Você está na página 1de 20

Universidade Federal de Roraima - UFRR

Projeto de Extensão Universitária


Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1

Unidade 7:

Sanção e coação.
Prof. Mestre Mauro Campello*

1. Introdução:

Estudamos na Unidade 5 que a Moral se distingue do Direito por vários


elementos, sendo um deles a coercibilidade, entendida como sendo a possibilidade lógica
de interferência da força no cumprimento de uma regra de direito, segundo REALE (2002).

Vimos também que a Moral é incompatível com a força, especialmente no que


se refere à força organizada, que é própria do Direito, e concluímos que o ato moral exige
espontaneidade por parte do agente, sendo, portanto, inconciliável com a coação.

Coação é um termo técnico empregado pelos juristas, que comporta duas


acepções bastante diferentes e que precisam ser bem entendidas. Esclarece REALE (2002),
que “em um primeiro sentido, coação significa apenas a violência física ou psíquica, que
pode ser feita contra uma pessoa ou um grupo de pessoas.”

O mestre ressalta que a violência não é uma figura jurídica, entretanto, quando
se contrapõe ao Direito, torna os atos jurídicos anuláveis. Nesse sentido, podemos afirmar
que o termo coação seria sinônimo de violência praticada contra alguém.

O Código Civil brasileiro de 20021, em seu art. 1042, discrimina os elementos


necessários a licitude do ato, tais como a existência de agente capaz, de objeto lícito, de
forma prescrita ou não defesa em lei. Entretanto, nem todos os atos são lícitos juridicamente,

1 - Lei nº 10.406/2002.
2- Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou
determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei.
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1

tema que será estudado com maior profundidade em Teoria Geral do Direito Civil (Direito
Civil 1).

Vejamos o que nos interessa no quadro abaixo:

Elementos do Negócio jurídico

Existência Validade Anulabilidade/efeitos

Vontade Livre Nulidade relativa


Art. 171, II CC
Agente Capaz Nulidade absoluta
Art. 166, I CC
Nulidade relativa
Art. 171, I CC
Objeto Lícito, possível, Nulidade absoluta
determinado ou
Art. 166, II CC
determinável
Forma Prescrita ou não Nulidade absoluta
defesa em lei
Art. 166, IV CC

Em alguns casos, existe o agente capaz, porém ele está sendo influenciado
por elementos extrínsecos que deturpam a autenticidade de sua maneira de decidir (juízo
de valor). O agende decide, mas sendo vítima de erro (falso saber), de ignorância (não
saber), de fraude (ardil), ou então, sob a irresistível pressão de determinadas circunstâncias
(coação).

Leciona REALE (2002), que:

[...] entre os casos de anulabilidade dos atos jurídicos, está a


eventualidade de violência ou de coação. O ato jurídico,
praticado sob coação, é anulável; tem existência jurídica, mas
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1

de natureza provisória, até que o ofendido prove que agiu


compelido, sob ameaça física ou psíquica.”

Por isso, a doutrina civilista reconhece que a coação é um dos vícios possíveis
dos atos jurídicos. Segundo autores filiados à civilística francesa, os atos jurídicos se
distinguem em atos inexistentes, nulos de pleno direito e anuláveis 3.

Os atos inexistentes são aqueles que não chegam a se completar, ou a se


aperfeiçoar, nem mesmo do ponto de vista formal ou extrínseco. Já os atos nulos4 de pleno
direito revestem-se de todos os requisitos formais, mas padecem de um vício substancial
irreparável, que não só os impede de produzir efeitos válidos como também de ser
convalidados por atos posteriores.

REALE (2002) traz em sua obra posição doutrinária contrária a essa distinção
tripartida, fundada em “[...] que os atos nulos de pleno direito são inexistentes perante o
Direito, e que de nada aproveita à técnica jurídica o acréscimo de uma categoria, só
concebível fora do âmbito normativo.”

Segundo o mestre, para o estudo que estamos realizando sobre “sanção e


coação”, nos interessa apenas a noção básica que existem nulidades de natureza absoluta
e outras de natureza relativa e que “[...] as absolutas inquinam o ato desde o seu
aparecimento e não produzem efeito válido, enquanto o anulável produz efeito até e
enquanto não declarada a nulidade.”

Entre os atos anuláveis, estão aqueles que tiveram origem em virtude da


violência ou de coação. A coação pode ser de ordem física, desde a ameaça de agressão
caracterizada até o emprego de todas as formas de sofrimento ou tortura infligidas à vítima,
ou a pessoa de sua estima.

3- Outros civilistas, filiados à civilística italiana, não admitem distinção entre atos jurídicos inexistentes e nulos
de pleno direito.
4 - Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; II - for ilícito,
impossível ou indeterminável o seu objeto; III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei; V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial
para a sua validade; VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou
proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. (CC)
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1

A violência pode ser também de ordem psicológica. O Código Civil em seu art.
1515 e ss, estabelece que a coação, para que se considere viciada a vontade, há de ser tal
que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua
família ou aos seus bens.

A segunda acepção da palavra coação está ligada a ideia da força organizada


em defesa do cumprimento do Direito, que implica uma organização de poder, a fim de que
sejam cumpridos os seus preceitos. REALE (2002) leciona que “[...] as normas jurídicas
visam a preservar o que há de essencial na convivência humana, elas não podem ficar à
mercê da simples boa vontade, da adesão espontânea dos obrigados.”

Logo, coação significa duas coisas: corresponde à violência, à força que,


interferindo, vicia o ato jurídico ou o próprio Direito enquanto se arma da força para garantir
o seu cumprimento. Vale nessa oportunidade transcrever a conclusão de REALE (2002): “a
astúcia do Direito consiste em valer-se do veneno da força para impedir que ela triunfe...”

2. Conceito de sanção:

Vimos em unidades anteriores que as regras religiosas, morais, jurídicas ou


de trato social são emanadas ou mesmo formuladas da ou pela sociedade, para serem
cumpridas. Portanto, “[...] não existe regra que não implique certa obediência, certo
respeito”, ensina REALE (2002).

Ora, se as regras éticas existem para serem executadas, é lógico que a


obediência e o cumprimento são essência da regra. Torna-se, então, natural que todas elas
se garantam, para que não fiquem no papel, como simples expectativas ou promessas, nos
dizeres de REALE (2002).

As formas de garantia do cumprimento das regras denominam-se sanções.


Assim, sanção é “[...] todo e qualquer processo de garantia daquilo que se determina em
uma regra”, segundo REALE (2002).

5- Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor
de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. (CC)
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1

E como podem ser as sanções? REALE (2002) responde que “apresentam-


se tantas formas de garantia quantas são as espécies dos distintos preceitos.”

2.1. Sanção moral:

Vejamos as regras morais. Já sabemos que as cumprimos por motivação


espontânea (revisitar a Unidade 5), entretanto, quando as deixamos de cumprir, essa
desobediência acarreta determinadas consequências, que valem como sanção.

Mas quais seriam as sanções específicas da ordem moral?

Segundo REALE (2002), o homem bem formado, que venha a faltar com
uma regra ética, encontra em si mesmo uma censura, uma força psíquica que o coloca
numa situação de réu diante de si próprio.

Trata-se do exame de consciência, uma forma imediata de sanção dos


preceitos morais. A chamada sanção de foro íntimo. O homem bem formado ao faltar com
um ensinamento ético, encontra em seu interior uma censura, uma força psíquica que,
segundo REALE (2022), “[...] o coloca na situação de réu diante de si próprio.” Então, em
primeiro lugar, temos o remorso, o arrependimento, o amargo exame de consciência.

Também existe uma sanção externa ou extrínseca que se reflete na


sociedade, seja pelo mérito ou demérito que o indivíduo alcança, em razão ou em função
dos atos praticados. Trata-se do denominamos de sanção de natureza social.

Lembre-se que não vivemos apenas voltados para nós mesmos, mas
também em função do meio, da sociedade em que agimos. REALE (2002) sobre esse tema
compara o homem a Jano bifronte6, com uma face voltada para si próprio e outra que se
espalha no meio social. Diz o referido autor que “o homem não é uma coisa posta entre

6 - Na mitologia romana, Janus (ou Jano) é a divindade bifronte que mantém uma de suas faces sempre
voltada para frente, o porvir, e a outra, para trás, em apreciação ao que já se passou. É o deus da
transformação e o mediador das preces humanas aos demais deuses.
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1

outras coisas, mas uma força que se integra em um sistema de forças, sem se desprender
do todo.”

A sanção na Moral está sujeita a essa dimensão individual-social do


homem. Ela opera tanto no plano interno do homem, em sua consciência, quanto no plano
da chamada consciência coletiva.

Existe uma reação por parte da sociedade, quando o homem age de


modo contrário, ao que Miguel Reale denominou de tábua de valores vigentes. Trata-se do
mérito ou demérito social, como formas de sanção das regras morais.

Arremata REALE (2002) sobre a sanção moral que:

Essas formas de sanção das regras morais não estão, entretanto,


organizadas. De certa maneira, acham-se difusas no espaço
social: é a crítica e a condenação, que a infração suscita; é a
opinião pública que se forma sobre a conduta reprovada; são
todos os sistemas de autodefesa da sociedade, que, aos poucos,
eliminam da convivência o indivíduo que não obedece aos
preceitos da ordem moral. Um ostracismo espontâneo é
aplicado pela sociedade quando o indivíduo viola as suas
obrigações de natureza ética. Pode-se dizer que a grande
maioria dos homens cede diante da pressão dessa força difusa
do meio social.

Claro que ainda há aqueles que nem sequer tem receio do exame de
sua própria consciência, por estarem tão brutalizados que nela torna-se impossível o
fenômeno psíquico do remorso.

Como também não faltam os que nenhuma importância dão a reação


social, por se considerarem, às vezes, superiores ao meio em que vivem, como seres acima
do bem ou do mal; ou, segundo REALE (2002), “[...] porque na própria ‘psique’ não haverá
repulsa àqueles motivos de conduta imoral, que atuam, poderosamente, sobre o homem
normal.”

Assim, é nesse momento que se torna necessário organizar as sanções.


Logo, o fenômeno jurídico representa uma forma de organização da sanção.
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1

2.2. Sanção religiosa:

Existem sanções próprias das normas religiosas, que se referem à


crença e à fé, que segundo REALE (2002), “[...] fundadas na esperança ou certeza de uma
vida ultraterrena, na qual cada homem receberá a retribuição de sua conduta, a paga ética,
ideal, de seu comportamento.”

Viver uma vida transitória é a ideia fundamental da religião e que não


tem em si a medida de seu valor, porém, que se mede, segundo valores eternos, à luz de
uma vida ultraterrena, na qual os homens serão julgados segundo o valor ético de sua
própria existência.

Para aquele que crê (crente), o remorso é também uma força de sanção
imediata e imperiosa, em suma, a religião possui sua forma de sanção.

Leciona REALE (2002), que na passagem da sanção difusa (religiosa e


moral) para a sanção predeterminadamente organizada, percebemos a passagem
paulatina do mundo ético em geral para o mundo jurídico.

Esclarece o referido mestre que “das regras religiosas e morais, que


abrangiam primitivamente todo mundo jurídico, este foi se despregando, até adquirir
contornos próprios e formando um todo homogêneo pela organização progressiva da
própria sanção.”

Podemos concluir, desde já, que todas as regras possuem sua forma de
sanção:

- Sanção moral;

- Sanção religiosa; e

Sanção

- Sanção jurídica;

- Sanção de trato-social.
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1

Obs: Miguel Reale (2002) adverte que alguns autores pretendem estabelecer um tipo de
Moral sem sanção, entretanto, essas tentativas falharam, reconhecendo-se que a estrutura
de uma regra, qualquer que seja o seu objetivo, já implica esta ou aquela forma de sanção
como um de seus elementos constitutivos. O mestre considera que a sanção é um elemento
constitutivo extrinsecamente aditado ao preceito.

3. Sanção jurídica:
A sanção jurídica se caracteriza por sua predeterminação7 e organização.

Reflexão:

Augerio matou seu inimigo Negidio com três disparos de arma de fogo em um bar no bairro
Paraviana, na cidade de Boa Vista-RR.

Pergunta-se: a conduta de Augerio em matar Negidio feriu um mandamento ético-religioso?

Sim! Augerio feriu o mandamento ético-religioso que proíbe alguém matar outra pessoa,
que se fundamenta no valor vida. Esta é dada por Deus, que por sua vez é o destino, a
direção, o fim e o caminho para todo ser humano. Portanto, somente Deus poderá tirá-la.
Ele tem um projeto de vida para cada um de nós.

Pergunta-se: essa mesma conduta de Augerio em matar Negidio feriu um dispositivo legal?

Sim! Augerio infringiu o comando de não matar outro ser humano previsto no art. 121 do
Código Penal 8 . Ele eliminou a vida de Negidio. No crime de homicídio o bem jurídico
tutelado é a vida humana extra-uterina. A norma penal citada tem o condão de preservar a
vida humana.

Pergunta-se: então, qual seria a diferença entre as duas situações?

7- Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
sem prévia cominação legal; (...) (CF)
8 - Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. (CP)
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1

A diferença está em que, no plano jurídico, a sociedade se organizou contra a conduta


homicida, por meio do aparelhamento policial e judicial. Um órgão, no caso a polícia, irá
promover as investigações da autoria e materialidade do fato 9 , e um outro órgão 10
examinará a conduta do agente e será competente para pronunciar uma decisão de
absolvição ou de condenação11. Uma vez condenado Augerio pelo Tribunal do Júri, o juiz
proferirá a sentença aplicando a pena 12. Transitada em julgada a decisão, ou seja, não
cabendo mais recurso, Augerio será preso e recolhido à Penitenciária de Monte Cristo
(sistema penitenciário), em Boa Vista-RR, para cumprimento da pena aplicada13.

Tudo no Direito obedece ao princípio da sanção organizada de forma


predeterminada. Veja que a existência do Poder Judiciário, como uma das três funções
fundamentais do Estado, ocorre em razão da predeterminação da sanção jurídica.

9 Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
(...) IV - polícias civis; (...) § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem,
ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto
as militares. (...) (CF)

10 - Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização
que lhe der a lei, assegurados: (...) d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; (...)
(CF)
11 - Art. 482. O Conselho de Sentença será questionado sobre matéria de fato e se o acusado deve ser
absolvido. Parágrafo único. Os quesitos serão redigidos em proposições afirmativas, simples e distintas, de
modo que cada um deles possa ser respondido com suficiente clareza e necessária precisão. Na sua
elaboração, o presidente levará em conta os termos da pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram
admissível a acusação, do interrogatório e das alegações das partes. (CPP)
12 - Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que: I – no caso de condenação: a) fixará a pena-
base; b) considerará as circunstâncias agravantes ou atenuantes alegadas nos debates; c) imporá os
aumentos ou diminuições da pena, em atenção às causas admitidas pelo júri; d) observará as demais
disposições do art. 387 deste Código; e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que
se encontra, se presentes os requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de condenação a uma pena igual
ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão, determinará a execução provisória das penas, com expedição do
mandado de prisão, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento de recursos que vierem a ser interpostos;
f) estabelecerá os efeitos genéricos e específicos da condenação; (...) (CPP)
13- Art. 674. Transitando em julgado a sentença que impuser pena privativa de liberdade, se o réu já estiver
preso, ou vier a ser preso, o juiz ordenará a expedição de carta de guia para o cumprimento da pena.
Parágrafo único. Na hipótese do art. 82, última parte, a expedição da carta de guia será ordenada pelo juiz
competente para a soma ou unificação das penas. (CPP)
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1

Observe que uma pessoa lesada em seu direito sabe de antemão que poderá
acessar à Justiça (ideia de Poder Judiciário), a fim de que a relação seja objetivamente
apreciada pelo Estado-juiz e assim, restabelecer o equilíbrio. As leis têm uma sanção,
motivo pelo qual o Código Civil de 1916, em seu art. 75, determinava que a “todo direito
corresponde uma ação que o assegura.”

REALE (2002) ensina que durante o progresso da cultura humana, que anda
pari passu com a vida jurídica, verifica-se uma passagem gradual na solução dos conflitos,
do plano da força bruta para o plano da força jurídica e que:

Nas sociedades primitivas, tudo se resolve em termos de


vingança, prevalecendo a força, quer do indivíduo, quer da tribo
a que ele pertence. Ofendido o indivíduo, a ofensa se estende
imediatamente ao clã, que reage contra o grupo social, numa
forma de responsabilidade coletiva.

A bibliografia mais autorizada esclarece que primeiro existiu a vingança social


para, depois, surgir a vingança privada, que de alguma forma personalizava a
responsabilidade. O fenômeno da vingança privada, com o decorrer do tempo, foi sendo
submetido a regra, ou seja, a formas delimitadoras.

Esclarece REALE (2002) que ocorreu uma passagem lenta do período da


vingança privada (simples força bruta), para a fase em que os conflitos passaram a ser
resolvidos obedecendo a certas injunções ainda de força, porém contida em certos limites.
Trata-se do período dos duelos14, das ordálias15, do talião16.

14 - Luta previamente ajustada entre duas pessoas, em campo aberto, na presença de testemunhas, com
armas iguais escolhidas pelo ofendido, e que tem por objetivo o desagravo da honra de um dos combatentes.
Os duelos surgiram na Europa durante a Idade Média, porém há registros arqueológicos de terem ocorrido
na Antiguidade.
15 - A ordália consistia em submeter o(a) acusado(a) a um desafio para que ele(a), assim, provasse sua

inocência, pois acreditava-se na intervenção divina durante a provação proposta, ou seja: se o(a) acusado(a)
fosse inocente, Deus intercederia como em um milagre e a pessoa não sofreria as consequências do desafio
imposto pela ordália. A prática de submeter uma pessoa acusada de algum crime a uma prova — normalmente
dolorosa ou perigosa —, que indicaria ou não sua inocência vem desde o Código de Hamurabi. A prática é
bem mais antiga, mas é no Código de Hamurabi que temos o primeiro registro oficial, escrito, datado, de uma
ordália.
16 - Talião, originário do latim Lex Talionis, significa lei de tal tipo, condizendo com a ação na devida proporção

da agressão. A justa reciprocidade do crime e da pena. Tal pena para tal crime. O mal que alguém faz a outro,
deve retornar a este, através de um castigo imposto, na proporção daquele mal. A lei de talião é encontrada
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1

Por fim, o Estado proíbe o duelo e coloca-se em lugar dos indivíduos,


chamando a si a distribuição da Justiça, o que assinala um momento crucial na história da
civilização.

Adverte REALE (2002) que na atualidade foram desenvolvidas técnicas para


obter-se o cumprimento das normas jurídicas, por meio não de sanções intimidativas, mas
através de processos que possam influir no sentido da adesão espontânea dos obrigados,
como os que propiciam incentivos e vantagens. São as chamadas sanções premiais.

Assim, ao lado das sanções penais, há as sanções premiais que oferecem um


benefício ao destinatário. Podemos citar como exemplo, um desconto ao contribuinte que
recolhe o valor do tributo antes da data do vencimento.

4. O Estado como ordenação objetiva e unitária da sanção:


Vimos no capítulo anterior que o Estado, como ordenação do poder, disciplina
as formas e os processos de execução coercitiva do Direito. Entretanto, precisamos
compreender o que é o Estado?

Para REALE (2002), o Estado “é a organização da Nação em uma unidade


de poder, a fim de que a aplicação das sanções se verifique segundo uma proporção
objetiva e transpessoal.”

Para alcançar tal fim, o Estado detém o monopólio da coação no que se refere
à distribuição da justiça. Alguns constitucionalistas definem o Estado como a instituição
detentora da coação incondicional. A coação será exercida pelos órgãos do Estado, em
virtude da competência que lhes é atribuída, portanto, o Estado tem a “competência da
competência”, segundo LABAND apud REALE (2002).

Passemos algumas reflexões para melhor compreensão sobre a força da


coação.

em muitos códigos de leis antigas, como nos livros do Antigo Testamento do Êxodo, Levítico e Deuteronômio.
Mas, originalmente, a lei aparece no código babilônico de Hamurabi (datado de 1770 a.C.), que antecede os
livros de direito judeus por centenas de anos.
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1

1) Augerio realiza um empréstimo no valor de X reais a ser pago na data Y ao seu amigo
Negidio. Ocorre que, na data Y, Augerio não cumpriu com sua obrigação jurídica. Negidio
ingressa em juízo e tem seu pedido julgado procedente, para que o réu pague o valor do
empréstimo com juros e correção monetária (prestação). A decisão transita em julgado (não
comporta mais recurso), mas Augerio continua relutante em cumprir com a prestação de
pagar, agora, reconhecida pelo Poder Judiciário.

Pergunta-se: o que restará ao advogado de Negidio fazer?

Propor uma ação de execução da sentença, a fim de Augerio pague e, em caso contrário,
que o Estado-juiz determine a penhora, ou seja, a retirada de certo bem do patrimônio de
Augerio, para garantia do débito, se as circunstâncias legais o autorizarem.

Pergunta-se: e onde se encontra a coação?

Na penhora, ou seja, na retirada de certo bem do patrimônio de Augerio, para garantia do


débito, se as circunstâncias legais o autorizarem

2) Augerio pratica o crime de furto previsto no art. 155 do Código Penal, subtraindo de
Negidio sua motocicleta Harley Davidson do estacionamento do Shopping Garden, em Boa
Vista-RR, numa noite de sexta-feira, enquanto assistia um filme no cinema. Augerio
respondeu solto tanto na fase policial de investigação, quanto na fase judicial, vindo ao final
a ser condenado a uma pena de um ano de reclusão e multa de X reais. A sentença transitou
em julgado (tornou-se irrecorrível) e Augerio acabou optando em fugir do distrito de sua
culpa com a finalidade não cumprir a pena aplicada pelo Estado-juiz.

Pergunta-se: o que restará ao Estado-juiz fazer?

Determinar a expedição de mandado de prisão para imediato cumprimento da pena imposta


na sentença penal condenatória.

Pergunta-se: e onde se encontra a coação?

A coação é a própria prisão, quando do cumprimento do mandado, ou seja, a perda da


liberdade de Augerio.

3) Augerio ao adentrar na Indonésia, transportando 5 kg de pasta de cocaína para comércio,


é preso em flagrante pela polícia local sob a imputação da prática de crime de tráfico
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1

internacional de drogas e ao final do processo-crime que respondeu foi condenado a pena


de morte. A sentença do Estado-juiz fez coisa julgada (não cabe mais recurso). Augerio, 30
dias após o fim de seu processo foi executado.

Pergunta-se: e onde se encontra a coação?

A coação se encontra na perda da vida de Augerio. Observe que a coação em alguns países
chega ao extremo de tirar um dos bens supremos, que é a vida, a fim de preservar a ordem
jurídica. Todavia, registra-se que entendo que a sanção pena de morte não se harmoniza
com a natureza do Direito. Nesse mesmo sentido é a posição de REALE (2002).

Em nossos dias, o Estado continua sendo a entidade detentora da sanção


organizada e garantida, muito embora existam outros entes, especialmente na órbita
internacional, que aplicam sanções com maior ou menor êxito, como por exemplo, a
Organização das Nações Unidas (ONU).

5. A coação fora do Estado:


Iniciemos esse capítulo com uma inquietação a partir da ideia de que o Estado
é o detentor da coação incondicionada: não haverá outros organismos internos com
análogo poder?

REALE (2002) sustenta que o Estado é o detentor da coação em última


instância, contudo, existe Direito também em outros grupos, em outras instituições, que não
o Estado. A coação existe fora do Estado.

Ele cita a existência de um Direito no seio da Igreja, que enquanto instituição,


possui um complexo de normas suscetíveis de sanção organizada. Trata-se do Direito
Canônico17 que não deve ser confundido com o Direito do Estado.

17- Conjunto de leis que rege a estrutura institucional da Igreja Católica Apostólica Romana. Ele regulamenta
todos os segmentos da vida eclesiástica; sua organização, governo, ensino, culto, disciplina e práticas
processuais.
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1

Outro exemplo, são as organizações esportivas que possuem uma série de


normas e de tribunais, que impõem a um número imenso de indivíduos determinadas
formas de conduta sob sanções organizadas.

Então, podemos afirmar que existe um Direito “grupalista”, termo utilizado por
REALE (2002), que sugere a ideia de um Direito que surge ao lado ou dentro do Estado. O
indivíduo que integra o grupo poderá escapar da sanção “grupalista” abandonando-o.

Entretanto, como o Estado se caracteriza por ser a instituição cuja sanção


possui carater de universalidade, nenhum brasileiro pode fugir à coação do Estado.
Ninguém pode abandonar o Estado, adverte REALE (2002). O Estado é a instituição de
que não se abdica.

É de conhecimento de todos os indivíduos que deixam o território nacional


que irão carregar o Direito brasileiro, que protegerá suas vidas, bem como exercerá
influência sobre suas pessoas e seus bens.

REALE (2002) afirma que “[...] o Estado, com seu Direito, nos acompanha até
mesmo após a morte, porquanto determina a maneira pela qual os nossos bens devem ser
divididos entre os herdeiros, preserva nosso nome de agravos e injúrias etc.”

Observa-se que em nenhuma das entidades internas, como a Igreja, ou


internacionais, como a ONU, com competência para aplicar sanções a fim de garantir as
suas normas, encontramos a universalidade da sanção e nem a força impositiva eficaz que
se observa no Estado.

Para a Teoria da Pluralidade dos Ordenamentos Jurídicos Internos existem


num país múltiplos entes que possuem ordem jurídica própria, todavia, só o Estado
representa o ordenamento jurídico soberano, ao qual todos recorrem para dirimir os
conflitos recíprocos. Em suma, pode haver organismos de coação fora do Estado, contudo,
será neste que tal fato se reveste de maior intensidade e vigor.

REALE (2002) traz a discussão o pensamento de autores, que influenciados


pelos ensinamentos de Karl Marx ou fascinados pela expansão de certos organismos
internacionais, apresentam o Estado como uma entidade de curta duração, ou seja,
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1

evanescente, nos dizeres do mestre, e que se destinada a perecer e ser substituído por
outras formas de vida social, descentralizadas ou com menor quantum despótico.

Para REALE (2002), trata-se de meras conjeturas, uma vez que enxergava
“[...] o predomínio e a competição das soberanias estatais, em função de distintas
comunidades, conscientes e zelosas de seus direitos e interesses.”

A chamada “crise universal de energia”, especialmente produzida pela


“política do petróleo”, demonstrou a fragilidade de certos organismos internacionais em
conflito com os interesses e com o atuar de seus Estados-membros.

Por outro lado, REALE (2002) leciona que:

[...] os marxistas, que se apossaram do poder na Rússia,


acabaram por abandonar a ideia do Estado evanescente para
instituir um tenebroso Estado totalitário, que se caracteriza pela
fusão da sociedade civil com o Estado, este absorvendo aquele.

Defende REALE (2002), que para a existência do Estado de Direito, de base


democrática, é essencial que a sociedade civil e o Estado não se confundam, porém, se
mantenham com valores distintos e complementares, correlacionados entre si, mas cada
um deles irredutível ao outro. Essa separação terá como consequência a distinção efetiva
entre a Moral e o Direito.

Pretender dissolver o Estado na sociedade, pondo fim às relações de poder e


de direito, é o caminho para o anarquismo18. Adverte REALE (2002) que a sociedade de
“[...] tanto se prevenir contra o poder, acaba vítima do poder anônimo, tão condenável como
o poder totalitário que aniquila as forças criadoras dos indivíduos e da sociedade civil.”

18- O anarquismo é uma teoria política que surgiu com o político francês Pierre-Joseph Proudhon e teve
grande divulgação com o russo Mikhail Bakunin. Tem como principal característica a supressão total do
Estado e a eliminação do capitalismo. A palavra anarquia deriva do grego an (não) e archos (governo). Trata-
se de uma ideologia política que se opõe a todo tipo de hierarquia e dominação, seja ela política, econômica,
social ou cultural, como o Estado, o capitalismo, as instituições religiosas, o racismo e o patriarcado.
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1

De todo o exposto neste capítulo, conclui-se que o Estado é uma instituição,


da qual não se abdica, contudo, ele não pode ser visto como um ente absoluto, superior
aos indivíduos e à sociedade civil, uma vez que o Estado se constitui em razão destes.

REALE (2002) sustenta que o Estado é, ao mesmo tempo e


complementarmente, um meio e um fim. Explica que como meio, sua estrutura e sua força
originam-se historicamente por meio de inúmeros obstáculos que se sucederam, para
possibilitar aos indivíduos uma vida digna no seio de sua comunidade fundada nos valores
da paz e do desenvolvimento.

Quanto ao Estado ser fim, REALE (2002) defende a teoria de que o Estado
“[...] representa, concomitantemente, uma ordem jurídica e uma ordem econômica, cujos
valores devem ser respeitados por todos como condição de coexistência social harmônica.”
Essa harmonia está na ideia de que os direitos de cada um pressupõem iguais direitos dos
demais, assegurando-se cada vez mais a plena realização desse ideal ético.
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1

* Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de Roraima, professor efetivo no curso de direito do


Instituto de Ciências Jurídicas da Universidade Federal de Roraima (UFRR), professor contratado da
Faculdade Cathedral e da Universidade da Amazônia (UNAMA), e pesquisador pelo programa de pós-
graduação stricto sensu da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGD/UERJ). É pós-doutor em direito
pela Università degli Studi di Messina na Itália, tendo como orientador o prof. doutor Mario Trimarchi,
doutorando em direito pelo PPGD/UERJ, tendo como orientador o prof. doutor Gustavo Silveira Siqueira,
mestre pelo programa de pós-graduação stricto sensu em Sociedade e Fronteiras (PPGSOF) da UFRR, tendo
como orientadora a prof.ª doutora Maria das Graças Santos Dias e especialista em Direito de Família pela
Universidade Gama Filho (UGF/RJ), em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes pelo Laboratório
de Estudos da Criança (LACRI), do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e em MBE
Analista Internacional pelo Instituto de Relações Internacionais e Defesa da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ). Diplomado pela Escola Superior de Guerra (ESG), no Curso de Altos Estudos em Política e
Estratégia (CAEPE). Foi advogado no Rio de Janeiro, promotor de justiça em Rondônia e juiz de direito em
Roraima. Lecionou como professor contratado nos cursos de direito das Faculdades Integradas Estácio de
Sá (RJ), da Faculdade Atual da Amazônia (RR) e do Centro Universitário Estácio da Amazônia (RR), como
professor efetivo da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e como professor substituto na Universidade
Estadual de Roraima (UERR). Como professor convidado lecionou nos programas de pós-graduações Lato
sensu em Direito Especial da Criança e do Adolescente do Centro de Estudos e Pesquisas no Ensino do
Direito (CEPED), da UERJ, em Direito Civil e Processual Civil da Universidade Estácio de Sá (RJ) e em Direito
Público da UERR. Possui artigos publicados em revistas especializadas e científicas. Realizou diversas
palestras no Brasil e no exterior sobre temas ligados ao Direito da Criança e do Adolescente. Prêmio Sócio
educando - 2ª edição do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), com o programa Justiça
Dinâmica. Finalista do I Prêmio Innovare: O Judiciário do Século XXI, categoria Juiz individual, com o
programa Centro Sócio educativo Homero Filho.
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1

Referência bibliográfica:
1. REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. São Paulo: Saraiva, 2002.
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1

Questionário sobre a Unidade 07.

Responder as perguntas abaixo utilizando-se do texto da Unidade 07:


Direito e coação.

1. O que é coercibilidade?
2. Por que a moral é incompatível com a força?
3. O que é coação?
4. Quais os dois significados de coação para o Direito, segundo Miguel Reale?
5. A violência não é uma figura jurídica. Explique.

6. Qual a consequência quando a violência se contrapõe ao Direito?


7. Quais são os elementos que o Código Civil de 2002 discrimina como necessários a
licitude do ato? Cite a fundamentação legal.
8. A coação exercida para a prática de um ato jurídico gera a sua anulabilidade? Justifique
e cite o fundamento legal.
9. O que são atos inexistentes?
10. O que são atos nulos?

11. O que são atos anuláveis?


12. O que são nulidades de natureza absoluta?
13. O que são nulidades de natureza relativa?
14. O que é coação de ordem física?
15. O que é coação de ordem psicológica?

16. O que representam as sanções para as regras sociais?


17. Como podem ser as sanções para Miguel Reale?
18. O que é uma sanção moral?
19. Quais seriam as sanções específicas da ordem moral?
20. O que é sanção de natureza social?

21. Não vivemos apenas voltados para nós mesmos, mas também em função do meio, da
sociedade em que agimos, segundo Miguel Reale, que sobre esse tema compara o homem
a Jano bifronte. Explique.
22. Qual o significado dado por Miguel Reale a expressão “tábua de valores vigentes”?
23. Por que é necessário organizar as sanções?
24. Por que o fenômeno jurídico representa uma forma de organização da sanção?
25. O que é sanção religiosa?
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1

26. O que é sanção jurídica?


27. O que caracteriza a sanção jurídica?
28. Descreva em poucas linhas as passagens das fases da vingança social para vingança
privada e para vingança pública.
29. O que são sanções premiais?
30. O que é Estado?

31. Qual a finalidade do Estado?


32. Além do Estado, podem existir outras entidades detentoras da sanção? Explique e cite
exemplos.
33. O que é Direito “grupalista” para Miguel Reale?
34. Como poderá o indivíduo escapar da sanção “grupalista”?
35. Poderá o indivíduo escapar da sanção jurídica? Por quê?

36. Explique a Teoria da Pluralidade dos Ordenamentos Jurídicos Internos.


37. Quem representa o ordenamento jurídico soberano?
38. Por que para a existência do Estado de Direito, de base democrática, é essencial que
a sociedade civil e o Estado não se confundam?
39. Pretender dissolver o Estado na sociedade, pondo fim às relações de poder e de Direito,
é o caminho para o anarquismo. Explique.
40. O que é anarquismo?

41. Por que se considera um erro vermos o Estado como um ente absoluto, superior aos
indivíduos e à sociedade civil?
42. O que significa dizer que o Estado é um meio?
43. O que significa dizer que o Estado é um fim?
44. O Estado representa, concomitantemente, uma ordem jurídica e uma ordem econômica,
cujos valores devem ser respeitados por todos como condição de coexistência social
harmônica. Qual a ideia de Miguel Reale para se alcançar essa coexistência social
harmônica?

Você também pode gostar