Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
QUEBRANDO
A BANCA
pós-edital
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DO
EDITAL
Domínio da ortografia oficial.
Emprego da acentuação gráfica.
Emprego dos sinais de pontuação.
Emprego do sinal indicativo de crase.
Flexão nominal e verbal.
Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação.
Domínio dos mecanismos de coesão textual.
Emprego de tempos e modos verbais.
Vozes do verbo.
Concordância nominal e verbal.
Regência nominal e verbal.
Morfossintaxe.
Redação (confronto e reconhecimento de frases corretas e incorretas).
Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados.
Reconhecimento de tipos e gêneros textuais.
Figuras de linguagem.
Discurso direto, indireto e indireto livre.
Adequação da linguagem ao tipo de documento.
ÍNDICE
Olá, concurseiro!
Você tem em mãos o material que vai facilitar os seus estudos de Língua Portuguesa para a
prova do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), que acontecerá no dia 23 de julho de 2023.
Neste material, você encontrará toda a teoria referente aos assuntos que estão presentes no
edital do seu concurso de maneira resumida e facilitada para que você consiga estudar todo o
conteúdo sozinho, sem a necessidade de ter um professor ao seu lado.
Nas duas páginas anteriores, você percebeu que há o conteúdo programático, da forma como ele
foi apresentado no edital, e o índice, o qual apresenta os mesmos assuntos do conteúdo
programático em uma ordem diferente. Certamente, você está se perguntando o porquê disso. Eu
vou te explicar ...
A banca examinadora lista os assuntos de forma aleatória. Ela não se preocupa em apresentá-
los aos candidatos de forma didática, de maneira que facilite os estudos. Esse é o meu papel e,
por isso, eu reordenei os assuntos de acordo com a ordem que você deve estudá-los a fim de
facilitar o seu aprendizado e a sua compreensão dos assuntos. Só para você entender isso na
prática, eu vou te dar um exemplo: A FCC colocou o assunto "Emprego do sinal indicativo de
crase" antes do assunto "Regência nominal e verbal", mas para saber quando você deve usar o
acento indicativo de crase, você precisa entender e aplicar as regras de regência. Por isso, eu
reordenei os assuntos que aparecem no edital do seu concurso, certo?
Além deste material supercompleto, você ganhou um bônus, que contempla o acesso ao ebook de
questões comentadas da banca FCC com questões bastante atuais que foram cobradas nos
concursos mais recentes da banca organizadora. Esse bônus estará disponível após o prazo de
garantia, que é de 7 dias, a contar da data da sua compra.
Um abraço,
Professora Carol Souza
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE
TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS
A banca FCC não costuma pesar a mão na parte de interpretação textual, mas
sempre encontraremos algumas questões de interpretação nas suas provas. E o
que você precisa saber referente a este tema?
Nas provas anteriores da banca, ela costuma usar textos variados, pertencentes
a diferentes gêneros. Para que você consiga entender os textos e identificar o
que as questões de interpretação estão pedindo, esse contato intenso com a
leitura é indispensável.
É claro que você não vai (caso não goste) necessariamente ler os livros clássicos
para o concurso por conta do pouco tempo, mas leia textos que podem te
ajudar, por exemplo, na hora da sua prova. Observe os textos (e os autores) que
caíram nas últimas provas da FCC. Também é importante ler textos informativos
sobre possíveis temas de redação, temas da atualidade que podem te munir de
elementos e argumentos para que você produza um bom texto.
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE
TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS
Em relação a este tópico do conteúdo programático, quero falar sobre 4 pontos
importantes com você!
A banca não vai te perguntar qual a diferença entre essas palavras, mas, me
parece importante, que você, candidato, entenda que elas possuem significados
diferentes. Enquanto a compreensão envolve a decodificação das palavras, um
processo meramente metódico, a interpretação envolve a atribuição de sentido
aos textos lidos. Esta te dá a possibilidade de inferir e concluir a partir da leitura
do texto.
O que é um texto?
Agora que você já sabe o que é um texto, é importante saber que ele pode ser
classificado de 3 formas, de acordo com o tipo de linguagem utilizada:
a) TEXTO VERBAL: é aquele que se centra na linguagem verbal, é aquele que usa
apenas as palavras para se comunicar (independente da enunciação ser oral ou
escrita).
Argumentos infantis
Hora da
questão
1. FCC - 2022 - SEC-BA - Coordenador Pedagógico Padrão P - Grau III - para Escolas
Indígenas
(Adaptado de: CORREA XAKRIABÁ, Célia Nunes. O barro, o genipapo e o giz no fazer epistemológico de Autoria
Xakriabá: reativação da memória por uma educação territorializada. 2018. 218 f. Dissertação (Mestrado Profissional em
Sustentabilidade Junto a Povos e Terras Tradicionais) − Centro de Desenvolvimento Sustentável, Universidade de Brasília,
Brasília, DF, 2018)
Minha terra
(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 4. ed., p. 283)
Há 70 mil anos, o Homo sapiens ainda era um animal insignificante cuidando da sua própria
vida em algum canto da África. Nos milênios seguintes, ele se transformou no senhor de todo o
planeta e no terror do ecossistema. Hoje, ele está prestes a se tornar um deus, pronto para
adquirir não só a juventude eterna como também as capacidades divinas de criação e
destruição.
Infelizmente, até agora o regime dos sapiens sobre a Terra produziu poucas coisas das quais
podemos nos orgulhar. Nós dominamos o meio à nossa volta, aumentamos a produção de
alimentos, construímos cidades, fundamos impérios e criamos grandes redes de comércio. Mas
diminuímos a quantidade de sofrimento no mundo? Repetidas vezes, os aumentos gigantescos na
capacidade humana não necessariamente melhoraram o bem-estar dos sapiens como indivíduos
e geralmente causaram enorme sofrimento a outros animais.
Apesar das coisas impressionantes de que os humanos são capazes de fazer, nós continuamos
sem saber ao certo quais são nossos objetivos e, ao que parece, estamos insatisfeitos como
sempre. Avançamos de canoas e galés a navios a vapor e naves espaciais – mas ninguém sabe
para onde estamos indo. Somos mais poderosos do que nunca, mas temos pouca ideia do que
fazer com todo esse poder. O que é ainda pior, os humanos parecem mais irresponsáveis do que
nunca. Deuses por mérito próprio, contando apenas com as leis da física para nos fazer
companhia, estamos destruindo os outros animais e o ecossistema à nossa volta, visando a não
muito mais do que nosso próprio conforto e divertimento, mas jamais encontrando satisfação.
Existe algo mais perigoso do que deuses insatisfeitos e irresponsáveis que não sabem o que
querem?
(Adaptado de: HARARI, Yuval Noah. Sapiens – Uma breve história da humanidade. Trad. Janaína Marcoantonio. Porto
Alegre: L&PM, 2018, p. 427-428)
O poeta Manuel Bandeira também apresenta uma avaliação geral e fulminante da vida humana
num verso seu que diz: “A vida é uma agitação feroz e sem finalidade”. Tal avaliação do poeta
aproxima-se, essencialmente, da avaliação que faz Harari em seu texto porque em ambas
6. FCC - 2022 - SEC-BA - Professor Padrão P - Grau III - Linguagem, com ênfase em Língua
Portuguesa III
a) uma constatação de que os transportes públicos não funcionam da forma como deveriam,
pois atendem a somente uma parte do público que precisa dele, já que o serviço é privado.
b) uma crítica explícita a empresas privadas que gerem o transporte, mas que não oferecem
serviço de qualidade, por incapacidade técnica de gerir um sistema que atende a toda a
população.
c) uma crítica a um sistema de transporte que deveria ser do povo, mas que está sob domínio de
empresas privadas e, por isso, o principal usuário não tem acesso a transporte de qualidade.
d) uma constatação de que transporte público de qualidade só será conseguido quando ele se
tornar uma responsabilidade estatal, pois deixariam de existir interesses por lucro privado.
e) uma constatação de que o sistema público de transporte só atenderá melhor ao público com
aumento de investimentos das empresas privadas que são responsáveis por ele.
GABARITO: 1 - A/ 2 - D / 3 - A / 4 - D / 5 - E / 6 - C
RECONHECIMENTO DE TIPOS E
GÊNEROS TEXTUAIS
Após estudar como se dá a compreensão e a interpretação dos textos, é
necessário entender como os textos são classificados, de acordo com a função
deles na sociedade e com as suas características próprias.
Todo texto tem uma finalidade comunicativa, ou seja, de acordo com nosso
objetivo, comunicamo-nos por meio de um diálogo, de um telefonema, de uma
mensagem eletrônica, de um bilhete. Todos esses textos são classificados como
gêneros textuais e eles são apenas exemplos, porque há muito mais na nossa
língua. Em nosso dia a dia usamos diversos gêneros textuais para interagirmos
socialmente, seja de forma oral ou escrita.
Dentre os gêneros textuais existentes, temos: carta, bilhete, palestra, aula, e-mail,
crônica, conto, poema, música, post, redação de concurso, artigo de opinião,
carta argumentativa, conversa de Whatsapp, resumo, resenha, dentre outros.
Conto:
A beleza total
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 2012)
Charge:
A charge é um gênero textual que objetiva fazer uma crítica social. É um texto
que mescla as linguagens verbal e não verbal.
RECONHECIMENTO DE TIPOS E
GÊNEROS TEXTUAIS
Tirinha:
a) Narração:
O texto narrativo é aquele que narra, relata, conta uma história real ou fictícia.
Nesse tipo textual, é possível identificar os participantes da história, quem conta,
além de onde e quando a história aconteceu. Veja o trecho de um texto
narrativo a seguir:
"No dia seguinte, fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num
sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para
meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu
voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve
a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar
pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez
nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes
seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei
pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
RECONHECIMENTO DE TIPOS E
GÊNEROS TEXTUAIS
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de
livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte, lá estava eu à porta de sua
casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro
ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu
como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do “dia seguinte” com ela ia se
repetir com meu coração batendo."
Felicidade clandestina - Clarice Lispector
b) Descrição:
c) Dissertação expositiva:
e) Injunção:
O texto injuntivo é aquele que busca instruir, impor, determinar, orientar alguém,
com a finalidade de que a pessoa execute ou não determinada tarefa. A marca
da injunção é o uso de verbos no modo imperativo. Exemplos de textos injuntivos:
leis, bulas de remédio, cartilha, textos de autoajuda.
ATENÇÃO!
Extrapolação:
Redução:
Contradição:
1
1. Ao começar a leitura de um texto, desprenda-se do que você pensa sobre o
assunto, principalmente se for um tema polêmico.
2.2 Foque nas informações do texto defendidas pelo autor. Lembre-se da regra
número 1 e deixe para emitir a sua opinião numa roda entre amigos.
3.3 Leia o texto com muita atenção e releia pelo menos mais uma vez. A primeira
deve ser uma leitura superficial e a segunda uma leitura mais detalhada.
5.5 Tenha uma certa malícia na hora de ler textos dos gêneros textuais: tirinhas
e histórias em quadrinhos. Eles sempre exigem um pouco mais de atenção do
candidato.
6.
6 Não se esqueça de que as bancas podem mesclar conteúdos de gramática
7.7 Lembre-se de que a leitura frequente é uma grande aliada para você na
interpretação de textos.
8.8 Não se esqueça de que uma boa interpretação das questões é fundamental
para qualquer disciplina, não apenas para a prova de Língua Portuguesa.
9.
9 Lembre-se de que os conteúdos de gramática são indispensáveis para que
10.
10 Lembre-se de que a leitura vai além de decodificar signos linguísticos, trata-
se de estabelecer conexões.
Hora da
questão
1. FCC - 2022 - DETRAN-AP - Assistente Administrativo de Trânsito
(BRANDÃO, Inácio de Loyola. Para desfrutar o hoje, é bom saber do ontem. Disponível em:
https://portal.febraban.org.br)
Considerando que se podem encontrar várias tipologias textuais em um texto, embora haja o
predomínio de uma delas, no texto acima, a tipologia textual predominante é a
a) narrativa, porque conta uma história baseada em fatos reais da relação avô e neto.
b) descritiva, porque informa as características de uma sociedade em desenvolvimento.
c) expositiva, porque explica o pensamento do avô a respeito das relações entre as pessoas no
seu tempo de mocidade.
d) argumentativa, porque em todo o texto percebe-se a defesa do ponto de vista do avô contra
o pensamento do neto.
e) injuntiva, porque o avô pretende dar instruções ao neto de como viver nos novos tempos.
2. FCC - 2022 - TRT - 17ª Região (ES) - Analista Judiciário - Área Judiciária
Retrato de um amigo
A cidade que era amada por nosso amigo continua a mesma: há algumas mudanças, mas coisa
pouca. Nossa cidade se parece – só agora nos damos conta disso – com o amigo que perdemos
e que a amava; ela é, assim como ele era, intratável em sua operosidade febril e obstinada; e é
ao mesmo tempo desinteressada e disposta ao ócio e ao sonho.
Na cidade que se parece com ele, sentimos nosso amigo reviver por todos os lados: em cada
esquina e em cada canto achamos que de repente possa aparecer sua alta figura de capote
escuro cintado, o rosto escondido na gola, o chapéu enterrado nos olhos. O amigo media a
cidade com seu longo passo, obstinado e solitário. Ele entocava nos cafés mais apertados e
fumarentos, enchia folhas e folhas com sua caligrafia larga e rápida, e celebrava a cidade em
seus versos.
Seus versos ressoam em nossos ouvidos quando retornamos à cidade ou quando pensamos nela.
Nosso amigo vivia na cidade como um adolescente e até o final viveu assim. Seus dias eram
longuíssimos como os dos adolescentes, e cheios de tempo; sabia achar espaço para estudar e
escrever, para ganhar a vida e vadiar; e nós, que resfolegávamos divididos entre preguiça e
produtividade, perdíamos horas na incerteza de decidirmos se éramos preguiçosos ou
produtivos. Mesmo sua tristeza nos parecia meio juvenil, como a melancolia voluptuosa e
distraída do rapaz que ainda não tocou a terra e se move no mundo árido e solitário dos sonhos.
(Adaptado de GINZBURG, Natalia. As pequenas virtudes. Trad. Maurício Santana Dias. São Paulo: Cosac Naify, 2015, p.
24-26)
A nuvem
− “Fico admirado como é que você, morando nesta cidade, consegue escrever uma semana
inteira sem reclamar, sem protestar, sem espinafrar!”
E meu amigo falou de água, telefone, conta de luz, carne, batata, transporte, custo de vida,
buracos na rua etc. etc. etc.
Meu amigo está, como dizem as pessoas exageradas, grávido de razões. Mas que posso fazer?
Até que tenho reclamado muito isto e aquilo. Mas se eu for ficar rezingando todo dia, estou
roubado: quem é que vai aguentar me ler? Acho que o leitor gosta de ver suas queixas no jornal,
mas em termos.
Além disso, a verdade não está apenas nos buracos da rua e outras mazelas. Não é verdade
que as amendoeiras neste inverno deram um show luxuoso de folhas vermelhas voando no ar? E
ficaria demasiado feio eu confessar que há uma jovem gostando de mim? Ah, bem sei que esses
encantamentos de moça por um senhor maduro duram pouco. São caprichos de certa fase. Mas
que importa? Esse carinho me faz bem; eu o recebo terna e gravemente; sem melancolia,
porque sem ilusão. Ele se irá como veio, leve nuvem solta na brisa, que se tinge um instante de
púrpura sobre as cinzas do meu crepúsculo.
E olhem só que tipo estou escrevendo! Tome tenência, velho Braga. Deixe a nuvem, olhe para o
chão – e seus tradicionais buracos.
BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana! Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960, pp. 179-180)
O cronista Rubem Braga, comentando o teor de suas crônicas publicadas no jornal, admite que
a) cultiva um estilo de linguagem pelo qual o que há de mais prosaico na cidade ganha melhor
expressão.
b) trata melhor dos detalhes próprios da vida urbana do que do bucolismo dos leitores mais
conservadores.
c) cuida de jamais aborrecer seu público com algum excesso poético, restringindo-se ao
realismo da rotina.
d) se preocupa por vezes excessivamente com os problemas municipais, em vez de se dedicar a
temas mais amplos.
e) prefere relevar os aspectos mais positivos da vida emocional, em vez de sublinhar os
negativos.
4. FCC - 2022 - TRT - 4ª REGIÃO (RS) - Analista Judiciário - Especialidade: Arquitetura
Velha história
Era uma vez um homem que estava pescando, Maria. Até que apanhou um peixinho! Mas o
peixinho era tão pequenininho e inocente, e tinha um azulado tão indescritível nas escamas, que
o homem ficou com pena. E retirou cuidadosamente o anzol e pincelou com iodo a garganta do
coitadinho. Depois guardou-o no bolso traseiro das calças, para que o animalzinho sarasse no
quente. E desde então ficaram inseparáveis. Aonde o homem ia, o peixinho o acompanhava a
trote, que nem um cachorrinho. Pelas calçadas. Pelos elevadores. Pelo café. Como era tocante
vê-los no "17"! – o homem, grave, de preto, com uma das mãos segurando a xícara de fumegante
moca, com a outra lendo o jornal, com a outra fumando, com a outra cuidando do peixinho,
enquanto este, silencioso e levemente melancólico, tomava laranjada por um canudinho
especial...
Ora, um dia o homem e o peixinho passeavam à margem do rio onde o segundo dos dois
fora pescado. E eis que os olhos do primeiro se encheram de lágrimas. E disse o homem ao
peixinho:
“Não, não me assiste o direito de te guardar comigo. Por que roubar-te por mais tempo ao
carinho do teu pai, da tua mãe, dos teus irmãozinhos, da tua tia solteira? Não, não e não! Volta
para o seio da tua família. E viva eu cá na terra sempre triste!...”
Dito isso, verteu copioso pranto e, desviando o rosto, atirou o peixinho n’água. E a água fez
redemoinho, que foi depois serenando, serenando até que o peixinho morreu afogado...
a) informativo.
b) narrativo.
c) dissertativo.
d) injuntivo.
e) expositivo.
GABARITO: 1 - A/ 2 - E / 3 - E / 4 - B
DISCURSO DIRETO, INDIRETO E
INDIRETO LIVRE
O discurso representa um processo comunicativo que é capaz de construir um
sentido. Ao analisarmos o que foi dito e os demais elementos da situação
comunicativa (quem enuncia a mensagem, como a mensagem foi enunciada,
quem é o interlocutor, qual a finalidade da mensagem, etc.), estamos estudando
o discurso. Nos textos narrativos, o discurso representa a forma como as falas
das personagens são inseridas no texto. É possível identificar três tipos de
discursos utilizados nos textos orais e escritos: discurso direto, discurso indireto e
discurso indireto livre. E o que a prova gosta de cobrar? A prova gosta de
cobrar a transposição de um discurso para outro, geralmente, do discurso direto
para o discurso indireto.
Antes de estudarmos cada um deles, quero chamar a sua atenção para a
importância da nomenclatura ao estudarmos a língua portuguesa. Sempre que
você se deparar com uma classificação/nomenclatura, reflita sobre esse nome.
Geralmente, ele vai te dar pistas do que ele de fato significa.
Às pessoas do discurso:
Os pronomes este, esta, estes, estas, isto se transformam em: aquele, aquela,
aqueles, aquelas, aquilo.
Rubião fitava a enseada, – eram oito horas da manhã. Quem o visse, com os polegares metidos
no cordão do chambre, à janela de uma grande casa de Botafogo, cuidaria que ele admirava
aquele pedaço de água quieta; mas, em verdade, vos digo que pensava em outra coisa.
Cotejava o passado com o presente. Que era, há um ano? Professor. Que é agora? Capitalista.
Olha para si, para as chinelas (umas chinelas de Túnis, que lhe deu recente amigo, Cristiano
Palha), para a casa, para o jardim, para a enseada, para os morros e para o céu; e tudo, desde
as chinelas até o céu, tudo entra na mesma sensação de propriedade.
– Vejam como Deus escreve direito por linhas tortas, pensa ele. Se mana Piedade tem casado
com Quincas Borba, apenas me daria uma esperança colateral. Não casou; ambos morreram, e
aqui está tudo comigo; de modo que o que parecia uma desgraça...
Que abismo que há entre o espírito e o coração! O espírito do ex-professor, vexado daquele
pensamento, arrepiou caminho, buscou outro assunto, uma canoa que ia passando; o coração,
porém, deixou-se estar a bater de alegria. Que lhe importa a canoa nem o canoeiro, que os
olhos de Rubião acompanham, arregalados? Ele, coração, vai dizendo que, uma vez que a mana
Piedade tinha de morrer, foi bom que não casasse; podia vir um filho ou uma filha... – Bonita
canoa! – Antes assim! – Como obedece bem aos remos do homem! – O certo é que eles estão no
Céu!
Um criado trouxe o café. Rubião pegou na xícara e, enquanto lhe deitava açúcar, ia
disfarçadamente mirando a bandeja, que era de prata lavrada. Prata, ouro, eram os metais que
amava de coração; não gostava de bronze, mas o amigo Palha disse-lhe que era matéria de
preço, e assim se explica este par de figuras que aqui está na sala, um Mefistófeles e um Fausto.
Tivesse, porém, de escolher, escolheria a bandeja, – primor de argentaria, execução fina e
acabada.
(Machado de Assis. Quincas Borba. São Paulo: Companhia das Letras, 2012)
a) – Vejam como Deus escreve direito por linhas tortas, pensa ele. (2º parágrafo)
b) Rubião fitava a enseada, – eram oito horas da manhã. (1º parágrafo)
c) Cotejava o passado com o presente. Que era, há um ano? Professor. Que é agora?
Capitalista. (1º parágrafo)
d) Se mana Piedade tem casado com Quincas Borba, apenas me daria uma esperança
colateral. (2º parágrafo)
e) – Bonita canoa! – Antes assim! – Como obedece bem aos remos do homem! – O certo é que
eles estão no Céu! (3º parágrafo)
a) ficaria admirado de mim, morando nesta cidade, conseguindo escrever sem reclamar.
b) me admirava por eu morar nesta cidade escrevendo sem lhe reclamar.
c) admiro muito que você more nesta cidade e consiga escrever sem reclamar.
d) eu era de admirar, uma vez que morando nesta cidade, como é que alguém fica sem
reclamar?
e) se admirava pelo modo como eu, morando nesta cidade, conseguia escrever sem reclamar.
3. FCC - 2022 - TRT - 17ª Região (ES) - Técnico Judiciário - Área Apoio Especializado
Especialidade - Tecnologia da Informação
Atenção: Leia a fábula “O cão adormecido e o lobo”, de Esopo, para responder à questão.
Um cão dormia diante de um estábulo quando um lobo o avistou e, depois de agarrá-lo, estava
para comê-lo, mas ele começou a implorar ao lobo que não o sacrificasse naquele momento.
“Agora”, disse ele, “estou magro e mirrado. Mas meus donos estão para realizar uma festa de
casamento e, se você me deixar livre agora, no futuro estarei mais gordo para você me devorar.”
O lobo se convenceu e o soltou. Alguns dias depois ele voltou e encontrou o cão dormindo no
alto da casa. Então ele parou e falou para o cão descer, lembrando-o do compromisso. O cão
respondeu: “Mas se você, lobo, me vir dormindo de novo diante do estábulo, não mais aguarde
casamento!”
ele [cão] começou a implorar ao lobo que não o sacrificasse naquele momento.
Ao se transpor o trecho acima para o discurso direto, o verbo sublinhado assume a seguinte
forma:
a) sacrifica
b) sacrificava
c) sacrificaria
d) sacrifique
e) sacrificou
A frase Eu me lembro de sacos de dinheiro na boca do caixa, está corretamente transposta para
o discurso indireto em:
GABARITO: 1 - C/ 2 - E / 3 - D / 4 - A