Impetrante: ADVOGADO MARCO VINICIO RIBEIRO GOMES Paciente: JHONYS BATISTA DE MORAES Autoridade Coatora: JUÍZO DE DIREITO DA VARA DE FAMÍLIA INFÂNCIA E JUVENTUDE DA COMARCA DE RIO DAS OSTRAS
HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO DE
ALIMENTOS. ORDEM DE PRISÃO DECRETADA. ACORDO HOMOLOGADO. EXPEDIÇÃO DO ALVARÁ DE SOLTURA. Hipótese em que o decreto de prisão foi revogado, na origem, ante a realização de acordo. Alvará de soltura expedido. Perda do objeto. Falta de interesse processual superveniente. Extinção do feito. Inteligência do artigo 485, VI, CPC, porquanto manifestamente prejudicado, nos termos da decisão unipessoal da Desembargadora Relatora
DECISÃO MONOCRÁTICA
Cuida-se de habeas corpus impetrado pelo
Advogado Marco Vinicio Ribeiro Gomes em favor de Jhonys Batista De Moraes em face da decisão que decretou sua prisão civil nos seguintes termos:
“Pelo que se vê dos autos, o devedor teve ampla
oportunidade de pagar o débito, comprovar que o fez ou justificar a impossibilidade de fazê-lo, mas quedou-se inerte.
Nos termos do art. 528, §7º, do CPC, "o débito alimentar
que autoriza a prisão civil do alimentante é o que
compreende até as 03 (três) prestações anteriores ao
ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo", em consonância, inclusive, com o teor do verbete Sumular n.º309 do Superior Tribunal de Justiça.
Não é demasiado lembrar, ainda, que o eventual
pagamento parcial da dívida também não constitui óbice à segregação.
A obrigação alimentar descrita na inicial decorre da própria
relação de parentesco existente entre exequente e executado, não podendo este se beneficiar do próprio relapso. Os débitos alimentares não perdem, por força do inadimplemento da obrigação de prestar alimentos, o caráter alimentar. A dívida continua sendo de alimentos.
Mostra-se, portanto, cabível a adoção da medida
coercitiva estabelecida no dispositivo do ordenamento processual supramencionado, razão pela qual DECRETO A PRISÃO CIVIL de JHONYS BATISTA DE MORAES pelo prazo de 90 (noventa) dias, por inadimplemento das prestações vencidas.
Expeça-se mandado de prisão, que deverá ser cumprido
através de Oficial de Justiça.
Sem prejuízo, encaminhe-se cópia do mandado de prisão
para a Delegacia de Polícia deste Município e para o 32º BPM,, bem como cumpra-se integralmente o art. 280 da CNCGJ.
Determino, ainda, seja o pronunciamento judicial
protestado, na forma do art. 528, §1º, do CPC,observando- se o disposto no art. 517, do mesmo diploma legal.
Intime-se. Ciência ao Ministério Público..”
O impetrante afirma que deixou de cumprir com
sua obrigação de alimentar seu filho tendo em vista a grande crise
econômica que aconteceu diante da pandemia, perdendo todas as
suas economias, fechando seu comércio como também ficou endividado, mas como uma pessoa que sempre lutou e trabalhou vem buscando recursos na condição de motorista de Uber, como também vem tentando de várias maneiras negociar tal débito alimentar e suas propostas vem sido recusadas pela exequente. Sustenta que o paciente nunca teve intenção de não adimplir com o dever da pensão alimentícia, contudo alega que não lhe foi concedido tempo suficiente para comprovar que sua condição financeira não é a mesma de quando foi feito o acordo do valor do pagamento.
Requer que seja concedida liminarmente a prisão
domiciliar do paciente JHONYS BATISTA DE MORAES, com a expedição das medidas de praxe tendo em vista que o mesmo possui endereço certo, é primário, visto que se mantida a prisão os danos sobre o mesmo serão irreparáveis. Sendo concedida a liminar pretendida por questão de justiça, requer seja a mesma mantida ao final do julgamento à prisão domiciliar.
Decisão de indeferimento de liminar - index 00009.
Informações prestadas pelo juízo a quo - index
000018 Manifestação do impetrante noticiando que as partes entraram em acordo e que o paciente se encontra em liberdade, requerendo assim a baixa e arquivamento do presente feito- index 000024
prestadas pelo impetrante, o decreto de prisão que originou o presente Habeas Corpus foi revogado, em vista da homologação do acordo sobre o débito alimentar nos autos da execução.
Acrescente-se que, em consulta ao sítio eletrônico
deste E. Tribunal de Justiça, verifica-se a expedição de alvará de soltura, com data de 29/09/2022.
Como consectário lógico do exposto, houve a
perda superveniente do interesse de agir no presente Habeas Corpus, razão pela qual deve o feito ser extinto.
Assim, impõe-se a extinção do presente feito sem
análise do mérito, por não haver mais violação ou ameaça de violação ao direito de ir, vir ou permanecer.
Neste sentido:
HABEAS CORPUS. PRISÃO DECRETADA EM VIRTUDE
DO SUPOSTO INADIMPLEMENTO DAS PRESTAÇÕES MENSAIS RELATIVAS À PENSÃO ALIMENTÍCIA. JUÍZO DE PISO QUE HOMOLOGOU ACORDO ENTRE AS PARTES E DETERMINOU A EXPEDIÇÃO DE ALVARÁ DE SOLTURA, POSTERIOR RECONSIDERAÇÃO DA
PERDA DO OBJETO DESTA DEMANDA CONSTITUCIONAL. EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. A reconsideração da ordem de prisão pelo juízo processante, informada nestes autos, enseja a superveniente perda do objeto deste habeas corpus. Sendo assim, impõe-se a extinção do processo sem resolução de mérito, na forma do artigo 485, VI, do NCPC.(0053243- 82.2022.8.19.0000 - HABEAS CORPUS. Des(a). CLEBER GHELFENSTEIN - Julgamento: 06/10/2022 - DÉCIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL)
HABEAS CORPUS. DÍVIDA DE ALIMENTOS. ACORDO
CELEBRADO ENTRE AS PARTES E HOMOLOGADO NO JUÍZO ORIGINÁRIO, SENDO DETERMINADO O RECOLHIMENTO DO MANDADO DE PRISÃO. PERDA SUPERVENIENTE DO OBJETO. EXTINÇÃO DO HABEAS CORPUS SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. (0042293-14.2022.8.19.0000 - HABEAS CORPUS. Des(a). MARIA DA GLORIA OLIVEIRA BANDEIRA DE MELLO - Julgamento: 18/08/2022 - VIGÉSIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL)
Ante o exposto, julgo extinto o processo por perda
superveniente do objeto, com fulcro no art. 485, VI, do CPC.