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do apartamento onde reside, um download não autorizado pela SONY PICTURES, com
sede na Califórnia, de vários filmes. Seguidamente, e sem autorização da mesma (que é
titular dos direitos patrimoniais de autor relativos a tais filmes), Berto tem vindo a partilhar
os ficheiros informáticos desses vários filmes com todos os colegas interessados do
liceu.
A SONY PICTURES, em 02/01/2015, interpôs uma ação declarativa na Secção de
Comércio da Comarca do Porto contra Berto, pedindo que este Tribunal o obrigue a cessar
imediatamente a partilha desses ficheiros. A autora pretende, igualmente, ser ressarcida
de Berto, a título de indemnização por perdas e danos, no valor de 10.000 euros. A petição
inicial foi subscrita por um solicitador com escritório em Coimbra contratado pela SONY
PICUTRES.
Berto apresentou, ontem, a contestação, nela alegando a incompetência
internacional dos tribunais portugueses, a incompetência (interna) da Secção de
Comércio da Comarca do Porto, bem como a sua falta de capacidade judiciária. Mais ainda
alegou Berto, na contestação, que os seus pais, Duarte e Antónia é que são as partes
legítimas desta ação e ele, Berto, não.
Todo o tribunal deve, antes de apreciar uma ação, e mesmo antes de verificar se estão
preenchidos os pressupostos relativos às partes, aferir se ele próprio é competente para julgar
determinada pretensão. Os pressupostos processuais são requisitos de ordem técnica que têm
que estar verificados para que um determinado tribunal possa conhecer de uma determinada
causa.
A competência internacional dos tribunais portugueses corresponde à fração do poder
jurisdicional conferido aos tribunais portugueses – no seu conjunto, e não somente a um deles –
para julgar determinado litígio, sempre que o mesmo apresente elementos de conexão com
ordens jurídicas estrangeiras.
Neste caso, estamos na presença de um litígio entre Berto, português residente em
Portugal, e a SONY PICTURES, empresa americana. Importa referir que os factos alegadamente
praticados por Berto foram realizados em Portugal, pelo que os podemos considerar como os
elementos de conexão ao território português.
O art. 59.º do CPC refere que serão da competência dos tribunais portugueses os litígios
previstos no art. 62.º e 63.º do mesmo diploma. Este preceito excetua de tal competência o
previsto nos regulamentos europeus e outros instrumentos internacionais que, portanto,
prevalecem sobre as normas internas. Os textos internacionais que vigoram em Portugal são o
Regulamento 1215/2012, que se aplica aos membros da União Europeia, a Convenção de
Bruxelas, que se aplica à Dinamarca, e a Convenção de Lugano, que regula a matéria
competencial entre a Suíça, a Noruega, a Islândia e o Liechtenstein.
Como dito, neste caso o réu tem a sua residência em Portugal, um Estado membro da
UE, pelo que será necessário aferir a competência internacional dos tribunais portugueses no
referido Regulamento da UE, o Regulamento 1215/2012.
O art. 1.º do referido diploma determina que este apenas se aplica em matéria civil e
comercial, excluindo destas as matérias fiscais, aduaneiras e administrativas, por se
considerarem matérias relacionadas com a soberania do Estado e, por isso, são insuscetíveis
de serem reguladas internacionalmente.
O art. 24.º regula as competências exclusivas, sendo que as ações neste previstas não
se enquadram no nosso caso. O art. 7.º prevê as competências especiais, sendo que se excluem
destas a matéria de seguros (art. 10.º), contratos de consumo (art. 17.º) e contratos individuais
de trabalho (art. 20.º). No nosso caso, aplicar-se-ia o n.º 2 do referido preceito, que determina
que, em matéria extracontratual, é competente o tribunal onde ocorreu o facto danoso.
Desta forma, podemos dizer que os tribunais portugueses são internacionalmente
competentes para apreciar e julgar a ação proposta pela SONY PICTURES contra Berto.
Referimo-nos até agora à competência dos tribunais judiciais. Será pertinente questionar
se tal ação pode ser proposta num julgado de paz, que são, tal como estatui o art. 209.º da nossa
Constituição, uma categoria autónoma de tribunais estaduais. Tais tribunais têm, portanto, uma
organização e funcionamento autónomos da dos tribunais judiciais, estando a mesma prevista
na Lei 78/2001.
Importa referir que os julgados de paz somente têm competência para julgar ações de
natureza declarativa – que é o tipo de ação em apreço no nosso caso concreto.
As regras competenciais dos julgados de paz estão previstas no art. 8.º e seguintes da
referida Lei (Lei 78/2001). No caso dos julgados de paz, a competência afere-se em razão do
valor, da matéria e do território. Vejamo-la.
O art. 8.º determina que estes têm competências para ações cujo valor não exceda os
15.000€. Temos, assim, que determinar qual o valor da ação para ver se este requisito está ou
não preenchido.
As regras que determinam o valor da causa estão previstas no art. 296.º e seguintes do
CPC. Não estando a ação prevista em qualquer dos critérios especiais, devemos aplicar o critério
geral do art. 297.º, que determina, no seu n.º 2, que na cumulação de pedidos – estamos, neste
caso, perante um pedido cumulativo (art. 555.º) – o valor da ação corresponderá à soma dos
pedidos. Neste caso, a autora requer que Berto cesse a partilha dos ficheiros bem como uma
indemnização de 10.000€. Desta forma, a ação terá o valor de 10.000€.
Segue-se, no art. 9.º, a determinação da competência em razão da matéria. Neste caso
podemos aplicar a alínea h) do n.º 1, que estatui que os julgados de paz são competentes para
as ações que respeitem à responsabilidade civil contratual e extracontratual – será, aqui, como
visto, uma responsabilidade civil extracontratual por factos ilícitos.
Por fim, o art. 10.º e seguintes determinam as regras de competência em razão do
território. Neste caso devemos aplicar a regra geral do art. 13.º, que prevê que a ação deve ser
instaurada no julgado de paz do domicílio do demandado.
Assim, a ação poderá ser instaurada num julgado de paz do Porto.
Como vimos, os tribunais portugueses, no seu conjunto, são competentes para julgar
esta ação. Importa, agora aferir qual tribunal português é o competente.
A competência interna afere-se, tal como determina o art. 60.º n.º 2, em razão da matéria,
do valor da causa, da hierarquia e do território.
No que toca à hierarquia, a mesma está prevista no art. 67.º e seguintes. Os tribunais
encontram-se hierarquizados para efeito de recurso, sendo a hierarquia feita de formal vertical:
tribunais de 1.ª instância, tribunais da relação e Supremo Tribunal de Justiça.
A regra é a de as ações darem entrada num tribunal de 1.ª instância, independentemente
do valor da mesma. Os arts. 55.º e 73.º da LOSJ apresentam as exceções a esta regra, que se
reportam a ações contra magistrados relativas a factos praticados por e no exercício das suas
funções, pelo que não serão aplicadas no nosso caso. Assim, atendendo ao princípio da
plenitude da jurisdição, a nossa ação deve ser instaurada num tribunal de 1.ª instância.
As regras de competência em razão do território são as previstas no art. 70.º e seguintes.
Neste caso, o tribunal competente será, por aplicação do art. 71.º, o tribunal do domicílio do réu
ou o do local onde a obrigação deve ser cumprida, isto é, um tribunal do Porto.
Esta ação deve ser instaurada necessariamente num tribunal judicial, já que a
competência não se encontra atribuída a outra ordem jurisdicional (art. 64.º). O art. 65.º
determina que as regras de competência em razão da matéria são reguladas em lei especial, a
LOSJ.
A ação não é da competência de um tribunal de competência territorial alargada (art.
111.º e seguintes), visto que a matéria em apreço não se encontra prevista nas competências
dos mesmos. Esta ação deverá, assim, ser instaurada num juízo cível. Importa, portanto,
perceber se esse será um juízo central ou um juízo local. Para perceber em qual destas
instâncias deve a ação ter lugar, é necessário equacionar o valor da ação, já que as ações com
valor superior a 50.000€ devem ser instauradas nos primeiros (art. 117.º) e as ações com valor
igual ou inferior a 50.000€ são da competência dos juízos locais (art. 130.º).
O valor da causa releva para efeitos de competência do tribunal, para a constituição de
mandatário judicial e para efeito de pagamento de custas judiciais. As regras que determinam o
valor da causa estão previstas no art. 296.º e seguintes do CPC. Neste caso aplica-se o n.º 1 do
art. 301.º, que determina que a ação que tem em vista o cumprimento ou resolução de um ato
jurídico terá como valor o preço estipulado pelas partes, isto é, 100.000€. Desta forma, a ação
terá o valor de 100.000€.
Assim sendo, a ação, por ter o valor de 100.000€, deve ser instaurada num juízo central
cível da comarca do Porto.
Paulo instaurou a ação num juízo local cível da comarca do Porto. Estamos, portanto,
perante uma incompetência relativa (art. 102.º), porque violada uma regra de competência em
razão do valor. Esta é de conhecimento oficioso (art. 104.º), sendo que tem por consequência a
remessa do processo para o tribunal competente, nos termos do art. 105.º n.º 3.
2. Poderia a ação ser proposta no Porto? E pode a petição inicial ser subscrita
por solicitador?
Como vimos, a ação deve ser proposta no Porto, por aplicação do art. 7.º n.º 1 al. a) do
Regulamento 1215/2012, que determina que, em matéria contratual, e no caso da venda de bens,
o tribunal competente será o do local onde os bens foram ou devem ser entregues – que é, como
referido, o Porto.
Também as regras de competência interna em razão do território, que são as previstas
no art. 70.º e seguintes, determinam que, no nosso caso, o tribunal competente será, por
aplicação do art. 71.º, o tribunal do domicílio do réu ou o do local onde a obrigação deve ser
cumprida, isto é, um tribunal do Porto.
No que toca ao patrocínio judiciário, importa referir que este apenas constitui um
pressuposto quando obrigatório. Os casos em que é obrigatória a constituição de mandatário
judicial estão previstos no art. 40.º.
A al. a) do art. 40.º determina que é obrigatória a constituição de advogado nas causas
de competência dos tribunais com alçada, em que seja admissível recurso ordinário. Tais causas
estão previstas no n.º 1 do art. 629.º. Importa dizer que a alçada é o valor até ao qual o tribunal
julga sem que seja admitido recurso. O art. 44.º da LOSJ determina que a alçada dos tribunais
de 1.ª instância é de 5.000€. Como vimos, no nosso caso a ação tem o valor de 100.000€, pelo
que superior ao valor da alçada dos tribunais de 1.ª instância.
Desta forma, o patrocínio é obrigatório. Ora, o autor, Paulo, interveio na ação através de
solicitador. Há, assim, a preterição deste pressuposto processual. O art. 41.º regula esta matéria,
determinando que o juiz deve, oficiosamente, notificar a parte faltosa para constituir mandatário
dentro de certo prazo. Como a falta de reporta ao autor, poderá haver lugar à absolvição do réu
da instância, nos termos do art. 278.º.
Como vimos, os tribunais portugueses, no seu conjunto, são competentes para julgar
esta ação. Importa, agora aferir qual tribunal português é o competente.
A competência interna afere-se, tal como determina o art. 60.º n.º 2, em razão da matéria,
do valor da causa, da hierarquia e do território.
No que toca à hierarquia, a mesma está prevista no art. 67.º e seguintes. Os tribunais
encontram-se hierarquizados para efeitos de recurso, sendo a hierarquia feita de formal vertical:
tribunais de 1.ª instância, tribunais da relação e Supremo Tribunal de Justiça.
A regra é a de as ações darem entrada num tribunal de 1.ª instância, independentemente
de qual seja o valor da causa. Os arts. 55.º e 73.º da LOSJ apresentam as exceções a esta regra,
que se reportam a ações contra magistrados relativas a factos praticados por e no exercício das
suas funções, pelo que não serão aplicadas no nosso caso. Assim, atendendo ao princípio da
plenitude da jurisdição, a nossa ação deve ser instaurada num tribunal de 1.ª instância.
As regras de competência em razão do território são as previstas no art. 70.º e seguintes.
Neste caso, que como vimos se trata de responsabilidade civil extracontratual por prática de facto
ilícito, o tribunal competente será, por aplicação do art. 71.º, o do lugar onde o facto ocorreu, isto
é, um tribunal do Porto.
Esta ação deve ser instaurada necessariamente num tribunal judicial, já que não se
encontra atribuída a outra ordem jurisdicional (art. 64.º). O art. 65.º determina que as regras de
competência em razão da matéria são reguladas em lei especial, a LOSJ.
A ação não é da competência de um tribunal de competência territorial alargada (art.
111.º e seguintes), visto que a matéria em apreço não se encontra prevista nas competências
dos mesmos. Esta ação deverá, assim, ser instaurada num juízo cível. Importa, portanto,
perceber se esse será um juízo central ou um juízo local. Para perceber em qual destas
instâncias deve a ação ter lugar, é necessário equacionar o valor da ação, já que as ações com
valor superior a 50.000€ devem ser instauradas nos primeiros (art. 117.º) e as ações com valor
igual ou inferior a 50.000€ são da competência dos juízos locais (art. 130.º).
O valor da causa releva para efeitos de competência do tribunal, para a constituição de
mandatário judicial e para efeito de pagamento de custas judiciais. As regras que determinam o
valor da causa estão previstas no art. 296.º e seguintes do CPC. Neste caso aplica-se a regra
geral do art. 297.º, que determina que a ação em que se pretende obter uma certa quantia em
dinheiro terá esse valor. Desta forma, a ação terá o valor de 55.000€.
Assim sendo, a ação, por ter o valor de 55.000€, deve ser instaurada num juízo central
cível da comarca do Porto.
João instaurou a ação na Secção da Família e Menores da Comarca do Porto. Estamos,
portanto, perante uma incompetência absoluta (art. 96.º), porque violada uma regra de
competência em razão da matéria. Esta pode ser arguida pelas partes, mas pode igualmente ser
suscitada oficiosamente pelo tribunal (art. 97.º). Como referido, estamos perante uma
incompetência absoluta, o que se traduzirá, nos termos da al. a) do art. 577.º, numa exceção
dilatória, e terá como consequência a absolvição do réu da instância, nos termos da al. a) do n.º
1 do art. 278.º, bem como do n.º 1 do art. 99.º.
No que toca ao patrocínio judiciário, importa referir que este apenas constitui um
pressuposto quando obrigatório. Os casos em que é obrigatória a constituição de mandatário
judicial estão previstos no art. 40.º.
A al. a) do art. 40.º determina que é obrigatória a constituição de advogado nas causas
de competência dos tribunais com alçada, em que seja admissível recurso ordinário. Tais causas
estão previstas no n.º 1 do art. 629.º. Importa dizer que a alçada é o valor até ao qual o tribunal
julga sem que seja admitido recurso. O art. 44.º da LOSJ determina que a alçada dos tribunais
de 1.ª instância é de 5.000€. Como vimos, no nosso caso a ação tem o valor de 55.000€, pelo
que superior ao valor da alçada dos tribunais de 1.ª instância.
Desta forma, o patrocínio é obrigatório. Este deve ser um advogado com inscrição na
Ordem dos Advogados. Ora, o autor, João, interveio na ação através de solicitador. Há, assim,
a preterição deste pressuposto processual. O art. 41.º regula esta matéria, determinando que o
juiz deve, oficiosamente, notificar a parte faltosa para constituir mandatário dentro de certo prazo.
Como a falta de reporta ao autor, poderá haver lugar à absolvição do réu da instância, nos termos
do art. 278.º.
B. Aprecie a alegação do réu, segundo a qual Maria também deveria ter sido
(co)autora desta ação. Justifique.
Ao lado dos pressupostos dos tribunais, existem pressupostos processuais relativos às
partes que também têm que estar verificados para que o tribunal possa julgar a ação. São eles:
a personalidade judiciária, a capacidade judiciária, a legitimidade processual, o patrocínio
judiciário e o interesse em agir.
A legitimidade processual, prevista no art. 30.º, consiste no interesse direto em
demandar, no caso do autor, ou no interesse direto em contradizer, no caso do réu. Este afere-
se, tal como estatui o n.º 2 do refere preceito, pela utilidade ou pelo prejuízo derivado da
procedência da ação, sendo que tal interesse é aferido através da relação material controvertida,
tal como ela é configurada pelo autor na petição inicial (art. 30.º n.º 3).
No nosso caso, o réu alega que João é parte ilegítima, já que Maria também deveria ter
sido autora da ação. Antónia afirma que estamos numa situação de litisconsórcio necessário,
pelo que haverá ilegitimidade plural – visto que falta a presença de uma das partes.
A referida forma de litisconsórcio está prevista no art. 34.º, que refere os casos, relativos
ao casamento, em que é obrigatória a participação de ambas as partes no litígio. Tratando-se do
autor, será necessário observar o n.º 1 desse preceito. Este estabelece que devem ser propostas
por ambos os cônjuges as ações de que possam resultar a perda ou oneração de bens que só
por ambos possam ser alienados ou a perda de direitos que só por ambos possam ser exercidos.
Ora, no nosso caso a ação reporta-se ao pagamento de uma indemnização por danos
patrimoniais e não patrimoniais de João, pelo que não será aplicável o art. 34.º. Desta forma,
este pode litigar sozinho pois não é necessária a presença da sua cônjuge na lide.
3. Aprecie a alegação de Abel, segundo a qual Berta também deveria ter sido
demandada na presente ação.
Ao lado dos pressupostos dos tribunais, existem pressupostos processuais relativos às
partes que também têm que estar verificados para que o tribunal possa julgar a ação. São eles:
a personalidade judiciária, a capacidade judiciária, a legitimidade processual, o patrocínio
judiciário e o interesse em agir.
A legitimidade processual, prevista no art. 30.º, consiste no interesse direto em
demandar, no caso do autor, ou no interesse direto em contradizer, no caso do réu. Este afere-
se, tal como estatui o n.º 2 do referido preceito, pela utilidade ou pelo prejuízo derivado da
procedência da ação, sendo que tal interesse é aferido através da relação material controvertida,
tal como ela é configurada pelo autor na petição inicial (art. 30.º n.º 3).
No nosso caso, o réu alega que ele, Abel, é parte ilegítima, já que Berta também deveria
ter sido demandada como ré da ação. Abel afirma que estamos numa situação de litisconsórcio
necessário, pelo que haverá ilegitimidade plural – visto que falta a presença de uma das partes.
A referida forma de litisconsórcio está prevista no art. 34.º, que refere os casos, relativos
ao casamento, em que é obrigatória a participação de ambas as partes no litígio. Tratando-se do
réu, será necessário observar o n.º 3 desse preceito. Este estabelece que devem ser propostas
contra ambos os cônjuges as ações emergentes de facto praticados por ambos – o que é o que
sucede no nosso caso. Também se poderia aplicar aqui o disposto no n.º 1 deste artigo, por
remissão do n.º 3, na medida em que devem ser propostas contra ambos os cônjuges as ações
quanto à perda de direitos que só por ambos possam ser exercidos. Desta forma, será necessária
a participação de Berta, como ré, na ação. Ora, na falta desta, Abel será considerado parte
ilegítima.
Tratando-se de uma ilegitimidade plural, esta é suprível. Pode, assim, o autor ou réu
chamar a juízo o interessado com legitimidade para intervir na causa, isto é, Berta. Assim, para
que este pressuposto seja sanado, é necessária a intervenção provocada (art. 316.º).
No caso de o pressuposto não ser sanado, haverá lugar a uma exceção dilatória (art.
577.º al. e), que se traduzirá na absolvição do réu da instância (art. 278.º n.º 1 al. d).