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Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro


GAB. DES. LEILA SANTOS LOPES
VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL

Habeas Corpus n.º 0072575-35.2022.8.19.0000


Impetrante: ADVOGADO MARCO VINICIO RIBEIRO GOMES
Paciente: JHONYS BATISTA DE MORAES
Autoridade Coatora: JUÍZO DE DIREITO DA VARA DE FAMÍLIA INFÂNCIA E
JUVENTUDE DA COMARCA DE RIO DAS OSTRAS

HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO DE


ALIMENTOS. ORDEM DE PRISÃO
DECRETADA. ACORDO HOMOLOGADO.
EXPEDIÇÃO DO ALVARÁ DE SOLTURA.
Hipótese em que o decreto de prisão foi revogado,
na origem, ante a realização de acordo. Alvará de
soltura expedido. Perda do objeto. Falta de
interesse processual superveniente. Extinção do
feito. Inteligência do artigo 485, VI, CPC,
porquanto manifestamente prejudicado, nos
termos da decisão unipessoal da
Desembargadora Relatora

DECISÃO MONOCRÁTICA

Cuida-se de habeas corpus impetrado pelo


Advogado Marco Vinicio Ribeiro Gomes em favor de Jhonys Batista
De Moraes em face da decisão que decretou sua prisão civil nos
seguintes termos:

“Pelo que se vê dos autos, o devedor teve ampla


oportunidade de pagar o débito, comprovar que o fez ou
justificar a impossibilidade de fazê-lo, mas quedou-se
inerte.

Nos termos do art. 528, §7º, do CPC, "o débito alimentar


que autoriza a prisão civil do alimentante é o que

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Assinado em 10/10/2022 18:59:34


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compreende até as 03 (três) prestações anteriores ao


ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso
do processo", em consonância, inclusive, com o teor do
verbete Sumular n.º309 do Superior Tribunal de Justiça.

Não é demasiado lembrar, ainda, que o eventual


pagamento parcial da dívida também não constitui
óbice à segregação.

A obrigação alimentar descrita na inicial decorre da própria


relação de parentesco existente entre exequente e
executado, não podendo este se beneficiar do
próprio relapso. Os débitos alimentares não perdem,
por força do inadimplemento da obrigação de prestar
alimentos, o caráter alimentar. A dívida continua sendo de
alimentos.

Mostra-se, portanto, cabível a adoção da medida


coercitiva estabelecida no dispositivo do ordenamento
processual supramencionado, razão pela qual
DECRETO A PRISÃO CIVIL de JHONYS BATISTA DE
MORAES pelo prazo de 90 (noventa) dias, por
inadimplemento das prestações vencidas.

Expeça-se mandado de prisão, que deverá ser cumprido


através de Oficial de Justiça.

Sem prejuízo, encaminhe-se cópia do mandado de prisão


para a Delegacia de Polícia deste Município e para o 32º
BPM,, bem como cumpra-se integralmente o art. 280 da
CNCGJ.

Determino, ainda, seja o pronunciamento judicial


protestado, na forma do art. 528, §1º, do CPC,observando-
se o disposto no art. 517, do mesmo diploma legal.

Intime-se. Ciência ao Ministério Público..”

O impetrante afirma que deixou de cumprir com


sua obrigação de alimentar seu filho tendo em vista a grande crise

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econômica que aconteceu diante da pandemia, perdendo todas as


suas economias, fechando seu comércio como também ficou
endividado, mas como uma pessoa que sempre lutou e trabalhou
vem buscando recursos na condição de motorista de Uber, como
também vem tentando de várias maneiras negociar tal débito
alimentar e suas propostas vem sido recusadas pela exequente.
Sustenta que o paciente nunca teve intenção de não adimplir com o
dever da pensão alimentícia, contudo alega que não lhe foi concedido
tempo suficiente para comprovar que sua condição financeira não é
a mesma de quando foi feito o acordo do valor do pagamento.

Requer que seja concedida liminarmente a prisão


domiciliar do paciente JHONYS BATISTA DE MORAES, com a
expedição das medidas de praxe tendo em vista que o mesmo possui
endereço certo, é primário, visto que se mantida a prisão os danos
sobre o mesmo serão irreparáveis. Sendo concedida a liminar
pretendida por questão de justiça, requer seja a mesma mantida ao
final do julgamento à prisão domiciliar.

Decisão de indeferimento de liminar - index 00009.

Informações prestadas pelo juízo a quo - index


000018
Manifestação do impetrante noticiando que as
partes entraram em acordo e que o paciente se encontra em
liberdade, requerendo assim a baixa e arquivamento do presente
feito- index 000024

Parecer do Ministério Público- index 000027

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É o relatório. Decido.

O recurso é tempestivo, estando presentes os


demais requisitos de admissibilidade.

Na presente hipótese, consoante as informações


prestadas pelo impetrante, o decreto de prisão que originou o
presente Habeas Corpus foi revogado, em vista da homologação do
acordo sobre o débito alimentar nos autos da execução.

Acrescente-se que, em consulta ao sítio eletrônico


deste E. Tribunal de Justiça, verifica-se a expedição de alvará de
soltura, com data de 29/09/2022.

Como consectário lógico do exposto, houve a


perda superveniente do interesse de agir no presente Habeas
Corpus, razão pela qual deve o feito ser extinto.

Assim, impõe-se a extinção do presente feito sem


análise do mérito, por não haver mais violação ou ameaça de
violação ao direito de ir, vir ou permanecer.

Neste sentido:

HABEAS CORPUS. PRISÃO DECRETADA EM VIRTUDE


DO SUPOSTO INADIMPLEMENTO DAS PRESTAÇÕES
MENSAIS RELATIVAS À PENSÃO ALIMENTÍCIA. JUÍZO
DE PISO QUE HOMOLOGOU ACORDO ENTRE AS
PARTES E DETERMINOU A EXPEDIÇÃO DE ALVARÁ DE
SOLTURA, POSTERIOR RECONSIDERAÇÃO DA

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ORDEM PELO JUÍZO PROCESSANTE QUE ENSEJA A


PERDA DO OBJETO DESTA DEMANDA
CONSTITUCIONAL. EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO DE
MÉRITO. A reconsideração da ordem de prisão pelo juízo
processante, informada nestes autos, enseja a
superveniente perda do objeto deste habeas corpus. Sendo
assim, impõe-se a extinção do processo sem resolução de
mérito, na forma do artigo 485, VI, do NCPC.(0053243-
82.2022.8.19.0000 - HABEAS CORPUS. Des(a). CLEBER
GHELFENSTEIN - Julgamento: 06/10/2022 - DÉCIMA
QUARTA CÂMARA CÍVEL)

HABEAS CORPUS. DÍVIDA DE ALIMENTOS. ACORDO


CELEBRADO ENTRE AS PARTES E HOMOLOGADO NO
JUÍZO ORIGINÁRIO, SENDO DETERMINADO O
RECOLHIMENTO DO MANDADO DE PRISÃO. PERDA
SUPERVENIENTE DO OBJETO. EXTINÇÃO DO
HABEAS CORPUS SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO.
(0042293-14.2022.8.19.0000 - HABEAS CORPUS. Des(a).
MARIA DA GLORIA OLIVEIRA BANDEIRA DE MELLO -
Julgamento: 18/08/2022 - VIGÉSIMA SEGUNDA CÂMARA
CÍVEL)

Ante o exposto, julgo extinto o processo por perda


superveniente do objeto, com fulcro no art. 485, VI, do CPC.

Rio de Janeiro, 10 de outubro de 2022.

Desembargadora LEILA SANTOS LOPES.


Relatora

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