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17/03/2022

Conceitos epidemiológicos de doença

Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa

Licenciatura em Higiene Oral


Mestrado Integrado em Medicina Dentária

Sónia Mendes

Sumário

◼ Conceitos epidemiológicos:
 Tríade da doença

 História Natural da Doença

 Revisão dos níveis de prevenção e


relação com a expressão da doença:
clínica e subclínica
 Outros conceitos e linguagem
epidemiológica
 Vigilância epidemiológica

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Tríade da doença
Susceptibilidade:
• genética
Hospedeiro
• estado nutricional
• estado imunológico

Vector

Agente Ambiente
Biológicos Temperatura
Químicos Humidade
Físicos Água
Nutricionais Alimentos
Poluição

História natural da doença

◼ A evolução, ao longo do tempo, de


uma doença não afectada pelo
tratamento.

◼ O seu conhecimento ajuda à


prevenção da doença.

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História natural da doença


Susceptibilidade

Doença assintomática

Doença clínica

Convalescença Morte

Incapacidade

Susceptibilidade

◼ A doença ainda não se desenvolveu


(indivíduo saudável)
◼ Existem factores que favorecem a sua
ocorrência (factores de risco).

Fadiga e alcoolismo favorecem a ocorrência de pneumonia

Hipercolesterolémia aumenta a probabilidade de cardiopatia isquémica

Acumulação de placa bacteriana pode levar ao desenvolvimento de cárie dentária

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Susceptibilidade
◼ Factor de risco: pode ser imutável ou susceptível
de sofrer modificações.

◼ Imutáveis: sexo, idade, raça, história familiar.


Directamente relacionados com a genética de um
indivíduo.

◼ Susceptíveis de modificação: relativos a


comportamentos (tabagismo, má higiene oral,
alcoolismo, alimentação).

Susceptibilidade

Presença do Desenvolvimento
factor de risco da doença

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Doença assintomática

◼ Não há doença manifesta


◼ Mas já ocorrem alterações patogénicas
◼ Sem sinais e sintomas clínicos, mas com
alterações laboratoriais (ex: análises ou
cultura positivas)
◼ Exemplos:
 Alterações pré-cancerígenas
 Arterioesclerose coronária sem manifestações

Doença clínica
◼ Já existem suficientes alterações orgânicas
para produzirem sinais e sintomas evidentes da
doença.

◼ Sinais: todas as características da doença que


se podem observar (ver ou palpar).
Exemplo: mancha ou nódulo

◼ Sintomas: o que o paciente sente e descreve.


Mais subjectivo.
Exemplo: dor

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Incapacidade

◼ Quando uma doença não se cura na


totalidade e deixa um “efeito residual”.

◼ Limitação de uma actividade.

◼ Pode ser limitada no tempo (de curta ou


longa duração) ou pode ser permanente.

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Níveis de prevenção

◼ Prevenção primária

◼ Prevenção secundária

◼ Prevenção terciária

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Prevenção primária
◼ Aplicada na alteração da susceptibilidade.

◼ Tem como objectivo a remoção, ou pelo menos a


redução dos factores de risco.

◼ Exemplos:
 Vacinação - imunização para prevenir a infecção pelo
vírus da Hepatite B e as suas complicações.
 Deixar ou não iniciar fumar para reduzir a incidência de
carcinoma do pulmão.
 Escovagem dos dentes para a remoção da placa
bacteriana e consequentemente diminuição da
prevalência de cárie.

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Prevenção secundária
◼ A aplicação das suas técnicas visa promover a
detecção precoce de doenças, ou os seus
estadios percursores.

◼ Estadios pré-clínicos e clínicos da doença.

◼ Exemplos:
 Esfregaço cervico-vaginal, Papanicolau, como rastreio
para detectar a precoce invasão do carcinoma do colo
uterino;
 Rastreio de cárie dentária.

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Prevenção terciária

◼ A aplicação das suas medidas é no sentido de limitar o


impacto de uma doença já estabelecida.

◼ Estadio de doença avançada ou mesmo incapacidade e


consequente reabilitação.

◼ Exemplos:
 Mastectomia parcial;
 Radioterapia para remover ou controlar um carcinoma da
mama;
 Restauração dentária.

A Prevenção Primária é a mais efectiva e económica de


todos os tipos de métodos de controlo das doenças.

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História natural da doença


e níveis de prevenção
Exposição Início dos
sintomas

Período de incubação

Estadios Susceptibilidade Doença Doença clínica


da doença assintomática
Convalescença
Incapacidade
Morte

Níveis Primária Secundária Terciária


de prevenção

Objectivos Reduzir a frequência Reduzir a duração Reduzir complicações


da doença e gravidade e incapacidade

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O diagnóstico da doença

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Gravidade da doença
Resposta celular Resposta do hospedeiro
Lise celular Morte
Efeito visível

Doença clínica

Doença grave
Disfunção celular
ou Doença moderada
transformação celular
Doença ligeira
Sem sinais visíveis

Doença subclínica

Multiplicação Infecção sem


microbiológica doença clínica

Exposição
sem adesão Exposição
ou entrada sem infecção
na células

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Gravidade da doença

Infecção inaparente frequente (ex: tuberculose)


Fatal

Grave e não fatal


Doença com expressão clínica frequente (ex: rubéola)

Moderada

Ligeira Infecção frequentemente fatal (ex: raiva)

Inaparente

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Medição da doença

◼ Razão (divisão)
◼ Proporção (razão na qual o numerador
está incluído no denominador, expresso
em potencias de 10)
◼ Taxa é uma forma especial de proporção
que inclui a componente tempo

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Medição da gravidade
◼ Taxa de letalidade

Nº de mortes por determinada doença

Nº de casos clínicos dessa doença

◼ Taxa de mortalidade

Nº de mortes por determinada doença

População em risco de adquirir a doença

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Medição da gravidade
◼ Doença grave

 Taxa de letalidade elevada

 Grande proporção de indivíduos com sequelas

 É o impacto causado na saúde pública

 Por exemplo a raiva é pouco incidente mas


muito grave

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Conceitos epidemiológicos
◼ Infecção
 Multiplicação do organismo nos tecidos do hospedeiro, que leva
a manifestações subclínicas ou clínicas de doença

◼ Doença
 Conjunto de manifestações clínicas provocadas pela infecção

◼ Infecção inaparente
 Resposta imunitária à infecção.
 Não provoca manifestações clínicas.

◼ Expressão da infecção
 Clínica ou Subclínica

◼ Portador
 O indivíduo transporta o agente da doença, mas não está
infectado. No entanto pode infectar outros indivíduos.

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Conceitos epidemiológicos
◼ Colonização
 Multiplicação do organismo no hospedeiro, sem manifestações clínicas

◼ Contaminação
 Microorganismo presente num objecto inanimado

◼ Virulência
 Gravidade da doença

◼ Dose
 Nº de microorganismos prontos a causar infecção

◼ Reservatório
 Local onde o microorganismo vive e se multiplica.
 Pode ser um organismo vivo ou inerte

◼ Fonte
 Local (origem) de onde o agente infeccioso passa para o hospedeiro
 Pode ser um indivíduo

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Conceitos epidemiológicos

◼ Transmissão
 Passagem do microorganismo da fonte para o hospedeiro

◼ Vector
 Ser vivo animado que se encontra na cadeia
epidemiológica de transmissão da doença.

◼ Veículo
 Ser inanimado
 Activo se houver multiplicação no veículo
 Inactivo se não houver multiplicação no veículo

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Modo de transmissão da doença

◼ Directa
 Transferência imediata do agente de um hospedeiro ou
reservatório infectado para uma porta de entrada
apropriada
 Contacto com pele, doenças sexualmente transmissíveis
ou gotículas (curta distância)
 Ex: gripe

◼ Indirecta
 Através de um veículo (ex: água ou ar contaminado) ou
vector (ex: mosquito) ou a atmosfera (poeiras e grupos
de gotículas)

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Período de incubação

◼ Intervalo de tempo entre a infecção do


hospedeiro e a manifestação da
doença.

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Imunidade de grupo
◼ Resistência de um grupo à invasão e
disseminação de um agente infeccioso,
baseada na imunidade de uma elevada
proporção dos membros individuais do
grupo.

◼ Importante na propagação de epidemias.

◼ Não é necessário chegar aos 100% para


parar uma epidemia.

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Epidemia
◼ Ocorrência de uma doença numa determinada
comunidade ou região em que se verifica
nitidamente em excesso do que seria esperado.

◼ A base é a experiência anterior dessa região ou


comunidade.

◼ Resulta da introdução de um novo agente na


população ou da introdução de um grande número
de indivíduos susceptíveis numa comunidade
fechada.

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Endemia
◼ Presença constante de uma doença ou
agente infeccioso numa determinada área
geográfica.

◼ É uma doença instalada cuja ocorrência


não varia muito com o tempo.

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Pandemia

◼ É uma epidemia que afecta todo o


mundo.

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Exercício

• Exercício a três.

• 1 minuto para dar dois exemplos de:

a) Uma doença endémica


b) Uma doença epidémica
c) Uma doença pandémica

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Vigilância Epidemiológica
◼ Existem processos e métodos utilizados para o controlo da
saúde e da doença das populações. Um dos mais importantes
é a vigilância epidemiológica.

◼ Processo que envolve a recolha contínua e sistemática, a


compilação e análise de dados de saúde, assim como a
disseminação atempada desta informação, de modo a que
ela chegue a quem dela necessita e, deste modo, possam ser
tomadas as acções necessárias.

◼ Elemento essencial à prática da Saúde Pública

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Dados da vigilância epidemiológica


◼ Relacionados com a doença ou com factores que a
influenciam:

Dados de mortalidade e morbilidade


◼ Certidões de óbito
◼ Registos hospitalares
◼ Sistemas de médicos sentinela
◼ Notificações obrigatórias

Diagnósticos laboratoriais

Relatórios de surtos epidémicos

Utilização e aceitação de vacinas

Susceptibilidade à doença
◼ Testes serológicos ou cutâneos

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Objectivos da vigilância epidemiológica

◼ Deteção imediata de:


 Epidemias
 Novos padrões de problemas de saúde
 Mudanças nas práticas de saúde
 Alterações na resistência a antibióticos

◼ Disseminação anual da informação tendo em vista:


 Estimar a magnitude do problema, incluindo custos
 Avaliar as atividades de controlo
 Definir prioridades de investigação e testar hipóteses
 Facilitar o planeamento
 Monitorizar fatores de risco
 Monitorizar mudanças nas práticas de saúde
 Documentar a distribuição e disseminação das doenças

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