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NEVER OFFLINE: SAIBA COMO O STRESS E A FADIGA ESTÃO A AFETÁ-LO

José Soares, professor catedrático de Fisiologia da Universidade do Porto, explica


no livro Reload como a vida profissional e pessoal são diretamente influenciadas
pelo stress, fadiga e inatividade física. E como melhorar a performance.

Texto de Alexandra Pedro | Fotografia iStock

Os ambientes das empresas podem ser sinónimo de longas horas de trabalho, pressão para
obter resultados e do chamado «never offline».

É nestes fatores que José Soares, professor catedrático de Fisiologia e autor do


livro Reload (ed. Porto Editora), se baseia para explicar o seu impacto tanto na vida
pessoal como profissional.

O stress e a fadiga são as consequências deste ambiente, sendo que a performance, tal
como explica, não melhora.

«Os atletas conhecem bem este estado. Apesar de aumentarem a intensidade e até a
duração dos treinos, a sua performance não melhora e acaba por se deteriorar. O mesmo
se passa nas organizações: mesmo aumentando as horas de trabalho e até adicionando
meios de maximização da produtividade, nomeadamente meios eletrónicos, a
performance fica inalterada ou acaba mesmo por sofrer decréscimos significativos», pode
ler-se no livro.

Através de um estudo realizado pela Corporate Wellness 360º, em 2015, o especialista


em melhoria de performance sintetiza alguns pontos que mostram como a vida
profissional pode afetar a sua saúde.
A CHAVE PARA UMA BOA PERFORMANCE DEPENDE «DE UM CONJUNTO DE

FATORES QUE PODEM SER RESUMIDOS» EM QUATRO «R»

Entre eles, indica:

 «52 por cento dos inquiridos aumentaram de peso após terem entrado para o
presente emprego»;
 «Cerca de metade dos 10 000 participantes afirmaram não ter tempo no dia a
dia para praticar exercício físico»;
 «7 em 10 participantes referem que se tornaram mais sedentários a partir do
momento em que foram admitidos»;
 «Cerca de 70 por cento afirmam que o comportamento ‘menos saudável’ no
emprego passa por estarem muito tempo sentados, fazerem refeições na
secretária ou mesmo não almoçarem»;
 «Cerca de 85 por cento deslocam-se para o emprego de carro», sendo que os
participantes que «caminham menos são que os apresentam os níveis
de stress mais elevados».

Assim, José Soares relaciona os níveis de stress e fadiga com a performance (ou, como
se diz no mundo corporativo, produtividade). Para o professor catedrático, a chave para
uma boa performance depende «de um conjunto de fatores que podem ser resumidos» em
quatro «R». São eles:

 Recover (saber recuperar),


 Refuel (repor as energias),
 Rethink (repensar)
 Reenergize (reenergizar).

EXISTEM DOIS TIPOS DE STRESS QUE DEVE TER EM ATENÇÃO: STRESS AGUDO

E STRESS CRÓNICO

«Tal como o atleta, também no mundo das empresas temos de aprender a valorizar a nossa
capacidade de recuperar, de repor as nossa energias e de repensar a forma como temos
trabalhado no nosso dia-a-dia».
Os dados alarmantes do stress

De acordo com o autor, o Instituto Americano do Stress (IAS) estima que 80 por cento
dos americanos tenham sinais e sintomas de stress, sendo que «esse facto contribui para
uma perda de produtividade acima dos 300 mil milhões de dólares».

Estatísticas de 2014 (ver em baixo) mostram que a pressão no trabalho e o dinheiro são
as razões que levam a este estado.

Fonte: American Psychological Association/American Institute of Stress (2014)

Na Europa, segundo a Agência para a Segurança e Saúde no Trabalho, os custos


do stress estão avaliados em 250 mil milhões de euros. Estes gastos estão essencialmente
relacionados com acidentes, diminuição da produtividade e despesas médicas, seguros e
indemnizações.

Existem dois tipos de stress a ter em conta, tal como se explica no livro Reload, «o stress
agudo é a resposta imediata a algo que perturba o nosso equilíbrio físico ou psíquico.
Quando esse agente de perturbação se prolonga no tempo é designado destress crónico».

O aumento do stress pode resultar em situações bastante complicadas, como risco


elevado de depressão, excesso de peso e obesidade, acidente cardiovascular, diminuição
da imunidade, alteração da função sexual e reprodutora, problema de memória e
disfunção do sono.
A solução? Quatro R

«No primeiro R, recover, irá aprender a recuperar entre tarefas e entre dias», indica o
livro, mostrando que o deve fazer com intervalos – em que deve recuperar a motivação e
concentração, mudar de posição, caminhar ou comer e hidratar-se.

É também importante dormir bem e ter um sono regular, bem como procurar momentos
de «descarga» física e psicológica. Este último pode ser feito através de caminhadas,
meditação, leitura ou convívio.

DEPOIS DO REFUEL, CHEGA O RETHINK, DIRETAMENTE RELACIONADO COM

A MOTIVAÇÃO E A FELICIDADE – DOIS FATORES QUE INFLUENCIAM A

PERFORMANCE DE VARIADAS FORMAS.

No segundo R, o refuel, o autor explica qual a melhor forma de se alimentar para ter uma
boa performance.

Neste capítulo, José Soares enumera os nutrientes mais importantes para o cérebro. São
eles: ómega-3, vitaminas do complexo B (carne, ovos, marisco, entre outros), vitamina D
(salmão, leite, iogurtes, etc.), selénio (frango, nozes, gema de ovo e milho) e, finalmente,
alimentos ricos em triptofano, como o atum, a sardinha, nozes ou soja.

Depois da alimentação, chega o rethink, diretamente relacionado com a motivação e a


felicidade – dois fatores que influenciam a performance de variadas formas.

Por fim, o quarto r – reenergize – «refere-se à necessidade de sabermos como reenergizar


o corpo e a mente para conseguirmos atingir níveis elevados de capacidade funcional,
seja ela mais acentuada na componente física, seja na componente mental ou cognitiva».

https://life.dn.pt/never-offline-saiba-como-o-stress-e-a-fadiga-afetam/

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