTO NÃO VERBAL: é aquele que explora cores, imagens, símbolos e os mais
diversos elementos não verbais para conseguir uma comunicação efetiva.

c) TEXTO MISTO/HÍBRIDO: é aquele texto que mescla a linguagem verbal e não


verbal. Usa tanto as palavras quanto os demais elementos para se comunicar.

Linguagem formal x Linguagem informal

Diferenciar os dois tipos de linguagem acima é muito importante, porque essa


diferença já foi cobrada em provas anteriores da FCC.

A linguagem formal é aquela que utilizamos em momentos nos quais o uso da


língua deve seguir a norma-padrão. Aqui, devem ser observadas as normas de
concordância, regência e todas as outras que fazem parte da nossa língua.

A linguagem informal representa aquela que usamos no nosso cotidiano, em


conversas no Whatsapp ou em um bate-papo descontraído, por exemplo. Nesse
tipo de linguagem, é permitido ao usuário explorar as gírias, os vícios de
linguagem, sem se preocupar com o que prevê a gramática normativa. Esse tipo
de linguagem confere liberdade ao falante/escritor.
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE
TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS
As relações semânticas

Na elaboração de um texto, o autor explora o uso de vocábulos sinônimos,


antônimos, homônimos, a fim de estabelecer as relações semânticas, as relações
de sentido/significado.

a) Sinonímia: é o uso de sinônimos (palavras com o mesmo significado) nos


textos.
Exemplo: Quem ele pensa que é para te chamar de menina, garota, criança na
frente de todo mundo?

b) Antonímia: é o uso de antônimos – palavras de sentidos opostos – nos textos.


Exemplo: O jogo vai ser dos solteiros contra os casados.

c) Homonímia: é o uso de palavras homônimas, que possuem a mesma escrita e o


mesmo som, mas têm significados diferentes. Observe a multiplicidade de
sentidos atribuídos à palavra nota na tirinha a seguir.

Hora da
questão
1. FCC - 2022 - SEC-BA - Coordenador Pedagógico Padrão P - Grau III - para Escolas
Indígenas

A partir de 1996, o Povo Xakriabá realizou o que chamamos de “amansamento da escola”. A


comunidade deixou de se adequar à escola e um movimento inverso foi iniciado: a escola
passou a interagir com as experiências vivenciadas pela comunidade, pois não foi a escola que
chegou primeiro na comunidade, a comunidade já existia antes da escola. A escola passou a
respeitar a cultura local, estabelecendo interlocução com os modos de viver e fazer do Povo
Xakriabá.

(Adaptado de: CORREA XAKRIABÁ, Célia Nunes. O barro, o genipapo e o giz no fazer epistemológico de Autoria
Xakriabá: reativação da memória por uma educação territorializada. 2018. 218 f. Dissertação (Mestrado Profissional em
Sustentabilidade Junto a Povos e Terras Tradicionais) − Centro de Desenvolvimento Sustentável, Universidade de Brasília,
Brasília, DF, 2018)

Conforme o texto, o ‘amansamento da escola’ ocorreu quando esta

a) incorporou as vivências dentro da comunidade e passou a respeitar a cultura local.


b) ensinou os conteúdos de fora, utilizando exemplos de dentro e de fora do território.
c) separou as práticas da escola das práticas do território e dos rituais, para valorizar a escola.
d) priorizou as práticas dos currículos nacionais trazidas nos livros didáticos.
e) modificou os modos de viver e fazer do seu povo, reforçando seu espaço institucional.

2. FCC - 2022 - TCE-GO - Analista de Controle Externo Especialidade Engenharia

Minha terra

Saí menino de minha terra.


Passei trinta anos longe dela.
De vez em quando me diziam:
Sua terra está completamente mudada,
Tem avenidas, arranha-céus...
É hoje uma bonita cidade!

Meu coração ficava pequenino.


Revi afinal o meu Recife.


Está de fato completamente mudado.
Tem avenidas, arranha-céus.
É hoje uma bonita cidade.

Diabo leve quem pôs bonita a minha terra!


(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 4. ed., p. 283)

Ao falar de sua terra, o Recife, o poeta faz ver que

a) distância resultante do afastamento de sua cidade natal o fez idealizá-la a ponto de


transfigurá-la na memória criada.
b) a passagem do tempo, para quem se agarra às suas origens, traz a um reencontro a magia
viva do passado.
c) as notícias que lhe vinham chegando criavam em sua imaginação uma cidade ainda mais
bela do que aquela em que vivera.
d) as imagens resguardadas de sua infância foram rebatidas pela visão do que efetivamente
veio a ser sua cidade.
e) as atrações de um lugar tão querido como perdido atualizam-se de forma mais envolvente à
medida que ocorra uma reaproximação.

Para responder às questões 3, 4 e 5, baseie-se no texto abaixo.

O animal que se tornou um deus

Há 70 mil anos, o Homo sapiens ainda era um animal insignificante cuidando da sua própria
vida em algum canto da África. Nos milênios seguintes, ele se transformou no senhor de todo o
planeta e no terror do ecossistema. Hoje, ele está prestes a se tornar um deus, pronto para
adquirir não só a juventude eterna como também as capacidades divinas de criação e
destruição.
Infelizmente, até agora o regime dos sapiens sobre a Terra produziu poucas coisas das quais
podemos nos orgulhar. Nós dominamos o meio à nossa volta, aumentamos a produção de
alimentos, construímos cidades, fundamos impérios e criamos grandes redes de comércio. Mas
diminuímos a quantidade de sofrimento no mundo? Repetidas vezes, os aumentos gigantescos na
capacidade humana não necessariamente melhoraram o bem-estar dos sapiens como indivíduos
e geralmente causaram enorme sofrimento a outros animais.
Apesar das coisas impressionantes de que os humanos são capazes de fazer, nós continuamos
sem saber ao certo quais são nossos objetivos e, ao que parece, estamos insatisfeitos como
sempre. Avançamos de canoas e galés a navios a vapor e naves espaciais – mas ninguém sabe
para onde estamos indo. Somos mais poderosos do que nunca, mas temos pouca ideia do que
fazer com todo esse poder. O que é ainda pior, os humanos parecem mais irresponsáveis do que
nunca. Deuses por mérito próprio, contando apenas com as leis da física para nos fazer
companhia, estamos destruindo os outros animais e o ecossistema à nossa volta, visando a não
muito mais do que nosso próprio conforto e divertimento, mas jamais encontrando satisfação.
Existe algo mais perigoso do que deuses insatisfeitos e irresponsáveis que não sabem o que
querem?

(Adaptado de: HARARI, Yuval Noah. Sapiens – Uma breve história da humanidade. Trad. Janaína Marcoantonio. Porto
Alegre: L&PM, 2018, p. 427-428)

3. FCC - 2022 - TRT - 9ª REGIÃO (PR) - Analista Judiciário - Área Judiciária

O poeta Manuel Bandeira também apresenta uma avaliação geral e fulminante da vida humana
num verso seu que diz: “A vida é uma agitação feroz e sem finalidade”. Tal avaliação do poeta
aproxima-se, essencialmente, da avaliação que faz Harari em seu texto porque em ambas

a) reconhece-se tanto a força extraordinária dos empreendimentos humanos quanto a completa


ausência de claros objetivos finais.
b) sustenta-se a tese segundo a qual o que rege fundamentalmente as iniciativas globais do
homem é a demonstração de sua capacidade destrutiva.
c) sublinha-se a condição isolada da espécie humana na Terra, que preferiu se afastar das
demais e erigir-se numa espécie de divindade.
d) revela-se o temor que têm os homens de se lançarem em altos projetos, cujos resultados lhes
parecem imprevisíveis e incertos.
e) demonstra-se o caráter aventureiro da jornada humana, já que a satisfação da própria
aventura parece ser, em última instância, o sentido final dela.

4. FCC - 2022 - TRT - 9ª REGIÃO (PR) - Analista Judiciário - Área Judiciária

Considerando-se o contexto, traduz-se com correção e adequação o sentido de um segmento


do texto em:

a) prestes a se tornar um deus (1º parágrafo) = na eminência de se perverter como divino.


b) dominamos o meio à nossa volta (2º parágrafo) = circunscrevemos o poder em torno à nós.
c) não necessariamente melhoraram o bem-estar (2º parágrafo) = eventualmente não
implementaram o conforto.
d) Deuses por mérito próprio (3º parágrafo) = por si mesmos qualificando-se deuses.
e) visando a não muito mais do que (3º parágrafo) = ir de encontro a pouco menos do que.

5. FCC - 2022 - TRT - 9ª REGIÃO (PR) - Analista Judiciário - Área Judiciária

A contradição entre claros avanços e profundas indecisões do nosso processo civilizatório


expressa-se na relação entre estes dois segmentos do texto:

a) produção de alimentos / grandes redes de comércio.


b) quantidade de sofrimento / mais irresponsáveis do que nunca.
c) senhor de todo o planeta / fundamos impérios.
d) aumentos gigantescos na capacidade humana / dominamos o meio à nossa volta.
e) de canoas e galés a navios a vapor / ninguém sabe para onde estamos indo.

6. FCC - 2022 - SEC-BA - Professor Padrão P - Grau III - Linguagem, com ênfase em Língua
Portuguesa III

Na fala do adulto, verifica-se

a) uma constatação de que os transportes públicos não funcionam da forma como deveriam,
pois atendem a somente uma parte do público que precisa dele, já que o serviço é privado.
b) uma crítica explícita a empresas privadas que gerem o transporte, mas que não oferecem
serviço de qualidade, por incapacidade técnica de gerir um sistema que atende a toda a
população.
c) uma crítica a um sistema de transporte que deveria ser do povo, mas que está sob domínio de
empresas privadas e, por isso, o principal usuário não tem acesso a transporte de qualidade.
d) uma constatação de que transporte público de qualidade só será conseguido quando ele se
tornar uma responsabilidade estatal, pois deixariam de existir interesses por lucro privado.
e) uma constatação de que o sistema público de transporte só atenderá melhor ao público com
aumento de investimentos das empresas privadas que são responsáveis por ele.

GABARITO: 1 - A/ 2 - D / 3 - A / 4 - D / 5 - E / 6 - C
RECONHECIMENTO DE TIPOS E
GÊNEROS TEXTUAIS
Após estudar como se dá a compreensão e a interpretação dos textos, é
necessário entender como os textos são classificados, de acordo com a função
deles na sociedade e com as suas características próprias.
Todo texto tem uma finalidade comunicativa, ou seja, de acordo com nosso
objetivo, comunicamo-nos por meio de um diálogo, de um telefonema, de uma
mensagem eletrônica, de um bilhete. Todos esses textos são classificados como
gêneros textuais e eles são apenas exemplos, porque há muito mais na nossa
língua. Em nosso dia a dia usamos diversos gêneros textuais para interagirmos
socialmente, seja de forma oral ou escrita.

Mas o que é gênero e o que é tipo textual?


O gênero textual compreende as espécies de textos existentes na nossa língua


e, à medida que a nossa sociedade evolui, novos gêneros textuais vão surgindo e
outros gêneros vão caindo em desuso.

Dentre os gêneros textuais existentes, temos: carta, bilhete, palestra, aula, e-mail,
crônica, conto, poema, música, post, redação de concurso, artigo de opinião,
carta argumentativa, conversa de Whatsapp, resumo, resenha, dentre outros.

Conto:
A beleza total

A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os


espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da
casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de
Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a
isto, partiu-se em mil estilhaços.
A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos
condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda a capacidade de ação. Houve
um engarrafamento monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse
voltado logo para casa.
O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à
janela. A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe, pois o
mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre o peito.
RECONHECIMENTO DE TIPOS E
GÊNEROS TEXTUAIS
Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a
extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro,
acabou sem condições de vida, e um dia cerrou os olhos para sempre. Sua
beleza saiu do corpo e ficou pairando, imortal. O corpo já então enfezado de
Gertrudes foi recolhido ao jazigo, e a beleza de Gertrudes continuou cintilando
no salão fechado a sete chaves.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 2012)

O conto é um texto narrativo breve, que tem como elementos: narrador,


personagens, noções de tempo e espaço, enredo, conflito, clímax e desfecho.
Seu objetivo é entreter o leitor, por isso ele é classificado como um texto
literário, aquele que não tem a obrigatoriedade de ser fiel à realidade

Charge:

A charge é um gênero textual que objetiva fazer uma crítica social. É um texto
que mescla as linguagens verbal e não verbal.
RECONHECIMENTO DE TIPOS E
GÊNEROS TEXTUAIS
Tirinha:

A tirinha é um gênero textual que também explora as linguagens verbal e não


verbal e está organizado em quadros. Geralmente, utiliza-se a linguagem
informal nesse texto.

Já o tipo textual refere-se à forma como determinado texto é escrito e qual o


seu principal objetivo. Diferentemente dos gêneros textuais, o rol dos tipos
textuais é taxativo. São cinco os tipos textuais:

a) Narração:

O texto narrativo é aquele que narra, relata, conta uma história real ou fictícia.
Nesse tipo textual, é possível identificar os participantes da história, quem conta,
além de onde e quando a história aconteceu. Veja o trecho de um texto
narrativo a seguir:

"No dia seguinte, fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num
sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para
meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu
voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve
a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar
pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez
nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes
seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei
pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
RECONHECIMENTO DE TIPOS E
GÊNEROS TEXTUAIS
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de
livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte, lá estava eu à porta de sua
casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro
ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu
como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do “dia seguinte” com ela ia se
repetir com meu coração batendo."
Felicidade clandestina - Clarice Lispector

b) Descrição:

O texto descritivo é aquele no qual há uma caracterização, uma


pormenorização de um lugar, de uma pessoa ou até de uma situação. Nesse tipo
textual, é possível criar uma imagem na cabeça do seu leitor a partir das
descrições realizadas.

"Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio


arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos
achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do
busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias
gostaria de ter: um pai dono de livraria."
Felicidade clandestina - Clarice Lispector

c) Dissertação expositiva:

O texto dissertativo expositivo é aquele que apresenta um tema e expõe


informações a respeito dele. A linguagem desse tipo textual é uma linguagem
objetiva e impessoal.

O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no questionamento,


na reflexão, na polemização, no debate, na expressão de um ponto de vista, na
explicação a respeito de um determinado tema. Existem dois tipos de
dissertação bem conhecidos: a dissertação expositiva (ou informativa) e a
argumentativa (ou opinativa). Portanto, pode-se dissertar simplesmente
explicando um assunto, imparcialmente, ou discutindo-o parcialmente.
Fernando Pestana
RECONHECIMENTO DE TIPOS E
GÊNEROS TEXTUAIS
d) Dissertação argumentativa:

O texto dissertativo argumentativo é aquele que apresenta um tema e, além


disso, defende um ponto de vista (uma tese) e apresenta argumentos que a
sustentem e convençam o leitor daquele ponto de vista.

A maioria dos problemas existentes em um país em desenvolvimento, como o


nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente administração pública, porque a
força governamental certamente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais -
por negligência de nossos representantes - vêm aterrorizando as grandes
metrópoles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os
traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for do desejo dos
políticos uma mudança radical visando o bem-estar da população, isso é
plenamente possível. É importante salientar, portanto, que não devemos ficar de
mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o caos se
estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar com uma cobrança efetiva.
Fernando Pestana

e) Injunção:

O texto injuntivo é aquele que busca instruir, impor, determinar, orientar alguém,
com a finalidade de que a pessoa execute ou não determinada tarefa. A marca
da injunção é o uso de verbos no modo imperativo. Exemplos de textos injuntivos:
leis, bulas de remédio, cartilha, textos de autoajuda.
ATENÇÃO!

Agora que você já estudou 2 pontos importantes do conteúdo programático do


edital relacionados aos textos ("Compreensão e interpretação de textos de
gêneros variados" e "Reconhecimento de tipos e gêneros textuais"), eu listei aqui
algumas dicas que podem te ajudar na hora de ler os textos e responder às
questões de interpretação textual.

3 ERROS QUE VOCÊ NÃO PODE COMETER NA HORA DA SUA PROVA

Extrapolação:

Acontece quando o leitor traz informações adicionais a respeito do tema do


texto no momento de resolver as questões. Na hora de resolver as questões de
interpretação, preocupe-se em achar a alternativa em que há informações que
você encontra no próprio texto. Nunca marque a alternativa com base naquilo
que você acha ou pensa sobre o tema. Restrinja-se ao que diz o texto a respeito
do assunto!

Redução:

Ocorre quando o leitor faz a leitura do texto e supervaloriza uma parte em


detrimento da outra. Ao fazer a leitura, tenha cuidado para não valorizar
demais uma parte do texto e esquecer outras partes também importantes para
a compreensão do assunto.

Contradição:

Acontece quando o leitor chega a conclusões contrárias em relação ao que o


texto trata. É quando o leitor escolhe, em uma questão, justamente a alternativa
que contradiz a vertente defendida no texto.
10 REGRAS DE OURO PARA
INTERPRETAR TEXTOS E QUESTÕES

1
1. Ao começar a leitura de um texto, desprenda-se do que você pensa sobre o
assunto, principalmente se for um tema polêmico.

2.2 Foque nas informações do texto defendidas pelo autor. Lembre-se da regra
número 1 e deixe para emitir a sua opinião numa roda entre amigos.

3.3 Leia o texto com muita atenção e releia pelo menos mais uma vez. A primeira
deve ser uma leitura superficial e a segunda uma leitura mais detalhada.

4.4 Ao se deparar com as questões, busque no texto trechos que neguem ou


justifiquem o que as alternativas dizem.

5.5 Tenha uma certa malícia na hora de ler textos dos gêneros textuais: tirinhas
e histórias em quadrinhos. Eles sempre exigem um pouco mais de atenção do
candidato.

6.
6 Não se esqueça de que as bancas podem mesclar conteúdos de gramática

com a interpretação numa questão só.

7.7 Lembre-se de que a leitura frequente é uma grande aliada para você na
interpretação de textos.

8.8 Não se esqueça de que uma boa interpretação das questões é fundamental
para qualquer disciplina, não apenas para a prova de Língua Portuguesa.

9.
9 Lembre-se de que os conteúdos de gramática são indispensáveis para que

você faça uma boa prova de Português.

10.
10 Lembre-se de que a leitura vai além de decodificar signos linguísticos, trata-

se de estabelecer conexões.
Hora da
questão
1. FCC - 2022 - DETRAN-AP - Assistente Administrativo de Trânsito

− Adorei, vô Ignácio! Mas conta: como era sacar o dinheiro?


Contei, porque fui tanto a banco! A pessoa chegava a um balcão, entregava o cheque a um
atendente. Se fosse saque pessoal, precisava mostrar a identidade. Recebia uma ficha de metal,
oval ou retangular, pesada. Ia para outra fila ou esperava sentada num banco − ou em pé
mesmo −, rondando os caixas, que ficavam atrás de guichês com grades. Em geral grades
douradas, brilhantes − as faxineiras passavam sapólio toda manhã. Enquanto isso, o bancário
conferia a assinatura do cheque num livro grande ou em fichas dispostas em arquivos de
madeira ou aço. Fazia uma pequena marcação, um OK, e passava a outro funcionário, que
consultava o saldo da pessoa. Conferia e já anotava o cheque, a quantia, a retirada e o saldo
que restava na conta. Passava o cheque a um terceiro, que rubricava e levava ao caixa. Este
conferia o documento − como diziam −, chamava o número do cliente, pagava. Havia uma coisa
notável naquele tempo… Repito, naquele tempo. Pessoas levavam sacola, ou caixa de sapato, tal
a quantia sacada. Colocavam tudo ali e saíam para rua, frescos e maneiros. Por outro lado, vez
ou outra havia longa espera, porque o sujeito vinha depositar imensas quantias em notas e o
caixa ficava ali conferindo, somando. Eu me lembro de sacos de dinheiro na boca do caixa. Via-
se de tudo, notas amassadas, amarfanhadas, engorduradas. Hoje é tudo mais saudável,
asséptico.

(BRANDÃO, Inácio de Loyola. Para desfrutar o hoje, é bom saber do ontem. Disponível em:
https://portal.febraban.org.br)

Considerando que se podem encontrar várias tipologias textuais em um texto, embora haja o
predomínio de uma delas, no texto acima, a tipologia textual predominante é a

a) narrativa, porque conta uma história baseada em fatos reais da relação avô e neto.
b) descritiva, porque informa as características de uma sociedade em desenvolvimento.
c) expositiva, porque explica o pensamento do avô a respeito das relações entre as pessoas no
seu tempo de mocidade.
d) argumentativa, porque em todo o texto percebe-se a defesa do ponto de vista do avô contra
o pensamento do neto.
e) injuntiva, porque o avô pretende dar instruções ao neto de como viver nos novos tempos.

2. FCC - 2022 - TRT - 17ª Região (ES) - Analista Judiciário - Área Judiciária

Retrato de um amigo

A cidade que era amada por nosso amigo continua a mesma: há algumas mudanças, mas coisa
pouca. Nossa cidade se parece – só agora nos damos conta disso – com o amigo que perdemos
e que a amava; ela é, assim como ele era, intratável em sua operosidade febril e obstinada; e é
ao mesmo tempo desinteressada e disposta ao ócio e ao sonho.
Na cidade que se parece com ele, sentimos nosso amigo reviver por todos os lados: em cada
esquina e em cada canto achamos que de repente possa aparecer sua alta figura de capote
escuro cintado, o rosto escondido na gola, o chapéu enterrado nos olhos. O amigo media a
cidade com seu longo passo, obstinado e solitário. Ele entocava nos cafés mais apertados e
fumarentos, enchia folhas e folhas com sua caligrafia larga e rápida, e celebrava a cidade em
seus versos.
Seus versos ressoam em nossos ouvidos quando retornamos à cidade ou quando pensamos nela.
Nosso amigo vivia na cidade como um adolescente e até o final viveu assim. Seus dias eram
longuíssimos como os dos adolescentes, e cheios de tempo; sabia achar espaço para estudar e
escrever, para ganhar a vida e vadiar; e nós, que resfolegávamos divididos entre preguiça e
produtividade, perdíamos horas na incerteza de decidirmos se éramos preguiçosos ou
produtivos. Mesmo sua tristeza nos parecia meio juvenil, como a melancolia voluptuosa e
distraída do rapaz que ainda não tocou a terra e se move no mundo árido e solitário dos sonhos.

(Adaptado de GINZBURG, Natalia. As pequenas virtudes. Trad. Maurício Santana Dias. São Paulo: Cosac Naify, 2015, p.
24-26)

Entre modos ou gêneros textuais representados no texto, este segmento caracteriza-se


predominantemente como

a) dramático: sua tristeza nos parecia meio juvenil.


b) dissertativo: seu longo passo, obstinado e solitário.
c) narrativo: o chapéu enterrado nos olhos.
d) lírico: há algumas mudanças, mas coisa pouca.
e) descritivo: figura de capote escuro, cintado.

3. FCC - 2022 - TCE-GO - Analista de Controle Externo - Contabilidade

A nuvem

− “Fico admirado como é que você, morando nesta cidade, consegue escrever uma semana
inteira sem reclamar, sem protestar, sem espinafrar!”
E meu amigo falou de água, telefone, conta de luz, carne, batata, transporte, custo de vida,
buracos na rua etc. etc. etc.
Meu amigo está, como dizem as pessoas exageradas, grávido de razões. Mas que posso fazer?
Até que tenho reclamado muito isto e aquilo. Mas se eu for ficar rezingando todo dia, estou
roubado: quem é que vai aguentar me ler? Acho que o leitor gosta de ver suas queixas no jornal,
mas em termos.
Além disso, a verdade não está apenas nos buracos da rua e outras mazelas. Não é verdade
que as amendoeiras neste inverno deram um show luxuoso de folhas vermelhas voando no ar? E
ficaria demasiado feio eu confessar que há uma jovem gostando de mim? Ah, bem sei que esses
encantamentos de moça por um senhor maduro duram pouco. São caprichos de certa fase. Mas
que importa? Esse carinho me faz bem; eu o recebo terna e gravemente; sem melancolia,
porque sem ilusão. Ele se irá como veio, leve nuvem solta na brisa, que se tinge um instante de
púrpura sobre as cinzas do meu crepúsculo.
E olhem só que tipo estou escrevendo! Tome tenência, velho Braga. Deixe a nuvem, olhe para o
chão – e seus tradicionais buracos.

BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana! Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960, pp. 179-180)

O cronista Rubem Braga, comentando o teor de suas crônicas publicadas no jornal, admite que

a) cultiva um estilo de linguagem pelo qual o que há de mais prosaico na cidade ganha melhor
expressão.
b) trata melhor dos detalhes próprios da vida urbana do que do bucolismo dos leitores mais
conservadores.
c) cuida de jamais aborrecer seu público com algum excesso poético, restringindo-se ao
realismo da rotina.
d) se preocupa por vezes excessivamente com os problemas municipais, em vez de se dedicar a
temas mais amplos.
e) prefere relevar os aspectos mais positivos da vida emocional, em vez de sublinhar os
negativos.
4. FCC - 2022 - TRT - 4ª REGIÃO (RS) - Analista Judiciário - Especialidade: Arquitetura

Velha história

Era uma vez um homem que estava pescando, Maria. Até que apanhou um peixinho! Mas o
peixinho era tão pequenininho e inocente, e tinha um azulado tão indescritível nas escamas, que
o homem ficou com pena. E retirou cuidadosamente o anzol e pincelou com iodo a garganta do
coitadinho. Depois guardou-o no bolso traseiro das calças, para que o animalzinho sarasse no
quente. E desde então ficaram inseparáveis. Aonde o homem ia, o peixinho o acompanhava a
trote, que nem um cachorrinho. Pelas calçadas. Pelos elevadores. Pelo café. Como era tocante
vê-los no "17"! – o homem, grave, de preto, com uma das mãos segurando a xícara de fumegante
moca, com a outra lendo o jornal, com a outra fumando, com a outra cuidando do peixinho,
enquanto este, silencioso e levemente melancólico, tomava laranjada por um canudinho
especial...
Ora, um dia o homem e o peixinho passeavam à margem do rio onde o segundo dos dois
fora pescado. E eis que os olhos do primeiro se encheram de lágrimas. E disse o homem ao
peixinho:
“Não, não me assiste o direito de te guardar comigo. Por que roubar-te por mais tempo ao
carinho do teu pai, da tua mãe, dos teus irmãozinhos, da tua tia solteira? Não, não e não! Volta
para o seio da tua família. E viva eu cá na terra sempre triste!...”
Dito isso, verteu copioso pranto e, desviando o rosto, atirou o peixinho n’água. E a água fez
redemoinho, que foi depois serenando, serenando até que o peixinho morreu afogado...

(Mario Quintana. Eu passarinho. São Paulo: Ática, 2014)

Tendo em vista a tipologia textual, “Velha história” constitui um texto, sobretudo,

a) informativo.
b) narrativo.
c) dissertativo.
d) injuntivo.
e) expositivo.

GABARITO: 1 - A/ 2 - E / 3 - E / 4 - B
DISCURSO DIRETO, INDIRETO E
INDIRETO LIVRE
O discurso representa um processo comunicativo que é capaz de construir um
sentido. Ao analisarmos o que foi dito e os demais elementos da situação
comunicativa (quem enuncia a mensagem, como a mensagem foi enunciada,
quem é o interlocutor, qual a finalidade da mensagem, etc.), estamos estudando
o discurso. Nos textos narrativos, o discurso representa a forma como as falas
das personagens são inseridas no texto. É possível identificar três tipos de
discursos utilizados nos textos orais e escritos: discurso direto, discurso indireto e
discurso indireto livre. E o que a prova gosta de cobrar? A prova gosta de
cobrar a transposição de um discurso para outro, geralmente, do discurso direto
para o discurso indireto.
Antes de estudarmos cada um deles, quero chamar a sua atenção para a
importância da nomenclatura ao estudarmos a língua portuguesa. Sempre que
você se deparar com uma classificação/nomenclatura, reflita sobre esse nome.
Geralmente, ele vai te dar pistas do que ele de fato significa.

Discurso direto: as personagens que participam da história falam com suas


próprias palavras. Nesse caso, as falas das personagens são normalmente
marcadas por aspas ou introduzidas por travessões.

– Pró, você pode corrigir as questões para mim?


– Eu posso. – disse a professora.

Discurso indireto: o narrador de uma história conta o que as personagens


disseram. Nesse caso, não há o uso de travessões ou aspas.

O aluno perguntou se a professora podia corrigir as questões para ele. A


professora disse que podia.

No discurso indireto livre, há tanto a fala do narrador reproduzindo outras


falas, como há as falas de outros personagens sendo transmitidas fielmente.
DISCURSO DIRETO, INDIRETO E
INDIRETO LIVRE

O QUE PRECISA SER OBERVADO AO TRANSPOR UMA MENSAGEM DO


DISCURSO DIRETO PARA O DISCURSO INDIRETO?

Ao passar um enunciado de um discurso para outro, precisam ser observadas as


mudanças em relação:

Às pessoas do discurso:

A 1ª pessoa se transforma na 3ª pessoa, tanto ao usarmos os pronomes pessoais,


quanto ao usarmos os pronomes possessivos.

Aos tempos e modos verbais:

- Presente do indicativo -> pretérito imperfeito do indicativo


- Pretérito perfeito do indicativo -> pretérito mais-que-perfeito do indicativo
- Futuro do presente do indicativo -> futuro do pretérito do indicativo
- Presente do subjuntivo –> pretérito imperfeito do subjuntivo
- Futuro do subjuntivo -> pretérito imperfeito do subjuntivo
- Imperativo -> pretérito imperfeito do subjuntivo

À pontuação das frases:

As frases interrogativas, exclamativas e imperativas se transformam em frases


declarativas.

Aos pronomes demonstrativos:

Os pronomes este, esta, estes, estas, isto se transformam em: aquele, aquela,
aqueles, aquelas, aquilo.

Aos advérbios e locuções adverbiais:

- ontem -> no dia anterior;


- hoje -> naquele dia;
- agora -> naquele momento;
- amanhã -> no dia seguinte;
- aqui, aí, cá -> ali, lá.
Hora da
questão
1. FCC - 2022 - TRT - 4ª REGIÃO (RS) - Analista Judiciário - Especialidade: Arquitetura

Rubião fitava a enseada, – eram oito horas da manhã. Quem o visse, com os polegares metidos
no cordão do chambre, à janela de uma grande casa de Botafogo, cuidaria que ele admirava
aquele pedaço de água quieta; mas, em verdade, vos digo que pensava em outra coisa.
Cotejava o passado com o presente. Que era, há um ano? Professor. Que é agora? Capitalista.
Olha para si, para as chinelas (umas chinelas de Túnis, que lhe deu recente amigo, Cristiano
Palha), para a casa, para o jardim, para a enseada, para os morros e para o céu; e tudo, desde
as chinelas até o céu, tudo entra na mesma sensação de propriedade.
– Vejam como Deus escreve direito por linhas tortas, pensa ele. Se mana Piedade tem casado
com Quincas Borba, apenas me daria uma esperança colateral. Não casou; ambos morreram, e
aqui está tudo comigo; de modo que o que parecia uma desgraça...
Que abismo que há entre o espírito e o coração! O espírito do ex-professor, vexado daquele
pensamento, arrepiou caminho, buscou outro assunto, uma canoa que ia passando; o coração,
porém, deixou-se estar a bater de alegria. Que lhe importa a canoa nem o canoeiro, que os
olhos de Rubião acompanham, arregalados? Ele, coração, vai dizendo que, uma vez que a mana
Piedade tinha de morrer, foi bom que não casasse; podia vir um filho ou uma filha... – Bonita
canoa! – Antes assim! – Como obedece bem aos remos do homem! – O certo é que eles estão no
Céu!
Um criado trouxe o café. Rubião pegou na xícara e, enquanto lhe deitava açúcar, ia
disfarçadamente mirando a bandeja, que era de prata lavrada. Prata, ouro, eram os metais que
amava de coração; não gostava de bronze, mas o amigo Palha disse-lhe que era matéria de
preço, e assim se explica este par de figuras que aqui está na sala, um Mefistófeles e um Fausto.
Tivesse, porém, de escolher, escolheria a bandeja, – primor de argentaria, execução fina e
acabada.

(Machado de Assis. Quincas Borba. São Paulo: Companhia das Letras, 2012)

Verifica-se a ocorrência de discurso indireto livre no seguinte trecho:

a) – Vejam como Deus escreve direito por linhas tortas, pensa ele. (2º parágrafo)
b) Rubião fitava a enseada, – eram oito horas da manhã. (1º parágrafo)
c) Cotejava o passado com o presente. Que era, há um ano? Professor. Que é agora?
Capitalista. (1º parágrafo)
d) Se mana Piedade tem casado com Quincas Borba, apenas me daria uma esperança
colateral. (2º parágrafo)
e) – Bonita canoa! – Antes assim! – Como obedece bem aos remos do homem! – O certo é que
eles estão no Céu! (3º parágrafo)

2. FCC - 2022 - TCE-GO - Analista de Controle Externo Especialidade Engenharia

Atente para esta passagem em discurso direto:


– Fico admirado como é que você, morando nesta cidade, consegue escrever sem reclamar –
disse meu amigo, Transpondo a passagem acima para o discurso indireto, ela deverá ficar:
Meu amigo me disse que

a) ficaria admirado de mim, morando nesta cidade, conseguindo escrever sem reclamar.
b) me admirava por eu morar nesta cidade escrevendo sem lhe reclamar.
c) admiro muito que você more nesta cidade e consiga escrever sem reclamar.
d) eu era de admirar, uma vez que morando nesta cidade, como é que alguém fica sem
reclamar?
e) se admirava pelo modo como eu, morando nesta cidade, conseguia escrever sem reclamar.
3. FCC - 2022 - TRT - 17ª Região (ES) - Técnico Judiciário - Área Apoio Especializado
Especialidade - Tecnologia da Informação

Atenção: Leia a fábula “O cão adormecido e o lobo”, de Esopo, para responder à questão.

Um cão dormia diante de um estábulo quando um lobo o avistou e, depois de agarrá-lo, estava
para comê-lo, mas ele começou a implorar ao lobo que não o sacrificasse naquele momento.
“Agora”, disse ele, “estou magro e mirrado. Mas meus donos estão para realizar uma festa de
casamento e, se você me deixar livre agora, no futuro estarei mais gordo para você me devorar.”
O lobo se convenceu e o soltou. Alguns dias depois ele voltou e encontrou o cão dormindo no
alto da casa. Então ele parou e falou para o cão descer, lembrando-o do compromisso. O cão
respondeu: “Mas se você, lobo, me vir dormindo de novo diante do estábulo, não mais aguarde
casamento!”

(Esopo. Fábulas completas. São Paulo: Cosac Naify, 2013)

ele [cão] começou a implorar ao lobo que não o sacrificasse naquele momento.
Ao se transpor o trecho acima para o discurso direto, o verbo sublinhado assume a seguinte
forma:

a) sacrifica
b) sacrificava
c) sacrificaria
d) sacrifique
e) sacrificou

4. FCC - 2022 - DETRAN-AP - Assistente Administrativo de Trânsito

A frase Eu me lembro de sacos de dinheiro na boca do caixa, está corretamente transposta para
o discurso indireto em:

a) Ele disse que se lembrava de sacos de dinheiro na boca do caixa.


b) Eu digo que me lembro de sacos de dinheiro na boca do caixa.
c) Ele disse: − Eu me lembrei de sacos de dinheiro na boca do caixa.
d) Eu disse que se lembraria de sacos de dinheiro na boca do caixa.
e) Ele disse que se lembra de sacos de dinheiro na boca do caixa.

GABARITO: 1 - C/ 2 - E / 3 - D / 4 - A

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