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AULA OT
A propôs uma ação contra B, dizendo que emprestou 10 000€ no dia 1 de janeiro de
2021, acordando que B restituiria o valor em 31 de dezembro de 2021. Pede
condenação do reu a pagar à data de 31, porque tem receio que este não pague.
O réu contesta dizendo que como a obrigação em causa ainda não se venceu, o autor
não tem:
a) O réu não tem razão na sua contestação relativamente ao facto do autor não
ter interesse direito. O autor tem interesse direto, é-lhe no sentido que resulta
para este, um benefício direto, da procedência da ação.
Trata-se de legitimidade singular 30º, nº3 - em função do que o autor alega, é
que aferimos se as partes são legítimas.
b) O réu tem razão quando afirma que o autor não tem interesse em agir, uma vez
que se o réu nunca pôs em causa não pagar o valor à data acordada, obrigação
esta que ainda não venceu, não há necessidade do autor colocar esta ação.
Embora a lei não o diga, o legislador entende que quando a ação é inútil, ela
deve-se extinguir por absolvição do réu da instância (277º, e)).
Nas ações em que a obrigação ainda não se venceu, o autor tem de justificar
perante o tribunal que, não obstante a obrigação ainda não se ter vencido,
porque é que o réu deve ser condenado a pagar (610º). O facto de, neste caso,
o autor ter receio que o réu não pague, não é justificação suficiente.
610, nº2: o réu não contesta, faltando o interesse em agir. Ainda assim, o juiz apreciar
sobre o mérito da causa. Então, nem sempre o interesse em agir é um prossuposto
processual.
Antunes Varela: Trata-se de exceção - o regime do 610º só deve ser aplicado quando o
juiz não se tenha apercebido antes da falta do interesse em agir. Procura aqui
sustentar que o interesse em agir é um verdadeiro prossuposto processual.
Nota: A falta do interesse em agir afere-se em função daquilo que o autor alega.
109º:
Arrogam (conflito positivo – ambos se acham competentes)
Declinam: ambos se acham incompetentes (conflito negativo)
Competência internacional
A situação tem elementos de ligação com outras ordens jurídicas estrangeiras, pelo
que temos de recorrer ao 59º. Antes de encontrar a solução nas normas de direito
interno, é preciso saber se há alguma solução nas normas de DI. Uma vez que não
podemos violar os regulamentos internacionais, e que o DI prevalece sobre o direito
interno.
- Material: a matéria do caso cabe neste âmbito? 1º, nº1 – inclui-se na matéria civil.
O demandado vai ser Bento que tem domicílio em Berlim (estado-membro), então é
aqui que a ação deve ser proposta.
Significa que a ação não pode ser proposta em Portugal? Pela regra geral, não.
Contudo, atendemos ao 5º e secções 2 a 7 (7º ao 26º).
Os tribunais do art. 24º têm competência exclusiva, só eles podem julgar, contudo,
este não se aplica aqui.
No art. 7º, Bento poderá ser demandado em Portugal, lugar onde deva ser cumprida a
obrigação em questão – entrega dos bens (b)).
O António podia propor esta ação perante os tribunais alemães ou perante os tribunais
portugueses, os quais têm competência internacional para esta ação.
AULA OT 23/11/2021
A, português com residência em Lisboa, celebrou com B, angolano com residência em
Paris, um contrato de compra e venda de um imóvel de 10 000€. A diz que entregou o
automóvel a B no algarve em Faro. Pede que B seja condenado a pagar o preço. Pode
ser proposta em Portugal?
O artigo 4º, diz que o regulamento se aplica sempre que o demandado esteja
domiciliado num país estado-membro (Paris). Concluímos, que a ação pode ser
proposta nos tribunais franceses.
Não se trata de um assunto de competência exclusiva (24º), aplica-se então o 7º, nº1.
Em matéria contratual, a ação pode ser proposta perante o tribunal do lugar onde foi
ou deva ser cumprida a obrigação em questão. O que não nos é dito pela hipótese.
Admitindo que a obrigação devia ser cumprida em Portugal, então os tribunais
portugueses têm competência internacional.
Podia a ação ser proposta em Portugal? A regra do 71º/1 diz que a ação destinada a
exigir o cumprimento de obrigações deve ser proposta no tribunal de domicílio do réu,
neste caso, Paris. Os tribunais portugueses têm competência internacional, mas o réu
não tem domicílio em Portugal, aplica-se o 80º, nº3. O tribunal competente é o da
sede/domicílio do autor, ou seja, Lisboa - Juízo local Cível da comarca de Lisboa.
AULA OT 26/11/2021
Comarca de Lisboa.
AULA OT
A sociedade comercial “WorldExpo”, com sede em Londres, tem por objeto social a
promoção e organização de feiras e outros eventos internacionais. No âmbito da sua
atividade celebrou, com a sociedade “Automóveis o Glorioso, Lda” com sede em
Lisboa, e com a sociedade “Auto-Luxo, Lda”, com sede no Porto, dois contratos,
idênticos, pelos quais se obrigou a construir dois “pavilhões” daquelas duas
sociedades, na Feira Internacional de Automóveis que estava previsto ocorrer em
Coimbra.
A “Automóveis o Glorioso, Lda”, pretende, por sua vez, obter a resolução do contrato
celebrado, com fundamento em incumprimento definitivo e a condenação da ré pelos
danos daí decorrentes.
Art. 71º - tratando-se de uma pessoa coletiva, a ação podia ser cumprida em Coimbra,
lugar onde a obrigação deveria ser cumprida.
António, viúvo, e seu filho Bernardo, demandaram Carlos, a fim de o réu ser
condenado, por responsabilidade civil extracontratual, a indemnizar os autores em €
50.000,00, pelos danos não patrimoniais sofridos por efeito da morte de Elvira (mulher
de António e mãe de Bernardo) que resultou de um acidente provocado pelo réu.
AULA P 3/12
António residente no Porto, propôs uma ação contra Bento e Carlos, ambos residentes
em Coimbra, alegando que celebrou com os réus um contrato de compra e venda de
um terreno situado em Beja pelo preço de 55 000€. A compra e venda foi efetuada
uma vez que António julgava poder construir um armazém no referido terreno. Porém,
tal construção estava impedida pelo respetivo PDM, pelo que concluía a petição inicial
pedindo a anulação do contrato com fundamento em erro/vício.
Qual o tribunal concretamente competente para a presente ação, considerando todos
os critérios de repartição da competência?
R:
Não há elemento de conexão com ordem jurídica estrangeira, não é preciso irmos ao
59º.
O tribunal competente é o Juízo central cível de Coimbra (ver mapa III – p. 565).
OUTRA HIPÓTESE: os réus tinham domicílio em Seia e a ação tinha o valor de 40 000€.
Tínhamos de ir ao mapa III. Na Guarda não há juízo local cível que abranja a área
territorial de Seia, pelo que passamos aos Juízos da competência genérica (130º LOSJ).
O tribunal competente seria o Juízo da competência genérica de Seia.
AULA OT
Princípio da coincidência: olhar para os artigos 70º a 80º e aplicamos a nossa hipótese
a um deles.
Aqui o valor da indemnização era de 10 000€, aqui o tribunal competente era o Juízo
local cível da comarca de Coimbra.